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Buracos negros podem ser usados como fontes de energia?

Buracos negros são regiões do espaço com gravidade tão intensa que nem a luz consegue escapar. Eles são cercados por uma fronteira invisível, chamada horizonte de eventos, que impede qualquer observação direta do que ocorre em seu interior. Lá dentro, as leis da física conhecidas simplesmente deixam de funcionar. Apesar de invisíveis, esses objetos cósmicos são capazes de gerar os fenômenos mais energéticos do Universo.

Em poucas palavras:

  • Buracos negros são regiões do espaço com gravidade extrema, de onde nem a luz consegue escapar;
  • Um estudo recente propõe aproveitar a energia da rotação desses titãs cósmicos;
  • Quasares e microquasares já mostram que essa energia pode ser liberada em forma de radiação e jatos;
  • A técnica sugerida envolve lançar partículas contra o giro do buraco negro para extrair energia;
  • Embora não haja tecnologia para realizá-la hoje, a ideia inspira a ciência.
Representação artística de um buraco negro ativo lançando poderosos jatos de radiação. Crédito: ESO/L. Calçada

Físicos avaliam há décadas como aproveitar a energia dos buracos negros

Um novo estudo disponível no repositório online arXiv, ainda à espera de revisão por pares, discute a possibilidade de extrair energia de buracos negros rotativos. O trabalho é assinado por Jorge Pinochet, físico da Universidade Metropolitana de Ciências da Educação, no Chile. Embora pareça ficção científica, a ideia se baseia em teorias desenvolvidas desde os anos 1960 por cientistas renomados, como Roger Penrose, ganhador do Prêmio Nobel em 2020.

A proposta é ousada: aproveitar a energia cinética que faz o buraco negro girar, uma força imensa que surge quando matéria em rotação é atraída para dentro desse abismo cósmico. Buracos negros rotativos – conhecidos como buracos negros de Kerr – são diferentes de outros corpos que também giram, como planetas ou estrelas, porque podem atingir velocidades próximas à da luz, sem fragmentar.

Essa rotação gera um efeito chamado “arrasto de quadros”, previsto por Albert Einstein e mais tarde detalhado pelos físicos Josef Lense e Hans Thirring. Nessa condição extrema, o próprio espaço ao redor do buraco negro é arrastado com ele. Isso significa que qualquer objeto nas redondezas também será puxado, participando da rotação mesmo sem querer.

Segundo Pinochet, essa rotação intensa gera energia cinética, que pode ser transmitida aos objetos ao redor do buraco negro. É o mesmo tipo de energia associada ao movimento, que aprendemos na escola. A questão é: como a natureza aproveita essa energia? A resposta está nos quasares, buracos negros supermassivos com discos de matéria girando ao seu redor.

Esses discos de gás e poeira (denominados discos de acreção) aquecem até milhões de graus devido ao atrito entre suas camadas. O resultado é uma intensa emissão de radiação. Parte desse material cai no buraco negro, mas outra parte é lançada para o espaço em jatos de altíssima velocidade, chamados jatos relativísticos, que saem dos polos do buraco negro.

Esse mesmo mecanismo é visto em menor escala nos microquasares, que envolvem buracos negros com massa de 10 a 100 vezes a do Sol. O processo de ejeção de matéria, nesse caso, também depende da energia rotacional do buraco negro, canalizada por campos magnéticos poderosos. 

A energia que alimenta esses fenômenos colossais é finita. À medida que transfere energia para o ambiente, o buraco negro rotativo perde velocidade. Quando para de girar, transforma-se em um buraco negro estático, conhecido como buraco negro de Schwarzschild. Esse tipo é descrito apenas por sua massa, diferentemente dos buracos negros de Kerr, que também têm rotação.

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Ideia está na captação da radiação emitida

Mas, e se pudéssemos fazer o mesmo que a natureza e construir “baterias de buracos negros”? Em teoria, seria possível – mas estamos longe disso na prática. Em entrevista ao site Space.com, Pinochet diz que a forma mais simples de aproveitar a energia seria captar a radiação emitida, como fazemos com a luz solar. Isso, no entanto, não extrai diretamente a energia rotacional do buraco negro.

Para isso, seria necessário usar um método proposto por Penrose em 1969. Ele sugeriu que se lançássemos uma partícula contra o sentido de rotação de um buraco negro, parte dessa partícula poderia retornar com mais energia do que tinha originalmente. O excesso de energia viria da rotação do buraco negro, que giraria um pouco mais devagar depois disso.

Representação artística de um microquasar – buraco negro com massa de 10 a 100 vezes a do Sol. Crédito: NASA

Pinochet compara essa ideia a um carrossel girando por inércia. Se alguém joga uma bola contra ele, a bola pode quicar com mais velocidade do que tinha antes, roubando um pouco da energia rotacional do brinquedo. A analogia é simples, mas ajuda a entender como se poderia extrair energia cinética do buraco negro, sem cair dentro dele.

No entanto, há um obstáculo prático gigantesco para essa teoria: não temos como fazer isso com a tecnologia atual. Segundo a escala de Kardashev, que mede o nível tecnológico de uma civilização, ainda estamos no nível 0,7. Para lidar com a energia de um microquasar, precisaríamos ser uma civilização Tipo II. Para mexer com quasares, precisaríamos ser Tipo III – algo absolutamente fora da nossa realidade atual.

Outro problema é a distância. O buraco negro mais próximo de nós, chamado Gaia BH1, está a cerca de 1.560 anos-luz da Terra. Já o buraco negro supermassivo mais próximo é Sagitário A*, localizado no centro da Via Láctea, a 26 mil anos-luz. Ou seja, mesmo viajando a uma fração da velocidade da luz, essas viagens durariam milhares de anos.

De qualquer modo, pensar sobre essas possibilidades não é perda de tempo. Para Pinochet, esse tipo de especulação estimula a criatividade e o raciocínio científico. “Estudar buracos negros instiga a humildade e o fascínio diante do Universo. É esse tipo de curiosidade que forma os cientistas do futuro”.

Por enquanto, a ideia de aproveitar a energia de um buraco negro continua no campo da teoria. Mas ela serve como uma poderosa ferramenta educacional e um convite para refletirmos sobre o que é possível no futuro. Pinochet já planeja novas investigações nessa linha, incluindo o trabalho de Stephen Hawking, um dos maiores nomes da física moderna.

“Um artigo será publicado em breve na revista The Physics Teacher no qual apresento uma derivação matemática elementar da maior descoberta de Hawking, que o gênio britânico resumiu dizendo: ‘os buracos negros não são tão negros’. O que ele descobriu é que os buracos negros têm uma temperatura que depende inversamente de sua massa”, disse Pinochet. “Quanto maior a massa, menor a temperatura, o que significa que esses objetos emitem radiação e, com o tempo, evaporam”.

Segundo Pinochet, em última análise, a motivação central de seu trabalho é “trazer os principais temas da física contemporânea para o público mais amplo possível”.

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Spotify: versão premium terá anúncios? Empresa responde

Parte do que torna o Spotify Premium uma opção atraente para seus assinantes é sem dúvidas à experiência de ouvir músicas e podcasts sem anúncios.

Por conta disso, a preocupação tomou conta para alguns usuários do plano pago, que recentemente começaram a enfrentar a reprodução de anúncios, o que gerou preocupações de que essa fosse uma mudança permanente no serviço.

A empresa rapidamente explicou que o problema foi causado por uma falha temporária no aplicativo e garantiu que o Spotify Premium continuará sem anúncios, como prometido.

No entanto, a situação gerou especulações sobre o futuro do serviço.

Plano pago com anúncios? Não no Spotify!

  • Alguns rumores sugerem que, com a chegada de novos planos como o Music Pro ou Hi-Fi, o Spotify poderia adotar um modelo similar ao do Amazon Prime Video e da Netflix.
  • Nesses streamings, os usuários de planos mais baratos ainda precisam assistir anúncios, enquanto aqueles que optam por planos mais caros dispõem de uma experiência sem interrupções.
  • A empresa, no entanto, reforçou que o Spotify Premium continuará a oferecer uma experiência sem anúncios para seus assinantes.
Apesar de um bug ter mostrado anúncios a alguns usuários no Spotify Premium, ele seguirá livre de interrupções – Imagem: QubixStudio/Shutterstock

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Atualmente, o Spotify opera com um modelo freemium, em que os usuários gratuitos têm acesso a músicas com anúncios, enquanto os assinantes do Premium pagam um valor mensal para uma experiência sem anúncios.

O plano individual está custando, atualmente, R$ 21,90. Há ainda as opções do Premium Duo, por R$ 27,90 por mês, para duas pessoas que moram juntas, e o Premium Família, por R$ 34,90 por mês, para até seis pessoas que moram juntas.

Veremos o Spotify se render a essa tendência dos streamings?

O boato sobre a introdução de anúncios nos planos pagos levanta uma questão maior: por que o streaming de música não seguiria o mesmo caminho de plataformas de vídeo como Netflix e Prime Video, que já inserem anúncios nos planos básicos e deixam as opções sem anúncios para planos mais caros?

O Spotify ainda não adotou esse modelo, principalmente pela falta de opções mais caras que justifiquem a experiência sem anúncios.

No entanto, com o lançamento do nível “Music Pro”, previsto para o final deste ano, o Spotify pode repensar sua estrutura de planos e oferecer uma divisão mais clara entre as opções com e sem anúncios, abrindo espaço para uma possível mudança no futuro.

Pessoa segurando iPhone com logomarca do Spotify na tela dentro de um carro
O Spotify negou as especulações e confirmou que seu plano Premium seguirá oferecenço uma experiência sem anúncios (Imagem: Diego Thomazini/Shutterstock)

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Resposta aos EUA: o que sabemos sobre o mais moderno (e secreto) caça da China

Há quem acredite que a guerra econômica entre China e Estados Unidos possa evoluir para um conflito armado num futuro próximo. Se for o caso, os dois países mostraram avanços impressionantes em suas novas gerações de caças.

Recentemente, a Força Aérea dos Estados Unidos apresentou o F-47, o primeiro caça de 6ª geração do mundo. Mas nesta semana os chineses reagiram com a apresentação do Chengdu J-36, um dos principais projetos desenvolvidos em um programa militar secreto do país.

Caça de 6ª geração da China

  • Embora o governo da China não tenha divulgado qualquer informação oficial sobre o novo caça de 6ª geração, a imprensa do país revelou algumas das principais características da aeronave.
  • O Chengdu J-36 não tem estabilizadores verticais, apresentando uma aparência stealth.
  • Ele conta ainda com três motores e autonomia operacional expandida, além de estar preparado para receber novas e modernas tecnologias.
  • Informações extraoficiais ainda dão conta de que o caça chinês tem níveis de excelência no que diz respeito à manobrabilidade.
  • Isso permite que ele fuja dos radares inimigos com facilidade.

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Relação entre os países azedou de vez

A apresentação do Chengdu J-36 ocorre após a revelação do caça J-35 de quinta geração pela Shenyang Aircraft Corporation, amplamente comparado ao F-35 estadunidense. Também parece ser uma resposta ao avanço tecnológico dos EUA.

A introdução simultânea de duas aeronaves de sexta geração demonstra não apenas um marco tecnológico, mas, também, uma mensagem política. Ao avançar com projetos sofisticados e furtivos, a China reafirma sua posição na corrida tecnológica militar.

Novidade chinesa é uma resposta ao caça F-47, dos EUA (Imagem: Boeing/Reprodução)

Além disso, a apresentação da tecnologia militar acontece em um momento de aumento das tensões. Os EUA anunciaram novas tarifas econômicas contra a China, elevando a taxação para mais de 100%. Pequim reagiu e retaliou novamente, dobrando a aposta.

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Big techs sob pressão: tarifaço de Trump pode frear corrida da IA

O tarifaço anunciado recentemente pelo presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado big techs. E isso pode frear o desenvolvimento de inteligência artificial (IA) no país, segundo o Wall Street Journal (WSJ).

Entre as empresas que tem bancado a expansão da IA nos EUA, estão: Amazon, Alphabet (dona do Google), Meta e Microsoft. Juntas, elas planejam gastar mais de US$ 270 bilhões (R$ 1,6 trilhão) com data centers voltados para IA em 2025, segundo estimativa do Citigroup.

No entanto, manter esse ritmo de investimento depende da disposição em gastar, mesmo com o risco de recessão no horizonte da economia estadunidense. “É pedir muito. Provavelmente demais“, aponta a reportagem do WSJ.

Medo de ficar para trás impulsionava corrida da IA, mas tarifaço do Trump muda cenário

Parte da corrida por investimentos em IA vinha do medo de ficar para trás. Agora, o cenário mudou, segundo o WSJ. Big techs já mostraram agilidade em se adaptar (na pandemia, por exemplo). Mas nem todas têm a mesma estrutura para resistir à crise.

Nem todas as big techs dos EUA têm estrutura para resistir à possível crise que paira no horizonte (Imagem: Ascanio/Shutterstock)

A Meta, por exemplo, depende quase totalmente de publicidade. E anúncios são um setor vulnerável. Isso porque tarifas mais altas encarecem produtos, reduzem o consumo e podem derrubar os investimentos em marketing.

O Google também é sensível a esse cenário, aponta o WSJ. Cerca de três quartos da receita da big tech vieram de publicidade em 2024. A Amazon também pode sofrer por depender do consumo em seu e-commerce e de negócios de publicidade.

Janelas de serviços de nuvem das big techs Amazon, Google e Microsoft abertas em navegador
Amazon, Google e Microsoft podem ter mais resistência à possível crise trazida pelo tarifaço de Trump por oferecerem serviços de nuvem para empresas (Imagem: Michael Vi/Shutterstock)

No entanto, as big techs aparecem junto da Microsoft entre as que podem ter mais resistência. Isso porque essas têm grandes operações de computação em nuvem voltadas para empresas. Nesses casos, o retorno dos investimentos em IA é mais direto — embora ainda incerto.

Outro nome possivelmente afetado é a Nvidia. A empresa vinha se beneficiando da corrida por data centers. Promessas do CEO, Jensen Huang, entusiasmavam investidores até março. “Agora, num piscar de olhos de Trump, tudo isso pode virar apenas ilusão”, diz o Wall Street Journal.

Possíveis impactos das tarifas

Donald Trump falando
Tarifaço de Donald Trump pode levar empresas a investirem mais ou servir de justificativa para cortes de gastos (Imagem: Chip Somodevilla/Shutterstock)

Antes das tarifas, as gigantes da tecnologia aceleravam os gastos com IA. Em fevereiro, o Citi estimou que o setor planejava investir US$ 325 bilhões (R$ 1,9 trilhão) em data centers em 2025.

No entanto, existe um problema: a IA ainda não se mostrou um negócio altamente lucrativo. Até agora, os lucros não acompanham o tamanho dos investimentos.

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Para alguns analistas ouvidos pelo Wall Street Journal, esse é o momento de reforçar os aportes. Mas esse ponto é questionável.

  • De um lado, há quem argumente que as empresas de tecnologia vão usar as tarifas de Trump como um sinal para investir ainda mais na área, reduzindo gastos em outras partes do negócio;
  • De outro, especialistas acreditam que a tendência mais provável é algumas empresas recuarem e usarem as tarifas como justificativa para cortar gastos.

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Livros ‘peludos’ revelam segredos da Idade Média

A Idade Média é um período fascinante – e que costuma chamar atenção de cientistas e outros curiosos. Livros dessa época são um verdadeiro achado: eles descrevem criaturas fantásticas em ricos detalhes, normalmente com ilustrações para acompanhar. Alguns deles eram feitos de pele de animais (e, as vezes, até humanos), tornando tudo ainda mais peculiar.

Um conjunto de cadernos medievais na França leva essa ‘peculiaridade a outro nível’. Os achados, descritos em um estudo publicado esta semana na Royal Society Open Science, tem um acabamento… diferente. As capas são cobertas por couro e tufos de pelo de um animal distante – e nos dão pistas sobre como funcionava a sociedade na era medieval.

Livros da era medieval eram cobertos com couro e pelos de animais (Imagem: Royal Society Open Science/Reprodução)

Livros da Idade Média foram preservados

Segundo o New York Times, os livros medievais chamados bestiários continham detalhes curiosos sobre animais fantásticos. Muitas vezes, as próprias peças dependiam de animais para existir: a encadernação frequentemente era feita em pele de bezerros, cabras, ovelhas, porcos e veados (em alguns casos, até pele humana).

Já em outros casos, eles eram cobertos de couro com pelos. É o caso de um conjunto de cadernos do nordeste da França, originalmente feito na Abadia de Clairvaux, um centro para monges católicos na região. Vale lembrar que o país, na Idade Média, abrigava uma das maiores bibliotecas da Europa.

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Cerca de 1.450 volumes da coleção da abadia sobreviveram e metade deles permanece em seu estado original. Alguns foram modificados ao longo do tempo, ganhando encadernação no estilo românico (que os deixava parecido com pergaminhos).

Nesses casos, os livros medievais eram colocados dentro de uma segunda capa feita de pele com pelos, provavelmente de javalis, veados ou outros mamíferos. No entanto, o estudo revelou que os folículos capilares de alguns desses manuscritos não combinavam com nenhum dos animais mais conhecidos, levantando dúvidas sobre sua origem.

Estudo analisou DNA e proteínas dos folículos capilares da capa (Imagem: Royal Society Open Science/Reprodução)

Equipe analisou origem dos pelos

O trabalho foi liderado por Matthew Collins, bioarqueólogo da Universidade de Copenhagen e da Universidade de Cambridge. Ele revelou que os livros da era medieval eram muito ásperos e peludos para serem couro de bezerro.

Ele resolveu identificar a origem do material, algo que se provou bem complicado:

  • O Dr. Collins e sua equipe analisaram as capas peludas de 16 livros que pertenceram à Abadia de Clairvaux;
  • Eles esfregaram o lado da carne do couro em borrachas, para remover pequenas amostras do material;
  • Então, eles aplicaram uma série de técnicas para analisar o DNA e as proteínas do couro.

O estudo concluiu que os livros não eram encadernados em peles de mamíferos tradicionais da região, mas sim em couro de foca (com os pelos junto). A comparação do DNA com dados atuais revelaram que os animais eram originários da Escandinávia e Escócia, podendo chegar até a Islândia ou Groenlândia.

Na Idade Média, essas áreas eram conectadas por uma rede de comércio marítimo, que, inclusive, negociava marfim e as peles das focas. No entanto, Clairvaux ficava em uma região no interior da França, bem longe do mar.

Rotas comerciais na Idade Média ligavam a Europa (Imagem: Royal Society Open Science/Reprodução)

Descoberta revela segredos da Idade Média

De acordo com Mary Wellesley, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Histórica de Londres e especialista em manuscritos medievais, as descobertas dão pistas sobre a sociedade da Idade Média. Ela não esteve envolvida no estudo.

Wellesley revelou ao NYT que as focas eram uma mercadoria valiosa por causa de sua carne, gordura e pele impermeável, que podia ser transformada em roupas, calçados e em capas de livros. A prática da encadernação era comum na costa da Escandinávia e Irlanda, mas era rara na Europa continental.

Mesmo assim, a pele de foca chegou aos monges franceses. É possível que eles usaram o material para encadernar registros importantes, dada a resistência do couro. Outra hipótese que poderia explicar o motivo da predileção pelas focas era sua pele branca (com o tempo, ficou amarelada), que combinava com as vestimentas dos monges em uma época em que materiais brancos eram raros.

Além disso, as focas tinham um certo apelo na era medieval. Bestiários as chamavam de “bezerros do mar”, revelando uma certa curiosidade e fascínio pelo animal.

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Asteroide já temido tem formato bizarro e origem incomum

Um artigo disponível no servidor de pré-impressão arXiv, aceito para publicação pelo periódico The Astrophysical Journal Letters, revela a história surpreendente por trás do asteroide 2024 YR4 – uma rocha espacial que chegou a ser cogitada como ameaça à Terra.

Descoberto no fim de 2024, o objeto chamou atenção logo nos primeiros dias. Cálculos iniciais apontavam uma chance de 1,2% de colisão com a Terra em sete anos. Embora esse número pareça baixo, foi considerado relevante para justificar observações contínuas ao longo das semanas. 

Com isso, o 2024 YR4 liderou temporariamente as listas de objetos com maior risco de impacto, mantidas pela NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA). O alerta mobilizou astrônomos em vários países, que passaram a observar intensamente o asteroide para obter dados mais precisos.

A probabilidade de colisão chegou a triplicar, mas, aos poucos, foi sendo descartada. No mês passado, as observações mostraram que o risco era praticamente nulo. Imagens capturadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, confirmaram que o asteroide passará em segurança pela Terra em dezembro de 2032.

O asteroide 2024 YR4 visto pelo telescópio Gemini do Sul em 7 de fevereiro de 2025. Crédito: Catalina Sky Survey/ LPL/Dr. Wierzchos/ Bryce Bolin

Terra escapa, mas Lua pode ser alvo de asteroide

Com cerca de 60 metros de diâmetro (equivalente a um prédio com cerca de 20 andares), o 2024 YR4 mantém uma chance pequena, de 2%, de atingir a Lua. Por isso, continua sob monitoramento.

No novo estudo, cientistas descobriram que o asteroide veio do centro do cinturão principal de asteroides, localizado entre Marte e Júpiter – um setor que raramente produz rochas com órbitas que cruzam a Terra.

“Estamos um pouco surpresos com sua origem no cinturão central de asteroides principal, que é um local do qual não pensávamos que muitos asteroides que cruzam a Terra pudessem se originar”, afirmou Bryce Bolin, autor principal do estudo, em comunicado.

A explicação pode estar em um detalhe curioso: a rotação do 2024 YR4 é retrógrada. Isso significa que ele gira no sentido contrário ao da sua órbita ao redor do Sol. Esse tipo de rotação acentua um fenômeno chamado efeito Yarkovsky.

Esse efeito acontece quando a luz solar aquece o asteroide e ele libera o calor de forma desigual, criando uma leve força de propulsão. Com o tempo, isso pode mudar sua trajetória, empurrando-o para órbitas internas, mais próximas da Terra.

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Velocidade de giro da rocha espacial surpreende

Observações recentes feitas pelos telescópios Gemini do Sul, no Chile, e Keck, no Havaí, também revelaram que a rocha gira rapidamente, completando uma volta a cada 20 minutos (uma velocidade incomum para um objeto desse tipo).

Os pesquisadores também descobriram a forma do 2024 YR4: achatada, parecida com um disco de hóquei. Isso é um tanto inusitado, considerando que a maioria dos asteroides tem formatos mais irregulares, como batatas ou piões.

Bolin e sua equipe acreditam que essa rocha pode ser um fragmento de um asteroide maior, do tipo conhecido como “pilha de escombros”, formado por blocos soltos que se mantêm unidos pela gravidade. “O nosso estudo fornece um excelente caso de teste sobre o tipo de observações de resposta rápida que são necessárias para caracterizar uma ameaça potencial como este objeto”, destacou.

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ChatGPT te transforma em personagem da Turma da Mônica, mas…

Depois da febre do Studio Ghibli, as pessoas continuam usando o novo gerador de imagens da OpenAI para transformar suas próprias fotos em desenhos famosos.

Você provavelmente já deve ter visto nas redes sociais os bonecos de seus amigos ou familiares. Ou ainda eles em versão Simpsons – ou até mesmo uma versão Dragon Ball.

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A trend da vez aqui no Brasil coloca nas imagens traços da famosa Turma da Mônica. Isso mexeu com o imaginário de milhões de pessoas que cresceram lendo os gibis. Ou que assistiram aos filmes em live-action.

O problema é que o estúdio Maurício de Souza Produções não gostou nada disso. Em nota divulgada nesta terça-feira (8), a empresa condenou a prática e ressaltou que buscará medidas que assegurem os direitos autorais sobre a obra.

As trends de IA do ChatGPT divertem muita gente, mas também causam muita polêmica – Imagem: xlaura/Shutterstock/Reprodução

Os argumentos do estúdio

  • O centro da discussão está no direito autoral.
  • Existe uma lei aqui no Brasil (a 9.610, de 1998) que trata sobre o tema.
  • Ela garante que o criador de uma obra intelectual receba os benefícios patrimoniais pela exploração de suas criações.
  • Existem, aliás, leis como essa espalhadas pelo mundo todo.
  • Eu sei que essas trends do ChatGPT são muito legais (e inocentes), mas os estúdios têm certa razão em buscar os seus direitos.
  • E, que fique claro, eles devem acionar a OpenAI na Justiça – e não eu ou você que usamos a ferramenta.
  • A Maurício de Souza Produções fala justamente sobre esse ponto no texto dos últimos dias:

“A MSP Estúdios reforça que o uso de qualquer elemento relacionado aos personagens está protegido por leis de direito autoral e propriedade intelectual. Não autorizamos a criação de conteúdos que violem esses direitos, nem admitimos associações com discursos de ódio, desinformação ou práticas que contrariem os valores da empresa. Há mais de 60 anos, defendemos a ética e o compromisso com a cultura e agiremos sempre que esses princípios forem desrespeitados”, afirmou a empresa.

“Reconhecemos o valor da inteligência artificial como ferramenta de experimentação e inovação, mas reforçamos que ela deve atuar como apoio, e não substituição, à criação artística. Quando tenta reproduzir o traço da Turma da Mônica, a IA apenas ecoa, de forma limitada, uma linguagem visual única, construída ao longo de décadas pelos artistas da MSP Estúdios. Mais do que um estilo, esse traço carrega narrativas, emoções e a sensibilidade humana, algo que nenhum algoritmo consegue replicar por completo”, concluiu a nota.

Arte oficial de 'Turma da Mônica'. Imagem: Mauricio de Souza Produções
A Turma da Mônica é um símbolo nacional (eu, por exemplo, aprendi a gostar de ler por causa dessas histórias em quadrinhos) – Imagem: Reprodução/Maurício de Sousa Produções

Marca d’água pode funcionar?

Como informamos aqui no Olhar Digital, a OpenAI já se manifestou sobre o tema e afirmou que todas as imagens geradas pelo 4o Image Gen vêm com metadados que certificam sua origem artificial.

Diante das polêmicas, no entanto, a companhia indicou que pode dar um passo além, adicionando marcas d’água nas produções. Esses selos deixarão claro que os desenhos foram feitos pela máquina e não pelo estúdio original.

Mas será que isso é o bastante? Eu acredito que não. Essa mudança não resolve totalmente a principal queixa dos estúdios, que diz respeito aos direitos autorais. Nesse caso, talvez as empresas peçam alguma reparação em dinheiro.

Vale destacar que o ChatGPT só consegue criar imagens desse jeito, pois “absorveu” milhões de desenhos originais durante seu treinamento. Ou seja, ele não “cria” nada do zero, só “copia” algo que já existe.

Lembrando que o estúdio Maurício de Souza Produções não é o único a reclamar da trend. O próprio criador do Studio Ghibli também fez uma série de queixas sobre o assunto.

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O japonês Studio Ghibli se tornou famoso por causa de filmes como “Meu amigo Totoro” e “A Viagem de Chihiro” (e agora também por causa dessa trend do ChatGPT) – Imagem: Studio Ghibli, Toho/Divulgação

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Nova Tesla? Bilionário quer desafiar Elon Musk, segundo site

A Slate Auto é uma fabricante de veículos elétricos fundada em 2022. Com sede no Michigan, nos Estados Unidos, ela contratou centenas de ex-funcionários da Ford, General Motors, Stellantis e Harley-Davidson.

Também atraiu o apoio de vários investidores, incluindo Mark Walter, o proprietário controlador do LA Dodgers e CEO da Guggenheim Partners, e Thomas Tull, um dos principais investidores da Re:Build Manufacturing.

Mas o principal nome por trás do projeto é Jeff Bezos, CEO da Amazon.

Picape elétrica mais barata

  • De acordo com reportagem do portal TechCrunch, o bilionário quer rivalizar com Elon Musk, dono da Tesla.
  • Para isso, a Slate Auto está produzindo uma picape elétrica de dois lugares.
  • Não há muitas informações sobre o modelo, mas espera-se que ele seja mais barato, atraindo potenciais compradores.
  • De qualquer forma, a empresa vai precisar enfrentar um momento delicado no segmento.
  • A demanda por veículos elétricos apresenta uma trajetória incerta e várias das principais fabricantes do setor, inclusive a Tesla, estão registrando uma diminuição nas vendas.
Ideia da Slate Auto é concorrer diretamente com a Tesla (Imagem: Jonathan Weiss/Shutterstock)

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Operações da Slate Auto ainda são um mistério

Desde que foi fundada, a Slate Auto consegui levantar pelo menos US$ 111 milhões em investimentos. Documentos comprovam que Bezos estava envolvido nas operações, embora não se saiba exatamente o quanto o bilionário investiu na empresa.

O objetivo da montadora é lançar seu primeiro modelo até o final do ano que vem. O carro será produzido em uma fábrica perto de Indianápolis, mas não está claro se o espaço será construído do zero ou alugado.

Jeff Bezos é o principal nome por trás do projeto (Imagem: lev radin/Shutterstock)

A Slate ainda planeja complementar as pequenas margens de lucro criando uma linha de acessórios e roupas que os proprietários podem usar para personalizar seus veículos. Além disso, não está descartada uma parceria com a Amazon, a empresa mais famosa de Bezos.

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iPhone teria preço inacreditável se fosse fabricado nos EUA

As tarifas econômicas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra todos os países do mundo tem um objetivo claro: incentivar as grandes empresas a investir na produção dentro do país.

No entanto, isso pode não ser exatamente benéfico para os norte-americanos. Usemos como exemplo a Apple, que segundo analistas é uma das mais afetadas pelo tarifaço global. Caso a produção do iPhone fosse feita 100% dentro dos EUA, o preço iria disparar.

Apple é dependente da China

  • A empresa é considerada uma das mais vulneráveis à guerra comercial devido à sua alta dependência da China, que agora enfrenta tarifas de 104% sobre seus produtos.
  • Embora a companhia possua unidades de produção em outros países, como Índia, Vietnã e Tailândia, esses locais também foram afetados pelas novas tarifas.
  • Dessa forma, o único jeito de fugir desta cobrança adicional seria levar a produção 100% para os Estados Unidos.
  • Por um lado, isso incentivaria a economia do país, além de abrir milhares de novos empregos para os norte-americanos.
  • Por outro, no entanto, o preço do iPhone, carro chefe da empresa, poderia disparar.
  • As informações são da CNN.
Trump quer usar as tarifas para reaquecer indústrias dos EUA (Imagem: Chip Somodevilla/Shutterstock)

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Empresa teria que aceitar reduzir margem de lucro

De acordo com Dan Ives, chefe global de pesquisa de tecnologia da empresa de serviços financeiros Wedbush Securities, os iPhones fabricados nos EUA poderiam custar mais de três vezes o preço atual. Isso significa que eles poderiam ser vendidos por US$ 3.500 (mais de R$ 21 mil).

Este seria um reflexo do custo maior de produção dentro do país em comparação com a Ásia.

Além disso, a Apple teria que gastar uma verdadeira fortuna (cerca de US$ 30 bilhões) apenas para mover 10% de sua atual cadeia de produção para o território norte-americano.

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Passar a produção para os EUA teria um alto custo para a Apple (Imagem: 1000 Words/Shutterstock)

É claro que todo este processo não seria imediato. Dessa forma, a companhia enfrentaria uma alta expressiva nos gastos e só começaria a ter o retorno esperado anos depois (desde que os norte-americanos aceitassem pagar mais pelo iPhone).

Para Dan Ives, a Apple ainda teria que estar disposta a reduzir suas margens de lucro, o que provavelmente retiraria ela da disputa pelo posto de empresa mais lucrativa do mundo.

A fabricante do iPhone não se manifestou publicamente sobre as previsões do especialista.

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Terra pode enfrentar nova extinção em massa – e ela já começou

O planeta Terra pode enfrentar uma nova extinção em massa caso os efeitos das mudanças climáticas não sejam revertidos. O alerta foi feito pelo pesquisador Hugh Montgomery, diretor do Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London, da Inglaterra.

A situação piora: segundo Montgomery, essa extinção já está acontecendo. E o ser humano é o responsável.

Mudanças climáticas podem causar nova extinção em massa – e a culpa é nossa (Crédito: MarcelClemens – Shutterstock)

Terra pode sofrer nova extinção em massa

Montgomery é um dos autores do relatório de 2024 sobre saúde e mudanças climáticas na revista científica The Lancet. Ele abriu a programação do evento internacional Forecasting Healthy Futures Global Summit, que começou na terça-feira (08) no Rio de Janeiro. A escolha do local é devido à COP 30 em novembro, que também será no Brasil (em Belém, no Pará).

No evento, o pesquisador alertou que, se não conseguirmos reverter as mudanças climáticas em andamento, a Terra pode sofrer uma extinção em massa semelhante à do Período Permiano (entre 299 e 251 milhões de anos atrás), quando 90% das espécies morreram devido às condições climáticas drásticas.

Em 2024, chegamos a um nível recorde de 1,5ºC de temperatura. Segundo a Agência Brasil, cientistas indicam que, se continuarmos assim, o aumento deve chegar a 2,7ºC até 2100. E se a temperatura chegar a 3ºC, as mortes de espécies seriam catastróficas.

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Extinção já começou

A perspectiva não é nada positiva. De acordo com Montgomery, a “concentração atmosférica de CO₂ não só está aumentando, como está aumentando de forma cada vez mais acentuada”. Para ele, a extinção já começou e somos nós, humanos, que estamos causando tudo isso.

Mesmo antes da situação ficar incontrolável, as consequências podem ser drásticas:

  • Segundo o pesquisador, um aumento entre 1,7 °C e 2,3 °C, mesmo que temporário, poderia colapsar as camadas de gelo no Ártico, desacelerar a Circulação Meridional do Atlântico (que controla todo o clima global) e elevar o nível do mar em vários metros;
  • As consequências serão sentidas já “nos próximos 20 ou 30 anos”;
  • Além das emissões de dióxido de carbono, Montgomery chamou atenção a emissão de metano, 83 vezes mais danoso.
Imagem mostra relógio de rua marcando 42 graus na cidade de São Paulo, nível de calor aumenta
Pesquisador recomendou medidas de adaptação ao clima (Imagem: Cris Faga / Shutterstock.com)

Há solução?

Durante o evento, Hugh Montegomery ressaltou a importância de pensar em medidas de adaptação ao clima, que já está afetando a saúde da população. Por exemplo, já reportamos no Olhar Digital como as ondas de calor devem afetar idoso com mais intensidade (confira os detalhes aqui).

No entanto, essa adaptação não pode substituir a redução “drástica e imediata nas emissões”. Para ele, “não faz sentido focar apenas no alívio dos sintomas quando deveríamos estar buscando a cura”.

Para além dos impactos na saúde, o pesquisador também estima impactos econômicos das mudanças climáticas: a economia mundial deve reduzir em 20% ao ano, cerca de US$ 38 trilhões, a partir de 2049. Imagine só uma extinção em massa total.

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