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Doces causam diabetes? Veja fatos e fakes sobre o assunto

Poucas doenças são tão cercadas por mitos e desinformação quanto a diabetes. A cada novo vídeo viral ou corrente de WhatsApp, surge uma teoria diferente: que açúcar mascavo é inofensivo, que comer doce em jejum é mortal, que fruta dá mais diabetes que refrigerante, entre tantas outras.

No meio de tanta fake news, muita gente acaba acreditando que a simples ingestão de um brigadeiro pode ser o gatilho para desenvolver uma doença crônica. Mas será que é assim mesmo?

A diabetes é uma condição metabólica caracterizada pelo mau funcionamento na produção ou utilização da insulina, hormônio responsável por regular a quantidade de glicose no sangue. Existem diferentes tipos da doença, e cada um tem causas, sintomas e tratamentos distintos.

Apesar de estar ligada ao açúcar, a diabetes envolve fatores genéticos, ambientais e comportamentais, e seu desenvolvimento é mais complexo do que parece à primeira vista.

Imagem: Rmcarvalho / iStock

É fácil entender por que tanta gente busca explicações simples para algo tão sério. Em um mundo cada vez mais acelerado, as pessoas querem respostas rápidas, causas diretas e soluções mágicas.

Mas o corpo humano não funciona assim. A saúde é um equilíbrio delicado, influenciado por escolhas diárias, histórico familiar, hábitos de vida e até mesmo o ambiente ao redor. Saber disso é o primeiro passo para tomar decisões mais conscientes.

Como doces causam diabetes?

A crença popular de que doces causam diabetes é antiga e, em parte, compreensível, já que essa doença está diretamente ligada à forma como o corpo processa a glicose.

No entanto, afirmar que o consumo de doces sozinho é responsável pelo surgimento da doença é um equívoco. A diabetes não é causada exclusivamente pelo consumo de açúcar, mas sim por um conjunto de fatores genéticos, metabólicos e comportamentais.

Ilustração exemplifica a cadeia de processamento de glicose no corpo
Após liberada pelo pâncreas, a insulina entra na corrente sanguínea. Esse hormônio estimula a entrada de glicose nas células, especialmente as musculares. Isso permite que as células usem a glicose como energia e ajuda a reduzir o nível de açúcar no sangue. Imagem: VectorMine / iStock

É preciso, antes de tudo, compreender que existem diferentes tipos de diabetes. A tipo 1, por exemplo, é uma condição autoimune. Nesse caso, o sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina, e o consumo de doces ou qualquer outro alimento não tem influência direta sobre seu aparecimento.

Já a diabetes tipo 2, a mais comum entre os adultos, está fortemente relacionada a fatores como obesidade, sedentarismo, má alimentação e predisposição genética.

Portanto, dizer que “doces causam diabetes” é uma simplificação perigosa. A verdade é que o consumo frequente e exagerado de doces pode contribuir para o ganho de peso e para o aumento da resistência à insulina, o que eleva significativamente o risco de desenvolver diabetes tipo 2.

Mas não se trata de uma relação direta e automática. O problema não é o doce isoladamente, e sim o contexto alimentar em que ele está inserido.

plicativo de contagem de calorias. Mulher negra sorrindo usando aplicativo moderno no smartphone enquanto toma café da manhã na cozinha em casa, senhora africana feliz sentada à mesa, verificando os dados diários de nutrição
Apps de controle de alimentação são auxiliadores para a rotina das mães/Shutterstock_Prostock-studio

Além disso, é fundamental considerar a quantidade e a frequência com que os doces são consumidos. Ingerir uma sobremesa ocasional ou um pedaço de bolo no fim de semana não torna ninguém diabético. O problema está no consumo diário e sem moderação, especialmente quando associado a outras práticas prejudiciais, como o sedentarismo ou o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados.

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Outro ponto importante é a qualidade dos doces. Produtos industrializados, ricos em açúcar refinado, gordura trans e aditivos químicos, são muito mais prejudiciais que doces caseiros preparados com ingredientes naturais.

Isso porque, além de impactar a glicemia, esses produtos aumentam o risco de inflamações crônicas, disfunções metabólicas e doenças cardiovasculares, que muitas vezes acompanham o quadro de diabetes tipo 2.

Mulher escolhe uma maçã ao invés de donuts
Imagem: Ekaterina Chizhevskaya / iStock

A educação alimentar, nesse contexto, é essencial para desmistificar a relação entre o consumo de açúcar e o desenvolvimento de doenças. Entender o funcionamento da insulina, o papel dos carboidratos na dieta e os sinais precoces de resistência insulínica pode ajudar as pessoas a fazerem escolhas mais conscientes, sem cair em pânicos infundados ou em restrições alimentares desnecessárias.

Crianças, por exemplo, não devem ser proibidas de consumir doces, mas sim ensinadas a comer com equilíbrio. A formação de hábitos saudáveis desde cedo, com uma alimentação variada e rica em fibras, legumes, frutas e proteínas, reduz as chances de desenvolver obesidade infantil e, por consequência, diabetes tipo 2 na adolescência ou na vida adulta.

Já entre os adultos, o mais preocupante é o consumo constante de refrigerantes, sucos industrializados e produtos ricos em carboidratos simples. Esses alimentos promovem picos glicêmicos e aumentam a demanda de insulina, o que a longo prazo pode levar à resistência insulínica. E é justamente essa resistência que costuma anteceder o diagnóstico de diabetes tipo 2.

De acordo com o CDC, manter um peso saudável, praticar atividades físicas regularmente, não fumar e seguir uma alimentação equilibrada são estratégias eficazes para prevenir ou controlar o diabetes tipo 2. O controle do estresse e o sono adequado também desempenham papéis importantes, já que afetam a resposta hormonal do organismo.

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Imagem: fizkes/Shutterstock

Além disso, é importante mencionar o papel do acompanhamento médico e dos exames de rotina. Muitas pessoas convivem com a pré-diabetes por anos sem saber, pois os sintomas podem ser silenciosos. Fazer exames periódicos de glicemia, especialmente para quem tem histórico familiar da doença, é essencial para diagnóstico precoce e início imediato do tratamento, caso necessário.

A verdade é que o açúcar, como qualquer outro nutriente, pode estar presente em uma dieta saudável. O segredo está no equilíbrio. O que adoece não é o açúcar em si, mas o excesso, a frequência e a ausência de um estilo de vida que compense esse consumo.

Culpar unicamente os doces pelo aumento dos casos de diabetes ignora os múltiplos fatores que envolvem essa doença crônica e multifatorial. Por fim, é sempre importante reforçar que desinformação e culpabilização excessiva de um único tipo de alimento podem gerar ansiedade alimentar, transtornos e escolhas equivocadas. A resposta para a prevenção da diabetes está no conhecimento, no equilíbrio e no cuidado contínuo com a saúde como um todo.

Com informações de CDC

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Esse tipo de alimento altera seu intestino e eleva risco de diabetes

Um estudo realizado por pesquisadores da Université Laval, do Canadá, e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo faz um alerta importante. O consumo excessivo de frutose pode ser prejudicial à saúde.

Segundo o trabalho, a substância, comum em dietas com alto teor de alimentos ultraprocessados, modifica a forma como o intestino responde à glicose. Isso pode levar ao aumento da absorção de açúcar, comprometendo o controle da glicemia.

Atenção com a frutose adicionada a alimentos ultraprocessados

  • Os efeitos foram observados em camundongos e precedem a intolerância à glicose e o acúmulo de gordura no fígado.
  • Estes dois fatores, alertam os pesquisadores, estão ligados ao desenvolvimento do diabetes tipo 2 e da doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica.
  • Ainda de acordo com o trabalho, a absorção intestinal alterada é o causador do problema.
  • Apesar das conclusões, os cientistas destacam que a fruta não é uma vilã da nossa saúde (muito pelo contrário).
  • Os prejuízos foram verificados em contextos de alto consumo de frutose adicionada a alimentos ultraprocessados.
  • Dessa forma, é recomendado que se evite o consumo de produtos como refrigerantes e sucos industrializados (mesmo os 100% fruta), cereais matinais e barras adoçadas, biscoitos recheados e doces industrializados, pães e bolos prontos, chás prontos e bebidas esportivas adoçadas, molhos industrializados (ketchup, barbecue etc.), além de iogurtes adoçados, sobremesas lácteas e geleias.
  • As informações são da Agência FAPESP e o estudo foi publicado na revista Molecular Metabolism.
Consumo de sucos industrializados pode ser um problema (Imagem: rblfmr/Shutterstock)

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Problemas de saúde podem ser graves

Durante o trabalho, pesquisadores alimentaram camundongos com uma dieta em que 8,5% da energia vinha da frutose, proporção considerada elevada, mas ainda próxima do consumo humano médio. O experimento durou sete semanas.

Apenas três dias após o início das análises, os animais já apresentavam um aumento na capacidade do intestino de absorver glicose, antes mesmo do surgimento da intolerância à glicose.

Após quatro semanas, a glicose já não era eficientemente removida do sangue e, ao fim do estudo, observou-se acúmulo de gordura no fígado, condição que pode evoluir para quadros mais graves, como a cirrose.

ilustração de um intestino sendo desenhado por um médico
Dietas com alto teor de alimentos ultraprocessados modificam a forma como o intestino responde à glicose (Imagem: mi_viri/Shutterstock)

Mesmo com os efeitos adversos, os animais não desenvolveram resistência à insulina nos músculos ou no tecido adiposo, indicando que o descontrole glicêmico inicial ocorre por alterações no intestino e não por falha na resposta insulínica periférica.

Os responsáveis pelo estudo constataram que o consumo excessivo de frutose eleva os níveis circulantes de GLP-2, substância que estimula o crescimento da superfície intestinal e o aumento da absorção de nutrientes. Ao bloquear o receptor desse hormônio (Glp2r), foi possível impedir o aumento da absorção de glicose, evitando tanto a intolerância quanto o acúmulo de gordura no fígado.

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