Os algoritmos são desenvolvidos para personalizar a experiência dos usuários, recomendando conteúdos com base em seus comportamentos anteriores e preferências. Essa personalização pode aumentar o engajamento, mas também traz sérias consequências, como a formação de bolhas na internet.
O problema é que muitas vezes não percebemos que estamos dentro de uma dessas bolhas. Os algoritmos funcionam de forma invisível: eles não pedem permissão ao usuário, não avisam quando estão ativos e nem informam que conteúdo estão escondendo. Hoje, estão tão integrados à experiência online que é praticamente impossível evitá-los ao navegar na internet.
Como e por que os algoritmos nos fazem entrar numa bolha na internet?
Em quase todos os ambientes online, os algoritmos rastreiam seu movimento. Esses sistemas monitoram os cliques e interações dos usuários. Com base nas informações obtidas, as plataformas passam a exibir apenas conteúdos que têm grandes chances de serem consumidos.
Em resumo, o que aparece no seu feed não é decidido pelo usuário, mas por programas controlados pelas empresas de plataformas digitais.
Diversos sites e redes sociais oferecem recomendações personalizadas de conteúdo com base em informações como seu histórico de navegação, faixa etária, identidade de gênero, localização, hábitos de compra, preferências de privacidade e até o navegador que você utiliza. Cada clique, visualização, curtida ou comentário contribui para alimentar esses algoritmos com mais dados sobre você.
Esse mecanismo faz com que até uma simples busca no Google, com as exatas mesmas palavras, possa gerar resultados diferentes para pessoas distintas, dependendo de quem são e de onde estão. Ou seja, você não tem total controle sobre o que consome: os algoritmos fazem uma pré-seleção com base no que calculam que você quer ver, restringindo sua exposição a outros conteúdos.
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O objetivo principal desses sistemas é manter o usuário engajado. Para isso, mostram conteúdos com os quais ele provavelmente vai interagir.
Como consequência, muitos acabam expostos apenas a opiniões semelhantes às suas próprias, o que reforça visões já existentes e elimina a diversidade de pontos de vista. Assim, surgem as chamadas “câmaras de eco”, em que as ideias semelhantes são constantemente repetidas e visões contrárias raramente aparecem.

Isso cria um ambiente em que as pessoas são bombardeadas por publicações que apenas confirmam suas opiniões. Entretanto, mesmo quando os sites não oferecem conteúdo segmentado, os usuários tendem a seguir perfis e páginas que já pensam como eles. Esse comportamento parece inofensivo, mas fortalece as bolhas e faz com que a gente esqueça que existem outras formas de viver e ver o mundo.
Por que as bolhas são um problema?
À primeira vista, a ideia de ter um feed personalizado parece positiva. Afinal, a internet tem uma quantidade infinita de informação e faz sentido priorizar o que mais nos interessa.
No entanto, se essa curadoria automática nos mostra apenas conteúdos com os quais concordamos, deixamos de ser expostos a pontos de vista diferentes e outros conteúdos diversos. Isso se torna perigoso principalmente quando uma notícia relevante entra em conflito com nossas crenças e acaba nem aparecendo no nosso feed.
Além disso, a propagação de notícias falsas se intensifica nesse ambiente enclausurado. Quando todos dentro da bolha compartilham a mesma visão, é mais fácil acreditar em informações incorretas. Esse ciclo contribui para o fechamento de pensamento e a rejeição de conceitos e ideias divergentes.
Estudos já demonstraram que os algoritmos das redes sociais desempenham um papel importante na intensificação da polarização política. Usuários frequentes dessas plataformas tendem a ter contato limitado com opiniões contrárias, o que reforça a desinformação e o extremismo ideológico.

Mas, como mencionado, os algoritmos não são os únicos responsáveis. O comportamento dos próprios usuários também influencia essa dinâmica. Muitas pessoas buscam ativamente conteúdos que confirmam suas crenças e evitam materiais que desafiam sua visão de mundo, aprofundando ainda mais suas bolhas.
Como sair da bolha?
Ficar preso em uma bolha pode dar a impressão de que todos pensam igual, mas existem inúmeras perspectivas diferentes que não estão sendo mostradas. Ainda que não exista uma solução definitiva para isso, algumas atitudes podem ajudar a ampliar sua visão:
- Busque informações em fontes variadas e confiáveis. Além disso, evite depender sempre das mesmas redes sociais ou sites e verifique informações antes de compartilhá-las.
- Navegue em modo anônimo, limpe regularmente seu histórico de pesquisa e evite acessar plataformas logado em suas contas pessoais.
- Converse com pessoas fora do seu círculo online. Amigos, familiares ou colegas com outras opiniões podem ajudar a entender outros lados da mesma história.
Essas bolhas são capazes de alterar e até mesmo moldar a forma como pensamos e agimos. Por isso, encarar de forma crítica as informações disponíveis nas redes sociais – e na internet como um todo – pode ser imprescindível para uma navegação mais segura.
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