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Como e por que os algoritmos nos fazem entrar numa bolha na internet?

Os algoritmos são desenvolvidos para personalizar a experiência dos usuários, recomendando conteúdos com base em seus comportamentos anteriores e preferências. Essa personalização pode aumentar o engajamento, mas também traz sérias consequências, como a formação de bolhas na internet.

O problema é que muitas vezes não percebemos que estamos dentro de uma dessas bolhas. Os algoritmos funcionam de forma invisível: eles não pedem permissão ao usuário, não avisam quando estão ativos e nem informam que conteúdo estão escondendo. Hoje, estão tão integrados à experiência online que é praticamente impossível evitá-los ao navegar na internet.

Como e por que os algoritmos nos fazem entrar numa bolha na internet?

Em quase todos os ambientes online, os algoritmos rastreiam seu movimento. Esses sistemas monitoram os cliques e interações dos usuários. Com base nas informações obtidas, as plataformas passam a exibir apenas conteúdos que têm grandes chances de serem consumidos.

Em resumo, o que aparece no seu feed não é decidido pelo usuário, mas por programas controlados pelas empresas de plataformas digitais.

Pasta com ícones de redes sociais em tela inicial do celular (Imagem: Viktollio/Shutterstock)

Diversos sites e redes sociais oferecem recomendações personalizadas de conteúdo com base em informações como seu histórico de navegação, faixa etária, identidade de gênero, localização, hábitos de compra, preferências de privacidade e até o navegador que você utiliza. Cada clique, visualização, curtida ou comentário contribui para alimentar esses algoritmos com mais dados sobre você.

Esse mecanismo faz com que até uma simples busca no Google, com as exatas mesmas palavras, possa gerar resultados diferentes para pessoas distintas, dependendo de quem são e de onde estão. Ou seja, você não tem total controle sobre o que consome: os algoritmos fazem uma pré-seleção com base no que calculam que você quer ver, restringindo sua exposição a outros conteúdos.

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O objetivo principal desses sistemas é manter o usuário engajado. Para isso, mostram conteúdos com os quais ele provavelmente vai interagir.

Como consequência, muitos acabam expostos apenas a opiniões semelhantes às suas próprias, o que reforça visões já existentes e elimina a diversidade de pontos de vista. Assim, surgem as chamadas “câmaras de eco”, em que as ideias semelhantes são constantemente repetidas e visões contrárias raramente aparecem.

mãos de um homem em teclado de computador
(Imagem: Korawat photo shoot / Shutterstock.com)

Isso cria um ambiente em que as pessoas são bombardeadas por publicações que apenas confirmam suas opiniões. Entretanto, mesmo quando os sites não oferecem conteúdo segmentado, os usuários tendem a seguir perfis e páginas que já pensam como eles. Esse comportamento parece inofensivo, mas fortalece as bolhas e faz com que a gente esqueça que existem outras formas de viver e ver o mundo.

Por que as bolhas são um problema?

À primeira vista, a ideia de ter um feed personalizado parece positiva. Afinal, a internet tem uma quantidade infinita de informação e faz sentido priorizar o que mais nos interessa.

No entanto, se essa curadoria automática nos mostra apenas conteúdos com os quais concordamos, deixamos de ser expostos a pontos de vista diferentes e outros conteúdos diversos. Isso se torna perigoso principalmente quando uma notícia relevante entra em conflito com nossas crenças e acaba nem aparecendo no nosso feed.

Além disso, a propagação de notícias falsas se intensifica nesse ambiente enclausurado. Quando todos dentro da bolha compartilham a mesma visão, é mais fácil acreditar em informações incorretas. Esse ciclo contribui para o fechamento de pensamento e a rejeição de conceitos e ideias divergentes.

Estudos já demonstraram que os algoritmos das redes sociais desempenham um papel importante na intensificação da polarização política. Usuários frequentes dessas plataformas tendem a ter contato limitado com opiniões contrárias, o que reforça a desinformação e o extremismo ideológico.

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Imagem: Jirsak/Shutterstock

Mas, como mencionado, os algoritmos não são os únicos responsáveis. O comportamento dos próprios usuários também influencia essa dinâmica. Muitas pessoas buscam ativamente conteúdos que confirmam suas crenças e evitam materiais que desafiam sua visão de mundo, aprofundando ainda mais suas bolhas.

Como sair da bolha?

Ficar preso em uma bolha pode dar a impressão de que todos pensam igual, mas existem inúmeras perspectivas diferentes que não estão sendo mostradas. Ainda que não exista uma solução definitiva para isso, algumas atitudes podem ajudar a ampliar sua visão:

  • Busque informações em fontes variadas e confiáveis. Além disso, evite depender sempre das mesmas redes sociais ou sites e verifique informações antes de compartilhá-las.
  • Navegue em modo anônimo, limpe regularmente seu histórico de pesquisa e evite acessar plataformas logado em suas contas pessoais.
  • Converse com pessoas fora do seu círculo online. Amigos, familiares ou colegas com outras opiniões podem ajudar a entender outros lados da mesma história.

Essas bolhas são capazes de alterar e até mesmo moldar a forma como pensamos e agimos. Por isso, encarar de forma crítica as informações disponíveis nas redes sociais – e na internet como um todo – pode ser imprescindível para uma navegação mais segura.

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O algoritmo nos deixou burros(as). E você ainda curtiu este post

Você lê notícias pelo celular, reproduz o que aquele(a) influenciador(a) diz e acredita que está bem-informado(a), que as suas opiniões são fruto de reflexão própria e crítica. Mas e se grande parte do que você pensa – ou pensa que pensa, tiver sido moldada por sistemas automatizados que conhecem as suas preferências, aversões e o que te faz clicar?

Seja bem-vindo(a) à bolha de informação. Um ambiente confortável, colorido, sedutor e perigosamente eficaz.

Fato que as redes sociais foram projetadas para conectar pessoas. Mas, na prática, tornaram-se máquinas de confirmação: filtram o que você vê, reforçam o que já pensa e silenciam o que te desagrada. Os algoritmos são treinados para maximizar seu tempo de engajamento — não para promover diversidade de ideias, pensamento crítico, aversão, reflexões complexas ou pluralidade de visões.

E sim, isso não é por acaso. É arquitetura.

Um estudo publicado na revista Teknokultura analisou o comportamento de 1361 adolescentes brasileiros e revelou que cerca de 90% utilizam sites de redes sociais como principal fonte de informação, enquanto apenas 3,8% recorrem a meios de comunicação formais.

Além disso, o fenômeno das “câmaras de eco” – espaço que têm o potencial de ampliar as mensagens entregues ali e isolá-las das mensagens que as contradizem – é amplificado por algoritmos que priorizam conteúdo semelhante ao que você já consome, limitando sua exposição a perspectivas divergentes.

Em tempos de hiperconectividade, a manipulação em massa ganhou novas formas — silenciosas, algoritmizadas e invisíveis (Imagem: Branko Devic/Shutterstock)

Nas conhecidas bolhas digitais (assim como existem as bolhas sociais), as ideias não são apenas repetidas — são amplificadas, distorcidas e servidas em eterno loop. A partir do que lhe é apresentado nas redes, você começa a acreditar que todos pensam como você e, quando encontra alguém que discorda, parece estar lidando com um inimigo, alguém que absurdamente não entende nada do seu mundo perfeito, honesto e lógico.

Sendo assim, nesse mundo de bolhas de desinformação, a pluralidade torna-se exceção, o debate desaparece e polarização vira regra.

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Para não me tornar radical, vamos ser um pouco mais críticos e dividir as responsabilidades: o problema não está apenas no algoritmo, mas na ignorância da confiança cega que depositamos nele. Está na ausência de responsabilidade de produtores de conteúdo, na inexistência popular de pensamento crítico, na falta de transparência nas plataformas e na ausência de regulação em um ambiente que influencia eleições, movimentos sociais e até a saúde mental de populações inteiras.

Enquanto a boiada segue, continuamos alimentando sistemas que nos mantêm entretidos, viciados e — mais alarmante — ignorantes multiplicadores desinformados.

Manipulação digital de massas.
Nas bolhas digitais, vemos apenas o que reforça nossas crenças — o diferente é filtrado, o contraditório, silenciado (Imagem: kentoh/Shutterstock)

Para quem deseja tentar furar a bolha, há saída, mas exige esforço: buscar fontes diversas, seguir vozes que pensam diferente, verificar antes de compartilhar e cobrar responsabilidade das big techs. O que é público precisa ser transparente. O que influencia milhões deve ser regulado.

Afinal, se a sua timeline só confirma o que você já pensa, você não está se informando. Está sendo alimentado. E o que é alimentado demais, uma hora é engolido.

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Pesquisadores ampliam método de Newton, criado há mais de 300 anos

Pesquisadores expandiram o clássico método de Newton, desenvolvido pelo cientista Isaac Newton há mais de 300 anos, para tornar a técnica mais poderosa e eficiente na resolução de funções complexas.

Originalmente, o método de Newton utilizava a primeira e segunda derivada para aproximar soluções de funções difíceis, mas tinha limitações ao lidar com funções de múltiplas variáveis.

Uma equipe liderada por Amir Ali Ahmadi, da Universidade de Princeton, desenvolveu um novo algoritmo que resolve esses desafios, permitindo trabalhar com múltiplas variáveis e derivadas sem perder eficiência. O estudo sobre o algoritmo foi publicado no servidor arXiv.

Princípios do novo método

  • A inovação se baseia na modificação da expansão de Taylor, garantindo que as equações resultantes sejam “convexas” e possam ser expressas como uma soma de quadrados.
  • Isso facilita a minimização da função, um passo crucial para encontrar o valor mínimo desejado.
  • Com essa modificação, o novo algoritmo mantém a capacidade de convergir para o mínimo verdadeiro de uma função de maneira mais rápida, requerendo menos iterações do que as técnicas anteriores.
Método criado por Isaac Newton há séculos ainda possuía limitações – Imagem: Janusz Pienkowski/Shuttertock

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Embora cada iteração do novo algoritmo seja mais cara computacionalmente, ele promete ser significativamente mais rápido à medida que a tecnologia de computação evolui.

Essa abordagem oferece um grande potencial para aplicações em otimização e aprendizado de máquina, podendo, no futuro, substituir o método de Newton em diversas áreas.

Ahmadi e sua equipe esperam que, em 10 a 20 anos, a implementação do algoritmo seja mais viável e prática, trazendo avanços significativos para várias disciplinas.

Várias equações matemáticas
Expansão do método de Newton tem potencial para transformar áreas como aprendizado de máquina e otimização (Imagem: vectorfusionart/Shutterstock)

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