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Domo de Araguainha: a maior cratera de impacto da América do Sul

Uma imensa cicatriz na superfície terrestre, com 40 quilômetros de diâmetro e área aproximada de 1,3 mil km²superior ao tamanho da cidade do Rio de Janeiro — marca o local onde, há cerca de 250 milhões de anos, um asteroide colidiu com nosso planeta.

Este é o Domo de Araguainha, reconhecido como a maior cratera de impacto de meteoro na América do Sul e um dos 100 principais sítios geológicos do mundo, segundo a International Union of Geological Sciences (IUGS), entidade vinculada à UNESCO.

O Domo está situado na divisa entre os estados de Goiás e Mato Grosso. Aproximadamente 60% da estrutura encontra-se em território mato-grossense, abrangendo os municípios de Ponte Branca, Araguainha e Alto Araguaia.

Cratera está localizada entre os estados de Goiás e Mato Grosso (Imagem: Idariocafe/Shutterstock)

O restante estende-se pelos municípios goianos de Doverlândia, Mineiros e Santa Rita do Araguaia. Atualmente, existe projeto para transformar esta formação geológica em parque geológico nacional.

História da descoberta da cratera

  • Os primeiros indícios de que esta formação resultou do impacto de um asteroide surgiram em 1973, quando os pesquisadores da NASA, Robert Dietz e Bevan French, publicaram nota, em periódico científico, sobre suas características;
  • Contudo, a confirmação definitiva veio apenas em 1978, por meio dos estudos conduzidos pelo professor Álvaro Crósta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que, há mais de quatro décadas, dedica-se à pesquisa deste fenômeno;
  • Em entrevista ao g1, Crósta explicou que a região onde ocorreu o impacto era, naquela época, um extenso mar de águas rasas;
  • A colisão provocou terremotos e tsunamis que se propagaram por, aproximadamente, 500 quilômetros, afetando toda a vida existente nesse raio.

“Não conhecemos todas as características do objeto, pois não restou material para análise, mas sabemos que era uma esfera com, aproximadamente, quatro quilômetros de diâmetro, viajando a velocidade entre 14 e 16 quilômetros por segundo ao atingir a Terra”, explicou o pesquisador.

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Características geológicas únicas

O que torna o Domo de Araguainha particularmente relevante para a ciência é a presença de minerais transformados por fenômeno exclusivo, conhecido como “metamorfismo de choque“, resultado da aplicação simultânea de altíssima pressão e temperatura sobre as rochas.

“Até o momento, não identificamos minerais formados pelo choque, apenas minerais que foram transformados. Encontramos em rochas que estavam em maior profundidade durante o impacto elementos, como o zircão, que apresentam considerável deformação“, detalhou Crósta.

Esta cratera integra o grupo das cinco maiores estruturas de impacto em toda a América do Sul, sendo que oito destas formações estão localizadas em território brasileiro.

Datação e impacto ambiental

Estudos baseados em análise de isótopos — átomos de um mesmo elemento químico com mesmo número de prótons, fundamentais para determinar a idade de artefatos — indicam que o impacto ocorreu há, aproximadamente, 254 milhões de anos, durante a primeira fase da era Mesozoica, período anterior às fases Jurássica e Cretácea, conhecidas como “idade dos dinossauros“.

Na verdade, quando o impacto ocorreu, os dinossauros ainda não existiam, surgindo milhões de anos depois, ainda durante o mesmo período geológico.

Quanto aos efeitos do impacto na biosfera, Crósta afirma que houve destruição significativa da vida em escala regional, afetando, principalmente, répteis e anfíbios. Entretanto, devido às dimensões do asteroide, o evento não causou extinção em escala planetária.

Pedaços de zircão
Foram encontradas, em rochas, que estavam em maior profundidade durante o impacto, elementos, como o zircão, que apresentam considerável deformação (Imagem: Reprodução)

Não acredito que tenha provocado destruição em toda a Terra. Certamente, houve destruição de vida numa escala regional, até mesmo continental, mas ele não teria o tamanho e as características suficientes para produzir uma extinção em massa no planeta”, esclareceu o especialista.

Atualmente, o Domo de Araguainha recebe visitas regulares de estudantes, pesquisadores e entusiastas interessados em conhecer este extraordinário sítio geológico, testemunha de um dos eventos cósmicos mais significativos já registrados no continente sul-americano.

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Rotas mais turbulentas do mundo estão na América do Sul; veja o ranking

Passar por uma turbulência é uma das piores experiências que uma pessoas pode viver. Tanto que eu conheço gente que não pega avião justamente para evitar isso. Ou que escolhe as rotas com menos chances de cruzar com uma delas.

Sim, isso existe desde 2020, quando entrou no ar o site Turbli. Trata-se de uma plataforma desenvolvida pelo engenheiro Ignacio Gallego-Marcos e que fornece previsões de turbulência para voos.

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Ele faz isso utilizando dados meteorológicos e traçando cenários de mudanças de pressão atmosférica. Para ser mais específico, são dados da da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e do UK Met Office, o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido. A conta não é simples, mas aparenta ser eficaz – tanto que o portal detém a marca de mais de 200 mil usuários mensais.

Eu fiz um teste e ele entrega um prognóstico de praticamente todos os voos comerciais do mundo. A única regra é que esse voo deve ocorrer dentro de um prazo de até 36 horas. Depois dessa janela, o Turbli afirma que pode perder um pouco da precisão.

Desde 2022, o portal também promove um ranking com as rotas que mais tiveram casos de turbulência no ano. E aqui eu tenho duas notícias para você.

Muita gente tem medo de voar de avião; e o site Turbli promete acalmar um pouco a tensão – Imagem: viper-zero/Shutterstock

Conheça o Top-10

A má notícia é que a maioria dessas rotas fica em nosso continente, a América do Sul. Agora, a boa notícia é que nenhuma delas passa pelo Brasil.

Como mostrou o Terra, a rota mais turbulenta do mundo em 2024 foi entre Mendoza, na Argentina, e Santiago, a capital do Chile. A Argentina, aliás, é o país com mais menções nesse ranking. Confira ele completo abaixo:

  1. Mendoza (Argentina) – Santiago (Chile)
  2. Córdoba (Argentina) – Santiago (Chile)
  3. Mendoza (Argentina) – Salta (Argentina)
  4. Mendoza (Argentina) – San Carlos de Bariloche (Argentina)
  5. Kathmandu (Nepal) – Lhasa (China)
  6. Chengdu (China) – Lhasa (China)
  7. Santa Cruz (Bolívia) – Santiago (Chile)
  8. Kathmandu (Nepal) – Paro (Butão)
  9. Chengdu (China) – Xining (China)
  10. San Carlos de Bariloche (Argentina) – Santiago (Chile)

Vale destacar que todas as rotas sul-americanas da lista passam pela Cordilheira dos Andes. Outra região que tem destaque no ranking é a do Himalaia. Ou seja, a conclusão é que as turbulências ocorrem com mais frequência nas regiões montanhosas.

Montanhas na Cordilheira dos Andes, no Chile
A Cordilheira dos Andes possui 6 das 10 rotas com mais turbulência no mundo em 2024 – Imagem: Thiago P./Shutterstock

Quando teremos o fim das turbulências?

Não dá para cravar o fim delas, mas já existem algumas tecnologias em estudo que buscam reduzir a quantidade desse tipo de ocorrência.

Um grupo de cientistas suecos treinou uma IA para evitar esse tipo de problema durante os voos. A ideia é aumentar a eficácia de tecnologias experimentais que manipulam o fluxo de ar na superfície das asas.

Uma outra iniciativa foi batizada de FALCON (Fourier Adaptive Learning and Control). Os pesquisadores criaram uma ferramenta de IA que seria capaz de adaptar a velocidade, o ângulo, o aerofólio e as asas aerodinâmicas para atenuar as mudanças bruscas de pressão.

Você pode ler mais sobre o projeto neste outro texto do Olhar Digital.

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