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Filipinas tinham cultura marítima tecnologicamente avançada há 35 mil anos

Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por cientistas da Universidade Ateneo de Manila, nas Filipinas, realizaram uma pesquisa arqueológica no arquipélago ao longo de 15 anos. Eles descobriram evidências que mostram que o local foi fundamental para a migração humana e o desenvolvimento tecnológico no sudeste asiático antigo. 

Publicados este mês na revista Archaeological Research in Asia, os resultados do estudo revelam uma história rica de conexões culturais e inovação que começou há mais de 35 mil anos.

De acordo com um comunicado, a investigação focou principalmente na ilha de Mindoro, incluindo áreas como Ilin, São José e Santa Teresa. Durante a pesquisa, foi encontrada uma das evidências mais antigas da presença de humanos modernos (Homo sapiens) nas Filipinas, o que ajuda a entender melhor como os primeiros humanos chegaram e se moveram por essa região.

Um mapa da Ilha do Sudeste Asiático (ISEA) e da região de Sunda como eram há cerca de 35.000 anos, no auge da última Idade do Gelo, com localizações de sítios arqueológicos pesquisados pelo Projeto de Arqueologia de Mindoro. Crédito: Mapa Base: gebco.net, 2014

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Escavações nas Filipinas revelam habilidades antigas de pesca e navegação

Mindoro e outras ilhas filipinas nunca estiveram ligadas ao continente asiático por pontes terrestres ou coberturas de gelo. Isso significa que os antigos habitantes precisaram atravessar o mar para chegar lá. E esse desafio natural provavelmente estimulou a criação de tecnologias marítimas sofisticadas para viajar, pescar e sobreviver em ambientes insulares.

Amostras de tecnologia antiga descobertas em Mindoro e arredores. Crédito: A. Pawlik/ Neri et al.

Durante as escavações, os pesquisadores encontraram restos humanos e de animais, conchas e ferramentas feitas de pedra e ossos. Esses achados indicam que os primeiros moradores de Mindoro sabiam pescar em mar aberto e capturar peixes grandes como tubarões e bonitos. Isso mostra que eles possuíam habilidades avançadas para se alimentar e navegar, além de manter contato com outras populações distantes.

Um dos achados mais interessantes foi o uso de conchas gigantes para fabricar enxós – ferramentas cortantes usadas há cerca de 7.000 a 9.000 anos. Essas ferramentas de concha são muito parecidas com outras encontradas em diversas Ilhas do Sudeste Asiático (ISEA) e até em Papua Nova Guiné, a mais de 3.000 km de distância, o que sugere que existiam redes de troca cultural e tecnológica entre esses povos antigos.

Amostras de tecnologia antiga descobertas em Mindoro e arredores. Crédito: A. Pawlik/ Neri et al.

Grupos compartilhavam crenças e costumes

Na Ilha Ilin, foi descoberta uma sepultura humana com cerca de 5.000 anos. O corpo estava em posição fetal e coberto com placas de calcário, um tipo de ritual funerário encontrado também em outras regiões do sudeste asiático. Isso significa que esses grupos compartilhavam crenças e costumes, demonstrando uma complexidade social maior do que se pensava.

As evidências mostram que os habitantes de Mindoro eram adaptados aos ambientes costeiros e marinhos. Eles tinham comportamentos culturais sofisticados e tecnologias que lhes permitiam explorar os recursos naturais com eficiência. A pesquisa indica que Mindoro e as ilhas filipinas eram parte de uma grande rede marítima que facilitava o intercâmbio de conhecimentos e objetos por muitos séculos.

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Esqueleto chinês revela “linhagem fantasma” de 40 mil anos

Pesquisadores encontraram ossos na China de uma linhagem até então perdida dos povos asiáticos. A equipe analisou dados de 127 humanos ancestrais, que viveram entre  7100 e 1400 anos atrás, e descobriu que um grupo antes desconhecido da região de Yunnan é fundamental para entender a origem da população do Tibete.

“Os humanos antigos que viveram nesta região podem ser a chave para responder a diversas questões remanescentes sobre as populações pré-históricas do Leste e Sudeste Asiático”, escreveram os pesquisadores no estudo, publicado na Science.

O grupo fez a descoberta enquanto analisava esqueletos no sítio arqueológico de Xingyi para montar um mapa da diversidade genética da China central. Dentre os restos mortais, os cientistas encontraram a ossada de uma mulher de 7 mil anos atrás. Nomeada de Xingyu_EN, ela é diferente geneticamente dos neandertais e dos denisovanos, hominídeos conhecidos por contribuir em “traços fantasmas” do DNA humano.

A pesquisa revelou que o povo dessa fêmea teria se separado de outros grupos humanos há 40 mil anos. A equipe nomeou a distinta população de Xingyu_EN como Linhagem Xingyi Asiática Basal e descobriu que eles tinham características similares às populações indígenas do Planalto Tibetano

A professora FU Qiaomei da Academia Chinesa de Ciências conduziu a pesquisa. (Imagem: Yunnan Institute of Cultural Relics and Archaeology)

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Povo fantasma se isolou por milênios

Estudos anteriores haviam demonstrado que as populações tibetanas apresentam características genéticas que as distinguem de outros humanos modernos, mas ainda faltava uma “linhagem fantasma” para responder à questão. Os pesquisadores puderam encaixar essa peça que faltava da pré-história do Tibete.

O artigo revela que essa população asiática primitiva de 40 mil anos atrás se manteve isolada no sudoeste da China até o Holoceno, há cerca de 11.700 anos, quando interagiram com humanos que migravam do norte da Ásia Oriental para o oeste, dando origem aos povos tibetanos.

Evidências dos ancestrais Xingyi também foram encontrados em um sujeito de 11 mil anos atrás do condado de Longlin. Porém, esses traços desapareceram gradualmente nas populações dessa área com o passar dos anos.

O estudo alerta que os resultados devem ser analisados com cautela. Como as evidências vem de um único indivíduo, mais pesquisas e amostras serão necessárias para entender a “linhagem fantasma” dos grupos do Planalto Tibetano.

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Essa criança foi enterrada em um bordel medieval – estudo revela o que aconteceu

Descobrir o contexto de um achado arqueológico é um grande desafio, e, no caso dessa escavação feita em 1998, foram necessários 27 anos. Há mais de duas décadas, pesquisadores encontraram um cenário incomum do século XIV: o corpo de uma criança de 3 meses enterrado no local onde funcionava um bordel na época.

Agora, em 2025, uma pesquisa publicada na revista Archaeological and Anthropological Sciences mostrou os resultados de uma análise do DNA dessa criança, indicando uma possível causa da morte e de seu enterro em um lugar inusitado.

A prostituição não é chamada de “a profissão mais antiga do mundo” à toa. Na Europa medieval, por exemplo, ela já era comum há muito tempo. Mas, apesar disso, os registros desse período normalmente mencionam apenas os bordeis e seus administradores, e pouco se fala sobre as mulheres que trabalhavam nesses ambientes.

Aliás, até identificar um bordel medieval é desafiador. “A falta de evidências materiais claras de bordéis continua sendo um grande obstáculo ao estudo desses estabelecimentos. Descobertas relacionadas a bebidas ou jogos não são exclusivas de ambientes de bordéis e podem, por exemplo, também ser encontradas em tavernas”, explica a Dra. Maxime Poulain, líder do estudo, ao Phys.org.

Detalhe da criança enterrada (AA.OV/161). Crédito: Agência do Patrimônio de Flandres em Poulain et al. 2025

No entanto, o ambiente escavado em 1998 pôde ser identificado como um bordel. Contendo dois fornos em forma de fechadura (banhos aquecidos) e uma lareira na sala adjacente usada para aquecimento, o edifício foi identificado como o “Nederstove” a partir de registros históricos.

Com isso em mente, os pesquisadores tentaram entender o que causou a morte da criança. Corpos de bebês encontrados em bordéis do passado normalmente estão associados a infanticídios que ocorriam logo após o nascimento, mas, aos 3 meses, não é um cenário esperado.

A análise de isótopos estáveis revelou que a criança estava bem nutrida antes de morrer, provavelmente tendo sido amamentada regularmente. Portanto, inanição ou desnutrição foram descartadas como causas da morte.

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Enquanto isso, um antigo teste de DNA revelou que a criança era do sexo masculino e não morreu de nenhuma doença bacteriana, incluindo peste, lepra, tuberculose ou cólera.

Isso não quer dizer que não foi uma morte natural. A mortalidade infantil na Idade Média era bem alta — em torno de 30% —, e muitas doenças virais não podiam ser testadas. Portanto, é possível que a criança, apesar de bem cuidada, tenha morrido de uma infecção ou doença.

Mas por que essa criança foi enterrada em um bordel?

Ou seja, a pesquisa considera extremamente improvável que tenha ocorrido um infanticídio. Mas ainda resta uma dúvida: por que o corpo foi enterrado em um bordel?

Mesmo há séculos, enterros em cemitérios já eram o mais comum. “Os enterros domésticos de crianças eram bastante raros no final da Idade Média, época em que o enterro no cemitério era a norma”, disse a Dra. Poulain.

Foram levantadas hipóteses, como uma possível falta de batismo da criança ou a falta de recursos, mas, nesse período, era muito simples batizar uma criança, e enterros eram extremamente baratos.

A explicação pode ser mais profunda. O corpo estava perto de uma lareira, e o local pode refletir crenças medievais sobre a vida após a morte. O folclore medieval continha inúmeras histórias sobre almas que permaneciam perto das lareiras após a morte. O enterro cuidadoso da criança no local pode indicar isso.

“Atualmente, estou estudando material esquelético associado a um distrito da luz vermelha na Bruges medieval para entender a prevalência de doenças nessa área em comparação a outros bairros da cidade… No futuro, esperamos retornar ao sítio do bordel de Aalst para investigar os vestígios ambientais preservados nos níveis do piso de argila, pois eles podem conter muitos insights novos e complementares sobre a vida no bordel”, finaliza a Dra. Poulain.

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Túmulos no Egito revelam representação visual mais antiga da Via Láctea

Combinando astronomia com egiptologia, o astrofísico Or Graur, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, investigou como o Egito antigo via a Via Láctea. Ele acredita ter encontrado a mais antiga representação visual da galáxia em imagens da deusa Nut, figura central da mitologia egípcia. 

Publicada na revista Journal of Astronomical History and Heritage, a descoberta conecta ciência moderna com crenças antigas para decifrar como o céu era retratado há milênios.

Nut é conhecida como a deusa do céu e aparece em muitos caixões e tumbas do Egito. Ela costuma ser mostrada como uma mulher arqueada, com o corpo cheio de estrelas, cobrindo o céu e protegendo a Terra abaixo. Segundo a mitologia, Nut engole o Sol ao anoitecer e o dá à luz novamente ao amanhecer, simbolizando o ciclo do dia. Era assim que os egípcios entendiam o funcionamento do Universo.

A deusa do céu, Nut, coberta de estrelas, erguida por seu pai, Shu, e arqueada sobre Geb, seu irmão, o deus da Terra. À esquerda, o Sol nascente (o deus com cabeça de falcão Re) sobe pelas pernas de Nut. À direita, o Sol poente navega por seus braços em direção aos braços estendidos de Osíris, que regenerará o Sol no submundo durante a noite. Crédito: EA Wallis Budge, Os Deuses dos Egípcios, Vol. 2 (Methuen & Co., 1904).

Pesquisador analisou mais de 500 túmulos milenares

Graur analisou 125 imagens de Nut em 555 sepulturas, algumas com quase cinco mil anos. Em uma delas, do caixão de Nesitaudjatakhet, cantora do deus Amon-Rá, algo chamou atenção: uma curva preta ondulada atravessando o corpo da deusa, do pé até as mãos. Estrelas aparecem tanto acima quanto abaixo dessa linha, como se ela dividisse o céu em duas partes. 

Para o cientista, essa curva pode ser uma representação da Grande Fenda – uma faixa escura de poeira que corta o brilho da Via Láctea quando observada da Terra. Segundo ele, a comparação entre essa pintura e uma foto real da galáxia mostra uma semelhança impressionante.

Imagens parecidas aparecem em outras quatro tumbas, inclusive no túmulo do faraó Ramsés VI. No teto de sua câmara funerária, Nut é desenhada duas vezes, separada por curvas onduladas douradas que atravessam suas costas. Essas formas não são comuns nas outras representações da deusa, o que reforça a ideia de que indicam algo especial – talvez a própria galáxia no céu noturno.

Nut, a deusa egípcia do céu, e figuras humanas representando estrelas e constelações do mapa estelar encontrado na tumba de Ramsés VI. Crédito: Hans Bernhard, GFDL-CC-BY-SA

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Imagens da Via Láctea mostram relação entre religião e astronomia no Egito Antigo

Graur faz uma distinção importante: para ele, Nut não é a Via Láctea em si, mas o céu como um todo. Elementos como o Sol, as estrelas e a própria galáxia são usados para decorar e ilustrar seu papel no universo. Em outras palavras, a Via Láctea ajuda a mostrar a grandeza da deusa, mas não a define.

Em um estudo anterior, publicado em 2024, Graur já havia comparado textos antigos – como os Textos das Pirâmides, os Textos dos Caixões e o Livro de Nut – com simulações modernas do céu do Egito. Ele sugeriu que, no inverno, a Via Láctea poderia marcar os braços de Nut, enquanto no verão, ela destacava sua espinha dorsal. Isso reforçava a ideia de Nut como o próprio céu.

As novas imagens analisadas agora acrescentam uma dimensão visual a essas ideias. Elas mostram que a arte egípcia pode ter sido uma forma de observar e registrar o cosmos, com símbolos que representam fenômenos reais. Segundo Graur, os desenhos pintam, literalmente, um novo quadro da relação entre religião e astronomia no Egito Antigo.

O interesse do cientista por Nut surgiu durante uma visita ao museu com suas filhas pequenas. “Elas ficaram encantadas com a figura da deusa arqueada e pediram para ouvir histórias sobre ela”, disse Graur em um comunicado. Essa curiosidade infantil acabou levando a uma pesquisa que une mitologia, ciência e imaginação através dos milênios.

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Descoberta sobre Ramsés III surpreende arqueólogos

Pela primeira vez, arqueólogos documentaram uma inscrição esculpida com o nome de Ramsés III, um faraó egípcio que reinou há cerca de 3.200 anos, na Jordânia. A informação foi divulgada pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do país árabe.

A descoberta foi feita na área protegida de Wadi Rum, deserto no sul da Jordânia conhecido por abrigar vestígios arqueológicos. É uma “evidência material dos laços históricos entre o Egito faraônico, a Jordânia e a Península Arábica em geral”, segundo o comunicado.

Santuário de Ramsés III na cidade de Karnak, no Egito (Imagem: Domingo Saez Romero/iStock)

A inscrição hieroglífica faraônica é marcada com um selo real e, segundo os pesquisadores, indica que a Jordânia “não foi apenas um corredor para civilizações, mas, também, um lar para elas”.

Novos insights sobre Ramsés III

  • Ramsés III foi considerado o último rei poderoso da Vigésima Dinastia do Novo Reino;
  • Seu reinado testemunhou reformas administrativas e econômicas e o lançamento de campanhas militares para proteger as fronteiras do estado egípcio e enfrentar invasões estrangeiras;
  • Em esforço para expandir sua influência econômica, ele liderou campanhas para controlar as fontes de cobre, ouro e pedras preciosas no Sinai e regiões vizinhas, incluindo o sudeste da Jordânia, além de garantir rotas comerciais entre o sul da Arábia, Egito, Levante e Europa;
  • Evidências arqueológicas materiais da extensão da campanha até o coração da Península Arábica não apareceram até a descoberta de um cartucho real dele em Tayma (Arábia Saudita), em 2010.

Os pesquisadores enfatizaram que esta descoberta abre novos horizontes para a pesquisa científica e lança luz sobre os laços culturais, comerciais e militares que conectaram o Egito ao sul do Levante e à Península Arábica ao longo dos tempos. 

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Mais pesquisas

A descoberta arqueológica revelou a presença de dois cartuchos com o nome do rei Ramsés III: o primeiro cartucho se refere ao seu nome de nascimento, e o segundo ao seu nome de trono, declarando-o Rei do Alto e Baixo Egito.

Para o ex-ministro de antiguidades do Egito que trabalha com pesquisadores na Jordânia, Zahi Hawass, a descoberta representa uma indicação importante da necessidade de conduzir escavações organizadas no local.

Segundo ele, “encontrar o nome do Rei Ramsés III no sul da Jordânia é muito importante” e é possível que objetos de interesse histórico sejam descobertos, revelando detalhes das relações entre Jordânia e Egito, que datam de mais de três mil anos.

O governo da Jordânia explicou que o anúncio final da descoberta será feito após a conclusão de todas as pesquisas e estudos que permitirão uma descrição completa do achado.

Túmulo do faraó Ramsés III, que liderou campanhas militares para proteger as fronteiras do estado egípcio (Imagem: Ibrahim Hamroush/iStock)

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Ramsés III: achado histórico lança luz sobre rotas do Antigo Egito

Arqueólogos descobriram uma rara inscrição do faraó Ramsés III no sul da Jordânia. Os hieróglifos revelaram novas informações sobre as relações do Antigo Egito com a Península Arábica.

A equipe encontrou as marcações cravadas em uma rocha na Reserva de Wadi Rum, localizada perto da fronteira com a Arábia Saudita. Elas estão divididas em dois cartuchos: um com o nome de nascimento de Ramsés III e outro com seu nome de faraó. Essas informações confirmaram seu reinado sobre o Alto e Baixo Egito entre 1186 a.C. e 1155 a.C.

“Esta é uma descoberta histórica que aumenta nossa compreensão das conexões antigas entre o Egito, a Jordânia e a Península Arábica”, disse a Ministra do Turismo e Antiguidades da Jordânia, Lina Annab, em uma coletiva de imprensa.

As inscrições estão numa rocha entre a Jordânia e a Arábia Saudita. (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades da Jordânia)

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Egito e Arábia: uma antiga relação

O Ministério de Turismo e Antiguidades da Jordânia está conduzindo a pesquisa e as escavações. O projeto é parte de uma iniciativa maior de documentar evidências das campanhas militares e culturais de Ramsés III para além das fronteiras do Egito.

A Jordânia nunca foi parte do Império Egípcio, mas estava em diversas rotas de comércio entre o Egito, o Levante e a Arábia. Os hieróglifos descobertos podem revelar mais sobre a relação entre essas regiões.

“A descoberta é crucial. Ela pode abrir caminho para uma compreensão mais profunda das interações do Egito com o sul do Levante e a Península Arábica há mais de 3.000 anos”, disse o Dr Zahi Hawass, arqueólogo e ex-ministro do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.

Ramsés III entrou para a história por defender o Egito contra invasores, principalmente os chamados Povos do Mar, e pela construção de grandes projetos. Sua história foi marcada pela batalha do Delta, quando o faraó derrotou os invasores marítimos.

Uma análise mais profunda do artefato está em processo — com a possibilidade de mais escavações no local. A equipe irá lançar um panorama maior da descoberta assim que o estudo estiver completo.

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Esqueleto traz primeira prova física de combate entre leão e gladiador romano

Pela primeira vez na história, arqueólogos encontraram provas físicas de um gladiador que lutou contra um leão. A descoberta ocorreu em York, no Reino Unido, e oferece uma confirmação concreta de uma das cenas mais icônicas da cultura do Império Romano: o confronto direto entre homem e animal.

Até hoje, o que se sabia sobre essas lutas vinha de textos antigos, esculturas e mosaicos. Filmes e séries ajudaram a popularizar essas histórias, mas nenhuma evidência física havia sido localizada – nenhum osso humano com marcas típicas de ataque por animais selvagens.

Isso mudou com a análise de um esqueleto batizado de 6DT19, encontrado em York há cerca de 20 anos. A ossada foi descoberta durante escavações no quintal de uma casa, quando os proprietários planejavam uma reforma e se depararam com indícios de um cemitério.

Diversas obras de arte retratam lutas entre gladiadores e grandes felinos. Crédito: Sofoklo – Shutterstock

Mais de 80 gladiadores foram sepultados no local

Arqueólogos descobriram mais de 80 esqueletos no local, a maioria de homens jovens. Muitos apresentavam lesões compatíveis com combates violentos. Os ferimentos e o padrão de sepultamento sugeriam que aquelas pessoas poderiam ter sido gladiadores.

O esqueleto 6DT19 despertou atenção por uma razão específica: havia marcas estranhas no osso do quadril. Eram pequenos sulcos que não combinavam com cortes de espada ou impactos comuns em batalhas humanas.

Outros especialistas já haviam cogitado que as marcas fossem mordidas de um animal de grande porte, como um leão. Mas, ninguém havia conseguido provar isso até o estudo liderado pelo antropólogo Tim Thompson, da Universidade Maynooth, na Irlanda, que foi publicado na quarta-feira (23) na revista PLOS One.

Primeira evidência concreta de que homens lutaram contra grandes felinos

Para chegar a uma conclusão, Thompson e sua equipe precisaram de uma base de comparação. Eles recorreram a zoológicos britânicos, pedindo acesso a ossos de animais mortos por grandes felinos como leões, tigres e chitas.

Com o material em mãos, os cientistas iluminaram os ossos com uma grade de luz especial e criaram mapas tridimensionais das mordidas. Depois, fizeram o mesmo com o esqueleto 6DT19 e compararam os padrões de marca.

O resultado foi surpreendente: as marcas no osso do gladiador eram compatíveis com a mordida de um leão. A semelhança nos ângulos, profundidade e espaçamento das marcas eliminou outras possibilidades.

Lesões nos ossos de um esqueleto humano encontrado em York, no Reino Unido, são consistentes com marcas de mordidas de animais. Crédito: Thompson et al., 2025, PLOS One

A descoberta representa a primeira evidência física direta de que gladiadores lutaram contra grandes felinos, como sugerem os relatos históricos. Um símbolo do entretenimento brutal promovido pelos romanos.

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Segundo Thompson, a mordida no quadril não parece ter sido fatal. A hipótese mais provável é que o homem já estivesse ferido ou inconsciente quando foi atacado. O leão teria mordido e arrastado o corpo, como fazem com presas na natureza.

A antropóloga Kathryn Marklein, da Universidade de Louisville, que não participou da pesquisa, afirmou ao jornal The New York Times que esse achado ajuda a compreender melhor como Roma usava a violência como espetáculo e mecanismo de poder.

Trazer leões de regiões distantes e colocar humanos para lutar com eles era uma maneira de mostrar força. Era um lembrete cruel do que poderia acontecer com quem desobedecesse ao Império. “Era mais do que entretenimento”, disse Marklein. “Era um teatro de dominação. Quem assistia entendia o recado: respeite Roma ou arrisque terminar assim”.

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Qual é a múmia mais antiga já encontrada?

Os arqueólogos descobrem novos achados constantemente, e, em alguns casos, essas descobertas incluem múmias. Essa informação é relevante porque o título de “múmia mais antiga já encontrada” pode mudar a qualquer momento (como já aconteceu no passado). Além disso, a datação dos exemplares pode ser questionada (como também já ocorreu). Por isso, responder a essa pergunta pode ser bastante complexo, mas vamos aos fatos.

O tema voltou a gerar dúvidas recentemente com a publicação de um artigo na revista American Antiquity, que revelou mais detalhes sobre a descoberta do Spirit Cave Man, ocorrida em 1940. A múmia, encontrada em uma caverna no estado de Nevada, nos Estados Unidos, pertencia a um nativo americano.

Inicialmente, os arqueólogos estimaram que a múmia tinha menos de 2 mil anos. No entanto, uma datação por radiocarbono realizada em 1997 revelou que o corpo foi enterrado na caverna há 10.700 anos. Seria esse, então, o exemplar de mumificação mais antigo já conhecido no planeta?

Imagem: Museu do Estado de Nevada

A resposta não é tão simples. Existe uma diferença entre mumificação natural e mumificação intencional, e, normalmente, quando falamos de múmias antigas, referimo-nos a casos intencionais, como os do Antigo Egito.

Embora o corpo de Spirit Cave estivesse envolto em esteiras de fibra vegetal e uma mortalha de pele animal, ele não foi intencionalmente mumificado. O processo ocorreu por secagem natural devido ao clima desértico da caverna.

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Então, qual é a múmia mais antiga do mundo?

Spirit Cave Man é um caso bastante raro e, se considerarmos apenas múmias naturais, seria o mais antigo já encontrado. Porém, se nos referirmos a múmias que foram intencionalmente mumificadas, o título passa para outro achado.

Nesse caso, a coroa fica com a famosa múmia do Vale do Sado, em Portugal, descoberta em 2021 e datada de aproximadamente 8.000 anos atrás (6.000 a.C.). Pesquisadores da Universidade de Uppsala (Suécia) e da Universidade de Lisboa identificaram sinais de embalsamamento intencional. O solo seco e salino da região ajudou na preservação, mas as evidências de manipulação confirmam que se tratou de um processo ritualístico.

Imagem: Peyroteo-Stjerna et al/European Journal of Archaeology

O corpo foi amarrado em posição fetal para expelir líquidos e preenchido com terra e argila para manter sua forma. A descoberta mostrou que as técnicas de mumificação são mais antigas do que se imaginava.

Até então, a múmia mais antiga conhecida datava de 5.000 a.C., encontrada no deserto do Atacama, no Chile. O processo teria sido realizado pelos Chinchorros, uma antiga civilização que habitou regiões da América do Sul, entre o atual Chile e o Peru.

Diferentemente dos egípcios, que mumificavam principalmente membros da elite, os Chinchorros preservavam homens, mulheres e até crianças, sugerindo um aspecto mais igualitário e ritualístico em suas práticas.

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Imagem: World History Documentaries

E as múmias do Egito?

As famosas múmias egípcias ficariam em terceiro (ou quarto) lugar nessa lista. Apesar de serem a civilização mais associada à mumificação, não foram os primeiros a realizar esse tipo de ritual.

No Egito, os exemplares mais antigos datam de cerca de 2.400 a.C. A múmia de Tutancâmon, por exemplo – conhecida por ter sido encontrada em uma tumba praticamente intacta –, foi descoberta em 1922 e tem aproximadamente 1.323 a.C., sendo bem mais recente que os achados de Portugal e do Chile.

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Desigualdade é uma lei natural? A arqueologia revela

Você já deve ter ouvido que contraste social é algo impossível de evitar, quase uma “lei da natureza”. Mas e se disséssemos que povos antigos viveram por milênios sem super-ricos nem explorados? Um estudo analisou 50 mil casas de civilizações antigas ao redor do mundo e chegou a uma conclusão surpreendente: a desigualdade não acompanha a humanidade como uma sombra. Ela surge (ou não) de acordo com as regras que escolhemos seguir.

Em vez de pirâmides com faraós e camponeses, alguns povos construíram cidades onde ninguém acumulava demais. A diferença entre casas era mínima. Ninguém vivia em palácios enquanto outros passavam fome. E o mais curioso: isso não dependia do tamanho da população ou da complexidade do governo.

A chave estava nas decisões coletivas. Regras claras impediam o acúmulo exagerado. Leis, impostos e até festas públicas financiadas pelos mais ricos ajudavam a manter o equilíbrio. Em algumas culturas, heranças eram limitadas. Em outras, dívidas eram perdoadas após a morte. A desigualdade, ao que tudo indica, seria uma invenção — não um destino.

Desigualdade tem história — e exceções

O desequilíbrio não foi sempre a norma. De acordo com a revista Live Science, um estudo recente revela que várias sociedades viveram por séculos com baixos níveis de disparidade social. Os arqueólogos envolvidos na pesquisa usaram o tamanho das moradias como um indicador de riqueza e descobriram que nem o crescimento populacional nem a complexidade dos governos são fatores determinantes para o surgimento de elites dominantes.

Pesquisadores comandam as escavações na residência da Plataforma 11 em El Palmillo, México (Imagem: Linda Nicholas e Gary Feinman/Divulgação)

Cidades como Mohenjo-Daro, no Vale do Indo, e os assentamentos tripilianos, na atual Ucrânia, cresceram com planejamento urbano sem sinais de concentração de riqueza. Em contraste, outras regiões só registraram desigualdade expressiva muitos séculos após o início da agricultura.

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A pesquisa também destaca o papel da cultura e da ideologia. Em sociedades onde a cooperação era valorizada mais do que a competição, o acúmulo excessivo de riqueza era malvisto — ou até impedido por normas sociais. Já em contextos onde o prestígio vinha da ostentação, as diferenças tendiam a se ampliar.

O que as ruínas nos ensinam sobre o presente

Os dados levantados pelo estudo cobrem um intervalo de tempo que vai do fim do Pleistoceno até o início do colonialismo europeu — cerca de 10 mil anos de história. Com essa escala, os arqueólogos conseguiram mostrar que a desigualdade não é um produto inevitável da civilização, mas algo que varia de acordo com as decisões humanas ao longo do tempo.

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Sociedades complexas podem prosperar sem a necessidade de elites dominantes, segundo estudo (Imagem: rustamank/Shutterstock)

Essa perspectiva histórica ajuda a colocar em xeque discursos modernos que tratam disparidades sociais como naturais ou imutáveis. Se povos antigos conseguiram desenvolver cidades organizadas, com redes de troca, cultura complexa e pouca desigualdade, o que impede sociedades atuais de buscar modelos mais justos? A pesquisa oferece um contraponto poderoso ao conformismo econômico.

Para Gary Feinman, autor principal do estudo, a arqueologia pode servir como um espelho — mostrando que há alternativas viáveis ao modelo atual. Ao estudar o passado com método e dados comparáveis, é possível entender que o futuro também está aberto a escolhas. Afinal, se a desigualdade foi evitada antes, ela pode ser enfrentada de novo.

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Ruínas de cidade ancestral ligada a Alexandre, o Grande, são encontradas

Pesquisadores acreditam ter encontrado as ruínas de Lyncus, a cidade ancestral que foi a capital do Reino de Lyncestis, na atual Macedônia do Norte. Se a descoberta for confirmada, pesquisas podem revelar mais sobre o local onde a avó paterna de Alexandre, o Grande, nasceu.

A família de Alexandre está ligada a cidade por duas gerações. Seu pai, Felipe II, incorporou Lyncus ao Império Macedônio durante seu reinado de 359 a 336 a.C. A avó do imperador, Eurydice I, teria nascido no local e desempenhado um papel fundamental na formação do cenário político da região, segundo afirmaram os historiadores.

Em 1966, uma equipe de pesquisa encontrou os restos da cidade perto da vila de Crnobuki e nomeou o local de sítio arqueológico de Gradishte. Na época, o grupo acreditava que o local era uma base militar feita para resistir ao Império Romano.

Foi em 2023 que um novo time de arqueólogos usou a ferramenta de varredura a laser LiDAR (light detection and ranging) em drones para criar um mapa do local. Essa técnica penetrou nas folhas e no solo até certo ponto e pôde revelar o que os pesquisadores não conseguiam observar a olho nu.

“Estamos apenas começando a arranhar a superfície do que podemos aprender sobre este período”, disse Egin Nasuh, arqueólogo curador-consultor no Instituto e Museu Nacional–Bitola, em um comunicado.

Uma lâmpada de 2 mil anos reconstruída pelos pesquisadores. (Imagem: Cal Poly Humboldt’s Cultural Resources Facility)

Moeda do tempo de Alexandre muda perspectiva

Os arqueólogos descobriram que a cidade tinha uma acrópole com cerca de 2,8 hectares. Além dela, o grupo encontrou o que acreditam ser os restos de uma oficina têxtil e um teatro. A equipe também examinou diversos artefatos como vasos, moedas, peças de jogo e até mesmo um ingresso de teatro feito de argila. 

Pesquisas anteriores acreditavam que os macedônios haviam construído a cidade somente após o reinado de Felipe V, de 221 a 179 a.C. No entanto, o grupo atual encontrou uma moeda cunhada entre 325 e 323 a.C., o que indica a existência de Lyncus durante o período de vida de Alexandre.

Moeda de 325 a.C. que mudou a perspectiva dos arqueólogos.
Moeda de 325 a.C. que mudou a perspectiva dos arqueólogos. (Imagem: Cal Poly Humboldt’s Cultural Resources Facility)

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A equipe de pesquisadores está trabalhando para encontrar novos artefatos e desvendar a história completa da cidade. Estudos futuros prometem revelar mais sobre a cultura e política da antiga Macedônia.

“Todos esses estudos são apenas uma pequena parte da pesquisa sobre as primeiras civilizações europeias. Eu os vejo como um grande mosaico, e nossos estudos são apenas algumas pedrinhas nesse mosaico. A cada estudo subsequente, uma nova pedrinha é adicionada, até que um dia conseguimos o panorama completo”, concluiu Nasuh.

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