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Assinatura mais antiga da história pode ter sido descoberta

Arqueólogos acreditam que uma tábua de argila da Suméria possa ser o registro mais antigo de uma assinatura encontrado até hoje. O artefato de 5000 anos contem uma receita de cerveja, bebida que marcou a sociedade dos antigos sumérios.

Pesquisadores a encontraram na cidade de Uruk, na região da antiga Mesopotâmia, onde hoje é o Iraque. A tábua é datada de 3.100 a.C. e faz parte de uma coleção de tabloides de argila manuscritos conhecida como Schøyen Collection.

A raridade do artefato está nos símbolos em seu canto superior esquerdo, traduzidos como “KU” e “SIM”. Os especialistas acreditam que esse seja o primeiro registro de um nome próprio na história da humanidade, pertencendo a um indivíduo chamado “Kushim”

Ele seria um escriba oficial que criou o registro para fins administrativos. Sua função seria a de registrar a quantidade de grãos e a produção de cerveja, segundo a principal hipótese dos pesquisadores

Jarra de cerveja ao final da receita. (Imagem: Divulgação / Bloomsbury Auctions)

Porém, uma segunda hipótese sugere que “Kushim” poderia ser o nome de um órgão governamental ou o título de um cargo. A mesma nomenclatura aparece em outras 17 tábuas, muitas delas se referem à função de “Sanga”, o administrador do templo.

O historiador Yuval Harari notou em sua obra “Sapiens” que na tábua está escrito:  “29.086 medidas de cevada 37 meses”. Essa inscrição foi interpretada como uma espécie de recibo pela compra de cevada, usada na fabricação da bebida alcoólica.

“Os símbolos mostram ao observador todo o processo industrial de fabricação de cerveja: desde uma espiga de cevada ou milho, até um prédio de tijolos com uma chaminé que pode ser a própria cervejaria e, finalmente, a cevada ou o milho dentro de uma jarra que representa a cerveja”, escreveram os especialistas da Bloomsbury Auctions.

Cerveja era fundamental na Suméria

Outras tábuas de registro da antiga Suméria ilustram a importância da cerveja para a cultura local. A bebida era parte fundamental da vida do povo sumério, tendo funções religiosas e econômicas. Uma tábua em específico mostra pessoas bebendo cerveja com longos canudos.

Especialistas acreditam que a bebida alcoólica era usada também para pagar os trabalhadores, segundo a Ancient Origins. O governo recebia grãos como pagamento de imposto nos templos, que eram convertidos em cerveja e pão pelas sacerdotisas e distribuídos como pagamento. 

Tabua da Mesopotamia contem a representação mais antiga de pessoas bebendo cerveja.
Tabua da Mesopotâmia contem a representação mais antiga de pessoas bebendo cerveja. (Imagem: Armstrong Undergraduate Journal of History)

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Artefato foi arrematado por £175,000

O tabloide de argila raro ficou em posse da Bloomsbury Auctions, uma casa de leilões em Londres, Reino Unido. Especialistas do local avaliaram o artefato em £ 90.000, cerca de R$ 679.392 na cotação atual.

“Esta ‘tábua administrativa excepcionalmente fina e perfeita’ não é apenas a melhor tábua desse tipo na Coleção Schøyen; mas também afirma ser o registro mais antigo conhecido de qualquer nome pessoal na história”, escreveram os profissionais.

Em 2020, a tábua, que mede 7,6 por 7,6 centímetros, foi vendida em um leilão realizado pela Bloomsbury Auctions. Um colecionar norte-americano adquiriu o artefato por £ 175.000 (R$ 1.321.040,00), cerca de £ 85.000 a mais do que o estimado pelos especialistas.

“Ficamos encantados com o resultado, assim como felizes por fazer parte dessa peça passando de uma coleção importante para outra em sua jornada através dos tempos”, concluiu a casa de leilão.

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Mecanismo misterioso de 2 mil anos pode ter função diferente do imaginado

O misterioso artefato conhecido como Mecanismo de Anticítera tem mais de 2 mil anos e confunde pesquisadores há décadas. Estudos anteriores lançaram a hipótese de que ele seria uma ferramenta de medição celestial. Porém, uma nova pesquisa sobre suas engrenagens com dentes em forma de triângulo revelou um possível propósito diferente para a máquina.

O mecanismo foi encontrado nos restos de um naufrágio em 1901, no Mar Egeu, próximo à ilha grega de Anticítera. Em 1971, pesquisadores utilizaram raios-x para revelar escritos gravados na ferramenta. Ao serem decifrados, eles sugeriram que o instrumento poderia servir para medições astronômicas, como o cálculo do tempo de translação dos planetas.

A parte que sobrou do artefato original é composta por uma manivela, várias engrenagens e indicadores. Hipóteses anteriores sugeriram que o mecanismo poderia realizar diversas tarefas, como indicar a data de acordo com os calendários egípcio e grego, mostrar as posições da Lua, do Sol e dos planetas no zodíaco e prever futuros eclipses.

No entanto, o grau de deterioração do mecanismo dificulta o trabalho dos pesquisadores, o que abre margem para novas suposições e estudos. “Os efeitos de 2.000 anos debaixo d’água provavelmente causaram corrosão que pode ter deformado as engrenagens, enquanto a resolução das tomografias computadorizadas pode não ser suficiente para detectar com precisão as pontas ou vales dos dentes”, escreveram os cientistas.

Cientistas estudam o artefato por mais de um século e ainda restam mistérios (Imagem: Alexandros Michailidis / Shutterstock)

Artefato milenar serviu como brinquedo?

Na nova pesquisa, uma equipe de cientistas argentinos programou uma simulação de computador que replica o possível funcionamento do Mecanismo de Anticítera. A experiência também incorporou erros da fabricação do instrumento, principalmente o fato de que as engrenagens não tinham espaçamento exato entre elas.

A partir dos testes, o grupo constatou que o mecanismo não era tão útil como se pensava. Ele só poderia ser girado para calcular até cerca de quatro meses no futuro antes de travar ou suas engrenagens se desgastarem.

O usuário teria que reajustar a ferramenta para fazê-la funcionar novamente. Considerando que as marcas no instrumento indicam um ano inteiro, o problema de travamento parecia atrapalhar a função do mecanismo.

Com base nos resultados, a equipe deu a possibilidade de que ele fosse um brinquedo sofisticado. Assim, ele não teria sido pensado para ser preciso, mas viria com um manual de instruções que pediria ao usuário que reiniciasse após algumas voltas. 

Porém, devido à complexidade artesanal do instrumento, o grupo classificou essa como uma ideia pouco possível. Principalmente, porque, se ele fosse pensado para ser um brinquedo e não para a precisão de cálculos astronômicos, não haveria motivo para um trabalho de montagem tão complexo.

Reconstrução possível do Mecanismo de Anticítera, modelo da Universidade Aristóteles de Tessalônica
Reconstrução possível do Mecanismo de Anticítera, modelo da Universidade Aristóteles de Tessalônica. (Imagem: Gts-tg / Wikimedia Commons)

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Medidas podem estar erradas

A outra hipótese é de que as medições atuais, feitas por tomografia no artefato, estejam incorretas. As imagens digitalizadas forneceram apenas um certo nível de precisão, que não seria o suficiente, segundo explicou a equipe.

Além disso, dois mil anos de corrosão podem ter deformado os componentes muito além de seu estado original. Isso indica que os criadores do Mecanismo de Anticítera podem ter projetado a ferramenta de forma precisa o suficiente para evitar travamentos e ainda fornecer previsões astronômicas confiáveis.

“Esta análise sugere que devemos ser cautelosos ao presumir que nossas medições dos fragmentos refletem perfeitamente seus valores originais. Em vez disso, destaca-se a necessidade de mais pesquisas e o possível desenvolvimento de técnicas mais refinadas para melhor compreender a verdadeira precisão e funcionalidade do Mecanismo de Anticítera”, concluíram os pesquisadores.

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Tesouro misterioso da Idade do Ferro é encontrado no Reino Unido

Um tesouro “incomum” de artefatos que foi queimado e depois enterrado foi localizado com o uso de um detector de metais amador no norte da Inglaterra. Segundo pesquisadores, os materiais têm cerca de dois mil anos, datando da Idade do Ferro.

No total, foram mais de 800 objetos localizados, incluindo um caldeirão, uma tigela de mistura de vinho, um equipamento de equitação e pedaços de carroças ou carruagens. Além disso, foram localizadas pontas de lança utilizadas em rituais.

Redes de comércio existiam já naquela época

Pesquisadores da Universidade de Durham, na Inglaterra, afirmam que a descoberta é bastante incomum e interessante. Isso porque sugere a existência de uma rede de comércio entre a ilha e o restante do continente europeu.

Um dos objetos localizados pelos pesquisadores (Imagem: Universidade de Durham)

Por exemplo, a tigela em questão apresenta uma combina os estilos mediterrâneos e britânico da época. Além disso, os objetos podem ter pertencido a um grupo da elite da época, indicando que os habitantes do norte da Grã-Bretanha eram tão poderosos quanto os do sul.

Em comunicado, a equipe explicou que os objetos foram mantidos na universidade para a realização de diversos estudos. No futuro, o Museu de Yorkshire lançará uma campanha de arrecadação de fundos para garantir que o Melsonby Hoard faça parte da sua coleção.

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Itens passaram por uma série de análises (Imagem: Universidade de Durham)

Objetos foram queimados em uma espécie de fogueira

  • Todos os materiais passaram por uma tomografia computadorizada.
  • Essa análise permitiu criar um modelo virtual em 3D e revelou que muitos deles foram queimados ou quebrados.
  • É possível que esses itens tenham sido colocados em uma pira funerária, embora nenhum osso humano tenha sido encontrado no local.
  • Após a queima, alguns dos artefatos foram ainda mais danificados, sendo jogados em uma vala e tendo pedras jogadas em cima deles.
  • A teoria da equipe é que o tesouro tenha feito parte de algum tipo de ritual ainda desconhecido.

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Bonecos de 2.400 anos “com expressão dramática” são encontrados em pirâmide

Arqueólogos descobriram bonecos raros de 2.400 anos em El Salvador. Evidências mostram que eles podem ter servido para rituais e faziam parte da cultura dos povos da América Central, funcionando como prova do contato dos indígenas salvadorenhos com as populações vizinhas.

No estudo, publicado na revista Antiquity, os pesquisadores analisam cinco figuras de cerâmica, sendo quatro similares a mulheres e uma com aparência masculina. Elas estavam no topo de uma pirâmide.

Uma hipótese inicial foi de que os artefatos seriam parte de uma oferenda funerária. Porém, a equipe não encontrou restos mortais humanos no local, o que afastou essa ideia. A localização no topo da estrutura sugere que os objetos funcionavam para rituais públicos, segundo a equipe.

Bonecos têm expressões faciais e detalhes

“Uma das características mais marcantes dos bonecos é a sua expressão facial dramática, que muda dependendo do ângulo de onde os olhamos”, disse o principal autor do estudo, Jan Szymański, arqueólogo da Universidade de Varsóvia, na Polônia.

Ao nível dos olhos, os bonecos parecem zangados; de cima, aparentam estar sorrindo; de baixo, parecem assustados. Essa diversidade de expressões faciais denota a complexidade dos artefatos.

Três têm cerca de 30 centímetros, enquanto os outros medem 18cm e 10cm. As três estatuetas maiores são retratadas nuas e não têm cabelo ou joias, mas as duas menores são feitas com mechas de cabelo na testa e alargadores de orelha nos lóbulos, segundo descrevem os pesquisadores.

Encaixe permitindo a articulação da cabeça visto nas três grandes estatuetas. (Imagem: J. Przedwojewska-Szymańska/PASI; Antiquity Publications Ltd)

Os bonecos maiores têm cabeças móveis e bocas que se abrem. A equipe propõe que eles poderiam ter servido para cenas teatrais como meio de se contar histórias e passar mensagens. Para o grupo, não está claro se as figuras representam pessoas reais. “Este é um design consciente, talvez destinado a melhorar a gama de performances rituais nas quais os fantoches poderiam ter sido usados”, disse Szymański.

Além dos cinco artefatos intactos, os arqueólogos encontraram fragmentos de outros bonecos em outras partes da escavação. A parte superior da figura menor cabe em uma estatueta oca de torso. A partir disso, equipe especula que poderiam ser elementos de uma cena que representa o nascimento.

Figura menor reproduz cena do nascimento bonecos de El Salvador
A menor estatueta cabe dentro da barriga oca de outra estatueta encontrada em outro lugar da escavação.
(Imagem: J. Przedwojewska-Szymańska/PASI; Antiquity Publications Ltd)

As misteriosas estatuetas de Bolinas 

Essa não é a primeira vez que exploradores encontram bonecos de cerâmica na América Central. As figuras pertencem a um estilo de artefatos chamados de estatuetas de Bolinas e foram descobertas inicialmente em 2012 por outro grupo de pesquisadores.

Na época, a equipe encontrou seis figuras femininas em um cemitério nas terras altas da Guatemala. As estatuetas de Bolinas de Tak’alik Ab’aj, como ficaram conhecidas, têm decorações como saias e penteados gravados na argila. Uma delas até usa um brinco de jade colocado no lóbulo da orelha.

Cabeça de um dos bonecos de El Salvador
Cabeça da estatueta masculina com largura de 55 mm. (Imagem: J. Przedwojewska-Szymańska/PASI; Antiquity Publications Ltd)

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Esses paralelos fazem Szymański e outros arqueólogos pensarem que os bonecos encontrados em San Isidro podem ter usado roupas feitas de tecido ou palha, joias em miniatura e até perucas.

Os artefatos descobertos recentemente são de cerca de 400 a.C. Essa datação sugere que podem ter servido para rituais durante os períodos Pré-clássico (2.000 a.C. a 200 d.C.) e Clássico (200 a 900 d.C.) na América Central. 

Os povos mesoamericanos compartilhavam culturas

Por volta de 400 a 500 d.C, muitos artefatos salvadorenhos foram perdidos ou enterrados pelas cinzas da erupção do vulcão Ilopango. Por causa da devastação e da dificuldade em se pesquisar no país, principalmente pela elevada densidade populacional, pouco se sabe sobre a história dos antigos povos de El Salvador.

A falta de evidências levou pesquisadores a acreditarem que o local poderia ter sido isolado e não compartilhar a cultura política e social com os povos vizinhos. Porém, a descoberta das estatuetas sugere que os povos tinham sim ligação entre si.

“Esta descoberta contradiz a noção predominante sobre o atraso ou isolamento cultural de El Salvador nos tempos antigos”, disse Szymański. “Isso revela a existência de comunidades vibrantes e de longo alcance, capazes de trocar ideias com lugares notavelmente distantes”.

O grupo pretende ir mais afundo para entender os rituais e fantoches dos povos da região. A equipe de Szymański continuará escavando a pirâmide e desenvolvendo novas pesquisas.

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