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Asteroide 2024 YR4: Terra escapa da mira em 2032, mas ameaça pode voltar

Em dezembro de 2024, astrônomos identificaram um asteroide potencialmente perigoso para a Terra. Denominado 2024 YR4, o objeto tem estimados 55 metros de diâmetro, o equivalente a um prédio de 18 andares.

Inicialmente, havia preocupação com uma possível colisão em 2032, mas a NASA descartou essa possibilidade após uma série de observações. No entanto, de acordo com Martin Connors, professor de Astronomia, Matemática e Física da Universidade de Athabasca, no Canadá, o risco de impacto com a Lua ainda não foi totalmente eliminado.

Enquanto 2024 YR4 chamou a atenção, outro asteroide colossal passou quase despercebido em janeiro deste ano a cerca de 12,3 milhões de quilômetros do nosso planeta (quase 32 vezes a distância média entre a Terra e a Lua). Chamado 887 Alinda, ele tem mais de quatro quilômetros de diâmetro – tamanho suficiente para provocar um evento de extinção global. 

O asteroide 2024 YR4 tem entre 40 e 90 metros, de acordo com as estimativas. Crédito: Asteroid Day Brasil

O perigo das órbitas ressonantes

Em um artigo publicado no site The Conversation, Connors explica que ambos os asteroides seguem um padrão orbital peculiar: completam três voltas ao redor do Sol para cada órbita de Júpiter, um ciclo que dura 12 anos. Isso significa que, a cada quatro anos, retornam a trajetórias similares, aumentando as chances de encontros com a Terra. Essa categoria de asteroides é considerada especialmente perigosa justamente por esses retornos frequentes.

O asteroide Alinda foi identificado em 1918 e, desde então, passa regularmente próximo à Terra. Já o 2024 YR4, embora tenha realizado aproximações desde 1948, só foi notado recentemente. Esse atraso se deve à complexidade de rastrear asteroides menores em meio ao vasto espaço.

Órbita do asteroide 2024 YR4. Crédito: NASA

No século XIX, o astrônomo Daniel Kirkwood identificou lacunas na distribuição dos asteroides, onde certos padrões orbitais eram raros. O motivo dessas ausências permaneceu um mistério até a década de 1970, quando o avanço da computação revelou a influência gravitacional de Júpiter. 

Essa interação faz com que alguns asteroides sejam expulsos do cinturão principal e empurrados para o sistema solar interno, tornando-se potenciais ameaças para planetas como Marte, Vênus e a própria Terra.

Asteroides “Alindas” representam um problema recorrente

Os asteroides da classe Alinda, como o 887 Alinda, seguem um comportamento peculiar. A cada quatro anos, suas órbitas são “esticadas”, alternando entre aproximações ao cinturão de asteroides e passagens próximas à Terra. Quando o alinhamento orbital é adequado, esses objetos podem retornar várias vezes em curtos intervalos.

Fatores como a inclinação da órbita afetam o risco de impacto. Se um asteroide estiver muito inclinado em relação ao plano orbital terrestre, as chances de colisão diminuem. O problema é que tanto Alinda quanto 2024 YR4 possuem órbitas relativamente planas, aumentando o risco de uma futura colisão.

Órbita do asteroide 887 Alinda. Crédito: NASA

Atualmente, sabe-se que 2024 YR4 não atingirá a Terra em 2032. No entanto, ao passar próximo, será influenciado gravitacionalmente, alterando sua órbita. Com isso, sua trajetória futura ainda é incerta, mas há previsão de uma nova aproximação em 2052. Já o 887 Alinda continua sua jornada pelo espaço, com possibilidade de se tornar uma ameaça em cerca de mil anos.

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O risco de surpresas cósmicas

Embora a Terra possa parecer um pequeno alvo na imensidão do Sistema Solar, impactos já ocorreram antes. O evento mais recente aconteceu em 2013, quando um asteroide não detectado explodiu sobre Chelyabinsk, na Rússia, ferindo cerca de 1.500 pessoas com a onda de choque que quebrou janelas e danificou prédios. Em 1908, outro impacto ocorreu sobre Tunguska, na Sibéria, devastando uma extensa área de floresta.

Astrônomos monitoram constantemente o céu em busca de ameaças, mas as limitações da observação terrestre ainda permitem que objetos perigosos passem despercebidos. Para aprimorar a detecção, novas missões estão sendo planejadas. Uma delas é o Near-Earth Object (NEO) Surveyor, um telescópio espacial projetado pela NASA para identificar asteroides com base na radiação infravermelha.

De acordo com Amy Mainzer, líder do projeto, “conhecemos apenas cerca de 40% dos asteroides que podem causar danos regionais graves e que passam próximos à órbita da Terra”. O objetivo do NEO Surveyor, previsto para lançamento em 2027, é mapear pelo menos 90% desses objetos, tornando o monitoramento mais preciso e reduzindo o risco de surpresas cósmicas.

Monitoramento de asteroides é essencial para a defesa planetária

Entre os asteroides que precisam ser acompanhados de perto, aqueles que apresentam ressonância com Júpiter, como 2024 YR4, merecem atenção especial. Seus retornos previsíveis podem, eventualmente, resultar em um impacto.

O estudo contínuo desses corpos celestes é essencial para a defesa planetária. Com tecnologias avançadas e missões dedicadas, cientistas esperam não apenas prever eventuais colisões, como também desenvolver estratégias para desviar objetos perigosos antes que se tornem uma ameaça real. O desafio agora é garantir que, no futuro, possamos reagir a tempo para evitar um desastre global.

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Nave investigadora de asteroide sobrevoa Marte e fotografa a menor lua do planeta

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, uma sonda lançada pela Agência Espacial Europeia (ESA) rumo ao Cinturão de Asteroides – que fica entre Marte e Júpiter – sobrevoou o Planeta Vermelho na quarta-feira (12). 

Essa aproximação foi programada com o intuito de usar a força gravitacional marciana para impulsionar a espaçonave, chamada Hera, até o destino: um sistema binário de asteroides atingido por uma missão de defesa planetária conduzida pela NASA há pouco mais de dois anos.

A passagem da sonda Hera por Marte serve como impulso extra no caminho para o sistema binário de asteroides Didymos. Crédito: ESA-Science Office

O principal objetivo da sonda europeia é estudar Dimorphos, a “lua” do asteroide Didymos, que foi desviada com sucesso pela agência norte-americana por meio da missão DART (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) em setembro de 2022.

Durante o sobrevoo a uma distância de cerca de cinco mil quilômetros de Marte, a sonda Hera realizou observações da menor das duas luas marcianas, Deimos, como teste para calibrar alguns de seus 12 instrumentos.

Os dados coletados foram enviados à Terra e apresentados ao público em uma transmissão ao vivo no canal oficial da ESA no YouTube nesta quinta-feira (13), às 7h50 (pelo horário de Brasília), pela equipe científica da missão Hera a partir do Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) da ESA em Darmstadt, na Alemanha.

A lua Deimos cruzando a face de Marte nesta sequência de imagens do Thermal Infrared Imager adquiridas durante o sobrevoo da missão Hera no Planeta Vermelho em 12 de março de 2025. Crédito: ESA/JAXA

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Usar gravidade de Marte reduz tempo de viagem e combustível

Na apresentação, membros do time Hera explicaram que a manobra realizada para usar a gravidade de Marte como um impulso até o Cinturão de Asteroides foi pensada para reduzir o tempo de viagem e economizar combustível. “Nossa equipe fez um excelente trabalho ao planejar essa assistência gravitacional”, afirmou Caglayan Guerbuez, gerente de operações da missão.

Segundo ele, a sonda se deslocava a 9 km/s quando registrou o lado menos observado da lua Deimos, a uma distância de até 1.000 km. Com 12,4 km de diâmetro e coberta de poeira, esse satélite pode ser um fragmento de Marte expelido por um impacto ou um asteroide capturado pelo planeta.

A lua Deimos brilha muito mais do que Marte atrás dela nesta imagem do Thermal Infrared Imager adquirida durante o sobrevoo assistido por gravidade da missão Hera em 12 de março de 2025. Na luz visível, acontece o contrário: o satélite é muito menos reflexivo do que a superfície marciana. Crédito: ESA/JAXA

Três instrumentos científicos foram usados para analisar o objeto. A câmera de enquadramento 1020×1020 registrou imagens em preto e branco, enquanto o Hyperscout H, um sensor hiperespectral, identificou variações na composição mineral. Já o termovisor infravermelho, desenvolvido pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), mediu temperaturas e revelou detalhes da superfície. 

“Essa foi a primeira vez que usamos esses instrumentos para observar um pequeno satélite natural desconhecido, e o desempenho foi excelente!”, disse o cientista Michael Kueppers, do ESOC.

Os especialistas explicaram que a ESA coordenou o trabalho com a sonda Mars Express, em órbita há mais de 20 anos, para comparar dados e aprimorar futuras missões. Os resultados devem ajudar a orientar o planejamento operacional para a missão MMX de exploração das luas marcianas do próximo ano, liderada pela JAXA em colaboração com a NASA, a agência espacial francesa (CNES), o Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e a ESA.

A nave MMX não apenas coletará medições detalhadas de ambas as luas marcianas, como também pousará em Phobos (a maior delas) para coletar uma amostra e trazê-la à Terra para análise.

Sonda chega ao asteroide-alvo no fim do ano que vem

Agora, Hera segue rumo a seu destino. Em fevereiro de 2026, uma nova manobra ajustará a rota da espaçonave para alcançar o sistema Didymos/Dimorphos em dezembro daquele ano. “Essa foi apenas a primeira grande experiência de exploração da equipe Hera”, destacou Ian Carnelli, gerente da missão. “Em 21 meses, chegaremos aos nossos asteroides-alvo e estudaremos o primeiro objeto do Sistema Solar cuja órbita foi alterada de forma mensurável pela ação humana”.

Relembre a missão DART, da NASA:

  • DART foi a primeira missão da NASA a estudar de perto um sistema binário de asteroides;
  • O objetivo era assumir uma nova e audaciosa abordagem para defender a Terra de asteroides perigosos;
  • A pequena espaçonave foi lançada em 24 de novembro de 2021, a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9, para se chocar contra Dimorphos, a “lua” do asteroide Didymos, numa tentativa de alterar sua rota;
  • DART cumpriu sua missão com excelência em 26 de setembro de 2022.

Embora nem Dimorphos (de 163 metros de largura) nem seu companheiro maior (medindo 780 metros), Didymos, estivessem em rota de colisão com a Terra, o procedimento foi um teste de defesa planetária de um método que poderá, eventualmente, nos proteger do ataque de outro asteroide que possa oferecer algum risco em potencial. 

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