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Conheça 5 cientistas brasileiros que contribuíram para a astronomia

A astronomia está entre uma das ciências mais antigas do mundo. Antes do academicismo, civilizações antigas já tentavam entender como funcionava o espaço, os planetas e seus fenômenos.

Com o avanço da ciência, e unindo áreas como a física, matemática e tecnologia, foi possível desmistificar alguns conceitos difundidos por décadas, mas notoriamente equivocados. Como, por exemplo, a teoria do geocentrismo, que acreditava que Sol, a Lua e demais astros giravam ao redor da Terra. 

No Brasil, em 1958, foi fundado o primeiro curso de graduação em astronomia. Com duração de cinco anos, a formação passou a fazer parte da grade de ensino da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além dela, hoje em dia mais duas instituições ofertam o curso, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS).

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Sendo assim, o Brasil também se tornou um polo de efervescência intelectual nesta área, trazendo descobertas e apontamentos importantes sobre a astronomia. Por isso, o Olhar Digital selecionou 5 cientistas brasileiros, homens e mulheres vanguardistas e também contemporâneos, que contribuíram para a astronomia.

5 cientistas brasileiros que contribuíram para a astronomia

1 – Lélio Gama

Nascido no Rio de Janeiro, Lélio Gama foi um astrônomo, matemático e cientista brasileiro. Chegou a ser diretor do Observatório Nacional por 16 anos, uma das maiores instituições científicas do país.

Na sua gestão, foi criado em 1957 o Observatório Magnético de Tatuoca. Localizado em uma ilha desabitada a 12 quilômetros da costa de Belém do Pará, ele faz parte da rede internacional de observatórios, a Intermagnet. O observatório estuda o campo magnético e o papel dos fenômenos geofísicos da Terra. 

O Observatório Magnético de Tatuoca é acessado apenas por viagem de barco. (imagem: Agência Gov).

Embora o observatório exista desde 1933 como uma instalação temporária, foi na gestão de Lélio Gama que começou a fazer medições contínuas que se mostraram essenciais para o entendimento do equador magnético e do eletrojato equatorial, dois fenômenos geomagnéticos importantes. Lélio Gama faleceu em julho de 1981.

2 – Mário Schenberg 

Natural de Recife, Mário Schenberg foi um conceituado físico e matemático pernambucano. Em 1942, fez sua grande contribuição para a astrofísica no Brasil, criando o Critério Schenberg-Chandrasekhar.

O limite de Schenberg-Chandrasekhar se tornou fundamental para entender a evolução de estrelas com massa 1,5 e 6 vezes a do Sol. Para estrelas mais leves ou mais pesadas, o processo de fusão e ruptura podem ser distintos.

Esse conceito é fundamental na astrofísica porque ajuda a explicar a evolução e o fim de diversas estrelas. 

Schenberg também foi um pacifista, defendendo o desarmamento nuclear global. (Imagem: Reprodução: Angelina Miranda/Olhar Digital).

O cientista brasileiro atuou ainda na política, sendo deputado estadual por duas vezes. Durante seus mandatos ficou conhecido por defender bandeiras como a do “Petróleo é Nosso”, em 1948, bem como a defesa de um fundo de amparo à pesquisa, que anos mais tarde serviu de base para a criação da Fapesp. Mário Schenberg faleceu em novembro de 1990.

3 – Rubens de Azevedo

Natural de Fortaleza, Rubens de Azevedo foi um conceituado astrônomo e escritor cearense. Especializou-se na selenografia, que é uma subdivisão da astronomia que estuda especificamente a Lua.

Entendendo a importância desse astro, criou em 1948 a Sociedade Brasileira de Selenografia em São Paulo. Também é dele a criação do Primeiro Mapa Lunar Brasileiro, que pode ser visto no Museu de Astronomia, no Rio de Janeiro.  

Outro feito importante do cientista brasileiro aconteceu durante a observação de um eclipse, ele descobriu um vale lunar que foi confirmado posteriormente por observatórios chilenos. À época, sugeriram o batismo de “Vale Azevedo” à União Astronômica Nacional.

Além disso, chegou a colaborar com a NASA, foi membro ativo por seis anos do Lunar International Observers Network. Rubens de Azevedo faleceu em janeiro de 2008. 

4 – Duília de Mello

Paulista de Jundiaí, Duília de Mello é astrônoma e professora. Ela foi responsável pela descoberta da supernova SN 1997D, que se trata de uma explosão estrelar.

Nesse processo de vida-morte-vida, a ruptura de uma estrela espalha elementos químicos no espaço que serão responsáveis futuramente pelo nascimento de novas estrelas. A descoberta foi feita em 1997, durante uma expedição no Chile. 

Formada em Astronomia pela UFRJ, Duília chegou a dar aula na Suécia. (Imagem: Reprodução: Angelina Miranda/Olhar Digital).

Reconhecida internacionalmente, Duília integrou em 2022 a Forbes 50+, ação que visa homenagear profissionais que tiveram grandes feitos após os 50 anos. Atualmente, ela é vice-reitora da Universidade Católica de Washington, nos Estados Unidos. 

5 – Vivian Miranda

Nascida no Rio de Janeiro, Vivian Miranda é uma mulher trans e renomada astrofísica carioca. Graduou-se em física pela UFRJ e fez um doutorado em cosmologia pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, além de dois pós-doutorados, um na Pensilvânia e outro no estado do Arizona.

Vivian Miranda também é membro do Instituto Brasileiro de Trans Educação, ong que reúne pessoas trans que estão dentro de instituições de ensino. (Imagem: Arquivo pessoal)

Atualmente, é a única cientista brasileira a integrar um projeto da NASA que desenvolve um satélite avaliado em R$ 13 bilhões, que está previsto para ser lançado em algum momento entre 2026 e 2027.

O Telescópio Espacial Nancy Grace Roman (anteriormente chamado de WFIRST) está sendo projetado para captar imagens próximas à lua visando a descoberta de novos planetas. A cientista também recebeu o prêmio Leona Woods Lectureship Award, que reconhece o trabalho de cientistas mulheres. 

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Cientistas encontram “mini galáxia” que não deveria existir

Escondido na constelação da Ursa Maior, um punhado de estrelas quase invisível pode estar prestes a reescrever os mapas do cosmos. UMa3/U1, localizado a “apenas” 30 mil anos-luz da Terra, é tão fraco que passou despercebido até agora. Mas o que ele é, exatamente, ainda intriga os astrônomos. Será a menor galáxia já encontrada, sustentada por matéria escura? Ou um aglomerado estelar à beira do colapso que tivemos a sorte de flagrar no momento exato antes de sua extinção?

Com apenas cerca de 60 estrelas e praticamente nenhuma luz para guiá-lo, UMa3/U1 desafia as definições clássicas do que é uma galáxia. Sua estrutura frágil, do tamanho de um bairro interestelar, parece contrariar as forças brutais da Via Láctea, que deveriam ter despedaçado o grupo há bilhões de anos.

As estrelas de UMa3/U1 são muito antigas, com mais de dez bilhões de anos, e se movem juntas em velocidades semelhantes, indicando que fazem parte de um sistema estável. Simulações recentes sugerem que, se for mesmo um aglomerado estelar, ele pode sobreviver por mais dois a três bilhões de anos antes de ser destruído pela gravidade da Via Láctea. As informações são do site IFLScience.

Um pequeno grupo de estrelas perdido na vasta imensidão do universo (Imagem: Alexandru Canpan/Shutterstock)

E se for uma galáxia?

  • Se UMa3/U1 for realmente uma galáxia, ela seria a menor já descoberta até hoje;
  • Para se manter estável com tão poucas estrelas, provavelmente dependeria de uma grande quantidade de matéria escura, que funcionaria como uma “cola” gravitacional;
  • Nesse caso, a massa estaria concentrada no centro do sistema, diferente de um aglomerado estelar, onde a massa fica distribuída de forma mais uniforme;
  • Essa concentração central é um dos sinais que os cientistas procuram para diferenciar galáxias de aglomerados.

Estudos recentes usaram a chamada “função de massa” para analisar a distribuição do sistema. Os resultados indicam que UMa3/U1 se encaixa melhor como um aglomerado de estrelas, mas a dúvida ainda não foi totalmente descartada.

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O que vem a seguir?

Embora ainda não haja uma resposta definitiva, a equipe liderada por Simon Smith, estudante da Universidade de Victoria (Austrália), e Marla Geha, professora da Universidade Yale (EUA), acredita que UMa3/U1 é mais, provavelmente, um aglomerado estelar do que a menor galáxia já encontrada.

Para confirmar isso, eles recomendam que futuras observações coletem dados fotométricos mais detalhados, chegando até a magnitude aparente 25.

A galáxia/aglomeração de estrelas está localizada na constelação de Ursa Maior (Imagem: Savvapanf Photo/Shutterstock)

Com grandes levantamentos astronômicos a caminho, como os realizados pelo Observatório Vera C. Rubin e outros projetos internacionais, espera-se descobrir muitos outros satélites fracos da Via Láctea na próxima década. Essas novas descobertas poderão usar testes de função de massa para, finalmente, revelar a verdadeira natureza de objetos como UMa3/U1.

O estudo que traz essas conclusões foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical e promete ajudar a avançar nossos modelos cosmológicos, trazendo mais clareza sobre os menores e mais misteriosos habitantes do nosso Universo.

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Qual o telescópio mais potente do mundo? Descubra o que ele enxerga no Universo

Explorar o espaço sempre foi uma das maiores ambições da humanidade. Desde os primeiros telescópios rudimentares utilizados por Galileu Galilei no século XVII, até os modernos equipamentos orbitais, a busca por respostas sobre a origem do Universo e os segredos das galáxias distantes tem levado a tecnologia ao limite.

Mas, afinal, qual é o telescópio mais potente do mundo atualmente? Essa é uma pergunta que intriga não só entusiastas da astronomia, mas também curiosos fascinados pelas maravilhas do cosmos.

Com avanços impressionantes em ótica, engenharia e computação, os telescópios modernos conseguem enxergar a bilhões de anos-luz de distância, revelando estruturas e fenômenos cósmicos que antes eram inimagináveis.

Aqui, você vai conhecer qual é o telescópio mais potente da atualidade, entender o que o torna tão especial e descobrir como ele está revolucionando nosso entendimento do espaço. Prepare-se para uma verdadeira viagem científica aos confins do Universo!

O telescópio mais potente do mundo: James Webb Space Telescope (JWST)

Quando o assunto é “telescópio mais potente”, o James Webb Space Telescope (JWST) não só lidera a lista, como redefine o que entendemos por capacidade de observação espacial.

Lançado em 25 de dezembro de 2021, o JWST é fruto de uma colaboração internacional entre a NASA, a ESA (Agência Espacial Europeia) e a CSA (Agência Espacial Canadense). Ele foi projetado para ser o sucessor do icônico Hubble, mas com potencial para enxergar ainda mais longe e com detalhes impressionantes.

Diferente dos telescópios terrestres, que sofrem com as distorções da atmosfera, o JWST opera do espaço, posicionado a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra, no chamado Ponto de Lagrange L2. Essa localização estratégica permite que o telescópio mantenha uma temperatura ultrabaixa, essencial para suas observações no espectro infravermelho.

Representação artística do Telescópio Espacial James Webb, da NASA, investigando o Universo. Crédito: muratart – Shutterstock

O que torna o James Webb tão potente?

O que realmente faz o James Webb ser considerado o telescópio mais potente é a combinação de sua tecnologia de ponta com o design avançado. Seu espelho primário possui 6,5 metros de diâmetro, o que representa uma área de coleta de luz muito maior do que a do Hubble, que tem 2,4 metros. Quanto maior o espelho, mais luz ele pode captar – e mais longe ele pode enxergar.

Além disso, o JWST é otimizado para observar o Universo no infravermelho, permitindo detectar sinais de galáxias formadas há mais de 13 bilhões de anos, ou seja, próximas do “Big Bang“. Esse tipo de observação era impossível com os telescópios anteriores, que operavam principalmente no espectro da luz visível.

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Descobertas que já estão mudando nossa compreensão do Universo

Desde que entrou em operação, o James Webb Space Telescope tem produzido imagens e dados que estão surpreendendo os astrônomos. Entre as suas primeiras descobertas estão galáxias tão antigas que desafiam os modelos atuais de formação do Universo.

O telescópio também foi capaz de identificar exoplanetas e estudar suas atmosferas, algo fundamental na busca por sinais de vida fora da Terra.

Outro destaque é a capacidade de analisar a composição química de estrelas e nebulosas distantes, ajudando a mapear a evolução cósmica com uma precisão inédita. Essas informações não só ampliam o nosso conhecimento sobre o espaço, mas também levantam novas perguntas que desafiam a ciência.

Representação artística do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA
Representação artística do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA (Imagem: Dima Zel/Shutterstock)

Agora que você já sabe qual é o telescópio mais potente do mundo, fica fácil entender por que o James Webb Space Telescope tem causado tanto impacto na comunidade científica e nas redes sociais. Com imagens impressionantes e descobertas que reescrevem livros, esse telescópio representa um dos maiores saltos tecnológicos da nossa história.

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Sem tijolão e jogo da cobrinha: o que a Nokia faz hoje

Nos anos 2000, ter um Nokia era sinônimo de status e inovação. A empresa finlandesa, com seus modelos icônicos, como o 3310, dominava o mercado global de celulares e definia a comunicação móvel. Mas, em um cenário onde os smartphones revolucionaram a tecnologia, a Nokia viu sua era dourada ruir. De gigante a relíquia, o que aconteceu com a marca que parecia indestrutível?

Nos anos 1990 e 2000, a Nokia parecia imbatível. Seus celulares eram robustos, duravam uma eternidade e, ainda, vinham com o famoso jogo da cobrinha, que grudava você na tela por horas. A marca finlandesa não apenas liderava o mercado, mas criava uma relação de confiança com seus consumidores.

Indestrutível Nokia tijolão: um ícone da era dos celulares resistentes (Imagem: Nidnids/Shutterstock)

Porém, a revolução dos smartphones chegou como um furacão. O iPhone e o Android dominaram o mercado e a Nokia não conseguiu acompanhar a mudança. Tentou uma última cartada: apostou no Windows Phone, mas o sistema da Microsoft não teve o impacto esperado. E, assim, a gigante de Helsinque (Finlândia) viu seu império desmoronar.

Como Está a Nokia Hoje?

  • Em 2016, a Nokia vendeu sua divisão de celulares para a HMD Global, empresa finlandesa formada por ex-executivos da própria Nokia;
  • Essa venda marcou o fim da marca no mercado de smartphones, mas, também, deu início a nova fase para a empresa;
  • Desde então, a Nokia se reinventou e passou a focar, exclusivamente, em infraestrutura de telecomunicações e soluções para redes móveis
  • Hoje, a Nokia é líder global em tecnologia para 5G, com presença forte no mercado de redes móveis e extenso portfólio de patentes;
  • Seu papel nas telecomunicações é fundamental, garantindo a conectividade que sustenta as infraestruturas de comunicação ao redor do mundo.

Enquanto isso, a Nokia Bell Labs, divisão de pesquisa e desenvolvimento da empresa, vai além dos limites da Terra. Recentemente, instalou a primeira rede 4G lunar, feito histórico que não só reforça sua posição de inovação nas telecomunicações, mas, também, projeta a empresa para o futuro da conectividade, agora, além da atmosfera terrestre.

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Conexão fora da órbita: o futuro começa na Lua

Levar sinal 4G para a Lua pode parecer exagero, mas é um passo estratégico. A rede instalada pela Nokia Bell Labs, em parceria com a NASA e a Intuitive Machines, é parte de missão muito maior: preparar a infraestrutura para a vida e o trabalho no Espaço. Você pode conferir a história completa em recente matéria do Olhar Digital.

A instalação foi feita durante a missão IM-2, em março de 2025. O módulo Athena pousou em uma cratera próxima ao polo sul lunar.

Por 25 minutos, enquanto os painéis solares estavam alinhados com o Sol, a rede entrou em operação: dados foram transmitidos com sucesso para a estação terrestre e para o centro de controle da Nokia. Não rolou uma ligação de voz — culpa da energia limitada —, mas o teste foi concluído com êxito.

Nokia testa com sucesso rede 4G na Lua, abrindo caminho para a internet no espaço (Imagem: Divulgação/Nokia)

Esse feito abre caminho para missões mais ambiciosas. A mesma tecnologia que conecta cidades na Terra pode, em breve, ser usada em bases lunares e, até, em futuras viagens a Marte. A próxima geração de redes pode nascer olhando para cimacom os dois pés (ou pelo menos um módulo) na Lua.

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O que é a Escala de Planck e como isso se relaciona à ciência?

A física moderna é repleta de conceitos fascinantes que desafiam nossa compreensão do Universo. Um desses conceitos é a Escala de Planck, uma referência fundamental na física teórica.

Essa escala define os menores valores possíveis para grandezas físicas como comprimento, tempo e energia, estabelecendo um limite além do qual as leis da física clássica deixam de fazer sentido.

Criada a partir das constantes fundamentais da natureza, como a constante de Planck, a velocidade da luz e a constante gravitacional, a Escala de Planck marca a fronteira entre a mecânica quântica e a relatividade geral.

Mas por que essa escala é tão importante? Como ela influencia as pesquisas em cosmologia, física de partículas e teoria das cordas? Entenda o conceito da Escala de Planck, seu impacto na ciência e os desafios que ela impõe à compreensão da realidade.

O que é a Escala de Planck?

A Escala de Planck é um conjunto de valores físicos obtidos a partir de constantes fundamentais do Universo. Essas constantes incluem:

  • Constante de Planck (h): regula as interações quânticas.
  • Velocidade da luz (c): define o limite máximo para a propagação da informação.
  • Constante gravitacional (G): mede a intensidade da gravidade.

A partir dessas constantes, foram definidos parâmetros mínimos para diferentes grandezas físicas:

  • Comprimento de Planck: cerca de 1,616 x 10⁻³⁵ metros.
  • Tempo de Planck: aproximadamente 5,39 x 10⁻⁴⁴ segundos.
  • Energia de Planck: em torno de 1,22 x 10¹⁹ GeV.
Átomo/Sergey Nivens/Shutterstock

Esses valores representam limites fundamentais. Se tentarmos medir algo menor que o comprimento de Planck ou mais rápido que o tempo de Planck, as equações da física deixam de funcionar. Esse é o território onde a gravidade quântica, ainda não compreendida completamente, precisa ser considerada.

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A relação entre a Escala de Planck e a física quântica

A mecânica quântica descreve o comportamento das partículas subatômicas, enquanto a relatividade geral trata da gravidade e do cosmos em grande escala. No entanto, essas duas teorias não se encaixam bem quando tentamos aplicá-las simultaneamente. A Escala de Planck representa justamente o ponto onde essas discrepâncias se tornam evidentes.

Quando tentamos observar partículas em escalas menores que o comprimento de Planck, a influência da gravidade se torna tão intensa que distorce o espaço-tempo de maneira imprevisível. Isso sugere que uma nova teoria – chamada de gravidade quântica – é necessária para descrever esses fenômenos.

A Escala de Planck e o Big Bang

A Escala de Planck é crucial para entender os primeiros instantes do universo. Logo após o Big Bang, o Universo era incrivelmente quente e denso, com condições extremas que só podem ser descritas em termos quânticos. Esse período, conhecido como tempo de Planck, ocorreu em menos de 10⁻⁴³ segundos após o Big Bang.

Teoria do Big Bang continua sendo a mais aceita para a origem do Universo. Imagem: Quality Stock Arts – Shutterstock

Os físicos acreditam que, nesse momento, todas as forças fundamentais (gravidade, eletromagnetismo, força nuclear forte e fraca) eram unificadas. No entanto, as teorias atuais não conseguem descrever precisamente o que aconteceu nesse intervalo de tempo. A busca por uma teoria que combine a mecânica quântica com a gravidade é essencial para avançarmos na compreensão do cosmos.

A teoria das cordas e a Escala de Planck

Uma das abordagens mais promissoras para unificar a gravidade e a mecânica quântica é a teoria das cordas. Essa teoria propõe que as partículas fundamentais não são pontos, mas sim pequenas cordas vibrantes. As diferentes vibrações dessas cordas determinam as propriedades das partículas, como massa e carga.

Na teoria das cordas, a Escala de Planck define o tamanho das cordas fundamentais. Isso significa que, para testar experimentalmente essa teoria, precisaríamos de tecnologias extremamente avançadas, capazes de observar fenômenos na ordem de 10⁻³⁵ metros – algo ainda fora do alcance dos experimentos atuais.

Desafios e futuras pesquisas

A Escala de Planck é um dos maiores desafios da física teórica. Para compreendê-la melhor, os cientistas buscam:

  • Detectar evidências da gravidade quântica: experimentos como o LIGO e o Observatório de Ondas Gravitacionais tentam identificar efeitos quânticos na estrutura do espaço-tempo.
  • Explorar buracos negros: regiões do universo onde as leis da física são levadas ao extremo.
  • Desenvolver novos aceleradores de partículas: equipamentos mais potentes que o Grande Colisor de Hádrons (LHC) poderiam fornecer pistas sobre a física além do Modelo Padrão.

A Escala de Planck representa a fronteira entre o conhecido e o desconhecido na física. Ela nos mostra que existem limites para nossa capacidade de medir e entender a realidade com as teorias atuais. Com o avanço da ciência, novas descobertas podem revelar segredos fundamentais do Universo, aproximando-nos cada vez mais da teoria unificada que os físicos tanto buscam.

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Onde termina a Terra e começa o espaço?

A humanidade sempre olhou para o céu com curiosidade, tentando entender onde a atmosfera terrestre acaba e o espaço sideral começa. Essa questão, que envolve ciência, tecnologia e até mesmo disputas políticas, é essencial para áreas como a astronomia, a exploração espacial e a aviação.

Mas afinal, onde começa espaço Terra? Há um limite preciso que separa nosso planeta do vasto universo? Para a ciência, definir essa fronteira não é simples. A Terra não possui uma “barreira” física que delimita o fim de sua atmosfera.

Em vez disso, sua camada gasosa se torna gradualmente mais rarefeita à medida que se afasta da superfície.

No entanto, por convenção, a linha de Kármán, situada a 100 km acima do nível do mar, é amplamente aceita como o ponto onde o espaço começa. Esse critério, porém, não é unânime e há outras definições que competem com essa ideia. 

Onde termina a Terra e começa o espaço?

A transição entre a atmosfera terrestre e o espaço não é abrupta, mas sim um processo gradual. Diferentes definições foram adotadas ao longo do tempo para tentar estabelecer um limite claro entre os dois. Veja algumas das principais abordagens para definir essa fronteira.

A linha de Kármán: a convenção mais aceita

A linha de Kármán, situada a 100 km acima do nível do mar, é a definição mais amplamente utilizada para determinar onde começa o espaço.

Objeto flutuando no espaço (Divulgação: Rocket Lab)

Esse conceito foi introduzido pelo engenheiro e físico húngaro Theodore von Kármán, que calculou que a partir dessa altitude a densidade atmosférica se torna tão baixa que um avião não consegue mais gerar sustentação suficiente para voar. Acima desse ponto, apenas foguetes conseguem operar de maneira eficiente.

Organizações como a Federação Aeronáutica Internacional (FAI) adotam essa definição para classificar astronautas e delimitar recordes de voo espacial. No entanto, algumas entidades, como a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), utilizam um critério diferente.

Os 80 km da USAF e NASA

Para as forças armadas e algumas agências espaciais dos EUA, a fronteira do espaço começa a 80 km de altitude.

A NASA e a Força Aérea concedem o título de astronauta a pilotos que ultrapassam essa marca, o que gerou discussões em missões espaciais suborbitais realizadas por empresas privadas, como a Blue Origin e a Virgin Galactic.

Essa diferença na definição pode influenciar até mesmo a regulamentação de voos comerciais espaciais.

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A exosfera: a visão científica da transição

Além das convenções estabelecidas, a ciência considera que a atmosfera da Terra se estende muito além dos 100 km.

A última camada atmosférica, chamada exosfera, pode alcançar até 10.000 km de altitude antes de se dissipar completamente no espaço interestelar. Nesta região, as partículas de gás são extremamente raras e podem viajar grandes distâncias sem colidir entre si.

Embora a exosfera ainda faça parte da Terra do ponto de vista atmosférico, ela já está praticamente no vácuo.

A magnetosfera e a influência gravitacional

Outro critério para definir onde termina a Terra e começa o espaço leva em conta a influência do campo gravitacional e magnético do planeta.

Ilustração da Terra vista do espaço, com destaque para a atmosfera
Ilustração digital mostra a visão da Terra direto do espaço sideral (Reprodução: Dima Zel/Shutterstock)

A magnetosfera, que se estende por milhares de quilômetros além da superfície, protege a Terra de partículas solares e cósmicas. Já a esfera de Hill, que marca o ponto em que a gravidade da Terra perde força em relação ao Sol, se encontra a aproximadamente 1,5 milhão de quilômetros de distância.

Considerando essa perspectiva, poderíamos dizer que o “espaço” só começa realmente muito além do que os limites tradicionalmente aceitos.

A importância da definição para a exploração espacial

Estabelecer onde começa o espaço tem implicações práticas e políticas. O reconhecimento de astronautas, a regulamentação de voos espaciais comerciais e até mesmo acordos internacionais sobre soberania aérea dependem dessa definição.

À medida que empresas privadas ampliam sua presença na exploração espacial, essas discussões se tornam ainda mais relevantes.

Embora a linha de Kármán continue sendo o padrão mais aceito, as diferentes abordagens demonstram que a resposta para onde começa espaço Terra depende do contexto.

Se considerarmos apenas critérios físicos, a transição da atmosfera para o espaço é gradual e pode se estender por milhares de quilômetros. Mas, para fins práticos e operacionais, 100 km ainda são a referência principal.

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Par de estrelas prestes a colidir resolve mistério de décadas da astronomia

Uma pesquisa publicada sexta-feira (4) na revista Nature Astronomy confirma uma teoria importante da astrofísica: supernovas do Tipo Ia podem surgir da colisão de duas estrelas anãs brancas – remanescentes estelares que já esgotaram seu combustível.

Os cientistas observaram um sistema estelar a 150 anos-luz da Terra, formado por duas anãs brancas que orbitam uma à outra. Segundo cálculos, essas estrelas devem colidir dentro de 23 bilhões de anos, resultando em uma poderosa explosão.

Em poucas palavras:

  • Acaba de ser confirmada a teoria de que supernovas do Tipo Ia podem surgir da colisão de duas anãs brancas;
  • Um sistema com duas anãs brancas, a 150 anos-luz da Terra, foi identificado como candidato a essa colisão;
  • A explosão deve ocorrer dentro de bilhões de anos e terá brilho uniforme, útil para medir distâncias cósmicas;
  • Esse sistema vai ultrapassar o limite de Chandrasekhar, necessário para desencadear a supernova;
  • É o primeiro sistema com massa e tempo adequados para causar uma supernova do Tipo Ia detectado;
  • A descoberta explica por que esses sistemas são raros de observar, apesar das supernovas serem comuns;
  • O achado ajuda a entender a evolução estelar e melhora as medições sobre a expansão do Universo.

Essa explosão é conhecida como supernova do Tipo Ia. Essas supernovas têm brilho uniforme, o que as torna úteis para medir distâncias cósmicas com precisão. São, por isso, chamadas de “réguas do Universo”.

Conceito artístico de uma anã branca binária desencadeando uma supernova do Tipo Ia. Crédito: Universidade de Warwick / Mark Garlick

Atração gravitacional condena as estrelas à destruição

Até agora, havia apenas hipóteses de que colisões entre anãs brancas poderiam causar essas supernovas. Com essa descoberta, foi identificado o primeiro sistema que comprova essa teoria na prática.

O sistema foi batizado de WDJ181058.67+311940.94. As duas estrelas completam uma volta uma em torno da outra a cada 14 horas, o que indica uma proximidade extrema entre elas.

Com o tempo, a gravidade fará com que se aproximem ainda mais até colidirem. Quando isso ocorrer, a massa somada das estrelas ultrapassará o chamado “limite de Chandrasekhar”, desencadeando a supernova. Esse limite é de 1,4 vezes a massa do Sol. Quando uma anã branca excede esse valor, torna-se instável e explode. No caso desse sistema, a massa total é de 1,56 vezes a massa solar.

Simulação das etapas da evolução temporal da anã branca binária WDJ181058,67+311940,94 perto da fusão. Crédito: Munday et al., Nat. Astron., 2025

Segundo James Munday, astrofísico da Universidade de Warwick, esse é o primeiro sistema do tipo que atende aos critérios de massa e tempo para gerar uma supernova do Tipo Ia em escala comparável à idade do Universo.

“Encontramos um sistema que cumpre os dois critérios. E ele está próximo de nós, o que sugere que há muitos outros na galáxia esperando para ser descobertos”, explicou Munday ao site ScienceAlert.

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O que é uma anã branca?

Anã branca é o remanescente de uma estrela comum, como o Sol, após ela consumir seu combustível. A estrela libera suas camadas externas e seu núcleo colapsa, formando um objeto muito denso e quente.

Esses objetos têm massa semelhante à do Sol, mas são do tamanho da Terra. Embora não produzam mais energia, continuam brilhando por bilhões de anos. Cerca de 97% das estrelas do Universo terminarão como anãs brancas.

Muitas dessas estrelas estão em sistemas binários, onde duas anãs brancas orbitam juntas. A colisão entre elas pode gerar supernovas do Tipo Ia, desde que estejam suficientemente próximas e tenham massa suficiente.

Animação duas estrelas muito densas se fundindo e explodindo em uma supernova. Crédito: Observatório Europeu do Sul (ESO)

O problema é que, até então, os sistemas observados ou não tinham massa suficiente ou levariam mais tempo que a idade do Universo para colidir. Este novo sistema resolve essa lacuna.

A descoberta foi feita com dados do levantamento astronômico DBL (Deep Blue Survey), que analisa objetos no céu com alta precisão. Com base nesses dados, os cientistas identificaram o padrão orbital do sistema WDJ1810+3119.

Esse achado resolve uma antiga dúvida: se as supernovas do Tipo Ia são tão comuns, por que é tão raro encontrar seus sistemas de origem? Agora sabemos que eles existem, mas são difíceis de detectar.

Embora a explosão só vá acontecer daqui a bilhões de anos – bem depois do fim da Terra e do Sol – a descoberta é relevante agora, pois ajuda os cientistas a entender melhor a evolução do Universo. Além disso, abre caminho para identificar outros sistemas semelhantes. Isso pode melhorar as estimativas sobre a frequência dessas supernovas e refinar nossas medições cósmicas.

Confirmar que duas anãs brancas podem gerar uma supernova do Tipo Ia mostra que mesmo os corpos estelares considerados “mortos” ainda podem protagonizar eventos extremos no cosmos.

Com isso, os cientistas conseguem, pela primeira vez, associar com segurança parte das supernovas do Tipo Ia da Via Láctea à colisão de anãs brancas. Antes, essa relação era apenas teórica.

A descoberta oferece uma janela para entender não só o destino dessas estrelas, mas também como as galáxias se formam e se transformam ao longo do tempo. Mesmo que o espetáculo final ainda demore bilhões de anos, já aprendemos muito com ele.

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Do buraco negro à fusão de estrelas de nêutrons: 5 artigos da Science que transformaram a astronomia e a astrofísica

A revista Science é uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo, reconhecida por divulgar pesquisas que mudam paradigmas e impulsionam o conhecimento em diversas áreas. 

Com um alto fator de impacto e uma audiência global, seus artigos frequentemente se tornam referências fundamentais para a comunidade acadêmica e científica. A seguir, destacamos cinco artigos publicados na Science que marcaram profundamente a astronomia e a astrofísica contemporânea.

5 maiores descobertas da astronomia e astrofísica publicadas na revista Science

O Telescópio Espacial James Webb: uma nova era da astronomia (2022)

O Telescópio Espacial James Webb pode alterar a idade que os astrônomos estimavam para o Universo. Imagem: 24K-Production (JWST); Daboost (relógio) – Shutterstock. Edição: Olhar Digital

Título: Golden eye:A new space telescope makes a spectacular debut after a troubled gestation

O lançamento do Telescópio Espacial James Webb (JWST) em 2021 e o início de suas operações em 2022 revolucionaram a astronomia. Com uma capacidade sem precedentes de observar o universo no espectro infravermelho, o Webb permitiu detectar galáxias extremamente distantes, algumas formadas apenas 150 milhões de anos após o Big Bang.

O JWST também revelou detalhes sobre a composição atmosférica de exoplanetas, fornecendo informações essenciais para a busca por vida alienígena. Suas imagens detalhadas das nebulosas e regiões de formação estelar já estão transformando nosso entendimento da evolução galáctica e planetária.

Primeira imagem de um buraco negro (2019)

Imagem do buraco negro M87*. Crédito: EHT Collaboration

Título: Darkness made visible: An international team of astronomers has produced the first ever image of a black hole

Em 2019, o mundo viu à primeira imagem direta de um buraco negro, capturada pela colaboração Event Horizon Telescope (EHT). O buraco negro supermassivo na galáxia M87 foi registrado em detalhes, confirmando previsões feitas por Albert Einstein na teoria da relatividade geral.

Essa conquista não apenas validou modelos teóricos, mas também abriu caminho para novas formas de estudar esses objetos misteriosos. Com os avanços técnicos, espera-se que imagens ainda mais nítidas – e de buracos negros mais próximos – se tornem possíveis nos próximos anos.

Além disso, esse conhecimento poderá viabilizar observações mais precisas do Sagitário A* (o buraco negro no centro da Via Láctea), ajudando a testar possíveis modificações na relatividade geral.

Fusão de estrelas de nêutrons e a origem dos elementos pesados (2017)

O sinal GW170817 medido pelos detectores de onda gravitacional LIGO e VIRGO.
O sinal GW170817 medido pelos detectores de onda gravitacional LIGO e VIRGO. / Crédito: Matplotlib (wikimedia/reprodução)

Título: Cosmic convergence: The merger of two neutron stars captivated thousands of observers and fulfilled multiple astrophysical predictions

A detecção da fusão de duas estrelas de nêutrons em 2017, conhecida como GW170817, marcou o início da chamada astronomia multimensageira – um campo revolucionário que combina diferentes tipos de “mensageiros” cósmicos, como ondas gravitacionais e radiação eletromagnética, para estudar o Universo de forma mais completa.

Pela primeira vez, um único evento cósmico foi observado simultaneamente por meio de ondas gravitacionais e sinais eletromagnéticos, como luz visível, raios-x e raios gama. Essa convergência permitiu um entendimento inédito dos processos físicos envolvidos em colisões estelares.

O evento também ajudou a esclarecer como se formam elementos pesados no Universo. As observações forneceram evidências diretas de que a fusão de estrelas de nêutrons é a principal fonte de elementos como ouro e platina – solucionando uma dúvida científica que persistia há décadas.

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Primeira observação de ondas gravitacionais (2016)

Ilustração representa a fusão de dois buracos negros detectados pelo LIGO em 2015. Com massas de 14 e 8 vezes a do Sol, eles se uniram formando um único buraco negro de 21 massas solares. O evento gerou ondas gravitacionais, embora essas ondulações sejam invisíveis a olho nu
Ilustração representa a fusão de dois buracos negros detectados pelo LIGO em 2015. Com massas de 14 e 8 vezes a do Sol, eles se uniram formando um único buraco negro de 21 massas solares. O evento gerou ondas gravitacionais, embora essas ondulações sejam invisíveis a olho nu. / Crédito: LIGO/T. Pyle (reprodução)

Tìtulo: The cosmos aquiver

Um dos avanços mais significativos da física e da astronomia moderna foi a primeira detecção de ondas gravitacionais, realizada pelo observatório LIGO em 2016. Essas ondulações no espaço-tempo, previstas por Albert Einstein um século antes, foram geradas pela colisão de dois buracos negros.

A descoberta abriu uma nova janela para a observação do universo, permitindo detectar eventos antes invisíveis aos telescópios convencionais. Futuras missões, como o LISA (observatório espacial de ondas gravitacionais), poderão captar sinais ainda mais distantes e ajudar a desvendar a natureza de buracos negros primordiais.

Desde então, diversos outros registros de eventos de ondas gravitacionais aconteceram, o que contribui para o avanço do conhecimento sobre buracos negros, estrelas de nêutrons e outros fenômenos extremos do cosmos.

Missão Rosetta e o estudo de cometas (2014)

[ Imagem: ESA/Rosetta ]
A missão Rosetta foi lançada há 10 anos rumo ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Crédito: ESA/Rosetta

Título: Comet rendezvous: Rosetta’s short-lived lander grabbed the headlines, but the ongoing orbital mission is the real news for science 

A Missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA), foi a primeira a orbitar um cometa e pousar um módulo em sua superfície. Em 2014, a sonda chegou ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, e o módulo Philae realizou um pouso histórico.

A missão revelou detalhes importantes sobre a composição química do cometa, incluindo a presença de moléculas orgânicas complexas. Essas descobertas fornecem pistas sobre como a água e os blocos fundamentais da vida podem ter sido trazidos para a Terra por cometas, influenciando a origem da vida no planeta.

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Após mais de 10 anos de serviço, telescópio Gaia vai mergulhar no Sol

O telescópio espacial Gaia, enfim, dá seu adeus. Especialistas da missão da Agência Espacial Europeia (ESA) vão colocar o telescópio em órbita ao redor do Sol nesta quinta-feira (27). Em seguida, eles vão desligá-lo, após mais de uma década de serviço para astrônomos.

A missão Gaia mapeia a Via Láctea desde 2014 – missão começou a registrar dados cerca de seis meses após seu lançamento, ocorrido em dezembro de 2013. E encerrou suas operações em 15 de janeiro de 2025. Agora, o telescópio está com pouco combustível. Daí o adeus.

Missão Gaia atuou como cartógrafo da Via Láctea ao mapear sua história e estrutura

O principal objetivo do Gaia foi revelar a história e a estrutura da Via Láctea. A missão era construir o mapa mais preciso e tridimensional das posições e velocidades de um bilhão de estrelas. Seus dados se tornaram ponto de referência para outros telescópios na Terra e no espaço.

  • Entre as espaçonaves que usam o catálogo de estrelas da missão Gaia para calibrar suas observações, estão o Telescópio Espacial James Webb, da NASA, e a missão Euclid, da ESA;
  • O futuro Observatório Vera C. Rubin, construído nos EUA, e o Telescópio Extremamente Grande da Europa, ambos no Chile, também se beneficiarão do banco de dados do Gaia.
Trajetórias de estrelas na Via Láctea nos próximos 400 mil anos, traçadas com base em medições da missão Gaia (Imagem: ESA/Gaia/DPAC)

Por meio do Gaia, se criou uma enciclopédia de posições e movimentos de objetos celestes na Via Láctea e além. O telescópio mapeou quase dois bilhões de estrelas, milhões de galáxias e cerca de 150 mil asteroides. Até agora, essas observações resultaram em mais de 13 mil estudos.

Dentro de seu catálogo de estrelas, astrônomos encontraram pistas sobre novos planetas e buracos negros, por exemplo. E cosmologistas usaram os registros de estrelas pulsantes do Gaia para ajudar a medir a taxa de expansão do Universo.

É algo que agora sustenta quase toda a astronomia“, disse Anthony Brown, astrônomo da Universidade de Leiden, na Holanda, ao New York Times. Ele lidera o grupo de processamento e análise de dados do Gaia.

Mais de dez anos girando no espaço

Durante mais de dez anos, o Gaia girou lentamente no espaço. Telescópios gêmeos, apontados em direções diferentes na espaçonave, escanearam o firmamento, capturando luz óptica que riscou seu campo de visão.

Ilustração digital do telescópio Gaia, da ESA, girando no espaço com a Via Láctea ao fundo
Gaia girou lentamente no espaço por mais de uma década (Imagem: ESA/Gaia/DPAC)

Três instrumentos a bordo mediram posições, velocidades e cores das estrelas e outros objetos celestes. A partir desses dados, cientistas inferiram informações sobre temperatura, massa e composição química.

Desde o encerramento das operações, em janeiro, especialistas da missão têm realizado testes técnicos finais nos instrumentos da espaçonave. Esses podem ajudar na operação de futuros telescópios.

A agência postou um vídeo no Bluesky no qual mostra o envio dos últimos comandos para o Gaia. E um comunicado em homenagem à despedida ao telescópio.

“É um momento agridoce quando uma missão para de coletar dados”, disse Johannes Sahlmann, físico da ESA e cientista do projeto Gaia, ao NYT. “Mas a missão em si está longe de acabar.”

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Próximos passos

Atualmente, apenas parte do que foi visto pelo Gaia está disponível para pesquisadores. Isso porque leva bastante tempo para processar a quantidade abissal de dados coletada pelo telescópio.

Representação da Via Láctea
Telescópio sucessor do Gaia vai coletar luz infravermelha Via Láctea afora (Imagem: nednapa/Shutterstock)

A próxima liberação de dados da espaçonave está prevista para 2026. Esta terá dados coletados ao longo de cinco anos e meio. A liberação final, com o conjunto completo de dados, está programada para 2030.

Cientistas europeus desenvolvem uma espaçonave para continuar o legado galáctico do Gaia. Desta vez, o telescópio deve coletar luz infravermelha, em vez de luz óptica.

O lançamento deste telescópio está previsto para a década de 2040 (pois é). E vai ajudar astrônomos a observar através da poeira que envolve o centro da Via Láctea. “Ainda temos muitos anos de trabalho pela frente”, disse o astrônomo Anthony Brown.

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Quem foi a astrônoma que dá nome ao novo chip da Nvidia?

A Nvidia vai revelar detalhes de seu novo processador gráfico de inteligência artificial (IA) na conferência anual da empresa, marcada para a próxima terça-feira (18). O Rubin foi batizado em homenagem a Vera Rubin, astrônoma estadunidense reconhecida por seu trabalho com matéria escura invisível no Universo.

Ao contrário de outras companhias do setor, que optam por números e letras, as inovações da empresa chefiada por Jensen Huang recebem nomes de cientistas desde 1998, quando seus primeiros chips foram baseados na microarquitetura “Fahrenheit”.

Pode-se dizer que é uma cultura de uma das principais fornecedoras de serviços para Google, Microsoft, Amazon, OpenAI, Tesla e Meta. A Nvidia chegou a vender uma camiseta exclusiva para funcionários com desenhos animados de vários cientistas famosos, segundo reportagem da CNBC.

No lançamento deste ano, “Vera” se referirá ao processador central de próxima geração da Nvidia e “Rubin” se referirá à nova GPU da empresa. E a escolha faz sentido para 2025, ano em que o Observatório Vera C. Rubin, sediado no Chile, se prepara para conduzir pesquisa inédita de dez anos do céu noturno.

Antes de Rubin, a Nvidia homenageou outras mulheres em suas produções, como a cientista da computação estadunidense Grace Hopper, que cunhou o termo “bug” para se referir a falhas de computador; e Ada Lovelace, matemática britânica que foi pioneira em algoritmos de computador no século XIX.

Rubin fotografado medindo espectros em 1974 na Carnegie Institution em Washington (EUA) (Imagem: KPNO/NOIRLab/NSF/AURA)

Trajetória de Vera Rubin, que dá noma ao novo chip da Nvidia

  • Vera Rubin nasceu na Filadélfia, Pensilvânia (EUA), mas se mudou para DC ainda jovem. Ela tinha interesse pelo Espaço desde jovem, o que seus pais fomentaram e apoiaram;
  • O pai de Rubin a ajudou na construção de um telescópio de papelão para que ela pudesse fotografar o movimento das estrelas, e sua mãe persuadiu o bibliotecário local a permitir que ela verificasse livros de ciências para adultos;
  • Ela se formou em astronomia no Vassar College, em Nova York (EUA), a única aluna na escola só para mulheres a fazê-lo;
  • Rubin se candidatou à pós-graduação em Princeton, mas foi negada por ser mulher;
  • No verão de 1947, ela conheceu o estudante de física de Cornell e futuro marido, Bob Rubin, que, à época, estava no programa V-12 da Marinha dos EUA;
  • Em 1955, Rubin foi contratada pela Universidade de Georgetown para fazer pesquisas e lecionar. Ela trabalhou lá por uma década;
  • Em 1965, começou a trabalhar no Departamento de Magnetismo Terrestre da Carnegie Institution em Washington, DC. Rubin foi a primeira cientista mulher na equipe do departamento;
  • Suas ideias sobre os movimentos em larga escala das galáxias, tese de seu mestrado, começaram a decolar em escala maior quando ela colaborou com o astrônomo Kent Ford.
Observatório Vera C. Rubin, sediado no Chile (Imagem: Divulgação)

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A grande descoberta

Rubin e Ford trabalharam juntos por anos, compilando dados no Observatório Kitt Peak, no Arizona (EUA). Eles rastrearam a rotação das estrelas ao redor do centro de galáxias distantes. E observaram algo que não era esperado.

As estrelas mais distantes estavam girando tão rápido quanto aquelas perto do centro e não mais devagar, como se imaginava. O fenômeno levantou a hipótese de que uma “massa invisível” influencia a velocidade, o que, atualmente, chamamos de matéria escura.

A descoberta foi fundamental para abrir novos campos de pesquisa na astrofísica, incluindo a física de partículas. Os cientistas descobriram depois que a matéria escura compõe mais de 80% de toda a matéria no Universo.

Ao longo de sua carreira, Rubin publicou mais de 100 artigos científicos e foi eleita para a Academia Nacional de Ciências, além de ter recebido diversos prêmios, como a Medalha Nacional de Ciências, concedida pelo ex-presidente Bill Clinton, em 1993. Rubin morreu em 2016.

A ciência é competitiva, agressiva, exigente. Ela também é imaginativa, inspiradora, edificante. Vocês também podem fazer isso. Cada um de vocês pode mudar o mundo, pois vocês são feitos de matéria estelar e estão conectados ao Universo,” disse a astrônoma no discurso de formatura em Berkeley, em maio de 1996.

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