A presença de uma espécie natural da Ásia aqui no Brasil está gerando uma crescente preocupação pelos impactos ambientais, econômicos e sanitários que ela pode causar.
Em um novo estudo, pesquisadores brasileiros identificaram 41 registros destes animais ao longo da costa do nosso país.
Trata-se do mexilhão-verde (Perna viridis), natural das águas tropicais e subtropicais do Indo-Pacífico. Doze dos registros aconteceram em unidades de conservação, áreas ecologicamente sensíveis e que podem ser bastante impactadas.
É preciso impedir a proliferação destes animais
Segundo o Jornal da USP, a introdução do mexilhão-verde no Brasil pode estar associada à liberação de larvas na água de lastro de navios, ou fixação e dispersão em plataformas petrolíferas, embarcações e até a poluição. Muitos desses organismos foram encontrados em cordas de nylon e lixo plástico.
Biodiversidade da costa brasileira pode estar ameaçada (Imagem: Bruno Amir Imagens/Shutterstock)
Os pesquisadores alertam que é preciso implementar urgentemente estratégias de manejo eficazes e políticas de conservação, focadas em prevenir a disseminação da espécie e apoiar a sustentabilidade dos ecossistemas estuarinos e costeiros locais.
A rápida expansão da população de espécies invasoras pode competir com as espécies nativas e afetar a biodiversidade. É importante entender que as espécies nativas não têm defesas contra essas invasoras, que podem trazer doenças e competir por recursos.
Edison Barbieri, oceanógrafo, pesquisador no Instituto Pesca e autor do estudo
Uma criatura aprisionada em rocha calcária por 113 milhões de anos acaba de ser revelada ao mundo. Cientistas anunciaram a descoberta no Brasil do fóssil de formiga mais antigo já encontrado, pertencente ao grupo das formigas-do-inferno (Haidomyrmecinae), predadoras exclusivas do período Cretáceo, época em que os dinossauros dominavam a Terra.
O achado extraordinário, ocorrido na rica Formação Crato, no Planalto do Araripe, nordeste do país, estabelece um novo marco na paleontologia das formigas, e também lança luz sobre a evolução precoce desses insetos.
Formiga mais velha conhecida pela ciência
“Nossa equipe descobriu uma nova espécie fóssil de formiga que representa o registro geológico indiscutível mais antigo de formigas”, comemorou Anderson Lepeco, pesquisador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, em comunicado.
“Quando encontrei este espécime extraordinário, imediatamente reconhecemos sua importância, não apenas como uma nova espécie, mas como potencialmente a evidência definitiva de formigas na Formação Crato”, relatou o cientista e principal autor do estudo publicado na revista Current Biology.
Mandíbulas exóticas e estratégias de caça das formigas-do-inferno
O fóssil, incrivelmente bem preservado dentro do bloco de calcário, passou por uma análise detalhada por tomografia computadorizada de alta resolução. Essa técnica avançada permitiu aos pesquisadores visualizar a estrutura interna da formiga sem danificá-la.
Reconstrução por tomografia computadorizada do fóssil da formiga-do-inferno. (Crédito da imagem: Odair M. Meira)
As formigas-do-inferno receberam esse nome sombrio devido à sua aparência peculiar, marcada por “chifres diabólicos” que provavelmente utilizavam para imobilizar suas presas.
A nova espécie descoberta no Brasil não foge à regra, apresentando uma característica intrigante em suas mandíbulas. Diferentemente das formigas modernas, cujas mandíbulas se movem lateralmente como pinças, essa formiga ancestral possuía uma mandíbula que se estendia para frente, paralela à cabeça, acompanhada de uma projeção facial proeminente, localizada à frente dos olhos.
Ilustração mostra a provável aparência da nova espécie de formiga-do-inferno. (Crédito da imagem: Diego M. Matielo)
“O que torna esta descoberta particularmente interessante é que ela pertence à extinta ‘formiga-do-inferno’, conhecida por suas exóticas adaptações predatórias. Apesar de pertencer a uma linhagem antiga, essa espécie já apresentava características anatômicas altamente especializadas, sugerindo comportamentos de caça únicos”, detalhou Lepeco.
A morfologia complexa dessa formiga desafia as concepções anteriores sobre a velocidade com que esses insetos desenvolveram adaptações sofisticadas.
“Encontrar uma formiga tão anatomicamente especializada de 113 milhões de anos atrás desafia nossas suposições sobre a rapidez com que esses insetos desenvolveram adaptações complexas. A morfologia complexa sugere que mesmo essas formigas primitivas já haviam desenvolvido estratégias predatórias sofisticadas, significativamente diferentes de suas contrapartes modernas”, explicou o pesquisador.
Outro aspecto fascinante da descoberta é a surpreendente semelhança entre a formiga-do-inferno brasileira e fósseis de parentes encontrados em Mianmar, na Ásia. Essa conexão sugere uma ampla distribuição geográfica dessas formigas durante o período Cretáceo.
A Starlink vai começar a oferecer serviços gratuitos de internet via satélite no Brasil a partir de julho deste ano. O benefício, no entanto, vale para determinados modelos de smartphones, que poderão ser conectados mesmo em regiões isoladas.
Inicialmente, a empresa de Elon Musk vai permitir envio e recebimento de mensagens de texto, compartilhamento de localização e acesso a canais de emergência. Futuramente, é esperada a inclusão de chamadas de voz e navegação na internet.
Conexão depende da instalação de um kit Starlink Mini (Imagem: bella1105/Shutterstock)
O serviço gratuito poderá ser usado apenas se o usuário estiver em área sem cobertura de empresas de telefonia convencionais. Os dispositivos compatíveis são:
Apple: iPhone 14, iPhone 15, iPhone 16;
Google: Pixel 9;
Motorola: Razr (2024), Razr Plus (2024), Moto Edge, Moto G Power 5G (2024);
Samsung: Galaxy A14 até A54, Galaxy S21 até S25, Galaxy Z Flip 3 até Z Flip 6.
Os dispositivos devem estar atualizados com as versões mais recentes de seus sistemas operacionais para que a tecnologia funcione. Segundo a Starlink, novos modelos poderão ser incorporados à lista após atualizações de hardware.
Planos pagos
Para quem tiver interesse em contratar o serviço, a empresa oferece planos para atender diversas situações (valores informados em abril de 2025).
Residencial: com dados ilimitados e localização fixa, plano é indicado para assistir filmes, acessar jogos, realizar chamadas, entre outros. Valor: R$ 236/mês;
Viagem: cobertura em todo o país, acesso em movimento, indicado para viagens internacionais, motorhomes, pessoas que levam um estilo de vida nômade ou que trabalham de qualquer lugar. Valor: R$ 315/mês (50GB) ou R$ 576/mês (ilimitado);
Comercial: há também serviços para empresas, mas ainda sem disponibilidade no Brasil.
A conexão depende da instalação de um kit Starlink Mini, que está disponível por R$ 1,79 mil. O pacote inclui roteador Wi-Fi embutido, consumo de energia reduzido, entrada de energia CC e velocidades de download acima de 100 Mbps.
“A Starlink Mini é um kit compacto e portátil que cabe facilmente em uma mochila e que foi projetado para fornecer internet de alta velocidade e baixa latência em qualquer lugar”, diz a empresa.
Insira seu endereço no campo: “Endereço de uso do Serviço”;
Clique em “Pedir agora”;
Escolha o plano desejado;
Insira dados pessoais: seu nome, sobrenome, telefone (incluindo o DDD) e e-mail;
Informe dados de pagamento.
O tempo de entrega varia de uma a duas semanas, segundo a Starlink e a instalação é feita em poucos minutos. O cliente tem direito a um teste pelo período de 30 dias e pode desistir do produto se não estiver satisfeito com o serviço.
Cobertura no Brasil será limitada a partir de julho deste ano (Imagem: Ssi77/Shutterstock)
Em São Paulo, a cobertura atingiu a capacidade máxima, segundo a empresa, mas é possível reservar uma vaga na lista de espera e receber uma notificação assim que o serviço estiver disponível novamente.
“Observe que nós não temos como fornecer um prazo estimado para a disponibilidade do serviço, mas nossas equipes estão trabalhando o mais rápido possível para ampliar a capacidade da constelação de satélites. Dessa forma, poderemos continuar a expandir a cobertura para mais clientes ao redor do mundo”, informa o site.
Os governos de Brasil e Chile querem construir um modelo de linguagem de inteligência artificial (IA) unificado. A ideia é que o Modelo de Linguagem Grande (LLM, na sigla em inglês) “reflita as particularidades culturais e regionais da América do Sul”.
O assunto foi discutido em reunião bilateral da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, com a ministra da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile, Aisen Etcheverry, em Brasília (DF).
USP participará de projetos com centro de IA do Chile (Imagem: Reprodução/USP)
Segundo a ministra Luciana Santos, o desenvolvimento dessa linguagem com “viés que reflete nossa cultura e especificidades” trará ainda mais união às nações. Não há informação sobre como isso seria feito na prática.
Nova parceria
O encontro foi selado com a assinatura de protocolo de intenções de cooperação internacional mútua entre a Universidade de São Paulo (USP) e o Centro Nacional de Inteligência Artificial do Chile (CENIA);
A parceria vai focar em projetos conjuntos nas áreas de ensino, pesquisa e serviços à comunidade com o objetivo de desenvolver ferramentas de inteligência artificial e a formação de talentos na região;
“É fundamental avançar no compartilhamento de infraestruturas com capacidade para IA e utilizar a governança da Rede Clara como suporte para o aprimoramento dos modelos de linguagem”, disse Etcheverry;
Segundo o governo brasileiro, as ministras discutiram maneiras de garantir segurança da informação, coleta e alinhamento de dados e o compartilhamento de informações de forma ética e responsável, preservando a soberania de cada nação.
Ministra da Ciência quer modelo de IA que considere particularidades culturais da América do Sul (Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Brasil e a IA
Em agosto do ano passado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação apresentou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial com metas estabelecidas até 2028 para projetos de inovação empresarial e infraestrutura.
Após o sucesso do DeepSeek, a ministra Luciana Santos chegou a afirmar que o chatbot chinês serviria como fonte para o Brasil “beber daquilo que é mais avançado”, apesar de o governo ter planos, segundo ela, de desenvolver uma IA própria.
O portal Repórter Brasil trouxe informações sobre o desejo de uma empresa de tecnologia de construir verdadeira “cidade data center” em Eldorado do Sul (RS), um ano após a enchente que devastou o Estado.
Com o forte crescimento da inteligência artificial (IA) nos últimos anos, a demanda por data centers específicos vem aumentado no mundo todo. Sendo assim, as empresas que operam no setor estão construindo grandes complexos voltados para a tecnologia.
Um exemplo é a xAI, que construiu um supercomputador em Abilene, Texas (EUA) no ano passado, mas que enfrentou resistência local por conta do consumo de recursos locais, que poderiam prejudicar a população que vive nos arredores.
No Brasil, a Scala Data Centers está se preparando para construir um complexo de data centers no município gaúcho, que promete ser o maior complexo de infraestrutura digital da América Latina. Eldorado do Sul foi uma das cidades rio-grandenses-do-sul devastadas pelas chuvas que deixaram o Rio Grande do Sul debaixo d’água e que tenta se reerguer.
Em outubro passado, o governo estadual fechou parceria com a empresa para a realização do projeto. À época, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Ernani Polo (PP), disse que o contrato “é oportunidade de transformar o Rio Grande do Sul no novo Vale do Silício no Brasil“.
Acordo foi selado no fim de 2024 (Imagem: Maurício Tonetto/Secom)
Scala AI City: a primeira “cidade data center” do Brasil
O empreendimento é chamado de Scala AI City. Confira mais informações do projeto, segundo dados do governo do Estado do Rio Grande do Sul:
O investimento inicial é de cerca de R$ 3 bilhões, com espaço total de mais de 7 milhões de metros quadrados;
Contudo, as empresas que utilizarão as instalações injetarão mais R$ 4 bilhões, podendo passar dos R$ 600 bilhões no projeto total;
A título de comparação, o maior investimento do Estado realizado até hoje é de R$ 24 bilhões — a ampliação da CMPC, fábrica de celulose chilena, em 2024;
Mais de três mil empregos diretos e indiretos deverão ser gerados;
Quanto à capacidade inicial de TI do data center, serão 54 MW, podendo chegar a 4,75 GW;
O governo estadual afirma que a região escolhida tem segurança comprovada contra desastres naturais, grande oferta de energia elétrica e capacidade imobiliária;
O data center será ligado a outro do mesmo tipo, que se encontra em Porto Alegre (RS). Futuramente, ele será conectado ao cabo submarino Malbec, que liga São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires.
A primeira etapa do empreendimento deverá entrar em operação em até dois anos e, inicialmente, será híbrido, ou seja, servirá para cloud e IA.
Questões ambientais
Porém, há preocupações com relação ao meio ambiente. Uma lei municipal aprovada exclusivamente para o projeto aponta que o licenciamento da obra “se dará de forma simplificada e autodeclaratória“. Nesse sentido, vale lembrar que, nem ao nível estadual, nem ao nível local, há uma regulação para licenciamento ambiental de data centers, lembra o Repórter Brasil.
Isso porque os data centers demandam muita energia e água para alimentar seu hardware e resfriamento, sem contar o lixo eletrônico gerado. Os 4,75 GW anunciados pela Scala servirá para funcionamento dos servidores e para o resfriamento deles, explica, ao Repórter Brasil, o professor Ricardo Soares, coordenador do mestrado em ciência do meio ambiente da Universidade de Veiga de Almeida e servidor do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro.
“Os 4,75 GW dizem respeito à demanda de energia elétrica que o complexo de data centers deverá consumir em seu pico operacional, e não à sua ‘capacidade de processamento de dados’ propriamente dita”, continua.
Uma comparação do portal mostra que a “cidade data center” brasileira terá consumo maior do que a quantidade de energia gerada de duas usinas: a Jirau, que abastece 40 milhões de pessoas e se encontra em Rondônia, e a de Santo Antônio, que abastece 39 milhões de usuários: respectivamente, as usinas geram 3,8 GW e 3,6 GW, segundo dados do EPE – Plano Nacional de Energia 2030.
Mas este não é o primeiro caso de data centers questionados pela comunidade local, tampouco o mega computador da xAI. Nesta reportagem do Olhar Digital, você confere mais exemplos.
No Brasil, há outro caso bem famoso de construção tecnológica que causou polêmica. Trata-se da usina de dessalinização que o governo do Ceará deseja construir na Praia do Futuro, em Fortaleza (CE), mas que enfrentava resistência das empresas de internet, cujo receio era o de que as obras pudessem afetar cabos submarinos que passam na região.
Em nota encaminhada ao site, a Scala garante que a operação do data center “não teria qualquer efeito no abastecimento elétrico da cidade ou de municípios vizinhos”, além de que a “energia utilizada será 100% renovável e certificada, com fornecimento garantido por parcerias estratégicas”, mas não cita de onde será obtida a energia demandada.
O governo estadual, por sua vez, afirma que, “com o auxílio do clima mais ameno do sul do Brasil, os data centers serão mais eficientes“, com eficiência energética e de água zerados, “ou seja, não utilizarão troca de água em seus sistemas de refrigeração”.
Já o hidrólogo Iporã Brito Possantti ressalta a necessidade de estudo sobre quais os possíveis impactos ao meio ambiente que esse tipo de projeto pode causar.
“Esse tipo de impacto precisa ser previsto no licenciamento. É importante que não haja isenção desses estudos para qualquer empreendimento, porque, depois, quem vai precisar pagar para corrigir e mitigar os impactos é a sociedade, os governos. É uma questão de economia e de justiça“, afirma.
Possantti criou, com colegas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) um site abastecido com dados e mapas relacionados às enchentes de 2024, que assolaram o Rio Grande do Sul, para auxiliar os gestores públicos no enfrentamento do problema.
“Não podemos simplesmente achar que uma inovação tecnológica, que é bem-vinda e necessária, está desprovida de impacto”, pontua ao Repórter Brasil o professor Ricardo Soares.
Mas a dona do empreendimento frisa que o Scala AI City será dotado dos “mais altos padrões de sustentabilidade, inovação e governança” durante sua construção e prossegue, dizendo que “cumpre rigorosamente todos os requisitos legais em todos os seus empreendimentos“. A companhia enfatiza ainda que o licenciamento seguirá a mesma conduta.
Sobre a capacidade energética, a Scala aponta que os 4,75 GW de processamento de dados a ser alcançado quando a “cidade data center” estiver funcionando a pleno vapor a transformará “em um dos maiores polos de processamento de dados do mundo“.
Dona do empreendimento frisa que o Scala AI City será dotado dos “mais altos padrões de sustentabilidade, inovação e governança” durante sua construção (Imagem: Nomad_Soul/Shutterstock)
Só que a quantidade de gigawatts anunciada é superlativa, já que, hoje, o Brasil tem capacidade total de 777 MW, tendo capacidade real de 54 MW. Ao colunista Renan Setti, do jornal O Globo, o CEO e cofundador da Scala, Marcos Peigo, comentou mais sobre as questões de capacidade da futura Scala AI City:
O sonho é construir uma cidade. O plano eventual é ter até 4.750 MW, com consumo equivalente ao de todo o estado do Rio. No mundo, não há nada parecido; o maior de que tenho notícia é um projeto com cerca de 1.500 MW anunciados… Exigiria um investimento nosso da ordem de US$ 50 bilhões, e seria um trabalho para dez, 20 anos…
Marcos Peigo, CEO e cofundador da Scala, em entrevista ao jornal O Globo
Enquanto isso, a prefeita de Eldorado do Sul, Juliana Carvalho (PSDB), ressalta que vai “olhar para todos os detalhes do empreendimento“, mesmo que a lei municipal deixe o licenciamento ambiental mais simples. “Qualquer intervenção tem algum impacto. O trabalho da prefeitura tem que ser amenizar isso de alguma forma, mas sem prejudicar o investimento e o desenvolvimento do município“, prossegue.
A Scala justifica a escolha da região para construir sua “cidade data center” não só pelas condições citadas no começo desta reportagem, mas, também, por fatores ligados ao “maior desafio para o setor, especialmente com a ascensão da IA“, sem contar que o município tem “robusta estrutura de transmissão, com uma subestação de capacidade de até 5 GW — a esmagadora maioria não utilizada”.
O governo do Estado também ressalta o clima ameno do sul do Brasil, que contribui para a que a Scala AI City seja construída na região, pois, teoricamente, temperaturas mais baixas favorecem o resfriamento dos servidores, que demandariam menos energia elétrica para isso.
O problema é que o cenário de frio e clima ameno da região sul vem mudando ano a ano. Por exemplo: Porto Alegre, em fevereiro, bateu recordes de calor duas vezes e virou a capital brasileira mais quente nesse período. No mês passado, ela chegou a registrar 7,3 °C acima das médias históricas. Detalhe: a capital do Rio Grande do Sul está há apenas 12 quilômetros de Eldorado do Sul.
Soma-se a este fato que o Estado é o segundo colocado no ranking de ocorrências de estiagens e secas no Brasil — à frente, só a Bahia. Neste ano, 307 municípios gaúchos (61% do total) decretaram emergência dada a ausência de chuvas.
O The Guardian rememora que a combinação de data centers e crise hídrica já causou protestos. Isso aconteceu em 2023, no Uruguai, relacionado a um complexo tecnológico do Google no país. Os protestos aconteceram, pois, durante a crise, a população foi obrigada a ser abastecida com água salgada.
“Data centers consomem muita água. Isso é um problema porque a escassez de água está se tornando uma das principais razões de conflitos no mundo”, aponta Golestan Radwan, diretora digital do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
A Scala alega usar “tecnologias de resfriamento sem desperdício de água no resfriamento” e que não há “necessidade de reposição, mas apenas uma carga inicial no sistema”. Ao Repórter Brasil, contudo, não indicou a carga prevista para Eldorado do Sul.
Brasil: futuro antro de data centers
Essa matriz energética (limpa) que o Brasil tem graças ao grande peso das hidrelétricas está transformando o País em destino potencial para a instalação de data centers. Mas as mudanças climáticas que mundo enfrenta deixa todo mundo de sobreaviso.
Isso é observável no anuário da Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia, que deixa bem claro: “em 2021, o país atravessou a pior seca dos últimos noventa anos” e “o ano de 2023 foi de clima mais quente e seco“.
A Reuters trouxe, para ilustração, uma pesquisa do Morgan Stanley, indicando que os data centers emitem parcela significativa de gases do efeito estufa. Boa parte dessas emissões vem de geradores de energia movios a óleo diesel, costumeiramente acionados quando há crise hídrica.
Já o Banco Mundial produziu relatório no qual alerta para o aumento do uso de energia por tais infraestruturas com a presença de enchentes. Segundo a EBC, em 2024, o município da futura cidade data center teve toda a área urbana afetada pela enchente, que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), é consequência da crise climática que o planeta enfrenta.
Em contrapartida, o terreno no qual o empreendimento será erguido ficou intacto. No início deste mês, várias escavadeiras estavam removendo centenas de pés de eucalipto distribuídos pelos 535 hectares de terra da Scala, segundo o Repórter Brasil. Antes de a empresa adquirir o espaço, esses eucaliptos eram utilizados para fabricar lenha.
O portal também conversou com um dos operadores das escavadeiras, que frisa que “temos que terminar até o fim do mês [abril] para entregar definitivamente para o novo dono”.
Estado foi bastante afetado por enchentes em 2024 (Imagem: Bruno Peres/Agência Brasil)
E o licenciamento ambiental?
Como dito antes, não há um consenso quanto a regras de licenciamento ambiental para data centers ao nível estadual e federal. Contudo, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam) sugeriu a criação do “ramo data center” no ordenamento legal de licenciamento.
“Isso vai regrar e alinhar o enquadramento e deixar clara a competência municipal e estadual em relação ao licenciamento dos empreendimentos”, disse a instituição, em nota enviada ao site. Todavia, não se sabe quando o processo será concluído.
Quanto ao governo federal, foi apresentado o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial 2024-2028, que pede o investimento de R$ 5 bilhões ao eixo “infraestrutura e desenvolvimento de IA“. O governo também editou o marco legal para os data centers, mas ainda não o publicou.
Soares defende que o ramo de data centers não deve se restringir ao Rio Grande do Sul, devendo ser expandido para todo o território nacional. “São muitas lacunas. Não podemos desburocratizar aqui para acelerar o desenvolvimento sem olhar para os impactos“, prossegue.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul diz que “o Estado já levou ao governo federal a pauta que visa criar ambiente regulatório favorável aos data centers e às questões ligadas à inteligência artificial. Caso se efetive, será uma conquista que beneficiaria todo o País“, não citando informações sobre riscos e impactos ambientais.
Em setembro, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), defendeu a celeridade do processo no Brasil. “Se não construirmos imediatamente este ambiente favorável, corremos o risco de ver a transição energética acontecer em outros países, deixando-nos para trás. Agir agora é crucial para garantir que o Brasil não fique no final da fila nesta importante transformação global”, pontuou.
Ainda naquele mês, o PNUMA recomendou que os países padronizassem procedimentos visando medir o impacto da IA. Nessa medição, se inclui a extração de minérios para construção dos projetos e o treinamento da tecnologia, bem como o consumo de água e energia elétrica.
“Atualmente, cada um mede e quantifica [os impactos] da forma que acha melhor e adota as medidas que considera adequadas. Mas é muito difícil avaliar a eficácia dessas medidas, porque não existe um método consensual”, reforça Radwan, da ONU. “Devemos falar sobre como garantir que a transformação digital seja ambientalmente sustentável“, completa.
O que dizem os citados
O Olhar Digital entrou em contato com as fontes citadas na reportagem e atualizará o espaço tão logo receba as respostas.
O Brasil se prepara para a chegada de uma nova e intensa frente fria a partir desta quinta-feira (24). A massa de ar polar, com origem no Paraguai, promete derrubar as temperaturas em diversas regiões, com destaque para o Centro-Sul do país.
Além do frio, é esperado um volume significativo de chuva, especialmente no estado de São Paulo, segundo dados do Climatempo.
Massa de ar polar traz mudanças drásticas no clima
A massa de ar polar que se aproxima manterá as temperaturas abaixo da média histórica em áreas como o Rio Grande do Sul, leste de Santa Catarina, norte do Paraná, leste do Mato Grosso do Sul e todo o estado de São Paulo.
A previsão indica que o impacto da frente fria será sentido com maior intensidade a partir de sexta-feira (25), quando o ar mais frio avança pelo Sudeste.
Além da queda acentuada nas temperaturas, a previsão meteorológica aponta para a ocorrência de temporais em Minas Gerais e no Rio de Janeiro na sexta-feira. O estado de Goiás também poderá registrar pancadas de chuva, exigindo atenção redobrada da população dessas áreas.
Massa de ar polar manterá as temperaturas abaixo da média histórica em algumas regiões. (Imagem: Cris Faga / Shutterstock)
São Paulo em alerta
O cenário em São Paulo merece destaque. A capital e o litoral paulista, que nesta quarta-feira (23) ainda desfrutam de um clima outonal com tempo seco, devem sentir a chegada das áreas de instabilidade já na quinta-feira (24).
Conforme a previsão, nuvens carregadas avançarão pelo oeste do estado, na região de Presidente Prudente, pela manhã, atingindo a Grande São Paulo ao longo do dia e chegando ao litoral durante a noite.
A quinta-feira em São Paulo começará com sol entre nuvens e temperaturas podendo alcançar os 25°C, mas a instabilidade deve se intensificar no final da tarde, trazendo pancadas de chuva isoladas com potencial para formação de alagamentos, trovoadas e rajadas de vento.
A situação se agrava na sexta-feira, com a atuação de uma área de baixa pressão atmosférica que manterá o tempo instável, fechado e chuvoso em todo o estado. A previsão aponta para precipitações intermitentes e volumosas já na madrugada, com as temperaturas na capital paulista despencando para a casa dos 17°C.
Nova frente fria promete impactar significativamente o clima no Brasil. (Imagem: Daniel Tadevosyan/Shutterstock)
Os dados divulgados são alarmantes para a cidade de São Paulo. A previsão acumulada de chuva para quinta e sexta-feira varia entre 70 mm e 90 mm. Para se ter uma ideia da intensidade, esse volume de precipitação é equivalente à média histórica de chuva para todo o mês de abril, que é de 87 mm, conforme dados do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).
Essa quantidade de chuva em um curto período eleva o risco de alagamentos e transtornos na cidade. Os dados históricos também reforçam a preocupação. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o total de precipitação registrado em abril até o momento é de 169,0 mm.
Esse volume já coloca abril de 2025 como o quarto mais chuvoso desde 1961. Caso a previsão para os próximos dias se confirme, São Paulo poderá registrar o abril mais chuvoso em mais de seis décadas.
Um artigo publicado na Revista Brasileira de Paleontologia revela novas pistas sobre a convivência de humanos antigos com animais extintos de grande porte no Brasil. O foco do estudo está nos Toxodontes, gigantes da megafauna sul-americana que viveram durante o Pleistoceno. A análise de fósseis indica que essas espécies podem ter interagido diretamente com grupos humanos.
A descoberta foi possível a partir de materiais coletados nos anos de 1980 no Vale do Ribeira, em São Paulo. Uma reavaliação detalhada desses fósseis mostra que os dentes desses animais podem ter sido usados como adornos. A pesquisa envolveu especialistas em paleontologia, arqueologia e biologia evolutiva.
Em poucas palavras:
Humanos antigos conviveram com grandes mamíferos do Pleistoceno chamados Toxodontes no Vale do Ribeira;
Fósseis mostram marcas de corte feitas por humanos, indicando uso dos dentes como ornamentos ou objetos rituais;
Os dentes analisados revelaram sinais de doenças ligadas à fome e mudanças ambientais;
Foi identificado um fóssil juvenil de Toxodon platensis, raro no registro sul-americano;
A presença de Mixotoxodon larensis no sudeste amplia sua distribuição geográfica conhecida;
O estudo indica que humanos também usavam a megafauna em práticas culturais, além da caça;
Fósseis antigos, reexaminados com novas técnicas, ajudam a entender o passado e prevenir futuras extinções.
Ilustração da provável aparência dos Toxodontes, em comparação com fóssil registrado no século 20. Créditos: Arte sobre imagens de Otenio Abel/Wiki Commons e Robert Bruce Horsfall/Wiki Commons via Jornal da USP
“A maioria dos espécimes já encontrados se localizavam no nordeste do Brasil e em outros países, como Colômbia, Bolívia e Venezuela”, explica o primeiro autor do artigo, Paulo Ricardo de Oliveira Costa, aluno de Iniciação Científica no Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH) do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo, ao Jornal da USP.
O estudo reforça que humanos e megafauna coexistiram entre o fim do Pleistoceno e o início do Holoceno. Costa afirma que esta é a primeira confirmação de interações diretas entre humanos e Toxodontes na região de São Paulo. As espécies analisadas foram Toxodon platensis e Mixotoxodon larensis.
Pesquisa revela hábitos e saúde dos Toxodontes
A equipe utilizou fósseis dentários para investigar doenças que afetaram esses animais, além de possíveis intervenções humanas. As análises mostraram alterações no esmalte dos dentes, indicando episódios de estresse fisiológico durante a vida dos animais. Essas marcas sugerem períodos de fome ou mudanças climáticas.
Uma das contribuições inéditas do estudo foi a identificação de um indivíduo jovem de T. platensis, o que é raro no registro fóssil sul-americano. Isso amplia o conhecimento sobre as fases de desenvolvimento dos Toxodontes. A descoberta ocorreu em cavernas da região, como o Abismo Ponta de Flecha e o Abismo do Juvenal.
A região do Vale do Ribeira tem grande importância pois é uma das poucas áreas de exploração paleontológica no estado de São Paulo. Créditos: Mapa do artigo/modificado de Ghilardi et al., 2011 via Jornal da USP
Em alguns fósseis, foi possível identificar hipoplasia dentária, condição causada por falhas na formação do esmalte. Essa alteração está ligada a períodos de escassez alimentar, muito comuns entre grandes mamíferos herbívoros. Essas marcas funcionam como uma espécie de “diário biológico” dos animais.
Segundo o pesquisador Artur Chahud, membro da equipe, as mudanças na vegetação da região (de campos abertos para floresta) podem ter impactado a disponibilidade de alimentos, o que reforça a ideia de que o clima e o ambiente influenciaram diretamente a sobrevivência dos animais da megafauna.
Brasil preserva sinais de convívio humano com megafauna
A maior surpresa da pesquisa foi o registro de marcas de corte em dois dentes de T. platensis. Segundo os autores, as incisões foram feitas por humanos após a morte do animal, o que representa um forte indício de que o dente foi removido intencionalmente, possivelmente para servir como enfeite ou objeto ritual.
Costa destaca que, embora já existam registros de caça e consumo de megafauna em outros países da América do Sul, evidências desse tipo eram inéditas no Brasil. Isso torna a descoberta ainda mais relevante, ao confirmar uma interação mais próxima entre humanos e esses grandes mamíferos.
Além disso, um dos dentes analisados representa o registro mais ao sul da espécie M. larensis, alterando a compreensão da distribuição geográfica do grupo. Antes, não se imaginava que essa espécie tivesse vivido no sudeste brasileiro.
Maria Mercedes Martinez Okumura, coordenadora do estudo, ressalta que o Vale do Ribeira é um dos poucos locais do país com ocupação humana contínua nos últimos 10 mil anos. Segundo ela, os humanos do passado não apenas se alimentavam da fauna local, como também a utilizavam em rituais e na produção de artefatos.
Para Okumura, pesquisas como essa vão além da identificação de espécies fósseis. O objetivo também é entender como as sociedades antigas interagiam com o ambiente ao redor e como essas relações moldaram a cultura e a sobrevivência desses grupos.
No final do Pleistoceno, mais de uma centena de espécies de grandes mamíferos foram extintos, incluindo mamutes, preguiças-gigantes e tigres dentes-de-sabre. Créditos: Júlio Lacerda/Wiki Commons via Jornal da USP
Estudos antigos ganham nova vida com tecnologia moderna
Parte dos fósseis analisados na pesquisa pertence a coleções científicas da USP, como o Museu de Zoologia e o Instituto de Geociências. Muitos desses materiais foram coletados há décadas, mas só agora estão sendo reexaminados com novas técnicas.
“Esses acervos são fundamentais. Mesmo materiais antigos ainda oferecem respostas sobre o passado e ajudam a desenvolver novas perguntas científicas”, defende Okumura. Ela também alerta para a necessidade de preservar os museus e suas coleções, que muitas vezes sofrem com o descaso.
Chahud reforça que os fósseis servem para entender os animais, mas também para reconstruir o ambiente em que viviam. Segundo ele, as informações obtidas podem indicar como o clima e o habitat mudaram ao longo do tempo.
Esse tipo de estudo se insere na chamada Paleobiologia da Conservação, área da ciência que utiliza registros do passado para compreender o funcionamento dos ecossistemas antes da ação humana. O objetivo é evitar extinções futuras, com base em lições do que já ocorreu.
Para Costa, mudanças ambientais que afetaram os animais do passado podem voltar a ocorrer – por isso, conhecer essas histórias é essencial para planejar o futuro. A interação entre humanos e megafauna no Brasil é apenas uma peça de um quebra-cabeça maior sobre a evolução da vida no planeta.
Estadunidenses ganham quase o dobro de brasileiros que atuam na mesma função em empresas estrangeiras de tecnologia, revela o estudo Brazilian Global Salary.
Produzido pela TechFX, plataforma de câmbio para profissionais que prestam serviços ao exterior, o estudo ouviu 1,61 mil brasileiros entre novembro e dezembro de 2024, dos quais 1,43 mil atuam para empresas internacionais, destacando tendências salariais globais e o papel dos trabalhadores do país nesse cenário.
Segundo o levantamento, profissionais estadunidenses que atuam no ramo de tecnologia ganham, em média, 1,9 vez mais em comparação com brasileiros que desempenham a mesma função remotamente. Para chegar a esse dado, a empresa comparou dados coletados em sua pesquisa com informações sobre o salário médio dos estadunidenses da área, com base no estudo Stack Overflow 2024.
Gráfico mostra a diferença entre salários de profissionais de TI no Brasil e no mundo (Imagem: Reprodução)
Entretanto, quando comparados a vagas ocupadas por pessoas de outras partes do mundo, os brasileiros levam vantagem. De acordo com o estudo, os desenvolvedores do Brasil ganham, em média, 10% a mais do que outras nacionalidades que exercem as mesmas funções no exterior.
Na visão de Alan Sikora, CTO e fundador da TechFX, estas variações reforçam crescente valorização dos talentos nacionais dentro do mercado tecnológico cada vez mais globalizado. “Mesmo com desafios, os brasileiros estão conquistando posição relevante no mercado internacional, o que abre caminhos para quem busca oportunidades fora do país, seja por conta de salários alinhados a moedas fortes ou a busca por flexibilidade e autonomia”, explica.
Tecnologia aquecida
Procurando avaliar o setor de tecnologia de forma mais minuciosa, o estudo também trouxe as diferenças salariais correlacionadas à especialização nas linguagens de programação mais bem pagas no mercado global;
Segundo o levantamento, dos 1,25 mil profissionais do segmento que responderam à pesquisa, apenas 9,2% são desenvolvedores da linguagem Ruby e tendem a receber mais;
Outras opções que aparecem em destaque, com vencimentos mensais altos, são as linguagens Elixir e Go;
Mesmo com a valorização crescente em tecnologias emergentes, elas também representam baixo índice de pessoas que contam com essa expertise, sendo 1,68% e 6,24%, respectivamente.
Quanto mais rara a linguagem, maior o salário — mas poucos dominam as mais bem pagas, revela estudo da TechFX (Imagem: amgun/Shutterstock)
Além disso, a pesquisa também avaliou a relação entre o salário médio dos profissionais atrelada à sua especialização e os anos de experiência na área. Dentro deste escopo, o conhecimento em Engenharia de Confiabilidade de Sites (SRE, na sigla em inglês)lidera os salários médios das carreiras tecnológicas, com profissionais recebendo US$ 9,94 mil (R$ 57,16 mil) mensais e acumulando experiência média de 14,26 anos.
Já a especialização em aprendizado de máquina combina bons salários (US$ 6,25 mil/R$ 35,93 mil) com experiência média mais baixa (6,15 anos), o que pode indicar um caminho promissor para profissionais iniciantes. Outro destaque do estudo foi a variabilidade salarial observada na área de cibersegurança, com desvio padrão de US$ 5,21 mil (R$ 29,99 mil), indicando diferenças significativas entre os profissionais.
“A tecnologia oferece oportunidades únicas de crescimento e mobilidade para talentos do Brasil, mas ainda existem desafios a serem superados, como o acesso à educação em linguagens de maior demanda e especializações estratégicas“, completa Sikora.
Ao longo desta semana, o céu noturno oferece um espetáculo para quem estiver atento: a chuva de meteorosLíridas. O fenômeno, inclusive, atingiu seu pico entre a noite desta segunda (21) e a madrugada desta terça-feira (22) aqui no Brasil. Se você der sorte, ainda poderá acompanhar essas “estrelas cadentes” até o dia 30 de abril.
Com a Lua abaixo da metade cheia, a observação está ainda mais privilegiada, o que torna o momento propício para assistir ao evento. Não é necessário nenhum tipo de equipamento especial — aliás, telescópios e binóculos podem atrapalhar, já que limitam o campo de visão necessário para ver os meteoros cruzando o céu.
A chuva de meteoros da madrugada
O Observatório Heller & Jung, em Taquara, no Rio Grande do Sul, enviou belas imagens ao Olhar Digital. Diretor da instituição, o professor e doutor Carlos Fernando Jung explica que os meteoros Líridas se caracterizam por serem rápidos e brilhantes.
Apesar de a madrugada ter tido muita umidade e neblina, foi possível, em média, por câmera, uma taxa de 12 meteoros por hora. Foram utilizadas no Observatório 20 câmeras para registrar o evento. Na imagem pode-se verificar a sobreposição de meteoros registrados apenas em uma câmera.
Prof. Dr. Carlos Fernando Jung
Veja!
A chuva de meteoros Líridas
Apesar de estar entre as chuvas de menor intensidade do calendário astronômico, as Líridas se destacam por sua importância histórica.
Segundo Marcelo Zurita, colunista do Olhar Digital, essa é a mais antiga chuva de meteoros conhecida, sendo relatada há mais de 2.700 anos pelos chineses.
Meteoro cruza os céus do Rio Grande do Sul. Crédito: Observatório Heller & Jung
As Líridas têm como corpo-mãe o cometa C/1861 G1 Thatcher, que completa uma órbita ao redor do Sol a cada 415 anos. Curiosamente, apesar da longa história de observação da chuva, o cometa só foi identificado em sua última passagem próxima à Terra, em 1861. A próxima ocorrência está prevista para 2276.
Zurita ressalta que uma chuva de meteoros é um espetáculo astronômico dos mais democráticos. “Pode ser observada por qualquer um. Não precisa de telescópios, câmeras nem qualquer equipamento especial. Basta ter disposição para perder algumas horas de sono e olhar para o céu!”.
A ideia de que não existem terremotos no Brasil foi divulgada por muito tempo, principalmente pelo fato de que os abalos sísmicos que acontecem no país não tem a mesma intensidade de outros, como no Japão e nos Estados Unidos, por exemplo.
Apesar dessa crença, estudos mais aprofundados sobre as características do nosso solo já provam que isso não é verdade. Até a década de 1970, os tremores de terra no Brasil eram atribuídos à “acomodação de terra”, ou então eram vistos como consequência dos terremotos de países vizinhos, como Peru e Argentina.
Isso até pode acontecer, mas a maioria dos eventos sísmicos do nosso país está associada ao acúmulo de energia no interior da placa Sul Americana. A energia pode causar a reativação de antigas falhas geológicas, ou, ainda, que seja mais difícil, formar novas falhas que dissipam a energia acumulada, que provoca os terremotos.
Como algumas cidades do Brasil estão localizadas em cima de falhas geológicas, diversas regiões do país estão propensas a ocorrência de terremotos. Veja abaixo quais são elas.
O que são falhas geológicas e qual sua relação com terremotos?
Antes de falar sobre as cidades, vamos abordar um pouco sobre as chamadas falhas geológicas, importantes para entender os terremotos e a ocorrência deles no Brasil.
O Brasil está praticamente no centro da placa tectônica sul-americana, fazendo com que a possibilidade de tremores fortes seja mais raro, já que eles geralmente são registrados nas bordas de placas de tamanho continental. (Imagem: Carlos Uchôa/UEFS/Divulgação)
Também conhecidas como falhas tectônicas, são estruturas da crosta do planeta que originam os terremotos. Em geologia, “falha” significa uma fratura na rocha, onde há um movimento relativo entre os blocos rochosos fraturados.
Então, o local onde existe o rompimento do bloco e a liberação de energia é o foco do terremoto. De acordo com estudos geológicos recentes, essas formações geológicas existem no Brasil, e diversas cidades do país estão em cima delas.
A diferença principal é que nosso país está praticamente no centro da placa tectônica sul-americana, fazendo com que a possibilidade de tremores fortes seja mais raro, já que eles geralmente são registrados nas bordas de placas de tamanho continental.
Apesar disso, terremotos ainda podem ocorrer no solo brasileiro. Veja mais a seguir.
Quais cidades brasileiras são mais propensas a terremotos? Conheça algumas
1 – Salvador (BA)
Na capital da Bahia, há um exemplo muito conhecido de falha geológica: o elevador Lacerda é o marco que une as cidades conhecidas como baixa e alta.
Elevador Lacerda na capital da Bahia (Reprodução: Vinicius Dattwyler/Pexels)
Ali, há um desnível de relevo que teve origem há aproximadamente 140 milhões de anos, quando a América do Sul começou a se separar da África. Nesse período, um bloco rochoso desceu em relação ao outro, formando a Falha de Salvador, o que aconteceu ao longo de milhões de anos.
O primeiro registro de terremoto no Brasil ocorreu justamente em Salvador, em 1724. Então, a partir de meados do século 19, muitos pesquisadores começaram a registrar outros eventos sísmicos, principalmente no Nordeste.
2 – João Câmara (RN)
A cidade do Rio Grande do Norte está localizada na falha de Samambaia, e já registrou diversos tremores de terra.
Um deles aconteceu em 2022, quando moradores sentiram nove abalos sísmicos na cidade. O maior terremoto registrado no local foi em 1986, com magnitude de 5.1, e sendo sentido em grande parte do Nordeste brasileiro.
De acordo com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a falha de Samambaia é considerada a maior do tipo no Brasil, com 38 km de comprimento, 4 km de largura e uma profundidade que varia de 1 a 9 km.
3 – Cubatão (SP)
Descoberta em 1987, a falha de Cubatão, localizada no litoral de São Paulo, faz parte de um sistema de mais de 2.000 km de extensão.
Localização da área de estudo da falha de Cubatão (escala original da imagem de satélite: 1:50.000; Imagem: Projeto SIIGAL)
Possui uma rede de falhas diferentes entre si, sendo nomeado de Sistema de Falhamento Cubatão. Mesmo com seu tamanho e estando abaixo de uma região industrial, existe um baixo risco de possíveis terremotos iminentes nesse sistema de acordo com pesquisas.
Além disso, a estrutura esteve comprovadamente ativa entre 400 e 10 mil anos atrás. Contudo, ainda não há registros de terremotos em Cubatão ou no estado de São Paulo.
4 – Itacarambi (MG)
Falando de estado, Minas Gerais é o que mais registra atividades sísmicas no Brasil. De acordo com o mapa tectônico elaborado na pesquisa citada acima, sete falhas geológicas cortam Minas Gerais, sendo elas: BR 24, 25, 26, 27, 28, 29 e 47.
A 47 está localizada no norte do estado, exatamente abaixo do município de Itacarambi. O local registrou um terremoto de 4.9 graus na escala Richter em dezembro de 2007.
Esta cidade no Acre encontra-se próxima do epicentro do maior terremoto já registrado no Brasil, o qual atingiu 6.6 graus na escala Richter em 20 de janeiro de 2024.
A descida da placa de Nazca se choca com a placa Sul Americana, originando em diferentes profundidades os pontos de acúmulo e liberação de energia. (Imagem: Carlos Uchôa/UEFS/Divulgação)
O tremor aconteceu na região amazônica perto da cidade, mas as coordenadas exatas apontam para Ipixuna, no Amazonas. Antes disso, foi registrado o segundo maior terremoto no país nessa mesma região, em 2022, chegando a 6.5 pontos.
A cidade acreana também é o município do estado com mais ocorrências de abalos sísmicos, uma vez que está em cima da falha de Taruacá, que corta o estado em duas partes. Mesmo com os abalos constantes na região, a profundidade deles passa dos 500 km, diminuindo o risco de danos e de serem percebidos pelos moradores.
Em 2015, ano em que estudos completos foram feitos na região, mais de 15 terremotos foram sentidos na cidade.
Esses fatos são reforçados pela localização da cidade, que está próxima de duas placas tectônicas muito ativas: a Sul-Americana e a de Nazca, ambas nos Andes.
6 – Porangatu (GO)
Já o município de Porangatu, localizado no norte de Goiás, é uma região localizada em cima da falha geológica brasileira que leva o nome da cidade: Zona de Falhas de Porangatu.
Foi registrado um terremoto de 3.7 pontos na escala Richter em abril de 2022, assustando os moradores durante a madrugada.
Outros tremores mais intensos foram sentidos em Goiânia e até em Brasília em outras ocasiões, como o acontecido em outubro de 2010
7 – Vale do Jaguaribe (CE)
A 300 km da capital do Ceará, Fortaleza, está uma grande falha geológica sobre a cidade cearense de Vale do Jaguaribe.
O local gera terremotos considerados de baixa magnitude, sendo que alguns dos mais recentes aconteceram em março de 2016, com magnitudes de 3.1 e 3.4 graus na escala Richter.
Os pesquisadores suspeitam que a água de um açude na região se infiltrou na falha, o que pode estar aumentando o número de abalos.
8 – Curitiba (PR)
Curitiba é a única capital do Brasil que fica diretamente em cima de uma falha geológica, sendo a mesma que atravessa a cidade de Cubatão.
Curitiba é a única capital do Brasil que fica diretamente em cima de uma falha geológica, sendo a mesma que atravessa a cidade de Cubatão. (Imagem: Pedro Ribas/SMCS)
Apesar disso, a região Sul é a que menos tem falhas geológicas no Brasil. Entretanto, é mais comum que as cidades do entorno da capital paranaense registrem terremotos, como São Jerônimo da Serra, a 351 km de Curitiba.
O local sofreu um abalo de 5.1 graus em setembro de 2017. Já em outros dados registrados entre 2006 e 2019, o estado apresentou sete terremotos de magnitude elevada.