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Ritmo de conquista: como o caranguejo-violinista atrai parceiras com sua música

Utilizar sons ou música para conquistar um parceiro não é uma característica exclusiva dos seres humanos. Apesar de não ter sentido emocional, mas sim o objetivo de levar ao acasalamento e perpetuação da espécie, diversos animais utilizam desse artifício na hora de flertar, emitindo sons.

É o caso de sapos, pássaros e baleias, por exemplo, que são os mais conhecidos por dominarem o canto para a conquista.

Entretanto, os pesquisadores acabaram descobrindo que existe outra espécie que aposta na serenata para conquistar uma fêmea: o caranguejo-violinista (Afruca tangeri). Seu nome pode sugerir que os sons emitidos por esses animais já eram conhecidos, mas o apelido vem, na verdade, da forma pelo qual os crustáceos balançam suas garras como forma de comunicação.

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Contudo, uma nova pesquisa registrou pela primeira vez os sinais vibratórios que os machos fazem durante o cortejo, e os resultados foram publicados no Journal of Experimental Biology. Veja abaixo mais informações.

A música produzida pelo caranguejo-violinista é feita a partir de uma mistura de tamborilar o solo com sua garra, ou quando ele bate o casco no chão. (Imagem: Leonardo Gonzalez/Shutterstock)

Conheça o caranguejo-violinista, o crustáceo que conquista as fêmeas com uma serenata

A música produzida pelo caranguejo-violinista é feita a partir de uma mistura de tamborilar o solo com sua garra, ou quando ele bate o casco no chão.

Entretanto, até a pesquisa divulgada, não havia ficado claro o quanto esses sinais eram capazes de transmitir informações de forma eficaz nas regiões intertidais (que são as faixas de costa entre as marés alta e baixa), onde esses caranguejos vivem, e que naturalmente são caóticas no que diz respeito aos sons, sendo altamente competitivas nesse contexto.

Ao se questionarem sobre a eficiência dos sons, o time de pesquisadores do Laboratório de Vibração Animal da Universidade de Oxford decidiu analisar e gravar caranguejos-violinistas da Península Ibérica. Os vídeos foram feitos usando geofones, que registraram com precisão as vibrações.

Então, a equipe acompanhou uma rotina repetitiva de cortejo que se dividia em quatro etapas: primeiro, os animais acenavam suas garras. Depois, faziam acenos sequenciais e quedas de corpo para produzir um sinal vibratório.

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Os pesquisadores perceberam que as variações no ritmo, a duração e o volume das vibrações permitiam distinguir diferentes comportamentos de acasalamento dos caranguejos. (Imagem: Leonardo Gonzalez/Shutterstock)

Então, faziam movimentos simultâneos até que, finalmente, exibiam tambores subterrâneos caso a fêmea se aproximasse da toca. A cada passo, a energia sísmica que foi registrada pelos geofones se intensificou.

Os pesquisadores perceberam que as variações no ritmo, a duração e o volume das vibrações permitiam distinguir diferentes comportamentos de acasalamento dos caranguejos. Com essas informações, treinaram um programa de IA capaz de identificar esses comportamentos com até 70% de precisão, o que abriu caminho para o uso de vibrações no monitoramento remoto de animais.

Após mais de 8 mil análises de gravações, os cientistas chegaram a conclusão que, quanto maior o macho, mais intensos eram os sinais sísmicos, com picos de percussão de maior amplitude. O alcance do som até locais distantes impedia que os machos fossem desonestos com relação ao seu tamanho, o que permitiu que as fêmeas avaliassem, à distância, a qualidade e o tamanho das garras.

Tom Mulder, autor do estudo e membro do departamento de Biologia da Universidade de Oxford, comentou em um comunicado que “os machos não conseguem, ou não mentem, sobre seu tamanho físico. As fêmeas podem confiar na intensidade dos sinais sísmicos para avaliar honestamente a qualidade de um parceiro em potencial, tudo isso sem precisar vê-lo.”

Também em comunicado, Beth Mortimer, também autora do estudo, disse que as garras maiores possuem vantagens ao superar o ruído sísmico e permitir a sinalização para fêmeas mais distantes.

Por morarem em habitats barulhentos, esse tipo de comunicação sísmica percussiva em vez de uma vocal é vantajosa para os caranguejos-violinistas. Apesar de ser simples, o ajuste da intensidade e a repetição dos sinais é eficaz para que os pequenos animais se comuniquem nesses locais ruidosos.

Entretanto, Mortimer faz uma observação a respeito dos animais menores “as vantagens são observadas apenas em sinais de percussão, como tamborilar, e, felizmente, para caranguejos com garras menores, estes são apenas parte da rotina de cortejo.”

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Filhote de caranguejo-violinista. (Imagem: Joolyann/Shutterstock)

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Espécie milenar: NASA preserva caranguejo mais antigo que os dinossauros

Os caranguejos-ferradura (Limulus polyphemus) são verdadeiras relíquias vivas que testemunharam a evolução da Terra muito antes dos dinossauros surgirem.

Estas criaturas ancestrais, que sobrevivem praticamente inalteradas há 450 milhões de anos, encontraram um lar improvável no Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida (EUA).

O complexo aeroespacial abriga não apenas o programa espacial estadunidense, mas, também, serve como refúgio para mais de 1,5 mil espécies de flora e fauna, tornando-se um dos pontos de maior biodiversidade nos Estados Unidos.

Bichos são milenares (Imagem: Reprodução/NASA)

Em celebração ao Dia da Terra, comemorado na terça-feira (22), a NASA destacou a importância ecológica destes antigos artrópodes.

“Os caranguejos-ferradura são espécies-chave nos ecossistemas costeiros e estuarinos ao redor do porto espacial”, explica James T. Brooks, especialista em proteção ambiental da NASA.

“Seus ovos são fonte vital de alimento para aves limícolas migratórias em ambientes costeiros e seus hábitos alimentares ajudam a moldar a composição de plantas e animais que habitam o fundo oceânico, rios e lagos.”

Brooks também ressalta que alterações nas populações destes caranguejos podem indicar problemas ecológicos mais amplos, como contaminação ambiental ou degradação de habitats.

Estes antigos artrópodes funcionam como bioindicadores essenciais, revelando a capacidade do ecossistema de manter diversas espécies dependentes, como aves migratórias, tartarugas marinhas, jacarés e outros animais selvagens. Sua presença e abundância oferecem panorama confiável sobre a saúde ambiental dessas áreas vitais.

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Monitoramento científico da NASA

O serviço de streaming gratuito NASA+ documenta o trabalho de biólogos que rastreiam estes animais nas praias da região.

Os cientistas contabilizam avistamentos e marcam os espécimes com dispositivos para estudar padrões migratórios e taxas de sobrevivência.

O monitoramento intensifica-se durante os períodos de reprodução na primavera e verão, quando os especialistas acompanham a desova, avaliam a saúde do habitat e analisam tendências populacionais. Estas informações são cruciais para determinar a saúde geral do ecossistema local.

Caranguejo na mão de um homem
Antigos artrópodes funcionam como bioindicadores essenciais (Imagem: NASA)

Veja mais no vídeo abaixo:

Contribuição para a medicina

  • Além de seu valor ecológico, os caranguejos-ferradura possuem importância significativa para a saúde humana;
  • Seu singular sangue azul, baseado em cobre, contém o Lisado de Amebócitos de Limulus, substância capaz de detectar contaminações bacterianas em equipamentos médicos, produtos farmacêuticos e vacinas;
  • Reconhecendo a relevância desta espécie ancestral, a NASA apoia projetos de restauração de habitat, incluindo a reconstrução de margens costeiras danificadas por eventos climáticos e a minimização do impacto humano em áreas de nidificação.

Conheça a espécie invasora que está dominando os oceanos

Espécie invasora é qualquer animal ou planta que esteja fora do seu habitat natural e que pode causar danos ao ecossistema local. Um dos casos recentes mais famosos aqui no Brasil é o do peixe-leão, uma pequena criatura natural dos oceanos Índico e Pacífico que chegou há alguns anos no Atlântico.

A lista de espécies invasoras no Brasil é extensa e inclui alguns animais que a maioria das pessoas acham que sempre foram nativos daqui. É o caso da tilápia. O peixe é originário do continente africano, mas já dominou vários rios de diferentes regiões do país.

Leia a reportagem completa aqui

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Este caranguejo tem um ‘dom’ que será útil diante das mudanças climáticas

Não são apenas os humanos que sofrem os impactos das mudanças climáticas. Várias espécies de animais ao redor do mundo correm, inclusive, o risco de extinção devido ao aumento das temperaturas médias do planeta.

No entanto, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, aponta que algumas criaturas podem ser mais resistentes. Segundo a equipe, o caranguejo-vermelho (Gecarcoidea natalis) pode sobreviver a variação na salinidade das águas costeiras.

Diminuição da salinidade das águas

  • Segundo os cientistas, o aumento das chuvas provocado pelas mudanças climáticas deve reduzir significativamente a salinidade das águas costeiras.
  • Este cenário criará um ambiente diferente para o desenvolvimento dos embriões do caranguejo-vermelho.
  • Para entender como essa mudança pode impactar a espécie, os cientistas realizaram experimentos expondo embriões a diferentes níveis de salinidade.
  • A pesquisa se concentrou em quatro diferentes concentrações de água do mar: 100%, 75%, 50% e 25% de salinidade.
  • Os resultados foram descritos em estudo publicado no Journal of Experimental Biology.
Alterações na água podem impactar desenvolvimento dos embriões do caranguejo-vermelho (Imagem: Olena Lialina/iStock

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Caranguejo-vermelho está adaptado para suportar algumas mudanças ambientais

Durante o trabalho, os pesquisadores acompanharam diversos parâmetros fisiológicos dos embriões durante um período de 24 horas. Ao contrário do esperado, a diminuição da salinidade não afetou aspectos críticos do desenvolvimento embrionário tardio ou da fase imediatamente após a eclosão.

De acordo com os cientistas, fatores como o tempo do primeiro batimento cardíaco, a primeira atividade motora e a frequência cardíaca após a eclosão permaneceram inalterados. Isso indica que o caranguejo-vermelho pode estar adaptado para suportar estas mudanças ambientais.

Estudo indica que espécie pode não sofrer prejuízos com as mudanças ambientais (Imagem: Sofia Varano/Shutterstock)

Apesar de ser uma boa notícia para a sobrevivência da espécie, a equipe alerta que a pesquisa considerou apenas um curto período de tempo e que são necessários novos trabalhos para avaliar os efeitos de outros fatores ambientais, como temperatura e poluição.

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