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Chocolate fake? Pesquisadores da USP criam substituto do cacau

Com o setor de cacau em crise, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram fórmula que pode substituir o fruto na produção do chocolate. A proposta é reaproveitar resíduos agroindustriais para desempenhar o papel do cacau em pó e do licor de cacau tradicionais.

“A composição tem compostos bioativos, fenólicos, flavonoides, fibras, lipídios nutricionais, proteínas e carboidratos, além de ter alta capacidade antioxidante”, explicou Suzana Lannes, docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP e uma das responsáveis pela tecnologia, ao Jornal da USP.

Fórmula da USP tem o diferencial de agregar valor nutricional (Imagem: Artem Zakharov/iStock)

A patente foi registrada como “Composição Alimentícia de Chocolate com Reaproveitamento de Resíduos Agroindustriais”. Agora, a equipe trabalha em um protótipo para testar a fórmula em ambiente realista

Diferencial da nova “fórmula” de cacau

  • A substituição do cacau por si só não é uma novidade no mercado;
  • Há marcas especializadas nos chamados “cocoa extenders”, por exemplo, que usam amendoim e alfarroba em até 50% da receita, mantendo a textura e sabor do chocolate;
  • No entanto, a fórmula da USP tem o diferencial de agregar valor nutricional e promover a sustentabilidade com o reaproveitamento de subprodutos agroindustriais, de acordo com a reportagem;
  • O processo eleva o teor de fibras, prebióticos e oferece capacidade antioxidante, por exemplo.

Um dos subprodutos sugeridos pela equipe deriva do malte, amplamente explorado pela indústria cervejeira. Lannes garante que a formulação mantém as cores, texturas e sabor características do chocolate.

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Crise mundial

Como relatou o Olhar Digital, a queda global de produção do cacau é reflexo de pragas, mudanças climáticas e plantações envelhecidas, principalmente em países africanos. No ano passado, os preços do fruto triplicaram — e deve se manter alto por causa da baixa oferta.

Um dos subprodutos sugeridos pela equipe deriva do malte (Imagem: Narong KHUEANKAEW/iStock)

Por isso, a equipe da USP está otimista com a possibilidade de adoção da tecnologia em breve. “Nossas expectativas nem seriam para o futuro, mas imediatas, pois estamos vivenciando um período de alto custo do cacau”, disse Lannes ao jornal.

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Brasil está prestes a ganhar a maior fazenda de cacau do mundo  

O fazendeiro Moisés Schmidt tem um plano ousado: ele quer criar a maior fazenda de cacau do mundo na Bahia. O investimento é estimado em US$ 300 milhões para produzir até 1,6 milhão de toneladas de cacau em 500.000 hectares em até dez anos, segundo a Reuters.

A ideia não vem do acaso — é uma resposta estratégica à crise mundial na queda de produção do fruto. Agricultores sofrem com efeitos das pragas, mudanças climáticas e plantações envelhecidas, principalmente em países africanos.

O problema se refletiu nos preços, que triplicaram em 2024, atingindo um recorde de US$ 12.931 por tonelada métrica em dezembro. Agora, é vendido a cerca de US$ 8.200, ainda acima das médias históricas, de acordo com a reportagem.

Com queda na produção, preços do cacau triplicaram em 2024 (Imagem: Narong KHUEANKAEW/iStock)

Parcerias à vista

Em 2019, Schmidt percebeu que a crise estaria por vir e começou a preparar o terreno de suas plantações até então focadas em soja, milho e algodão para cultivar cacau. “Acredito que o Brasil vai se tornar uma importante região para o cacau no mundo”, disse ele à Reuters.

Ele buscou parcerias com grandes empresas do setor, e, por enquanto, fechou um acordo preliminar com a Cargill, uma das maiores comerciantes de commodities do mundo, para uma plantação que envolve 400 hectares inicialmente.

Recentemente, a Barry Callebaut, maior fornecedora global de cacau e chocolate, selou uma parceria com agricultores do Brasil para iniciar uma fazenda de cacau de 5.000 hectares na Bahia. 

A Mars, companhia americana responsável pelas marcas Snickers e M&Ms, também faz testes na região. “A Bahia é atraente devido à topografia plana, solos férteis, disponibilidade confiável de água e infraestrutura agronômica estabelecida”, disse Luciel Fernandes, gerente do Centro de Ciência do Cacau da Mars no Brasil, à reportagem.

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Desafio é garantir a viabilidade de cultivo dos cacaueiros a céu aberto (Imagem: dimarik/iStock)

Plantação mecanizada

O plano de Schmidt é plantar 1.600 árvores por hectare em uma fazenda de 10.000 hectares no município de Riachão das Neves, no oeste da Bahia. Tradicionalmente, as fazendas de cacau priorizam 300 árvores por área delimitada, mas o empreendedor quer focar em aumentar a produtividade.

Ele pretende aplicar técnicas de agricultura em larga escala, assim como ocorre com o cultivo de soja ou milho. “A única coisa que ainda não é mecanizada é a colheita de frutas das árvores”, explicou.

O desafio, agora, é garantir a viabilidade de cultivo dos cacaueiros a céu aberto, sem sombra parcial, como ocorre em plantações tradicionais. A equipe de Schmidt está testando a eficácia de novas variedades que possam oferecer maior carga de frutos nos campos.

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Sua Páscoa pode ser um pouco diferente em 2025 – por razões científicas

Se você parar qualquer pessoa na rua agora e perguntar para ela qual a maior tradição da Páscoa, ela provavelmente vai responder que são os ovos de chocolate. Sim, originalmente, esse importante feriado cristão trata sobre a morte e a ressurreição de Jesus Cristo – e, portanto, tem um grande valor religioso. Mas, com o passar dos anos, a data ganhou cada vez mais relevância comercial.

São escolas levando coelhinhos fantasiados no intervalo, pais inventando brincadeiras de caça aos ovos com os filhos e colegas de trabalho promovendo “amigos chocolate”. Não podemos negar que a Páscoa gira em torno desse doce. E aí vem a má notícia: sua Páscoa pode ser um pouco diferente em 2025.

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O portal g1 ouviu especialistas e eles decretaram que o feriado deste ano deve ter uma quantidade menor de ovos, um chocolate mais caro e produtos com menos cacau.

Você pode até achar que a culpa é de uma suposta ganância dos empresários ou do atual governo federal. A explicação para esse movimento, no entanto, é científica e climática. E o Olhar Digital mostra agora para vocês.

Existe uma boa possibilidade de o coelhinho da Páscoa ficar devendo ovos de chocolate neste ano – Imagem: DRubi/Shutterstock

Por que o chocolate está mais caro?

  • O aumento do preço desse doce é global e ocorre por causa do cacau, a matéria-prima do chocolate.
  • Em dezembro do ano passado, a tonelada desse fruto bateu recorde: chegou a custar US$ 11.040, segundo cotação da Bolsa de Valores de Nova York.
  • Para você ter uma ideia, esse número representa um avanço de 163% na comparação com o mesmo período de 2023.
  • A explicação para isso vem da África, onde ficam os principais produtores de cacau do mundo.
  • As mudanças climáticas também atingiram o continente e vieram em forma de estiagem e inundações fora de época.
  • Esses fatores levaram à perda de lavouras inteiras, principalmente na Costa do Marfim, país que responde por 45% das plantações desse fruto no planeta.
  • E aí entra a lei de mercado: uma menor oferta, mas com procura igual leva ao aumento dos preços.
  • A situação fica ainda mais grave se olharmos para o recorte dos anos anteriores.
  • A produção global dessa commodity caiu nos últimos 3 anos.
  • Segundo a Organização Internacional do Cacau, desde a safra 2021/2022, os países já deixaram de produzir 758 mil toneladas.
  • “Mas o Brasil não produz o próprio cacau?”, você pode estar se indagando aí do outro lado.
  • A resposta é não – a gente até planta cacau, mas respondemos apenas por 4% da produção mundial.
  • No ano passado, por exemplo, o mercado brasileiro demandou cerca de 229 mil toneladas, mas colheu apenas 180 mil toneladas.
  • Ou seja, precisamos importar e sofremos influência do preço internacional do fruto.
As mudanças climáticas têm um papel central no encarecimento do preço do chocolate no mundo – Imagem: Aphelleon/Shutterstock

Reflexo nas prateleiras

Com o cacau mais caro, a indústria e o comércio tiveram de se adaptar. E isso significam algumas coisas. A primeira delas é uma menor quantidade de ovos.

Serão produzidos cerca de 45 milhões de unidades, uma queda de 22% em relação a 2024, quando a fabricação ficou em 58 milhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

Com o cacau mais caro, e projetando uma queda nas vendas (por causa da alta dos preços), as empresas decidiram produzir menos ovos.

Falando em preços, dados do IBGE apontam que o valor do chocolate em barra e do bombom subiu 16,53% no acumulado em 12 meses até janeiro. Como os ovos de Páscoa são naturalmente mais caros (por uma questão de marketing e mercado), a tendência é que o percentual seja ainda maior nesse feriado.

Outra alternativa encontrada pela indústria foi a diminuição das embalagens (algo que as pessoas que costumam ir ao mercado já perceberam faz tempo). As empresas até conseguem segurar o preço, mas só porque oferecem uma quantidade menor do produto. E isso quase sempre vem explicado em letrinhas pequenininhas…

O cacau ficou mais caro nos últimos anos, mas não só ele; a inflação anda implacável com o nosso bolso – Imagem: photocrew1/Shutterstock

E quando os preços devem baixar?

Segundo especialistas, as expectativas para 2025 são de um possível aumento da produção mundial, com uma queda na demanda. Os dois fatores podem fazer com que o preço melhore.

Mas isso não será instantâneo. E vai depender bastante também da próxima grande safra de cacau. Estamos falando de uma planta que demora de 5 a 6 anos para dar bons frutos. E que corre o risco de novas tragédias climáticas atrapalharem os planos.

Em condições tidas como normais, a tonelada do cacau fica em aproximadamente US$ 6 mil na Bolsa de Valores de Nova York. Ou seja, quase metade do valor alcançado em dezembro.

Diante desse cenário de incerteza, a sugestão é reduzir, por ora, a sobremesa. Ou apostar em opções mais saudáveis, como as frutas. Fato é que sua Páscoa tende a ser bem diferente neste ano. Com possibilidade real desse quadro se repetir em 2026.

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