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Por que civilizações antigas construíam cidades subterrâneas?

Este ano, cientistas da Itália e Escócia anunciaram a descoberta de estruturas sob as pirâmides do Egito, descritas como uma possível cidade subterrânea.

Entretanto, a afirmação foi prontamente refutada por especialistas renomados, incluindo o egiptólogo Zahi Hawass, que classificou as declarações como imprecisas e desprovidas de base científica. Teorias a parte, você já parou para pensar por que civilizações antigas construíam cidades subterrâneas, afinal?

Por que civilizações como incas, egípcios, turcos e até franceses investiram tanto na construção de cidades subterrâneas? Essas estruturas enigmáticas, que atravessam gerações e culturas, continuam despertando curiosidade e levantando teorias sobre seus propósitos.

Explore os mistérios por trás dessas obras e descubra as motivações históricas que levaram povos ao longo dos séculos a criar verdadeiros labirintos sob a terra.

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Civilizações antigas que possuem em sua história a construção de cidades subterrâneas

Civilização Inca (Armazenamento e passagens)

Os incas construíram passagens subterrâneas estratégicas, como os túneis que conectavam Sacsayhuamán ao templo de Coricancha/Shutterstock_Foto de iluppai

Ao contrário da ideia de civilizações que habitavam cavernas ou túneis subterrâneos, os incas utilizavam essas construções com propósitos práticos e estratégicos.

Essas estruturas eram projetadas para atender necessidades específicas, como sistemas de drenagem eficientes, reservatórios para armazenamento de água e práticas agrícolas em terrenos desafiadores. Essa abordagem demonstrava a engenhosidade e o profundo conhecimento técnico desse povo em relação ao ambiente onde viviam.

Os incas usavam essas construções para servir como túneis e passagens subterrâneas, fundamentais para conectar locais de relevância cultural e espiritual, como Sacsayhuamán e o templo de Coricancha. Além disso, é possível que algumas dessas estruturas tenham servido a propósitos ritualísticos, refletindo a crença dos incas no mundo subterrâneo, conhecido como UkuPacha.

Egito (Câmaras para túmulos)

A entrada original da Grande Pirâmide de Quéops em Gizé vista neste close-up com blocos de calcário angulares, de onde uma passagem descendente inclina-se para a câmara subterrânea perto do Cairo, Egito.
A entrada original da Grande Pirâmide de Quéops/Shutterstock_CK-TravelPhotos

Assim como os incas, os egípcios não construíam cidades subterrâneas destinadas à habitação. No entanto, suas estruturas abaixo do solo, como as câmaras nas pirâmides, eram projetadas para funções específicas, incluindo túmulos reais e locais de culto.

A recente descoberta na Itália desafia essa visão tradicional. Afinal, estudos de radar indicam a existência de uma extensa estrutura subterrânea sob as pirâmides de Gizé, levantando hipóteses sobre uma possível rede de energia e questionando a ideia de que as câmaras abaixo das pirâmides eram exclusivamente túmulos.

Turquia (Refúgio contra invasões)

Cidade subterrânea de Derinkuyu, antiga caverna na Capadócia, Turquia, local de viagem de Goreme.
A cidade subterrânea de Derinkuyu, na Turquia, é um impressionante complexo escavado na rocha/Shutterstock_Parilov

As cidades subterrâneas da Turquia, como Derinkuyu, foram projetadas, de acordo com arqueólogos, para proteger os habitantes durante períodos de conflitos e ataques, além de oferecer abrigo contra condições climáticas severas.

Essas estruturas também desempenharam um papel crucial como refúgios para indivíduos perseguidos por motivos religiosos ou políticos, destacando sua importância histórica e estratégica.

A cidade de Derinkuyu é a maior cidade subterrânea já descoberta no mundo, estendendo-se por mais de 85 metros abaixo da superfície, com mais de 18 níveis de túneis. Embora tenha sido um ponto turístico por muitos anos, a região foi declarada Patrimônio Mundial da Unesco em 1985.

França (Cemitério subterrâneo e bunkers)

A antiga Cité souterraine de Naours no departamento de Somme, Picardia, França, 23-07-2023
Túneis da da antiga Cité souterraine de Naours no departamento de Somme/Shutterstock_Traveller70

As Catacumbas de Paris, criadas no século XVIII para resolver a superlotação dos cemitérios, são um dos exemplos mais emblemáticos do legado subterrâneo da França. Esses túneis, que armazenam ossos de milhões de pessoas, misturam história, memória e urbanismo, atraindo curiosidade e visitantes de todo o mundo.

Além disso, estruturas subterrâneas francesas, como a cidade de Naours, tiveram um papel importante ao longo da história. Naours, uma vasta rede de túneis com mais de 3 quilômetros de extensão, serviu inicialmente como refúgio para as populações locais durante conflitos e ataques.

Na Segunda Guerra Mundial, o local foi usado como abrigo e ponto estratégico. Túneis como esses e os bunkers evidenciam a capacidade da França de aproveitar o subsolo para fins logísticos e de preservação cultural.

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Cidades do futuro podem ser construídas com… lava vulcânica!

Uma arquiteta da Islândia propõe uma abordagem inédita para levantar casas de forma sustentável. Para Arnhildur Pálmadóttir, a lava vulcânica pode ter seu poder destrutivo transformado em um material de construção no futuro.

A especialista lançou um projeto de design hipotético para simular como seria a substituição de mineração ou geração de energia não renovável pela lava dos vulcões da Islândia. O trabalho “Lavaforming” é conduzido pelo escritório s.ap architects, localizado na capital Reykjavík.

A ilha nórdica marca o encontro das placas Eurasiana e Norte-Americana, tornando a região um centro de atividade vulcânica. É uma ameaça persistente, mas também uma oportunidade única de energia geotérmica, que responde por 66% das fontes do país, segundo o site IFL Science.

Obstáculo técnico seria a padronização das estruturas após o resfriamento da lava (Imagem: s.ap architects/Reprodução)

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Controlando o fluxo da lava vulcânica

Pálmadóttir explica que a lava derretida poderia ser guiada para canais e então deixada para solidificar em rocha durável, criando fundações sólidas para edifícios, talvez até cidades inteiras.

“A arquitetura está em uma mudança de paradigma, e muitos dos nossos métodos atuais foram considerados obsoletos ou prejudiciais a longo prazo. Em nossa situação atual, precisamos ser ousados, pensar de novas maneiras, olhar para os desafios e encontrar os recursos certos”, disse a arquiteta ao site.

Um dos maiores obstáculos técnicos é o controle de resfriamento da lava, que tem temperaturas variando de 700 a 1.200 °C. O fluxo pode se solidificar em formas irregulares e imprevisíveis, dependendo da rapidez com que esfria, comprometendo a uniformidade necessária para a fundação de um edifício, por exemplo.

Fluxo da lava seria controlado para construir fundações de cidades (Imagem: s.ap architects/Reprodução)

A ideia será apresentada em uma exposição visual no pavilhão nacional da Islândia na 19ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, que ocorrerá de 10 de maio a 23 de novembro. 

“Em nossa história, situada em 2150, aproveitamos o fluxo de lava, assim como fizemos com a energia a vapor 200 anos antes na Islândia. Olhamos para a história em busca de eventos que influenciaram o desenvolvimento, mas o objetivo com nossa história é mostrar que a arquitetura pode ser a força que repensa e molda um novo futuro”, diz o site do projeto.

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