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Conheça 5 cientistas brasileiros que contribuíram para a astronomia

A astronomia está entre uma das ciências mais antigas do mundo. Antes do academicismo, civilizações antigas já tentavam entender como funcionava o espaço, os planetas e seus fenômenos.

Com o avanço da ciência, e unindo áreas como a física, matemática e tecnologia, foi possível desmistificar alguns conceitos difundidos por décadas, mas notoriamente equivocados. Como, por exemplo, a teoria do geocentrismo, que acreditava que Sol, a Lua e demais astros giravam ao redor da Terra. 

No Brasil, em 1958, foi fundado o primeiro curso de graduação em astronomia. Com duração de cinco anos, a formação passou a fazer parte da grade de ensino da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além dela, hoje em dia mais duas instituições ofertam o curso, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS).

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Sendo assim, o Brasil também se tornou um polo de efervescência intelectual nesta área, trazendo descobertas e apontamentos importantes sobre a astronomia. Por isso, o Olhar Digital selecionou 5 cientistas brasileiros, homens e mulheres vanguardistas e também contemporâneos, que contribuíram para a astronomia.

5 cientistas brasileiros que contribuíram para a astronomia

1 – Lélio Gama

Nascido no Rio de Janeiro, Lélio Gama foi um astrônomo, matemático e cientista brasileiro. Chegou a ser diretor do Observatório Nacional por 16 anos, uma das maiores instituições científicas do país.

Na sua gestão, foi criado em 1957 o Observatório Magnético de Tatuoca. Localizado em uma ilha desabitada a 12 quilômetros da costa de Belém do Pará, ele faz parte da rede internacional de observatórios, a Intermagnet. O observatório estuda o campo magnético e o papel dos fenômenos geofísicos da Terra. 

O Observatório Magnético de Tatuoca é acessado apenas por viagem de barco. (imagem: Agência Gov).

Embora o observatório exista desde 1933 como uma instalação temporária, foi na gestão de Lélio Gama que começou a fazer medições contínuas que se mostraram essenciais para o entendimento do equador magnético e do eletrojato equatorial, dois fenômenos geomagnéticos importantes. Lélio Gama faleceu em julho de 1981.

2 – Mário Schenberg 

Natural de Recife, Mário Schenberg foi um conceituado físico e matemático pernambucano. Em 1942, fez sua grande contribuição para a astrofísica no Brasil, criando o Critério Schenberg-Chandrasekhar.

O limite de Schenberg-Chandrasekhar se tornou fundamental para entender a evolução de estrelas com massa 1,5 e 6 vezes a do Sol. Para estrelas mais leves ou mais pesadas, o processo de fusão e ruptura podem ser distintos.

Esse conceito é fundamental na astrofísica porque ajuda a explicar a evolução e o fim de diversas estrelas. 

Schenberg também foi um pacifista, defendendo o desarmamento nuclear global. (Imagem: Reprodução: Angelina Miranda/Olhar Digital).

O cientista brasileiro atuou ainda na política, sendo deputado estadual por duas vezes. Durante seus mandatos ficou conhecido por defender bandeiras como a do “Petróleo é Nosso”, em 1948, bem como a defesa de um fundo de amparo à pesquisa, que anos mais tarde serviu de base para a criação da Fapesp. Mário Schenberg faleceu em novembro de 1990.

3 – Rubens de Azevedo

Natural de Fortaleza, Rubens de Azevedo foi um conceituado astrônomo e escritor cearense. Especializou-se na selenografia, que é uma subdivisão da astronomia que estuda especificamente a Lua.

Entendendo a importância desse astro, criou em 1948 a Sociedade Brasileira de Selenografia em São Paulo. Também é dele a criação do Primeiro Mapa Lunar Brasileiro, que pode ser visto no Museu de Astronomia, no Rio de Janeiro.  

Outro feito importante do cientista brasileiro aconteceu durante a observação de um eclipse, ele descobriu um vale lunar que foi confirmado posteriormente por observatórios chilenos. À época, sugeriram o batismo de “Vale Azevedo” à União Astronômica Nacional.

Além disso, chegou a colaborar com a NASA, foi membro ativo por seis anos do Lunar International Observers Network. Rubens de Azevedo faleceu em janeiro de 2008. 

4 – Duília de Mello

Paulista de Jundiaí, Duília de Mello é astrônoma e professora. Ela foi responsável pela descoberta da supernova SN 1997D, que se trata de uma explosão estrelar.

Nesse processo de vida-morte-vida, a ruptura de uma estrela espalha elementos químicos no espaço que serão responsáveis futuramente pelo nascimento de novas estrelas. A descoberta foi feita em 1997, durante uma expedição no Chile. 

Formada em Astronomia pela UFRJ, Duília chegou a dar aula na Suécia. (Imagem: Reprodução: Angelina Miranda/Olhar Digital).

Reconhecida internacionalmente, Duília integrou em 2022 a Forbes 50+, ação que visa homenagear profissionais que tiveram grandes feitos após os 50 anos. Atualmente, ela é vice-reitora da Universidade Católica de Washington, nos Estados Unidos. 

5 – Vivian Miranda

Nascida no Rio de Janeiro, Vivian Miranda é uma mulher trans e renomada astrofísica carioca. Graduou-se em física pela UFRJ e fez um doutorado em cosmologia pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, além de dois pós-doutorados, um na Pensilvânia e outro no estado do Arizona.

Vivian Miranda também é membro do Instituto Brasileiro de Trans Educação, ong que reúne pessoas trans que estão dentro de instituições de ensino. (Imagem: Arquivo pessoal)

Atualmente, é a única cientista brasileira a integrar um projeto da NASA que desenvolve um satélite avaliado em R$ 13 bilhões, que está previsto para ser lançado em algum momento entre 2026 e 2027.

O Telescópio Espacial Nancy Grace Roman (anteriormente chamado de WFIRST) está sendo projetado para captar imagens próximas à lua visando a descoberta de novos planetas. A cientista também recebeu o prêmio Leona Woods Lectureship Award, que reconhece o trabalho de cientistas mulheres. 

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Ponto de encontro entre sapiens e neandertais descoberto

É um capítulo surpreendente da nossa pré-história: Homo sapiens e neandertais não apenas coexistiram, como também compartilharam muito mais do que território. Durante anos, a ciência buscou entender quando esses encontros aconteceram. Agora, uma nova pesquisa revela onde eles ocorreram com mais precisão do que nunca.

Ao mapear a distribuição geográfica dessas duas espécies no sudoeste da Ásia e sudeste da Europa, pesquisadores conseguiram localizar o provável cenário do primeiro contato entre nós e nossos parentes mais próximos, no fim do Pleistoceno.

A análise revelou um ponto de sobreposição geográfica claro entre as duas espécies humanas, as Montanhas Zagros. Essa imponente cadeia montanhosa, situada no planalto persa, se estende pelos atuais territórios do Irã, norte do Iraque e sudeste da Turquia.

Um encontro facilitado pela geografia

É o que diz recente artigo publicado plea IFLScience – as Montanhas Zagros criaram as condições perfeitas para este encontro. É que a região abriga uma variedade impressionante de ecossistemas e paisagens, com recursos naturais capazes de sustentar grandes populações humanas ao longo do tempo.

Mais que um refúgio montanhoso, Zagros serviu como corredor biológico entre continentes (Imagem: Sama.GH/Shutterstock)

Durante as mudanças climáticas do Pleistoceno, esse corredor natural ligando zonas frias do norte às regiões mais quentes do sul teria servido como uma rota de migração. Ao conectar diferentes grupos humanos em trânsito, neandertais e Homo sapiens puderam coexistir e interagir.

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Além da geografia, o registro arqueológico reforça a importância das Zagros. A área concentra inúmeros sítios pré-históricos com fósseis e artefatos atribuídos tanto a neandertais quanto a Homo sapiens, fornecendo pistas valiosas sobre seus modos de vida. Sobretudo como suas histórias se entrelaçaram.

Um passado que ainda vive em nós

Mais de 40 mil anos depois, o legado desse cruzamento entre espécies ainda está em nós. Desde 2010, quando cientistas sequenciaram o genoma completo do neandertal, ficou claro: a história da humanidade moderna é, claro, uma história de mistura.

Até 4% do nosso DNA carrega vestígios neandertais (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Estudos genéticos posteriores revelaram que entre 1% e 4% do DNA de pessoas não africanas vivas hoje tem origem neandertal. Ou seja, traços herdados desses antigos encontros continuam presentes em boa parte da população mundial, mesmo que muitos nem desconfiem disso.

Essas heranças vão muito além da curiosidade científica. Elas influenciam características físicas, como o formato do nariz, e até predisposições comportamentais e de saúde. A genética neandertal pode estar ligada a um limiar de dor mais baixo, maior sensibilidade a infecções como a COVID-19 e até uma maior tendência à depressão. O passado, ao que tudo indica, ainda nos escreve por dentro.

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Fazer cócegas em si mesmo é impossível (e a ciência explica)

Você já se perguntou por que não conseguimos fazer cócegas em nós mesmos? Por mais sensível que você seja, seu cérebro simplesmente ignora o que ele mesmo está prestes a provocar. A ciência descobriu que o motivo para isso está menos nas suas terminações nervosas e mais numa habilidade surpreendente do cérebro: a capacidade de prever o futuro.

Tudo começa com uma manobra do seu próprio cérebro. Antes mesmo de você encostar o dedo na pele, o sistema nervoso já “sabe” o que está por vir. Isso porque, ao comandar um movimento, o cérebro envia uma espécie de cópia antecipada desse comando para outras áreas responsáveis pelos sentidos.

Quando o cérebro falha em prever, até o toque próprio pode surpreender (Imagem: earthphotostock/Shutterstock)

Essa habilidade do cérebro de prever os próprios movimentos pode parecer banal, mas é uma estratégia poderosa: ela ajuda a filtrar o que não representa risco e a focar no que pode ser uma ameaça real. Afinal, não faz sentido gastar energia processando o toque da sua própria mão. Mas e quando esse sistema falha?

Quando o cérebro se engana

  • O sistema de previsão sensorial do cérebro é tão eficiente que, na maioria das vezes, a gente nem percebe que ele está funcionando;
  • Pessoas com certas condições neurológicas, como a esquizofrenia, por exemplo, podem sentir cócegas ao se tocarem. O cérebro delas tem dificuldade para distinguir ações próprias de estímulos externos;
  • Segundo neurocientistas ouvidos pelo Live Science em um artigo recente, isso acontece porque o “relógio interno” que antecipa essas sensações pode estar desregulado;
  • O cérebro não consegue prever o toque de forma precisa, e o resultado é que ele reage como se o estímulo viesse de fora. Para essas pessoas, até um movimento feito por elas mesmas pode parecer inesperado — e, portanto, gerar aquela reação típica de cócegas.

Essas descobertas abrem caminhos importantes para compreender melhor doenças mentais e distúrbios de percepção, mostrando que nossas sensações não dependem apenas do corpo, mas, principalmente, da forma como o cérebro interpreta o mundo ao nosso redor.

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Cérebro interpreta o toque e reduz a resposta aos estímulos próprios (Imagem: Master1305/Shutterstock)

Cócegas em si mesmo? Difícil!

A incapacidade de se fazer cócegas pode parecer apenas uma peculiaridade engraçada, mas revela um princípio mais profundo: sentir é, antes de tudo, um ato de interpretação. Não há neutralidade na percepção, tudo passa pelo crivo cerebral.

Esse processo, mapeado por pesquisadores com técnicas, como magnetoencefalografia, mostra que o cérebro reage com menos intensidade a estímulos que ele mesmo gerou. O toque só vira cócega quando foge do script.

No fim, o que nos faz rir não é o toque em si — é o fato de ele nos pegar de surpresa.

Mulher e criança fazendo cócegas uma na outra
Ato de “previsão” do cérebro ajuda a entender não só as cócegas (Imagem: fizkes/Shutterstock)

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Por que animais nascem com duas cabeças?

Na internet, é possível encontrar diversas histórias de animais com duas cabeças que nascem em casas, criadouros ou até mesmo na natureza.

Foi o que aconteceu recentemente em uma loja de animais de estimação chamada East Bay Vivarium, em Berkeley, Califórnia, nos Estados Unidos. No local, houve o nascimento de uma cobra com duas cabeças, filhotes maschos batizados de Zeke e Angel, que nasceram com a espinha dorsal fundida.

Em 2024, também viralizou no TikTok um vídeo curioso de um bezerro com duas cabeças, uma raridade no mundo animal. Esse fenômeno, chamado de policefalia, pode ser visto em diversas espécies. Entretanto, você sabe o que é essa condição e qual a sua causa?

Ela costuma aparecer bastante nas manchetes e virar notícia quando acontece, justamente por sua ocorrência ser bastante rara, entretanto, pouco se fala do motivo pelo qual isso acontece. Saiba mais na matéria abaixo.

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Por que animais nascem com duas cabeças?

O fenômeno de animais que nascem com duas cabeças é conhecido como policefalia. Esse termo deriva do grego poly (muitos) e kephalē (cabeça), e descreve a condição em que um organismo possui mais de uma cabeça. Quando há duas cabeças, o termo específico é bicefalia ou dicefalia.

Essa anomalia ocorre devido a falhas no desenvolvimento embrionário, especialmente durante a divisão de embriões idênticos, resultando em gêmeos siameses que compartilham partes do corpo, incluindo a cabeça.

A policefalia não é exclusiva de uma espécie e já foi observada em diversos animais, como cobras, tartarugas, bovinos, porcos, gatos, cães e peixes . No entanto, é mais comum em répteis e anfíbios. Isso se deve, em parte, ao fato de que esses animais frequentemente produzem grandes ninhadas, aumentando a probabilidade de ocorrências de mutações.

Além disso, seus ovos são incubados no ambiente externo, tornando-os mais suscetíveis a fatores ambientais como temperatura, toxinas e radiação, que podem interferir no desenvolvimento embrionário.

Animais com duas cabeças sobrevivem?

A sobrevivência de animais com duas cabeças é rara. Muitos não sobrevivem ao nascimento ou morrem pouco depois devido a complicações relacionadas à coordenação motora, alimentação e funcionamento dos órgãos internos.

Por exemplo, uma cobra com duas cabeças pode ter dificuldades para se mover, pois cada cabeça pode tentar controlar o corpo de maneira independente, resultando em movimentos descoordenados.

No entanto, há exceções; uma cobra-de-rato preta com duas cabeças viveu por 20 anos em cativeiro, demonstrando que, com cuidados adequados, a sobrevivência é possível.

A cobra com duas cabeças precisa adotar mecanismos próprios de locomoção e alimentação. (Imagem: Nick Evans)

Pode acontecer com seres humanos?

Em humanos, a condição é extremamente rara e geralmente resulta em complicações graves. Existem dois tipos principais: dicephalus parapagus, no qual os gêmeos compartilham um corpo com duas cabeças lado a lado, e craniopagus parasiticus, no qual uma cabeça subdesenvolvida está unida a uma cabeça totalmente formada.

A maioria dos casos resulta em natimortos ou morte pouco após o nascimento, embora existam relatos de sobrevivência por períodos mais longos em casos raros.

A duplicação de outras partes do corpo também pode ocorrer. Condições como diprosopus resultam na duplicação parcial ou total da face.

Já a duplicação de membros, como braços ou pernas adicionais, pode ocorrer devido a falhas na separação de gêmeos durante o desenvolvimento embrionário. Essas duplicações podem ser funcionais ou não, dependendo do grau de desenvolvimento dos tecidos e estruturas envolvidas.

Partes independentes e chances de acontecer

No caso de animais com duas cabeças, cada cabeça geralmente possui seu próprio cérebro e pode controlar partes do corpo de forma independente. Isso pode levar a conflitos, como quando cada cabeça tenta direcionar o corpo em direções opostas.

Além disso, se ambas as cabeças possuem sistemas digestivos funcionais, ambas podem precisar se alimentar separadamente para obter os nutrientes necessários.

As chances de nascimento de um animal com duas cabeças são extremamente baixas. Por exemplo, estima-se que a ocorrência de bezerros com duas cabeças seja de 1 em 400 milhões. Em cobras, a estimativa é de 1 em cada 10.000 nascimentos. Essas estatísticas destacam a raridade dessa condição na natureza.

Apesar de sua raridade, casos de policefalia continuam a fascinar cientistas e o público em geral. Eles oferecem insights valiosos sobre o desenvolvimento embrionário e as complexidades da formação dos organismos. Estudos contínuos sobre essas anomalias podem contribuir para uma melhor compreensão das causas e possíveis intervenções em casos de malformações congênitas.

(Imagem: Birdsey Cape Wildlife Center, via Instagram)

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O que é um microscópio? Entenda como funciona e para que serve esse equipamento

O microscópio é um dos instrumentos mais importantes para o avanço da ciência e da tecnologia. Desde que foi criado, esse equipamento revolucionou a maneira como o ser humano observa o mundo.

Com a visualização de estruturas invisíveis a olho nu, este aparelho abriu caminho para descobertas nas áreas da biologia, medicina, química e engenharia. Mas você já parou para pensar em como funciona um microscópio?

Entender o seu mecanismo é mais simples do que parece e, ao mesmo tempo, fascinante. O funcionamento do microscópio envolve a manipulação da luz e de lentes específicas para ampliar a imagem de pequenos objetos, revelando detalhes impressionantes.

Graças a essa tecnologia, foi possível compreender o funcionamento das células, identificar bactérias, estudar tecidos e até desenvolver medicamentos que salvam vidas.

Agora, você vai descobrir como funciona um microscópio, quais são os tipos mais comuns e para que serve cada um deles. Prepare-se para enxergar o mundo além do que seus olhos alcançam!

Caule de planta visto no microscópio. Imagem: Sinhyu / iStcok

O que é um microscópio?

O microscópio é um equipamento óptico ou eletrônico que permite ampliar a imagem de objetos muito pequenos, tornando possível a sua observação em detalhes.

Com ele, é viável visualizar desde micro-organismos, como bactérias e protozoários, até estruturas celulares complexas. O termo “microscópio” vem do grego, mikros (pequeno) e skopein (observar), e já entrega bem a ideia por trás do seu uso: observar o que é invisível a olho nu.

Pesquisadores
Imagem: Mongkolchon Akesin/Shutterstock

Como funciona um microscópio?

O funcionamento de um microscópio é baseado, principalmente, em um sistema de lentes que amplia a imagem do objeto analisado. A explicação mais simples é que o microscópio capta a luz que passa pelo objeto (ou que reflete dele) e a direciona através de um conjunto de lentes, que aumenta o tamanho da imagem projetada para o observador.

No caso do microscópio óptico, o modelo mais comum e utilizado em laboratórios escolares e científicos, a luz atravessa a amostra posicionada na lâmina e é ampliada por duas lentes principais: a objetiva e a ocular.

  • Lente objetiva: fica próxima ao objeto e realiza a primeira ampliação.
  • Lente ocular: fica próxima aos olhos do observador e amplia ainda mais a imagem.

Por exemplo, se a lente objetiva oferece um aumento de 40x e a ocular amplia 10x, o resultado final será uma ampliação de 400 vezes o tamanho original da amostra.

Já os microscópios eletrônicos funcionam de forma diferente. Ao invés de usarem luz visível, eles utilizam um feixe de elétrons, o que permite alcançar ampliações de até 2 milhões de vezes, sendo essenciais para a análise de vírus, estruturas moleculares e detalhes atômicos.

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Quais são os principais tipos de microscópio?

Existem diversos tipos de microscópio, cada um desenvolvido para uma aplicação específica. Os mais conhecidos são:

  • Microscópio óptico: ideal para análises básicas de tecidos, células e micro-organismos.
  • Microscópio eletrônico de transmissão (MET): utilizado para visualizar detalhes internos de estruturas celulares e moléculas.
  • Microscópio eletrônico de varredura (MEV): cria imagens tridimensionais de superfícies.
  • Microscópio de fluorescência: destaca componentes específicos das amostras com o uso de corantes fluorescentes.
  • Microscópio de força atômica: permite a visualização da superfície de materiais em nível atômico.
Imagem: Volha_R/Shutterstock

Para que serve um microscópio?

O microscópio é uma ferramenta fundamental na pesquisa científica e no desenvolvimento tecnológico. Ele é usado para:

  • Diagnosticar doenças através da análise de tecidos e células.
  • Investigar novos medicamentos e tratamentos.
  • Estudar organismos microscópicos.
  • Pesquisar materiais e nanotecnologia.
  • Apoiar descobertas em biologia molecular e genética.

Além do uso científico, o microscópio também é aplicado em setores como indústria, tecnologia e segurança alimentar, garantindo controle de qualidade e prevenindo riscos à saúde.

Agora que você sabe como funciona um microscópio, fica fácil entender o impacto desse equipamento em praticamente todas as áreas da ciência e da tecnologia. Ele não apenas amplia a nossa visão, mas também amplia o nosso conhecimento sobre o mundo.

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Dor de cabeça depois de chorar? Entenda por que isso acontece

Os altos e baixos fazem parte da vida. E quando estamos não estamos bem, o choro pode vir como uma descarga das emoções, resultando em uma sensação de alívio. Mas, infelizmente, essa leveza pode vir acompanhada de uma dor de cabeça bem específica que acontece depois de chorar. E a ciência explica por que isso acontece.

As lágrimas se subdividem em três categorias: basais, reflexas e emocionais. As basais servem como lubrificantes naturais para as córneas e as reflexas caem em resposta a algum componente alérgeno, como a fumaça, por exemplo. E as mais intrigantes são as emocionais, derramadas quando sentimos alguma comoção.

Em artigo publicado na Revista Brasileira de Psicoterapia, as autoras relatam algumas respostas fisiológicas químicas que acontecem no ato de chorar e por que as lágrimas emocionais podem ser tão importantes. 

Estas contém hormônios, entre as quais prolactina e serotonina, que também são secretados por outros órgãos como uma resposta ao estresse. Além disso, eliminam mais quantidade de potássio e de magnésio, elementos que agem como toxinas. Assim, lágrimas emocionais podem ter um impacto positivo na saúde física e psicológica do corpo humano, aliviando os efeitos do estresse.

Betina Lejderman e Sofia Bezerra.

Por que temos dor de cabeça depois de chorar?

A dor de cabeça depois de chorar está intimamente ligada com o estado emocional negativo da pessoa. Numa situação de estresse, por exemplo, o corpo libera um hormônio chamado cortisol. Ele ativa neurotransmissores no cérebro, os mensageiros químicos, que desencadeiam sensações físicas nada agradáveis.

O choro é uma das formas mais antigas de expressão humana, tendo surgido inclusive antes da fala. (Reprodução: Solving Healthcare/Unsplash)

Um dos neurotransmissores ativados neste caso é a acetilcolina, que desempenha papel fundamental no controle das secreções glandulares, como a saliva e o suor, bem como no sistema nervoso central e periférico. Essa substância também controla as glândulas lacrimais – que ficam posicionadas logo abaixo das sobrancelhas – produzindo as lágrimas.

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Sendo assim, o ato de chorar causa uma contração nos músculos da cabeça e pescoço. Ou seja, quanto mais longa for uma crise de choro, mais tensão corporal existirá. Além disso, há uma pressão e congestão nos seios da face, causando dores na região, produção de muco e posteriormente entupimento do nariz. 

Um estudo feito na Universidade Metropolitana de Santos corrobora essa análise, pois estudou o choro como um fator desencadeador de enxaqueca e cefaleia tensional – a dor geralmente mais comum que causa uma sensação de pressão ou aperto na cabeça.

Criança chorando muito em cadeirinha de carro
Imagem: geargodz / iStock

Entre homens e mulheres, 163 pessoas participaram do estudo que foi conduzido por meio de questionários e avaliações pessoais. Uma das exigências é que estas pessoas tivessem pelo menos uma crise de dor de cabeça por mês pelo período mínimo de um ano.

Mais da metade dos entrevistados, 55,2% da amostra, consideraram o choro como um gatilho para a dor de cabeça. Desse grupo, 62 pessoas apresentaram enxaqueca e 28 apresentaram cefaleia tensional durante o estudo.

Para melhorar a dor de cabeça depois de chorar, é indicado que se faça compressas quentes ou mesmo tome um banho morno, pois a temperatura mais elevada ajuda a distensionar a musculatura. Massagear a região da cabeça e face com movimentos circulares também deve ajudar. 

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Sua mente está virando refém da IA?

O uso crescente da inteligência artificial (IA) para tarefas rápidas, como resumir textos e redigir e-mails, levanta preocupações sobre o impacto na capacidade humana de pensar, criar e aprender. Especialistas alertam que a dependência dessas ferramentas pode enfraquecer habilidades cognitivas essenciais e reduzir a profundidade do conhecimento.

É um fato que as ferramentas de IA têm nos ajudado, e muito, com atalhos para a compreensão e produção de conteúdo. Estudantes recorrem à tecnologia para redigir trabalhos, profissionais das mais diversas áreas utilizam resumos automáticos. Porém, o uso excessivo da inteligência artificial pode limitar o desenvolvimento do pensamento crítico e da criatividade.

Além disso, especialistas apontam que o uso constante da IA para tarefas cognitivas simples pode contribuir para a perda da memória e da capacidade de concentração. Ao evitar o esforço mental, o usuário deixa de exercitar funções cerebrais importantes, o que pode comprometer a aprendizagem e a conexão mais profunda com o conhecimento.

O excesso de IA pode enfraquecer o pensamento crítico e a criatividade, segundo estudos (Imagem: Day Of Victory Studio/Shutterstock)

Benefícios do raciocínio profundo

É o que destaca o New Atlas ao alertar para os riscos do uso excessivo da inteligência artificial na simplificação de tarefas cognitivas.

  • Pensar com calma e dedicar tempo para processar informações traz benefícios que vão além do aprendizado imediato;
  • O esforço mental estimula a criatividade, melhora a capacidade de resolver problemas complexos e fortalece a memória de longo prazo;
  • Ao refletir profundamente, o cérebro cria conexões entre ideias distintas, potencializando a originalidade e o entendimento;
  • Além disso, investir tempo no raciocínio e na análise crítica favorece o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais;
  • Pessoas que dedicam atenção plena às tarefas tendem a se comunicar melhor, a ter maior empatia e a estabelecer relações mais sólidas — elementos essenciais para a convivência em sociedade.

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Preservar o pensamento exige escolhas conscientes

A inteligência artificial é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa que pode ampliar nossas capacidades, mas depende de nós decidir até que ponto permitiremos que ela assuma o controle dos processos mentais que nos definem. Usar a tecnologia como apoio, e não como muleta, é fundamental para manter vivas as habilidades que nos tornam humanos.

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Preservar o pensamento exige usar a IA como apoio, não como muleta (Imagem: metamorworks/Shutterstock)

O verdadeiro desafio está em equilibrar a eficiência com o cultivo do pensamento crítico e da criatividade. Reservar momentos para reflexão profunda, para o esforço mental genuíno, ajuda a fortalecer nossa autonomia intelectual e a enriquecer a experiência cotidiana.

Mais do que uma luta contra a tecnologia, o que está em jogo é a preservação de um hábito ancestral: o ato de pensar por si mesmo, com atenção e paciência, em um mundo cada vez mais acelerado e digital.

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Biometria: a tecnologia que transformou a nossa vida sem que percebêssemos

Por Thiago Ribeiro, diretor de Negócios da Griaule
Você chega a um prédio comercial para uma reunião ou consulta médica e recebe já na recepção a orientação para olhar para a câmera depois de entregar um documento. Uma foto é capturada e você está cadastrado no sistema. Em segundos, a catraca é liberada após o escaneamento do seu rosto.

No fim da manhã, precisa de dinheiro, mas esqueceu o cartão em casa. Vai ao banco e saca a quantia no caixa eletrônico após a leitura de impressões digitais.

Na hora do almoço, precisa renovar a carteira de identidade; vai a um posto de atendimento do governo e faz a captura da coleta biométrica.

No fim do dia, autentica sua biometria para acessar um aplicativo no próprio celular como, por exemplo, acessar seu e-título ou validar sua identidade para receber um benefício social.

A biometria continuará mudando a segurança digital. (Imagem: ImageFlow / Shutterstock.com)

Biometria: uma tecnologia em crescimento

O uso da biometria tem crescido significativamente nos últimos anos, impulsionado pela busca por maior segurança e conveniência. De um lado, essa expansão foi possível graças à inclusão de técnicas de inteligência artificial – como as redes neurais – e o processamento de dados cada vez mais eficazes, que melhoram a precisão e confiabilidade dos sistemas biométricos.

De outro, há uma popularização de smartphones com câmeras e sensores biométricos, que permitem a identificação em qualquer lugar, e que tiveram um grande avanço na qualidade dos seus hardwares e processadores de alta performance.

Um relatório realizado pela empresa de tecnologia HID mostrou a biometria como uma das principais tendências do mercado de segurança e identidade em 2025. A pesquisa – divulgada em fevereiro deste ano – entrevistou 1.800 usuários e profissionais da indústria de T.I. ao redor do mundo. Cerca de 35% afirmam usar a tecnologia biométrica atualmente, enquanto 13% planejam usá-la.

Na distribuição geográfica, a América Latina é o local onde há o maior uso de tecnologias biométricas, com 58%. Na sequência aparecem:

  • Ásia/Pacífico: 43%
  • Europa/Oriente Médio e África: 38%
  • Estados Unidos: 31%.

Entre os líderes que foram entrevistados, 72% dizem que querem implementar o reconhecimento de impressões digitais e 52% estão focados no reconhecimento facial.

Uma questão de segurança

A sensação de segurança gerada pelos sistemas biométricos faz sentido quando se olha mais atentamente para o funcionamento da tecnologia. Do ponto de vista técnico, é uma forma de identificação extremamente segura, pois autentica a pessoa pelo que ele é, com suas digitais, íris e faces.

O termo biometria vem do grego “bios” (vida) e “metron” (medida). Trata-se do estudo e aplicação de características fisiológicas e comportamentais únicas de cada indivíduo. Além das impressões digitais e do reconhecimento facial – que são atualmente as soluções mais difundidas – existem outras formas de biometria para fins de identificação e autenticação, como a leitura da íris, o reconhecimento por voz e a impressão palmar.

Consumidores confiam mais na biometria do que em senhas padrões
Biometria traz praticidade para burocracias. Imagem: PopTika/Shutterstock

Praticidade para burocracias

Assim como em diversos países do mundo, no Brasil, a biometria é aplicada na emissão de documentos oficiais, como o título de eleitor, a carteira de identidade, o passaporte e a CNH. Documentos e bases de dados de cidadãos confiáveis são fundamentais para garantir uma sociedade justa, segura e organizada.

Com a biometria, o governo pode, por exemplo:

  • evitar fraudes na concessão de benefícios sociais e gerar economia aos cofres públicos;
  • identificar falsidade ideológica em documentos oficiais evitando registros duplicados;
  • promover uma rápida identificação de pessoas em situação vulnerável e entrar em contato com seus familiares;
  • habilitar serviços digitais para a população, como o título de eleitor digital;
  • agilizar investigações policiais com o recolhimento de fragmentos em cenas de crimes;
  • evitar erros de identificação de pessoas inocentes com nomes semelhantes aos de procurados.

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Como todo avanço tecnológico, é imprescindível que a utilização da biometria venha acompanhada por rígidos padrões éticos e pactuados com toda a sociedade. A Organização das Nações Unidas, por exemplo, tem sérias diretrizes para o uso das câmeras e tecnologias de reconhecimento facial pelo setor público, com o objetivo de assegurar que essas tecnologias sejam utilizadas de forma ética.

Na esfera privada, é imprescindível que as empresas que lidam com biometria sigam rigorosamente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD 13.709/2018), que estabeleceu diretrizes e princípios que regulam a coleta, tratamento, armazenamento e compartilhamento de dados pessoais garantindo o direito à privacidade.

Mas, para além da LGPD, é importante continuar avançando na atualização de normativas e estabelecimentos de critérios claros voltados ao uso dos dados biométricos com o intuito de preservar a privacidade das pessoas ao mesmo tempo em que permite o convívio com sistemas eficientes e seguros.

Estimativas da Precedence Research apontam que o mercado global de biometria está avaliado em US$ 60,32 bilhões atualmente e deve atingir US$ 307,24 bilhões em 2034, um crescimento anual de quase 20%. É um caminho sem volta. Cabe a nós, atores no desenvolvimento dessa tecnologia, garantir que todo esse crescimento se reverta em benefício para a sociedade.

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Ditados populares: será que a ciência concorda com eles?

Desde pequenos, somos acostumados a ouvir os chamados ditados populares. “Água mole, em pedra dura, tanto bate até que fura”, ou “filho de peixe, peixinho é”. Eles servem bem como analogia e são difundidos como sábias palavras.

Só que, aposto que você nunca pensou pelo lado científico da coisa, não é? Será que esses ditados têm algum fundo científico? O UOL falou com especialistas, que tentam desmistificar cada um deles.

Ditados populares: a ciência comprova ou refuta?

A seguir, elencamos os ditados que foram “colocados à prova”:

  • “Água mole, em pedra dura, tanto bate até que fura”;
  • “Filho de peixe, peixinho é”;
  • “Onde há fumaça, há fogo”;
  • “É melhor prevenir do que remediar”;
  • “Quem ama o feio, bonito lhe parece”.

“Água mole, em pedra dura, tanto bate até que fura”

O significado deste ditado tem a ver com insistência, persistência e paciência. Segundo José Eduardo Mautone Barros, do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a ciência o explica com facilidade:

Água é um solvente universal e pode dissolver boa parte dos materiais, inclusive os minerais“, diz.

Porém, a velocidade disso depende de certos fatores, como o tempo transcorrido e a pressão que a água está exercendo. Um exemplo natural é a formação de cavernas, algo que leva milhões de anos, explica o Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos.

Segundo o professor, conforme aumentamos a pressão da água, o processo é acelerado e é possível realizar outras atividades. “Com alta velocidade, a água pode, além de dissolver, quebrar materiais ou pedras por impacto”, diz.

“Cortar com água é vantajoso porque não aumenta a temperatura do material cortado. A fibra de vidro, por exemplo, pode quebrar se for cortada por um material que esquenta”. “E ainda dá para reaproveitar a água”, detalha Barros, sobre os usos da água.

Será que esses ditados têm algum fundo científico? (Imagem: fizkes/Shutterstock)

“Filho de peixe, peixinho é”

No caso deste ditado, é uma mera comparação entre filhos e seus pais e familiares, ou seja, de suas similaridades, como explica Maria Cátira Bortolini, geneticista responsável pelo Laboratório de Evolução Humana e Molecular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).

“Acho que o ditado vem dessa observação empírica, que, hoje, sabemos que está relacionada à informação que é passada pelo DNA”, explica. “Antes de Mendel [pai da genética, que viveu no século XIX], se achava que isso era resultado de uma mistura de sangue. Daí vem a expressão ‘puxou o sangue do pai.”

Segundo a especialista, até mesmo Charles Darwin, que desenvolveu a Teoria da Evolução e, assim como Mendel, é do século XIX, sabia como são realizadas as transmissões de genes.

“Onde há fumaça, há fogo”

Outra frase similar a esta é a “eu te avisei” e simboliza que sinais de alerta costumam vir com situações de risco, mas a reportagem descreve que a ciência refuta parte do ditado.

Isso se dá, pois a fumaça citada é aquela produzida por queima ou combustão. Contudo, exitem mais definições e interpretações. “A neblina também é um tipo de fumaça, por exemplo. A diferença do fogo é que, nele, há gás da queima que, por ser mais quente, sobe”, explica o professor Barros.

Significa dizer que a fumaça proveniente do fogo é aquela em formato de coluna, que expande e sobe. Já sua parte mais extensa que pode ser vista à distância é o vapor de água.

Por sua vez, a parte escura mais próxima às chamas possui partículas, como fuligem, mas variam de acordo com o material que está sendo queimado. Logo, parte do ditado está certo: onde há fumaça, realmente há fogo. Mas a fumaça é um conceito mais abrangente do que apenas a que é emitida pelas chamas.

“É melhor prevenir do que remediar”

Esse ditado fala de eficiência e antecipação, valendo para saúde e economia (e para outras áreas da sociedade também…).

“Se a medicina prevenir o câncer em uma pessoa, evita uma doença que talvez nem consigamos remediar no futuro e que pode causar a morte. E isso vale tanto para o indivíduo como para o coletivo”, conta Juarez Cunha, pesquisador e médico do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (RS).

Podemos nos valer das vacinas, que, ao nos imunizarem, previnem doenças e nos poupam de precisar remediar os sintomas depois (e pagar caro com remédios!). Quem também ganha é o “Outro lado”, economizando com tratamentos, recursos, tempo dispendido pelos médicos e leitos.

“A vacina para o HPV [Papilomavírus Humano] dá proteção e, com o tempo, ajuda a prevenir o câncer na área genital”, exemplifica o professor.

O “lema” da medicina preventiva pode ser: “Prevenir é mais econômico”, completa.

“Quem ama o feio, bonito lhe parece”

Já o provérbio acima fala de romantismo e sua atração, também podendo ser interpretado de várias outras maneiras pela ciência. “Há uma série de hormônios que atuam no nosso sistema nervoso central e modulam os comportamentos sociais”, conta a geneticista Maria Cátira Bortolini.

Ou seja, existem substâncias no corpo humano capazes de influenciar nossas ações e como tratamos nossos semelhantes. Entre eles, os hormônios endorfina, dopamina e oxitocina.

“É a ação deles que faz que as mães e os pais tenham comportamento de cuidar dos filhotes até estes terem sua vida independente. Mesmo que esses filhotes não sejam bonitos aos olhos dos outros”, explica.

Mas existe um porém: não são só os genes que nos influenciam. “Na nossa espécie, temos o papel da cultura muito importante, então fica mais difícil ainda dizer o peso exato de cada componente. Ainda assim, é possível ver o papel da genética”, encerra.

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Algumas coisas realmente fazem sentido (Imagem: William Schendes [gerada com IA]/Olhar Digital)

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Simbologia dos ditados populares

Os ditados populares funcionam como pequenas cápsulas de sabedoria que atravessam gerações, carregando ensinamentos e valores culturais de forma concisa e memorável.

Segundo o pesquisador Hudinilson Urbano, autor do livro “Dicionário Brasileiro de Expressões Idiomáticas e Ditos Populares: Desatando Nós”, os provérbios são classificados como frases feitas, que, embora não possuam definição rigorosamente delimitada, compartilham características marcantes.

Entre essas características estão a brevidade das expressões, o uso predominante de linguagem coloquial em contraste com formas mais formais de comunicação e a apresentação de conceitos simples como verdades universais e atemporais.

Além disso, esses ditos frequentemente incorporam elementos como metáforas e rimas, abordam temas de natureza filosófica e transmitem a sabedoria popular via conselhos ou advertências.

“Os provérbios são uma ‘verdade anônima e tradicional pronta para usar’”, observa, com humor, Sírio Possenti, professor do Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Segundo ele, essas expressões populares defendem posicionamentos ideológicos sobre determinados assuntos, apresentando-os como tradicionais e inquestionáveis.

Possenti exemplifica a aplicação prática desses ditados no cotidiano: “Por exemplo, o pai que insiste que o filho deve trabalhar pode dizer a ele: ‘Deus ajuda quem cedo madruga’. O mesmo se aplica ao técnico que quer motivar seu time ou o chefe que quer incentivar os funcionários a trabalhar mais.”

Nessa perspectiva, os provérbios funcionam como recursos argumentativos que podem ser empregados por figuras de autoridade sem necessidade de justificativas adicionais.

“Eles passam a ideia de que unem a sabedoria da sociedade e das nações”, conclui o professor, destacando como essas expressões carregam um peso cultural e social que lhes confere credibilidade imediata.

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Tsunami já atingiu o Brasil. Pode acontecer de novo?

Imagine um paredão de água atravessando o Atlântico para engolir a costa brasileira. Foi esse o pesadelo encenado pela Netflix na série Inferno em La Palma. O enredo é baseado em um estudo de 2001, que sugeria que o colapso do vulcão Cumbre Vieja, na Espanha, poderia gerar um megatsunami capaz de atingir o Brasil.

A hipótese ganhou visibilidade com a ficção, mas não se sustenta diante das evidências científicas mais recentes. Ao longo das últimas duas décadas, pesquisadores coletaram novos dados sobre a geologia da região e aprimoraram os modelos de simulação de tsunamis.

Em entrevista ao Olhar Digital, a geóloga Alice Westin Teixeira, do Instituto de Geociências da USP, desmonta o mito do tsunami na costa brasileira com dados atualizados e explica por que estamos de fora do roteiro de tragédias geológicas globais.

O tsunami da Netflix não passa de ficção — e a ciência prova isso

Modelos mais avançados e dados coletados nas últimas décadas mostram que o Cumbre Vieja dificilmente entraria em colapso da forma explosiva imaginada em 2001. Em vez de uma massa gigantesca de terra deslizando de uma só vez para o mar, os deslizamentos na região ocorrem de forma gradual, com fragmentos pequenos e em velocidades bem menores.

Erupção do vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, Espanha (Imagem: NeyroM/Shutterstock)

Essas descobertas colocam o chamado “megatsunami do Atlântico” no campo da ficção. Como destaca um artigo do site The Conversation, a hipótese original foi superestimada. Nenhum dos mais de 17 eventos vulcânicos registrados nas Ilhas Canárias desde o século XV gerou ondas capazes de cruzar o oceano.

O texto foi escrito pelas especialistas Hannah Little (Universidade de Liverpool), Janine Krippner (Universidade de Waikato) e Katy Chamberlain (Universidade de Liverpool).

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Além disso, o Brasil está longe das zonas sísmicas mais perigosas do planeta. “Hoje sabemos que esse tipo de tsunami é extremamente improvável”, reforça Alice Westin. Segundo a geóloga, sem o choque entre placas tectônicas, megaterremotos e ondas gigantes simplesmente não fazem parte da nossa realidade geológica.

Por que o Brasil é um dos lugares mais seguros do mundo contra desastres naturais

Ao contrário de países como Japão, Indonésia ou Chile, o Brasil está localizado sobre uma placa tectônica estável, distante dos limites onde ocorrem os grandes choques geológicos. Isso significa que aqui não há o acúmulo de tensão necessário para provocar terremotos devastadores — e, por consequência, tsunamis de grande escala.

Terremotos Brasil,
Sem falhas tectônicas ativas, país permanece imune a grandes terremotos (Imagem: Allexxandar/Shutterstock)

Embora pequenos tremores sejam registrados ocasionalmente no Brasil, eles são fracos e raramente provocam danos. Quando há algum transtorno, o problema costuma estar na vulnerabilidade das construções. Como explica Alice Westin, os abalos sentidos por aqui são leves demais para causar estragos em estruturas bem planejadas.

A mesma lógica vale para ondas gigantes. Sem falhas geológicas ativas sob o mar próximo à costa, não há energia suficiente acumulada para empurrar colunas de água rumo ao continente. Em tempos de desinformação viral, a ciência segue sendo a âncora mais firme contra o pânico — e, felizmente, ela está do lado do Brasil nessa história.

Você pode acompanhar a entrevista na íntegra!

O tsunami que atingiu o Brasil

No dia 1º de novembro de 1755, um tsunami atingiu o litoral do Nordeste brasileiro, destruindo algumas habitações. Duas pessoas desapareceram. O maremoto teve origem em um terremoto ocorrido em Lisboa.

O tema foi abordado pela Rede Sismográfica Brasileira em um vídeo com o professor aposentado do Instituto de Geociências e ex-chefe do Observatório Sismológico da UnB, José Alberto Vivas Veloso, autor do livro Tremeu a Europa e o Brasil também.

O trabalho serviu como ponto de partida para uma pesquisa da UERJ, em parceria com cientistas portugueses, que buscou — e encontrou — evidências físicas da chegada desse tsunami. Até então, o fenômeno era conhecido apenas por meio de registros artísticos e documentos históricos, como livros, cartas e pinturas da época.

As ondas não foram muito altas, variando entre 1 e 2 metros, mas o volume de água foi significativo, alcançando até 4 quilômetros de distância da linha da costa.

As informações indicam que o terremoto de 1755 foi o maior já registrado na Europa, atingindo 8,7 graus na escala Richter. Lisboa foi devastada, assim como grande parte do sul da Espanha e do Marrocos.

Poucos registros oficiais foram preservados, mas estima-se que entre 20 mil e 30 mil pessoas tenham morrido — embora algumas fontes apontem para até 100 mil mortes. A tragédia marcou o início da era moderna nos estudos sismológicos.

Sobre o Brasil, a geóloga Alice Westin Teixeira explica: “não há possibilidade de tragédia no Brasil como essas que vemos em outros países. Vamos supor que aconteça um terremoto em Lisboa daquela magnitude. É muito improvável que isso aconteça e que chegue aqui no Brasil (um tsunami). E, mesmo que chegue, é improvável que cause um tragédia. A tragédia é praticamente impossível”.

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