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O que é a Escala de Planck e como isso se relaciona à ciência?

A física moderna é repleta de conceitos fascinantes que desafiam nossa compreensão do Universo. Um desses conceitos é a Escala de Planck, uma referência fundamental na física teórica.

Essa escala define os menores valores possíveis para grandezas físicas como comprimento, tempo e energia, estabelecendo um limite além do qual as leis da física clássica deixam de fazer sentido.

Criada a partir das constantes fundamentais da natureza, como a constante de Planck, a velocidade da luz e a constante gravitacional, a Escala de Planck marca a fronteira entre a mecânica quântica e a relatividade geral.

Mas por que essa escala é tão importante? Como ela influencia as pesquisas em cosmologia, física de partículas e teoria das cordas? Entenda o conceito da Escala de Planck, seu impacto na ciência e os desafios que ela impõe à compreensão da realidade.

O que é a Escala de Planck?

A Escala de Planck é um conjunto de valores físicos obtidos a partir de constantes fundamentais do Universo. Essas constantes incluem:

  • Constante de Planck (h): regula as interações quânticas.
  • Velocidade da luz (c): define o limite máximo para a propagação da informação.
  • Constante gravitacional (G): mede a intensidade da gravidade.

A partir dessas constantes, foram definidos parâmetros mínimos para diferentes grandezas físicas:

  • Comprimento de Planck: cerca de 1,616 x 10⁻³⁵ metros.
  • Tempo de Planck: aproximadamente 5,39 x 10⁻⁴⁴ segundos.
  • Energia de Planck: em torno de 1,22 x 10¹⁹ GeV.
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Esses valores representam limites fundamentais. Se tentarmos medir algo menor que o comprimento de Planck ou mais rápido que o tempo de Planck, as equações da física deixam de funcionar. Esse é o território onde a gravidade quântica, ainda não compreendida completamente, precisa ser considerada.

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A relação entre a Escala de Planck e a física quântica

A mecânica quântica descreve o comportamento das partículas subatômicas, enquanto a relatividade geral trata da gravidade e do cosmos em grande escala. No entanto, essas duas teorias não se encaixam bem quando tentamos aplicá-las simultaneamente. A Escala de Planck representa justamente o ponto onde essas discrepâncias se tornam evidentes.

Quando tentamos observar partículas em escalas menores que o comprimento de Planck, a influência da gravidade se torna tão intensa que distorce o espaço-tempo de maneira imprevisível. Isso sugere que uma nova teoria – chamada de gravidade quântica – é necessária para descrever esses fenômenos.

A Escala de Planck e o Big Bang

A Escala de Planck é crucial para entender os primeiros instantes do universo. Logo após o Big Bang, o Universo era incrivelmente quente e denso, com condições extremas que só podem ser descritas em termos quânticos. Esse período, conhecido como tempo de Planck, ocorreu em menos de 10⁻⁴³ segundos após o Big Bang.

Teoria do Big Bang continua sendo a mais aceita para a origem do Universo. Imagem: Quality Stock Arts – Shutterstock

Os físicos acreditam que, nesse momento, todas as forças fundamentais (gravidade, eletromagnetismo, força nuclear forte e fraca) eram unificadas. No entanto, as teorias atuais não conseguem descrever precisamente o que aconteceu nesse intervalo de tempo. A busca por uma teoria que combine a mecânica quântica com a gravidade é essencial para avançarmos na compreensão do cosmos.

A teoria das cordas e a Escala de Planck

Uma das abordagens mais promissoras para unificar a gravidade e a mecânica quântica é a teoria das cordas. Essa teoria propõe que as partículas fundamentais não são pontos, mas sim pequenas cordas vibrantes. As diferentes vibrações dessas cordas determinam as propriedades das partículas, como massa e carga.

Na teoria das cordas, a Escala de Planck define o tamanho das cordas fundamentais. Isso significa que, para testar experimentalmente essa teoria, precisaríamos de tecnologias extremamente avançadas, capazes de observar fenômenos na ordem de 10⁻³⁵ metros – algo ainda fora do alcance dos experimentos atuais.

Desafios e futuras pesquisas

A Escala de Planck é um dos maiores desafios da física teórica. Para compreendê-la melhor, os cientistas buscam:

  • Detectar evidências da gravidade quântica: experimentos como o LIGO e o Observatório de Ondas Gravitacionais tentam identificar efeitos quânticos na estrutura do espaço-tempo.
  • Explorar buracos negros: regiões do universo onde as leis da física são levadas ao extremo.
  • Desenvolver novos aceleradores de partículas: equipamentos mais potentes que o Grande Colisor de Hádrons (LHC) poderiam fornecer pistas sobre a física além do Modelo Padrão.

A Escala de Planck representa a fronteira entre o conhecido e o desconhecido na física. Ela nos mostra que existem limites para nossa capacidade de medir e entender a realidade com as teorias atuais. Com o avanço da ciência, novas descobertas podem revelar segredos fundamentais do Universo, aproximando-nos cada vez mais da teoria unificada que os físicos tanto buscam.

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5 sinais na fala que podem indicar Alzheimer

A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que se caracteriza pela deterioração da memória, do pensamento e do comportamento. Essa é a forma mais comum de demência em pessoas idosas, sendo que seu principal fator de risco é justamente a idade.

Entretanto, como diversas outras doenças, ter um diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento comece mais cedo, melhorando a qualidade de vida do indivíduo. Existem algumas alterações relacionadas à fala que são pistas que podem ajudar os médicos a ficarem atentos, e investigarem as suas causas. Ter alguma dessas alterações não são uma certeza de que a pessoa vai ter necessariamente o Alzheimer, mas são indícios que ajudam no diagnóstico.

Veja abaixo a matéria baseada no texto publicado originalmente no site The Conversation, por Sarah Curtis, candidata a doutorado em uso de linguagem em Síndrome de Down e Alzheimer na Nottingham Trent University.

Nela, estão os cinco sintomas precoces de Alzheimer que podem estar relacionados à fala, porém, vale lembrar que é sempre bom procurar um profissional da saúde especializado, já que cada caso é um caso.

Existem algumas alterações relacionadas à fala que são pistas que podem ajudar os médicos a ficarem atentos, e investigarem as suas causas. (Imagem: Ground Picture/Shutterstock)

Quantas pessoas convivem com Alzheimer no mundo e no Brasil?

A demência é um termo geral usado para descrever um conjunto de sintomas que afetam a memória, o raciocínio e outras habilidades cognitivas. O Alzheimer é o tipo mais comum de demência, responsável por cerca de 60% a 70% dos casos, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).

De acordo com a organização, dez milhões de pessoas são diagnosticadas com demência em todo mundo a cada ano – ou seja, estima-se que 600 a 700 mil novos casos de Alzheimer sejam relatados anualmente.

No Brasil, no fim de 2023, o Alzheimer afetava 1,2 milhão de pessoas, segundo dados publicados na Agência Gov.

Enquanto isso, a Alzheimer’s Society aponta que aproximadamente um milhão de pessoas no Reino Unido estão vivendo atualmente com a doença, e estudos preveem que esse número vai subir para 1,6 milhão até 2050.

Também conhecido como Mal de Alzheimer, a condição leva ao declínio da memória e das habilidades de raciocínio, sendo uma doença física que faz com que o cérebro pare de funcionar corretamente, piorando com o tempo.

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A idade ainda é o maior fator de risco para o desenvolvimento da doença, uma vez que a chance dobra a cada cinco anos depois dos 65 anos. Contudo, uma em cada 20 pessoas diagnosticadas com Alzheimer tem menos de 65 anos, sendo chamado de Alzheimer mais jovem, ou de início precoce.

Esquecer as palavras de vez em quando é considerado normal, porém, problemas persistentes e cada vez piores para lembrar, entre outros sintomas, podem ser um sinal precoce de Alzheimer. Fazer a identificação correta na fase inicial é muito importante, principalmente para pessoas com maior risco de sofrer com a doença, como os que têm Síndrome de Down, por exemplo.

A idade ainda é o maior fator de risco para o desenvolvimento da doença, uma vez que a chance dobra a cada cinco anos depois dos 65 anos. (Imagem: Shutterstock/LightField Studios)

Uma forma de fazer isso é perceber mudanças no uso da linguagem, já que novos problemas de fala são um dos primeiros sinais de declínio mental, podendo indicar o começo da doença. Veja quais são os cinco sintomas precoces de Alzheimer relacionados à fala para serem observados.

5 sintomas precoces de Alzheimer relacionados à fala

1 – Pausas, hesitações e imprecisões

A dificuldade em lembrar palavras específicas é um dos sinais mais reconhecíveis do adoecimento, podendo levar a pausas e hesitações frequentes e/ou longas. Uma pessoa com Alzheimer que demora a lembrar de uma palavra pode recorrer a uma descrição vaga, como chamá-la de “coisa” ou falar em torno da palavra esquecida. Por exemplo: uma pessoa com dificuldade para se lembrar da palavra gato pode dizer algo como “são animais de estimação… que miam e arranham… a vizinha tem um.”

2 – Falar sobre uma tarefa em vez de executá-la

Pessoas com Alzheimer podem ter dificuldade em concluir tarefas e, com isso, em vez de fazê-las, podem falar a respeito dos seus sentimentos em relação a essas atividades, além de expressar dúvidas ou mencionar habilidades do passado. Pode ser que elas digam algo como “Não tenho certeza se consigo fazer isso”, ou “Eu costumava ser bom nisso”, em vez de falar diretamente a respeito da tarefa.

3 – Usar palavras com o significado incorreto

Quem está com a doença em desenvolvimento pode tentar substituir uma palavra que não está conseguindo dizer, por algo relacionado a ela. Pensando no mesmo exemplo citado acima, em vez de “gato”, a pessoa pode usar um animal da mesma categoria, como “cachorro”.

Entretanto, nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, essas mudanças têm mais chance de estarem relacionadas a uma categoria mais ampla ou geral, como dizer “animal” em vez de “cachorro”.

4 – Dificuldade em encontrar as palavras certas

A doença também causa dificuldade para pensar em palavras, objetos ou coisas que pertencem a um grupo. Por isso, às vezes, isso é usado como um teste cognitivo para o diagnóstico.

Por exemplo, quem tem Alzheimer pode ter dificuldade para nomear coisas em uma categoria específica, como alimentos diferentes, partes distintas do corpo ou palavras que começam com a mesma letra. Isso vai ficando mais difícil conforme a doença progride, fazendo com que essas tarefas sejam cada vez mais desafiadoras.

5 – Menor variedade de palavras

Outro indicador mais sutil da Doença de Alzheimer é a tendência em usar uma linguagem mais simples, apostando em palavras comuns. Pessoas que possuem Alzheimer frequentemente repetem os mesmos verbos, substantivos e adjetivos, em vez de usarem um vocabulário mais amplo. Elas também podem usar “o”, “e” ou “mas” mais frequentemente para conectar as frases.

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Uma forma de identificar o Alzheimer precocemente é perceber mudanças no uso da linguagem, já que novos problemas de fala são um dos primeiros sinais de declínio mental, podendo indicar o começo da doença. (Imagem: Kampus/Pexels)

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Probióticos podem turbinar seu humor — e a ciência explica como!

Você já ouviu dizer que o intestino é o “segundo cérebro”? Pois é, agora a ciência foi além: um simples copo de iogurte pode ser o empurrãozinho que faltava para afastar o mau humor, o estresse e até a ansiedade. Um novo estudo revela que os probióticos não são só aliados da digestão — eles também mexem com suas emoções.

É o que destaca a revista MedicalXpress: pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Leiden testaram probióticos em jovens saudáveis por um mês e perceberam algo surpreendente. Os voluntários começaram a se sentir menos ansiosos e estressados depois de duas semanas. Nada de testes complicados — o que funcionou mesmo foi acompanhar o humor diário com perguntas simples.

Além de melhorar o astral, os probióticos também ajudaram na leitura das emoções alheias. Quem fez o experimento ficou mais afiado para reconhecer expressões faciais. E tem mais: quem é mais cauteloso, com perfil de evitar riscos, parece se beneficiar ainda mais dessas bactérias do bem.

Probióticos mostram efeito rápido no humor e abrem caminho para novas abordagens

Os efeitos positivos começaram a surgir após duas semanas de uso diário — um tempo semelhante ao dos antidepressivos, mas com uma diferença importante: os probióticos reduziram apenas os sentimentos negativos, sem interferir nos positivos.

Além da saúde mental: probióticos ajudam a fortalecer o sistema imunológico e equilibrar a microbiota intestinal (Imagem: Tatjana Baibakova/Shutterstock)

Relatos simples do dia a dia foram mais eficientes do que os tradicionais testes psicológicos para captar as mudanças de humor. Isso mostra como ferramentas diretas podem revelar transformações sutis que passariam despercebidas em métodos mais complexos.

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Apesar do potencial promissor, os pesquisadores reforçam: probióticos não devem ser usados como substitutos de antidepressivos. Eles podem, no máximo, funcionar como aliados — e sempre com orientação profissional.

Uma ajuda que também vem do prato — mas com cautela

Probióticos não estão apenas em copos de iogurte natural. Eles também podem ser encontrados em alimentos como kefir e missô. Incorporar esses itens à rotina pode ser um primeiro passo para quem busca benefícios leves no humor e na saúde digestiva.

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Kefir, chucrute e outros fermentados ganham destaque por seus efeitos positivos na saúde intestinal e mental (Imagem: Tatjana Baibakova/Shutterstock)

Ainda assim, nem todo produto com o selo “probiótico” traz os mesmos efeitos. A composição das bactérias, a quantidade ingerida e a duração do uso são fatores decisivos. Nem sempre o que está na prateleira do mercado tem a concentração ideal para influenciar o cérebro.

Por isso, os cientistas são claros: apesar de animadores, os resultados ainda não justificam o uso indiscriminado. A promessa é real, mas os probióticos devem ser vistos como um complemento — e não como substituto para tratamentos médicos tradicionais.

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O nutriente esquecido que turbina seu cérebro

Você talvez nunca tenha ouvido falar dele, mas seu cérebro certamente já sentiu falta. Essencial para a memória, o raciocínio e até o bom humor, a colina é um nutriente vital que participa de funções-chave no corpo — do desenvolvimento do feto ao combate à depressão. O problema? Estudos mostram que quase ninguém consome a quantidade ideal.

Apesar de presente em alimentos como ovos, frango e soja, o nutriente vive à sombra de outras estrelas, como o ômega 3. E isso tem um custo. Pesquisas revelam que cerca de 90% da população consome menos colina do que deveria — o que pode afetar não só a memória, mas também a saúde do fígado, dos músculos e até dos ossos, como destaca matéria da BBC.

A ciência já sabe que bebês nascem com três vezes mais colina no corpo do que suas mães. E não é coincidência: no útero, esse nutriente ajuda a formar as conexões cerebrais que vão definir o desenvolvimento cognitivo por anos. Em adultos, ele continua essencial — mas, sem uma dieta bem planejada (ou um bom suplemento), fica quase impossível atingir a dose ideal.

Nutriente pode ser a chave para turbinar a mente, proteger o fígado e afastar distúrbios neurológicos

A colina é essencial para a produção de acetilcolina, substância que atua na comunicação entre os neurônios e comanda funções como memória, aprendizado e movimentos. Por isso, é considerada um combustível para o cérebro.

A colina é essencial para o cérebro: ela ajuda na formação de neurotransmissores e na proteção dos neurônios (Imagem: Lightspring/Shutterstock)

No fígado, ela age como um agente de limpeza. Facilita o transporte de gordura para fora do órgão e previne o acúmulo que pode causar inflamação e doenças hepáticas. Além disso, é peça-chave na estrutura das células.

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Nos últimos anos, os pesquisadores passaram a investigar seu papel no equilíbrio emocional. Bons níveis do nutriente têm sido associados à estabilidade do humor e à redução do risco de transtornos como ansiedade e depressão.

Pouco falada, muito necessária – e mais fácil de obter do que parece

Apesar de subestimada, a colina é fácil de encontrar no cardápio de quem consome ovos, carne ou derivados de soja. Um único ovo fornece cerca de 150 mg do nutriente — mais de um terço da necessidade diária de um adulto. Mas quem segue dietas veganas precisa prestar atenção: sem alimentos de origem animal, atingir a meta pode ser mais difícil.

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Ricos em colina, ovos ajudam na saúde cerebral e na formação da memória (Imagem: Danijela Maksimovic/Shutterstock)

Fontes vegetais existem, como grão-de-bico, tofu, pasta de amendoim e couve-flor. Só que as quantidades são bem menores. Para garantir o aporte ideal, especialmente em fases como gestação ou lactação, a suplementação pode ser uma aliada importante — uma recomendação cada vez mais comum entre especialistas.

Com benefícios que vão do desenvolvimento cerebral à saúde do fígado e da mente, a colina está deixando de ser um nutriente esquecido. E ganhando o lugar que merece como peça-chave da nossa saúde. Talvez esteja na hora de colocá-la no prato com mais consciência.

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O homem que se isolou numa caverna e criou uma nova ciência

Em 1962, um jovem geólogo francês decidiu se isolar por dois meses no fundo de uma caverna nos Alpes. Sem relógio, sem luz do sol, sem qualquer noção do tempo. O que começou como uma missão científica virou um experimento radical — e acabou revelando algo inesperado: o corpo humano tem um relógio interno, capaz de funcionar por conta própria. Nascia ali, sem querer, a cronobiologia.

Michel Siffre viveu 63 dias a 130 metros de profundidade, em um ambiente úmido, escuro e congelante. Sem contato com o mundo externo, anotou tudo em um diário. Aos poucos, seus ciclos de sono se desregularam e o tempo perdeu o sentido. Em testes, contar até 120 levava cinco minutos. Quando o experimento terminou, ele acreditava estar em agosto — mas já era setembro.

A princípio, muitos duvidaram. Com o tempo, porém, a experiência chamou a atenção da NASA e de militares franceses, interessados em entender como o corpo reage sem referências temporais. A façanha rendeu novos estudos, mais imersões e a criação de um campo científico inteiro. A história completa foi publicada pelo site IFLScience.

Quando o tempo perde o sentido

A grande descoberta de Siffre foi que o corpo humano não depende do Sol para marcar as horas. Livre de qualquer referência externa, o organismo cria seu próprio tempo — e ele pode ser bem diferente do ciclo de 24 horas. O experimento abriu espaço para uma pergunta nova (e estranha): quanto tempo dura um dia, se ninguém disser que ele acabou?

Sem sol ou relógio, o corpo cria seu próprio tempo — e ele nem sempre dura 24 horas.

Nos anos seguintes, outros voluntários se juntaram à pesquisa. Alguns passaram a viver dias com 25 horas, seguidos por noites de 12. Outros, mais extremos, chegaram a ficar acordados por três dias seguidos — e só então desabavam. Um deles dormiu por 33 horas ininterruptas, deixando os cientistas em pânico.

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Esses desvios mostraram que o “relógio biológico” é mais flexível — e caótico — do que se pensava. A cronobiologia passou a investigar como o cérebro lida com a passagem do tempo, e o que acontece quando ele é deixado por conta própria. O isolamento em cavernas virou laboratório. O que antes era visto como maluquice virou ciência séria.

Do fundo da caverna para o mundo

Nem todo mundo ficou impressionado com os feitos de Siffre. Na época, ele foi acusado de buscar fama com experimentos arriscados e pouco convencionais. Ambientalistas temiam que suas idas ao subsolo prejudicassem ecossistemas frágeis, sensíveis à presença humana. E, para alguns cientistas, o fato de ele não ser biólogo colocava em dúvida a validade de tudo aquilo.

Homem isolado na caverna.
Sem sol ou relógio, o corpo cria seu próprio tempo — e ele nem sempre dura 24 horas (Imagem: Smit/Shutterstock)

Mas o tempo — esse mesmo que ele ajudou a desconstruir — provou que estavam errados. A cronobiologia, campo que Siffre ajudou a fundar, hoje investiga desde o jet lag até a relação entre o relógio interno e o câncer. Seu trabalho também chamou a atenção de forças armadas e agências espaciais.

Hoje, dificilmente alguém repetiria seus experimentos na mesma intensidade — e com tanto risco físico e mental. Mas o impacto continua. Seu legado é a prova de que, mesmo nas profundezas da Terra, é possível fazer descobertas que iluminam a ciência.

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Como funciona uma arma de fogo?

Uma arma de fogo é um dispositivo projetado para disparar projéteis a alta velocidade, utilizando a pressão gerada por uma reação química. Por trás do equipamento, há uma série de mecanismos que trabalham em conjunto para fazê-lo funcionar corretamente.

A principal característica dessas armas é o uso da pólvora: uma substância altamente explosiva que gera a energia necessária para impulsionar o projétil.

No entanto, as armas de fogo podem variar bastante em tipo e design, indo desde pistolas e revólveres até rifles e espingardas. Cada modelo tem uma mecânica própria, mas todos seguem um princípio básico de funcionamento.

Em sua essência, uma arma de fogo utiliza a ignição da pólvora para criar uma reação explosiva que expulsa um projétil. O conhecimento dos detalhes de seu funcionamento é fundamental para entender não apenas sua eficácia, mas também a segurança no seu uso.

Principais componentes de uma arma de fogo

Uma arma de fogo é composta por vários componentes interdependentes, e cada um desempenha um papel fundamental no disparo de um projétil.

Arma de fogo no meio de uma pradaria, mirando um alvo (Imagem: user25919452/Freepik)

Abaixo, exploraremos os principais elementos que formam essa complexa máquina.

  • Cano: o cano é o tubo metálico pelo qual o projétil é disparado. Ele é projetado para garantir que a pressão gerada pela pólvora seja canalizada de maneira eficiente, impulsionando o projétil para a frente. A precisão de uma arma de fogo está diretamente relacionada à qualidade do cano, que pode ser liso ou estriado, dependendo do tipo de arma;
  • Câmara: a câmara é a parte da arma onde o cartucho é inserido. Ela é responsável por conter o projétil e a pólvora, garantindo que a ignição ocorra de maneira controlada. A câmara também deve suportar a pressão gerada pela explosão da pólvora sem sofrer danos;
  • Percussor: o percussor é uma peça essencial no disparo de uma arma de fogo. Sua função é impactar o estojo do cartucho, acionando a espoleta que, por sua vez, inicia a ignição da pólvora;
  • Gatilho: o gatilho é o mecanismo acionado pelo atirador para disparar a arma. Quando pressionado, ele libera o percussor, dando início ao processo de ignição. Em alguns modelos, o gatilho pode ser ajustado para variar a força necessária para disparar a arma, afetando sua sensibilidade;
  • Espoleta: a espoleta é uma pequena cápsula localizada na base do cartucho. Ao ser impactada pelo percussor, ela inicia uma reação química que gera uma faísca capaz de inflamar a pólvora dentro do cartucho.

O processo de disparo de uma Arma de Fogo

Agora que conhecemos os principais componentes de uma arma de fogo, podemos entender como eles trabalham em conjunto durante o processo de disparo.

Alvo de uma arma de fogo, preso a uma árvora na floresta
Alvo de uma arma de fogo, preso a uma árvora na floresta (Reprodução: @ethanders/Unsplash)

Ao pressionar o gatilho, o percussor atinge a espoleta no cartucho, provocando a ignição da pólvora. A pólvora, ao ser queimada, gera uma enorme quantidade de gás e calor, o que cria uma pressão dentro da câmara.

Essa pressão é rapidamente transferida para o projétil, impulsionando-o para frente com grande velocidade através do cano. A velocidade do projétil pode variar dependendo do tipo de arma, do calibre do cartucho e do comprimento do cano.

Quando o projétil sai do cano, ele é direcionado para o alvo, que pode ser uma pessoa, um objeto ou um alvo específico de treinamento.

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Tipos de Armas de Fogo

Existem vários tipos de armas de fogo, cada uma com suas características e finalidades específicas. A principal diferença entre elas está no mecanismo de disparo, no calibre e no alcance.

Rifle Sniper CBC 122.2
Rifle Sniper CBC 122.2 (Imagem: ShopGun/Reprodução)

Os principais tipos incluem:

  • Pistolas e Revólveres: são armas de fogo portáteis e curtas, geralmente usadas para autodefesa ou em atividades de segurança. As pistolas usam um mecanismo de disparo semiautomático, enquanto os revólveres têm um cilindro giratório que contém vários cartuchos;
  • Rifles: são armas de longo alcance, projetadas para disparos de precisão a grandes distâncias. Rifles são usados tanto para caça quanto para operações militares;
  • Espingardas: são armas que disparam uma série de projéteis pequenos em um único disparo. Elas são comumente usadas para caça de aves e, em algumas situações, para defesa pessoal.

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É possível quebrar todos os ossos de uma só vez?

Os ossos são uma parte fundamental do corpo humano, responsáveis por exercer diversas funções importantes que vão além da sustentação e da mobilidade. Eles compõem o chamado sistema esquelético, que conta com outras partes tão essenciais quanto os ossos, como as cartilagens e os tendões.

Apesar de serem muito resistentes e capazes de sustentar um corpo pesado, além de realizarem inúmeras atividades físicas que não seriam possíveis sem o esqueleto, os ossos podem se quebrar por diversos motivos. Desde um pequeno exemplar encontrado em um dedo, até o fêmur, o maior osso que temos, pode ser fraturado dependendo do acontecimento.

Em casos de acidentes graves, uma pessoa pode ter múltiplas fraturas, que é quando diversos ossos do corpo humano são quebrados de uma só vez. Isso aconteceu com o ator Jeremy Renner, por exemplo, que quebrou 30 ossos em um acidente doméstico. Porém, existe um limite de fraturas simultâneas que nosso corpo pode aguentar? Veja tudo na matéria abaixo.

Para que servem os ossos no corpo humano?

O ser humano possui um sistema esquelético composto por ossos e cartilagens, arranjados perfeitamente para formar nosso esqueleto.

Existem diversos tipos de fraturas que nossos ossos podem sofrer. (Imagem: brgfx/Freepik)

Nosso corpo possui 206 ossos, que são responsáveis pela sustentação do organismo, proteção dos órgãos vitais, garantia da movimentação, produção de células sanguíneas e armazenamento de alguns sais minerais, como cálcio e fósforo.

Eles são formados por um tipo especial conjuntivo chamado de tecido ósseo, com uma matriz intracelular mineralizada. Apesar do que muita gente pensa, esse tecido é formado por células vivas: os osteoblastos, osteoclastos e osteócitos.

O primeiro grupo dessas células é responsável pela síntese da matriz óssea, e são relacionadas com a reparação do osso.

Já os osteoclastos atuam na reabsorção do tecido ósseo, enquanto os osteócitos estão relacionados com a manutenção da matriz e com a sua reabsorção quando estimulados pelo hormônio da paratireoide.

Os ossos ainda formam a estrutura básica do corpo, mantendo a nossa postura e forma. Os que estão localizados nos membros inferiores, como a coxa, a perna e o pé, permitem a nossa caminhada e outras atividades físicas.

Os ossos do esqueleto apendicular, como os do braço e antebraço, permitem a mobilidade do corpo.

Já os ossos do tórax servem para proteger o coração e os pulmões; as vértebras protegem a medula espinhal, e o crânio abriga o cérebro.

É possível quebrar todos os ossos de uma só vez?

Em tese, é possível, sim, quebrar todos os ossos do corpo. Mas se isso acontecesse, a vítima dessa situação não sairia com vida. Por outro lado, há casos de pessoas que tiveram inúmeras fraturas ósseas (isto é, quebraram vários ossos, mas não todos) e ainda sobreviveram para contar história, mas são casos raros.

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É extremamente improvável que um ser humano quebre todos os ossos do corpo ao mesmo tempo e ainda sobreviva. (Imagem: pvproductions/Freepik)

Primeiro, devemos considerar que temos muitos ossos: ao todo, são 206. Os casos de fraturas múltiplas, geralmente, são causadas por acidentes gravíssimos, como quedas de grandes altitudes, esmagamentos e acidentes de alta velocidade. A gravidade desses acontecimentos já faria ser difícil que um ser humano sobrevivesse a eles.

Outro ponto importante a ser considerado é a densidade dos ossos humanos, que varia com a região do corpo e com o envelhecimento.

Algumas partes são mais densas e resistentes que outras, fazendo com que seja preciso muito mais intensidade em uma região do que outra para resultar em uma fratura. A densidade do fêmur, por exemplo, é bem maior do que a das falanges dos dedos.

O politraumatismo, que são múltiplos ferimentos graves que afetam diferentes partes do corpo ao mesmo tempo, tem um limite de sobrevivência que depende de alguns fatores, como:

  • Órgãos vitais envolvidos: se houver lesão grave no crânio, coluna ou órgãos internos, a chance de sobrevivência cai drasticamente;
  • Perda de sangue: muitas fraturas levam a hemorragias internas, que podem causar choque hipovolêmico (queda perigosa da pressão arterial);
  • Complicações respiratórias: se a caixa torácica estiver gravemente comprometida, pode ser impossível respirar adequadamente;
  • Assistência médica rápida: quanto mais rápido a vítima receber atendimento, maiores as chances de sobrevivência.

Múltiplas fraturas e sobrevivência

Mesmo sendo raro, há relatos de pessoas que sobreviveram após sofrerem fraturas em diversos ossos, como esquiadores ou paraquedistas que caíram de grandes alturas e, mesmo com muitos ossos quebrados, puderam sobreviver. Isso por conta de uma combinação de sorte, fisiologia e atendimento médico rápido.

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Mesmo sendo raro, há relatos de pessoas que sobreviveram após sofrerem fraturas em diversos ossos, mas não em todos. (Imagem: Tima Miroshnichenko/Pexels)

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Também não podemos esquecer dos casos de doenças em que os ossos ficam frágeis, como a osteoporose, a osteogênese imperfeita (conhecida como doença dos ossos de vidro) e artrite reumatóide, que aumentam muito as chances da pessoa ter múltiplas fraturas.

No caso da osteogênese perfeita, por exemplo, uma simples queda ou movimento brusco pode resultar em diversos traumatismos, como braços, pernas e costelas. A quantidade exata varia dependendo da gravidade da doença e da intensidade do trauma.

Contudo, por ser um risco grande que pode levar a complicações, quem possui essas condições precisa ter um cuidado ainda maior para evitar que aconteçam fraturas em seus corpos.

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O Guinness World Records reconhece o dublê americano Evel Knievel como a pessoa que sofreu o maior número de fraturas ósseas ao longo da vida, totalizando 433 delas. (Imagem: Andrey Popov/Shutterstock)

Não existem informações precisas ou registros oficiais sobre alguém que tenha sofrido o maior número de fraturas de uma vez e tenha sobrevivido. Contudo, o Guinness World Records reconhece o dublê americano Evel Knievel como a pessoa que sofreu o maior número de fraturas ósseas ao longo da vida, totalizando 433 delas (ou seja, as fraturas não ocorreram todas de uma única vez, variou com o tempo e o número de ocorrências foi aumentando).

O caso mais grave foi quando ele tentou pular a famosa fonte do Caesars Palace, em Las Vegas, e falhou, resultando em um traumatismo craniano e ossos quebrados em quase todo o corpo.

Ainda assim, ele continuou fazendo acrobacias e quebrando mais ossos ao longo dos anos, chegando a passar por mais de 15 cirurgias para colocar placas e pinos no corpo.

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Saudade pode tratar a depressão? Entenda essa relação estabelecida pela ciência

A saudade é capaz de despertar diversas emoções, e estar associadas e muitas lembranças. Para alguns, ela faz referência à ausência e distância, nos fazendo sentir falta de pessoas, lugares, objetos e animais, por exemplo. Para outros, esse sentimento remete à nostalgia e boas lembranças, causando uma sensação que transita entre a alegria e a tristeza.

Um estudo publicado por um neurocientista brasileiro, juntamente com pesquisadores do King’s College London, do Reino Unido, mostrou uma possibilidade inédita de que esse sentimento tem um potencial de agir como um recurso para amenizar sintomas em pacientes com depressão.

Saiba mais sobre o estudo e seus resultados abaixo.

O sentimento de saudade no sentido de nostalgia pode ajudar no tratamento dos sintomas de depressão. (Imagem: PeopleImages.com – Yuri A/Shutterstock)

A saudade pode tratar depressão? Veja o que diz a ciência

De acordo com o dicionário Michaelis, a definição de saudade é: “sentimento nostálgico e melancólico associado à recordação de pessoa ou coisa ausente, distante ou extinta, ou à ausência de coisas, prazeres e emoções experimentadas e já passadas, consideradas bens positivos e desejáveis“.

Com isso em mente, é mais fácil entender a pesquisa publicada no periódico Frontiers in Psychology. O estudo é fruto de uma parceria entre os pesquisadores do King’s College de Londres, no Reino Unido, e o brasileiro Jorge Moll Neto, neurocientista e idealizador do IDOR Ciência Pioneira, uma iniciativa independente de investimento em pesquisas de ponta.

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Ver a saudade sob essa perspectiva é essencial, uma vez que a ideia de usar esse sentimento como aliado para o tratamento de sintomas da depressão pode parecer inusitada, principalmente por sua associação à carga emocional melancólica.

Entretanto, a saudade tem uma natureza ambígua, podendo também ser descrita como uma forma de sentir falta e amor por algo do passado. Acessar músicas, livros e filmes antigos, por exemplo, pode trazer à tona a nostalgia e a admiração, além de muitas vezes lembrar de tempos felizes.

O pesquisador Jorge Moll Neto explica: “A saudade pode ser analisada como um sentimento que traz senso de valorização sobre eventos e pessoas e que ajuda o paciente a se reconectar com memórias significativas para sua vida. Embora não seja descrita como puramente positiva, a saudade, quando observada nessa outra perspectiva, pode ter efeitos positivos importantes de estabilização emocional e reforço do significado da vida”.

De acordo com a psicologia, a saudade é um sentimento complexo, que pode estar ligado às emoções de pertencimento, família e senso de significado. Mesmo que tenha uma grande complexidade, esse tema é pouco explorado nesse campo, o que fez com que os pesquisadores decidissem investigá-la mais a fundo, unindo a lacuna de pesquisas com observações clínicas.

Isso motivou a investigação de uma possibilidade inédita de tratamento da depressão, uma doença que afeta mais de 11 milhões de brasileiros (segundo dados da OMS).

Usando como base os debates entre os pesquisadores e estudos anteriores que apontaram a nostalgia como uma ajuda para encontrar um sentido para a vida, os cientistas desenvolveram a hipótese de que a saudade poderia funcionar como um recurso emocional útil na psicoterapia.

palavra saudade escrita em pedras
(Imagem: Yournameonstones/Shutterstock)

Como foi a pesquisa

No estudo, a equipe de pesquisadores observou 39 indivíduos com sentimentos intensos e recorrentes de autocrítica e autoculpabilização, que são sintomas comuns em quadros de depressão, e costumam estar acompanhados por baixa autoestima e sensação de desesperança. Contudo, a pesquisa considerou participantes que não possuíam um diagnóstico clínico formal.

Os voluntários foram escolhidos a partir de uma longa lista de candidatos, que vieram de anúncios online, listas de e-mails e redes sociais. Então, os participantes foram convidados a fazer um vídeo de 10 minutos usando fotos, vídeos e músicas.

Na primeira parte da dinâmica, eles precisavam trazer sentimentos de autocrítica e tristeza, enquanto na segunda deveriam explorar a saudade com memórias afetivas e significativas do passado.

Então, os voluntários receberam a instrução de assistir ao vídeo diariamente durante uma semana, enquanto refletiam sobre seus sentimentos. Depois, os pesquisadores aplicaram formulários e fizeram acompanhamento online, com o objetivo de avaliar, através de pontuações, a frequência dos pensamentos autocríticos e a presença de possíveis sintomas depressivos.

Os especialistas então puderam perceber uma redução significativa desses pensamentos depois de uma semana do início do experimento. Com isso, o resultado mostrou que o incentivo a uma “transformação” emocional para a saudade pode trazer efeitos positivos na saúde mental.

Os pesquisadores levantaram a hipótese de que a saudade pode ser usada como um recurso emocional na psicoterapia. (Imagem: Pixel-Shot/Shutterstock)

Para os cientistas, uma vez que essa emoção era apresentada no final do vídeo, ela era capaz de ajudar a mudar o tom emocional do material, incentivando uma reflexão mais leve e menos negativa dos participantes. Assim, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a saudade pode ser usada como um recurso emocional na psicoterapia, durante suas discussões.

Segundo Moll, o estudo feito foi uma das primeiras tentativas de usar a saudade como intervenção terapêutica estruturada, e teve alta adesão e segurança, sem relatos de eventos adversos.

Além disso, os resultados reforçam a importância de estudos maiores, como ensaios clínicos randomizados com pacientes diagnosticados com depressão. “Isso mostra que a saudade pode ser mais explorada por seu potencial terapêutico, como recurso culturalmente próximo das pessoas”, conclui o neurocientista.

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O cérebro é capaz de se lembrar de um alimento que fez mal?

Sabe quando uma pessoa te faz algo que te afeta negativamente, e você não quer mais encontrá-la por aí? Sente até mesmo uma dificuldade de perdoá-la? Pois isso é mais ou menos o que acontece com nosso organismo quando comemos uma comida que nos faz passar mal.

Nosso corpo demora um pouco para perdoar alguns alimentos, e isso nos faz ter aversão e até mesmo repulsa a eles. De acordo com a a ciência, isso não é uma frescura: trata-se de uma resposta neurológica, causada por um “lugar da memória” nos cérebros responsável por causar esse tipo de reação.

Se você hoje não consegue nem olhar para um alimento que comeu anos atrás, veja abaixo na matéria a explicação científica sobre como isso acontece.

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O corpo não perdoa aquele alimento que fez seu organismo passar mal. (Imagem: Stockking/Freepik)

Como o cérebro se lembra de um alimento que fez mal?

Um time de cientistas foi responsável pela descoberta sobre o local da memória nos cérebros que é responsável pela reação de aversão a alimentos que fizeram mal. Christopher Zimmerman, coautor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Neurociência de Princeton (PNI) da Universidade de Princeton, conta: “faz algum tempo que não tenho intoxicação alimentar, mas agora sempre que falo com as pessoas em reuniões e ouço tudo sobre suas experiências de intoxicação alimentar”.

A pesquisa foi publicada em forma de artigo no site EurekAlert!, pela própria Universidade de Princeton, no qual é contato sobre como o estudo foi feito. Em um laboratório, Zimmerman e uma equipe de neurocientistas buscaram entender mais sobre o fenômeno chamado de “one-shot learning”, que é quando o cérebro registra e aprende com um único erro, criando uma memória duradoura.

Isso acontece, por exemplo, em casos de transtornos de estresse pós-traumáticos (TEPT), que gera uma reação parecida. E a mesma situação é registrada com as intoxicações alimentares. Quando a comida não desce muito bem, há um período entre a ingestão do alimento que está contaminado e o começo do mal-estar. Esse tempo foi batizado de “atraso da refeição ao mal-estar”.

Como foi feito o experimento

O estudo publicado na Nature mostra que os cientistas exploraram mecanismos cerebrais de pequenos ratos para entender como funciona a aversão aos alimentos específicos. No experimento, os animais experimentavam um suco de uva de caixinha, sendo uma substância totalmente nova para eles.

Rapidamente, os roedores aprenderam que, quando colocavam a cabeça em um local específico da gaiola, eles ganhavam mais gotas do suco doce. Após meia hora da descoberta, os ratos receberam uma injeção que causou alguns sintomas parecidos com a de uma intoxicação alimentar.

Com isso, dois dias depois, os pesquisadores ofereceram o suco de uva aos animais mais uma vez, e nenhum deles aceitou a bebida roxa, preferindo a água normal para matar a sede.

ilustração de homem sofrendo de dor no estômago
Aversão à comida que fez mal não é frescura, e sim uma resposta neurológica que acontece no cérebro. (Imagem: Redgreystock/Freepik)

Foi descoberto que a associação entre o suco e a doença acontecia na amígdala central, o mesmo canal responsável pelo aprendizado sobre o medo e outras emoções. Ela também processa informações do ambiente, incluindo fatores relacionados ao olfato e paladar, por exemplo.

De acordo com Zimmerman: “A amígdala acaba sendo um lugar realmente interessante porque é preferencialmente ativada por sabores novos em cada estágio do aprendizado. Ela fica ativa quando o rato está bebendo, quando o rato está se sentindo mal mais tarde, e também quando o rato recupera aquela memória negativa dias depois.”

Além disso, a equipe investigou como os sinais de doença do intestino chegam ao cérebro, e perceberam o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP). Ao estimular essas células 30 minutos depois da experiência do suco, foi recriada a mesma aversão à intoxicação alimentar real.

“Foi como se os ratos estivessem pensando e se lembrando da experiência anterior que os fez sentir mal mais tarde”, explicou Ilana Witten, professora de neurociência no PNI, no comunidado do site EurekAlert!.

Os pesquisadores acreditam que os sabores responsáveis pelo mal-estar podem marcar algumas células, e quando elas são especificamente reativadas pela doença, acabam conectando uma causa e efeito mesmo com o atraso de tempo. Em outras palavras, é como se as células colocassem um grande sinal de “bloqueado” nos alimentos que fizeram a o organismo passar mal.

Homem segurando uma tigela com batata frita e com cara de quem está com dor no estômago
É como se as células colocassem um grande sinal de “bloqueado” nos alimentos que fizeram a o organismo passar mal. (Imagem: @Freepik/Freepik)

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O que é a cetose e como ela afeta o corpo humano?

A cetose é um estado metabólico no qual o corpo utiliza gordura como principal fonte de energia ao em vez dos carboidratos. Esse processo ocorre quando a ingestão de carboidratos é drasticamente reduzida, forçando o organismo a buscar alternativas para manter suas funções.

A cetose é a base de dietas populares, como a dieta cetogênica, e tem sido estudada por seus possíveis benefícios à saúde, incluindo perda de peso, melhora da função cognitiva e controle dos níveis de açúcar no sangue.

Durante a cetose, o fígado converte ácidos graxos em corpos cetônicos, que servem como combustível para o cérebro e os músculos. No entanto, esse estado também pode trazer desafios, como fadiga temporária, mau hálito e desequilíbrio eletrolítico.

Compreender como a cetose afeta o organismo é essencial para aqueles que desejam adotar esse estilo alimentar de forma segura e eficaz. Mas quais são os impactos reais da cetose no corpo? Descubra a seguir!

Como a cetose ocorre no organismo?

A cetose é um processo natural do corpo humano que ocorre em situações de jejum prolongado, baixa ingestão de carboidratos ou aumento da demanda energética.

Mulher comendo (Imagem: Prostock-studio/Shutterstock)

Quando os estoques de glicogênio do fígado se esgotam, o corpo começa a quebrar gorduras em ácidos graxos e transformá-los em corpos cetônicos. Esses compostos, como o beta-hidroxibutirato e a acetoacetato, tornam-se a principal fonte de energia, substituindo a glicose.

O tempo necessário para entrar em cetose varia de pessoa para pessoa, mas geralmente ocorre entre 2 a 7 dias após a drástica redução de carboidratos na alimentação.

Sintomas iniciais podem incluir fadiga, tontura e irritabilidade, um quadro conhecido como “gripe cetogênica”, que tende a desaparecer com a adaptação do organismo.

Benefícios da cetose para o corpo humano

A cetose tem sido estudada por seus efeitos positivos no corpo — quando feita de maneira adequada, responsável e acompanhada por um nutricionista —, principalmente no metabolismo e no desempenho cognitivo. Entre os benefícios mais conhecidos, destacam-se:

  • Perda de peso: ao utilizar gordura como principal fonte de energia, o corpo acelera a queima de depósitos lipídicos, favorecendo o emagrecimento;
  • Controle dos níveis de açúcar no sangue: a cetose pode beneficiar pessoas com resistência à insulina ou diabetes tipo 2, pois reduz os picos glicêmicos;
  • Melhora da função cerebral: os corpos cetônicos fornecem uma fonte de energia mais estável para o cérebro, o que pode melhorar a clareza mental e a concentração;
  • Redução da inflamação: estudos indicam que a cetose pode reduzir marcadores inflamatórios no corpo, auxiliando em doenças crônicas;
  • Aumento da energia e saciedade: diferente dos carboidratos, que geram oscilações na glicose sanguínea, os corpos cetônicos oferecem energia sustentada, reduzindo a fome.

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Efeitos colaterais e riscos da cetose

Apesar dos benefícios, a cetose também pode apresentar desafios e efeitos colaterais, especialmente no início da adaptação.

Imagem: Shutterstock/Yulia Furman

Os mais comuns incluem:

  • Gripe cetogênica: fadiga, dor de cabeça, tontura e irritabilidade nas primeiras semanas;
  • Mau hálito: o excesso de acetona, um dos corpos cetônicos, pode causar um odor característico no hálito;
  • Desequilíbrio eletrolítico: a perda rápida de líquidos pode levar à deficiência de sódio, potássio e magnésio, resultando em cãibras e fraqueza;
  • Redução do desempenho físico: atletas podem notar queda no rendimento até que o corpo se adapte completamente à nova fonte de energia.

Além disso, pessoas com certas condições médicas, como diabetes tipo 1 ou problemas renais, devem consultar um médico antes de iniciar uma dieta cetogênica, pois a cetose pode causar complicações graves em casos específicos.

Como saber se você está em cetose?

Existem alguns sinais e métodos para identificar se o corpo entrou em cetose, incluindo:

  • Teste de urina, sangue ou hálito: kits específicos medem a concentração de corpos cetônicos no organismo;
  • Mudanças na energia e no humor: algumas pessoas sentem um aumento na clareza mental e na disposição;
  • Redução do apetite: a cetose pode causar uma menor sensação de fome devido ao efeito sacietogênico dos corpos cetônicos.

Se estiver considerando uma dieta cetogênica, procure por um profissional de saúde formado em Nutrição para auxiliá-lo e acompanhá-lo. Iniciar essa deita sem orientação adequada pode acarretar prejuízos à saúde.

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