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Fazer cócegas em si mesmo é impossível (e a ciência explica)

Você já se perguntou por que não conseguimos fazer cócegas em nós mesmos? Por mais sensível que você seja, seu cérebro simplesmente ignora o que ele mesmo está prestes a provocar. A ciência descobriu que o motivo para isso está menos nas suas terminações nervosas e mais numa habilidade surpreendente do cérebro: a capacidade de prever o futuro.

Tudo começa com uma manobra do seu próprio cérebro. Antes mesmo de você encostar o dedo na pele, o sistema nervoso já “sabe” o que está por vir. Isso porque, ao comandar um movimento, o cérebro envia uma espécie de cópia antecipada desse comando para outras áreas responsáveis pelos sentidos.

Quando o cérebro falha em prever, até o toque próprio pode surpreender (Imagem: earthphotostock/Shutterstock)

Essa habilidade do cérebro de prever os próprios movimentos pode parecer banal, mas é uma estratégia poderosa: ela ajuda a filtrar o que não representa risco e a focar no que pode ser uma ameaça real. Afinal, não faz sentido gastar energia processando o toque da sua própria mão. Mas e quando esse sistema falha?

Quando o cérebro se engana

  • O sistema de previsão sensorial do cérebro é tão eficiente que, na maioria das vezes, a gente nem percebe que ele está funcionando;
  • Pessoas com certas condições neurológicas, como a esquizofrenia, por exemplo, podem sentir cócegas ao se tocarem. O cérebro delas tem dificuldade para distinguir ações próprias de estímulos externos;
  • Segundo neurocientistas ouvidos pelo Live Science em um artigo recente, isso acontece porque o “relógio interno” que antecipa essas sensações pode estar desregulado;
  • O cérebro não consegue prever o toque de forma precisa, e o resultado é que ele reage como se o estímulo viesse de fora. Para essas pessoas, até um movimento feito por elas mesmas pode parecer inesperado — e, portanto, gerar aquela reação típica de cócegas.

Essas descobertas abrem caminhos importantes para compreender melhor doenças mentais e distúrbios de percepção, mostrando que nossas sensações não dependem apenas do corpo, mas, principalmente, da forma como o cérebro interpreta o mundo ao nosso redor.

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Cérebro interpreta o toque e reduz a resposta aos estímulos próprios (Imagem: Master1305/Shutterstock)

Cócegas em si mesmo? Difícil!

A incapacidade de se fazer cócegas pode parecer apenas uma peculiaridade engraçada, mas revela um princípio mais profundo: sentir é, antes de tudo, um ato de interpretação. Não há neutralidade na percepção, tudo passa pelo crivo cerebral.

Esse processo, mapeado por pesquisadores com técnicas, como magnetoencefalografia, mostra que o cérebro reage com menos intensidade a estímulos que ele mesmo gerou. O toque só vira cócega quando foge do script.

No fim, o que nos faz rir não é o toque em si — é o fato de ele nos pegar de surpresa.

Mulher e criança fazendo cócegas uma na outra
Ato de “previsão” do cérebro ajuda a entender não só as cócegas (Imagem: fizkes/Shutterstock)

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Você sabe por que sentimos cócegas? Veja o que diz a ciência

Por que quando sentimos cócegas temos aquela sensação misteriosa que nos faz contorcer e gargalhar, mesmo quando não há nada engraçado acontecendo? É como se nosso corpo tivesse um botão secreto de “risada automática”, ativado por toques inesperados. Seria nosso corpo nos pregando peças? Ou será que existe explicações científicas por trás dessa reação peculiar? 

As cócegas são uma sensação intrigante e complexa, com nuances que vão além da simples reação física. A ciência ainda não desvendou completamente todos os seus mistérios, mas algumas teorias se destacam.

As cócegas são uma resposta fisiológica e neurológica complexa que envolve interações entre o sistema nervoso, a pele e o cérebro. A sensação de cócegas é geralmente dividida em dois tipos: knismesis e gargalesis.

  • Knismesis: é uma sensação leve, semelhante a um formigamento, que pode ser causada por um toque suave, como o de uma pena ou um inseto caminhando sobre a pele. Esse tipo de cócega geralmente não provoca risos, mas pode causar uma sensação de desconforto ou coceira.
  • Gargalesis: é uma sensação mais intensa, que provoca risos e é causada por um toque mais firme e repetitivo, como quando alguém faz cócegas em outra pessoa. Esse tipo de cócega está mais associado ao riso e à interação social.

Por que nós sentimos cócegas?

A sensação de cócegas está relacionada à ativação de receptores sensoriais na pele, que enviam sinais ao cérebro através do sistema nervoso.

Quando a pele é tocada de forma leve ou repetitiva, os receptores sensoriais, especialmente os relacionados ao tato e à pressão, são ativados. Esses sinais são processados em áreas do cérebro como o córtex somatossensorial (que interpreta o toque) e o córtex cingulado anterior (que está associado à sensação de prazer ou desconforto).

O riso que acompanha as cócegas, especialmente no caso da gargalesis, está ligado à ativação do hipotálamo, uma região do cérebro envolvida em respostas emocionais e comportamentais. O hipotálamo está conectado ao sistema límbico, que regula emoções, e ao sistema de recompensa, o que pode explicar por que as cócegas podem ser tanto prazerosas quanto desconfortáveis.

Cócegas nos pés são causadas por um toque leve ou fricção que irrita as inúmeras terminações nervosas da região (Imagem: Oleksii Synelnykov / Shutterstock)

Acredita-se que a imprevisibilidade do toque seja um fator crucial para a sensação de cócegas. Quando tocamos a nós mesmos, o cérebro antecipa a sensação e a reação é minimizada.

Um estudo francês descobriu que a esquizofrenia pode afetar a capacidade do cérebro de diferenciar entre sensações autoproduzidas e externas, fazendo com que as pessoas com a doença sintam cócegas em si mesmas.

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Há várias teorias sobre a função evolutiva das cócegas:

  • Proteção: a sensibilidade ao toque leve (knismesis) pode ter evoluído como um mecanismo de proteção contra insetos ou parasitas que caminham sobre a pele. A sensação de cócegas alertaria o indivíduo para a presença de um potencial perigo, como um inseto venenoso ou um parasita.
  • Desenvolvimento social e vínculos: as cócegas que provocam riso (gargalesis) podem ter um papel importante no desenvolvimento social e na formação de vínculos, especialmente entre pais e filhos ou entre indivíduos de um grupo. O riso é uma forma de comunicação não verbal que fortalece os laços sociais e promove a coesão do grupo.
  • Treino de defesa: alguns pesquisadores sugerem que as cócegas podem ser uma forma de “treino” para situações de luta ou fuga. A sensibilidade a toques em áreas vulneráveis do corpo, como as axilas ou a barriga, pode ajudar a desenvolver reflexos de proteção.
Os animais sentem cócegas?

Sim, muitos animais sentem cócegas, especialmente mamíferos sociais como primatas e ratos. Estudos mostram que ratos emitem sons ultrassônicos (semelhantes ao riso humano) quando recebem cócegas, e primatas, como chimpanzés, também riem durante interações de cócegas. Isso sugere que as cócegas têm uma função social e evolutiva em várias espécies.Por que sentimos cócegas e os animais também sentem, imagem mostra mão fazendo cócegas em cachorro

Você sabia que a sensibilidade a cócegas varia de pessoa para pessoa e podem ser influenciadas por fatores psicológicos, como humor e ansiedade? A ciência ainda está estudando as cócegas, e nem tudo foi descoberto.

Para saber mais sobre o assunto, estudos como “The mystery of ticklish laughter”, “Laughing rats and the evolutionary antecedents of human joy?” e  “Why can’t you tickle yourself?” são alguns exemplos interessantes. Se você tiver acesso a bibliotecas universitárias ou plataformas como PubMed, Springer, ou JSTOR, poderá encontrar esses e outros trabalhos para leitura detalhada.

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Por que não conseguimos fazer cócegas em nós mesmos? A ciência explica!

As cócegas são uma sensação curiosa: podem ser divertidas, mas também desconfortáveis. E, por mais que tente, você nunca consegue fazer cócegas em si mesmo. O motivo? Seu cérebro já sabe o que vai acontecer e ignora a sensação antes mesmo de senti-la.

Segundo o neurocientista David Eagleman, da Universidade de Stanford, o cérebro não reage apenas ao presente, mas também prevê o futuro. Quando tentamos nos fazer cócegas, o sistema nervoso antecipa o estímulo e reduz sua resposta, tornando a sensação ineficaz.

Esse mecanismo é essencial para evitar distrações com estímulos previsíveis e permitir que o cérebro se concentre no inesperado. É por isso que, quando outra pessoa nos faz cócegas, o toque ativa áreas ligadas à surpresa e ao riso involuntário, tornando a experiência bem diferente.

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O cérebro prevê antes de sentir

Sempre que você faz um movimento, seu cérebro não apenas comanda os músculos, mas também avisa antecipadamente outras áreas responsáveis pelas sensações. Esse aviso prévio, chamado de “cópia de eferência”, evita que o corpo se surpreenda com suas próprias ações.

Cócegas podem ter evoluído como um mecanismo de defesa? Nosso cérebro reage ao toque inesperado para nos proteger (Imagem: fizkes/Shutterstock)

Se você pega um lápis, o cérebro envia sinais para a mão e, ao mesmo tempo, informa o córtex somatossensorial e o córtex visual sobre o que está prestes a acontecer. Dessa forma, o toque e a visão do lápis são percebidos como esperados, sem causar reações exageradas.

O mesmo ocorre com as cócegas: como o cérebro prevê o toque autoinduzido, ele reduz sua intensidade, tornando a sensação ineficaz. Esse mecanismo, além de curioso, é essencial para que o corpo controle melhor seus sentidos e reaja apenas a estímulos inesperados.

O cérebro foca no inesperado

O cérebro ignora estímulos previsíveis para priorizar o que pode ser relevante. Por exemplo, se você fecha a porta de um carro e escuta um som diferente do esperado, seu cérebro percebe o erro imediatamente. Essa capacidade de detectar mudanças foi destacada pelo neurocientista David Schneider, da Universidade de Nova York, em entrevista à revista especializada Live Science.

O cérebro antecipa, bloqueia e até decide quando as cócegas viram risada (Imagem: Alexander Supertramp/Shutterstock)

O mesmo acontece com sons repetitivos, como passos. O cérebro reduz a percepção dos próprios movimentos, mas se alguém caminha atrás de você, a atenção se volta para esse novo estímulo. Como explicou Schneider, isso ocorre porque mudanças inesperadas podem representar riscos à sobrevivência.

Esse fenômeno não é exclusivo dos humanos. Pesquisas com camundongos mostram que seus cérebros quase não reagem ao som de seus próprios passos. No entanto, quando um ruído idêntico vem de uma fonte externa, a resposta neural é intensa.

No fim, seja em humanos ou em animais, o cérebro funciona como um filtro, priorizando o que realmente importa – seja uma ameaça ou apenas uma surpresa.

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