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Fungo pode ser a solução para substituir plástico; entenda

Cientistas da Suíça criaram um material biodegradável a partir de um fungo comestível com altos níveis de resistência e flexibilidade. A inovação é dos Laboratórios Federais Suíços para Ciência e Tecnologia de Materiais (EMPA, na sigla em inglês).

Além de ser resistente a rasgos e possuir propriedades funcionais versáteis, ele não demanda produtos químicos — diferentemente de outros materiais baseados em celulose, lignina ou quitina, que dependem de adições para um desempenho ideal.

Os pesquisadores utilizaram o micélio do cogumelo de guelras divididas, um fungo comestível amplamente difundido que cresce em madeira morta. Micélios são estruturas fúngicas filamentosas semelhantes a raízes — suas fibras são conhecidas como hifas.

Pesquisadores utilizaram o micélio do cogumelo de guelras divididas (Imagem: Jayantibhai Movaliya/iStock)

E o que elas entregam?

  • A equipe selecionou uma cepa do fungo que produz níveis particularmente altos de duas macromoléculas específicas: o polissacarídeo de cadeia longa esquizofilano e a proteína hidrofobina, semelhante a sabão;
  • As hidrofobinas se acumulam nas interfaces entre líquidos polares e apolares, como água e óleo, enquanto o esquizofilano é uma nanofibra: com menos de um nanômetro de espessura, mas mais de mil vezes mais longa;
  • Juntas, essas duas biomoléculas conferem ao micélio vivo propriedades que o tornam adequado para uma ampla gama de aplicações. 

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Fungos ajudando o meio ambiente

Tanto os filamentos fúngicos quanto suas moléculas extracelulares são atóxicos, biocompatíveis e comestíveis. Os pesquisadores, então, testaram o material em duas possíveis aplicações: uma película semelhante a plástico e uma emulsão.

Emulsões são compostas de dois ou mais líquidos que, normalmente, não se misturam: leite, molho para salada ou maionese são considerados emulsões, assim como cosméticos, tintas e vernizes também assumem a forma de emulsões.

Equipe vai testar bateria com eletrodos formados por um “papel fúngico” vivo (Imagem: Empa/Divulgação)

O desafio do mercado é estabilizar essas misturas para que não se separem em líquidos individuais ao longo do tempo — e o micélio vivo pode ajudar nisso com suas fibras esquizofilinas e hidrofobinas.

Em um segundo experimento, os pesquisadores fabricaram o micélio em filmes finos, como plástico. O resultado foi uma excelente resistência à tração, que pode ser aprimorada pelo alinhamento direcionado das fibras fúngicas e polissacarídicas em seu interior.

O micélio é também um biodegradador: os cogumelos de guelras divididas podem decompor ativamente madeira e outros materiais vegetais. “Em vez de sacolas plásticas compostáveis, ele poderia ser usado para fazer sacolas que compostam os próprios resíduos orgânicos”, afirmou o pesquisador Gustav Nyström.

A equipe agora está testando a criação de uma bateria compacta e biodegradável cujos eletrodos consistem em um “papel fúngico” vivo. O material também apresenta uma reação reversível à umidade e pode ser usado para produzir sensores de umidade biodegradáveis futuramente.

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Cientistas descobrem um dos compostos mais amargos do mundo em cogumelo

Pesquisadores dos Institutos Leibniz, na Alemanha, isolaram três novos compostos extremamente amargos do cogumelo Amaropostia stiptica — uma espécie pouco conhecida, mas encontrada em florestas da Europa, Ásia e América do Norte.

Um desses compostos, chamado oligoporina D, mostrou-se capaz de ativar um receptor de sabor amargo humano (TAS2R46) em concentrações incrivelmente pequenas — o equivalente a um grama diluído em mais de 100 mil litros de água.

O estudo está publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry.

A descoberta pode representar uma das substâncias mais amargas conhecidas até hoje. Os testes foram realizados com células humanas em laboratório e revelaram como esses compostos interagem com os 25 tipos de receptores gustativos amargos identificados no corpo humano.

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Compostos isolados por pesquisadores podem mudar o entendimento sobre o amargor e seu papel no organismo (Imagem: Maliutina Anna/Shutterstock)

Sabor amargo não significa substância tóxica

  • Embora o amargor esteja associado a um mecanismo de defesa contra substâncias tóxicas, a relação entre sabor amargo e toxicidade nem sempre é direta.
  • Algumas toxinas perigosas não são amargas, enquanto compostos extremamente amargos, como os do cogumelo estudado, podem ser inofensivos.
  • Além disso, receptores de amargor estão presentes não apenas na boca, mas também em órgãos como intestino, coração e pulmões, levantando novas questões sobre sua função no organismo.

Descobertas do estudo podem levar a avanços importantes

Os cientistas esperam que essas descobertas, aliadas ao uso de modelos preditivos e à ampliação de bancos de dados como o BitterDB, contribuam para entender melhor os efeitos fisiológicos dos compostos amargos e suas possíveis aplicações em alimentos e saúde — como o desenvolvimento de produtos que modulam a digestão e a saciedade.

Descoberta em cogumelo comum pode transformar estudos sobre sabor, nutrição e digestão – Imagem: artifex.orlova/Shutterstock

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