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Hackers: como lidar com a cibersegurança na era da IA Generativa?

A Inteligência Artificial (IA) Generativa cresce exponencialmente, trazendo benefícios que vão da automatização de processos à geração de insights estratégicos. No entanto, essa expansão também amplia os desafios da segurança cibernética, tornando essencial a adoção de medidas preventivas.

Para se ter uma ideia, a Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP) aponta que os crimes cibernéticos aumentaram 45% no Brasil em 2024. Isso significa que uma em cada quatro pessoas são alvos de golpes. Hackers estão se adaptando e usando IA para criar ataques mais sofisticados e difíceis de identificar.

Um dos exemplos é o uso das deepfakes, técnica baseada em IA para criar imagens e áudios falsos que parecem reais. Segundo a Sumsub, plataforma de verificação de identidade, essa prática cresceu 830% no Brasil entre 2022 e 2023. Trata-se de uma tática para manipular informações, explorar a credibilidade de figuras públicas e induzir fraudes. Não à toa, as figuras de famosos e celebridades são muito utilizadas por criminosos nesta abordagem.

Os ataques de phishing também se tornaram mais sofisticados. A consultoria de cibersegurança Redbelt Security estima que mais de 3,5 milhões de brasileiros foram vítimas desses golpes em 2023. O crescimento de dispositivos conectados e da coleta constante de dados sensíveis precisam, mais do que nunca, de uma proteção digital reforçada.

Fortalecendo a segurança digital

Diante dessas ameaças, empresas e usuários precisam reforçar suas estratégias de defesa. O setor de tecnologia tem um papel fundamental na proteção de plataformas e serviços de IA Generativa, garantindo que novas soluções não se tornem ferramentas para ataques cibernéticos. Além do desenvolvimento de tecnologias mais seguras, a educação digital é essencial.

A falta de conscientização sobre práticas básicas de segurança amplia as vulnerabilidades e compromete a confiança na inovação.

Enfatizar a importância de se preocupar com a privacidade, segurança e veracidade das informações nunca é demais.

A falta de conscientização e de práticas adequadas sobre tópicos ligados à cibersegurança não só eleva vulnerabilidades digitais, como também trava o desenvolvimento da IA como uma ferramenta de inovação, que precisa ser uma aliada dos seres humanos na sociedade e no mercado.

Cibersegurança nas empresas deixou de ser opção — é necessidade estratégica (Imagem: shutterstock/Rawpixel.com)

Só com esse olhar proativo sobre a educação digital é que a população estará ciente de assuntos que parecem básicos, mas não são. Um grande exemplo disso é o conhecimento completo dos dados pessoais que estão compartilhando.

Parece “chover no molhado” dizer que não é recomendável abrir informações sensíveis em sites ou formulários suspeitos, ou que a gente precisa usar senhas fortes e diferentes para cada serviço on-line, mas definitivamente essa é uma tecla que deve ser batida constantemente.

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Podemos citar a importância de utilizar fontes confiáveis e reconhecidas no momento de se informar, como portais de notícias estabelecidos e organizações respeitáveis. Principalmente quando entramos no mérito das deepfakes, procurar evidências que corroborem um determinado assunto em mais de um canal e comparar conteúdos não é perda de tempo, mas sim uma forma de certificar que se trata de algo real. Cada vez mais, precisaremos desenvolver um “ceticismo crítico” a respeito das notícias, imagens e vídeos que vemos em aplicativos de mensagens e redes sociais.

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Deepfakes crescem no Brasil e viram arma poderosa para fraudes digitais (Imagem: metamorworks/Shutterstock)

É com esses passos mais “simples” de engenharia social que outras defesas podem ser adotadas. Medidas de proteção como anonimização e criptografia, por exemplo, são ótimas provas de como reduzir riscos e complementar as barreiras contra cibercriminosos.

Lembre-se: a evolução da IA é irreversível. Portanto, sua segurança deve acompanhar esse ritmo. Todos precisam assumir um compromisso contínuo com essa missão e abraçar uma mudança cultural que valoriza o pensamento crítico. Somente assim vamos caminhar para um futuro verdadeiramente inovador.

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Eta Carinae e pôr do Sol lunar nas Imagens Astronômicas da Semana

Toda semana, no Programa Olhar Espacial, exibimos duas imagens astronômicas que se destacaram na semana que passou. E na última semana, apresentamos duas imagens fantásticas de uma bela nebulosa e de um pôr do Sol inédito. Confiram:

Nebulosa de Eta Carinae

[ Créditos: Fernando Magalhães ]

A primeira imagem mostra um fantástico registro da Nebulosa de Eta Carinae, também chamada de NGC 3372. Trata-se de uma região de formação estelar localizada a cerca de 7.500 anos-luz de distância na direção da Constelação de Carina. É uma das nebulosas mais brilhantes e massivas da Via Láctea, que abriga Eta Carinae, um sistema estelar duplo, mais de 5 milhões de vezes mais luminoso que o Sol e extremamente instável, que já passou por eventos eruptivos gigantescos no passado.  A nebulosa é composta por nuvens de gás e poeira iluminadas pela intensa radiação estelar, criando um cenário visualmente deslumbrante e que revelam a energia e a complexidade dos processos que ocorrem naquele canto da galáxia.

Original em: https://www.apodbrazil.com/gallery/271 

Pôr do Sol Lunar

[ Créditos: Firefly Aerospace ]

Já a segunda imagem, enviada pela sonda Blue Ghost da Firefly Aerospace, retrata um pôr do sol visto da superfície da Lua.  A imagem mostra a linha do horizonte lunar, com o Sol aparentemente se pondo ao centro. Acima do Sol e ligeiramente à direita, percebe-se o brilho de Vênus e, um pouco mais acima e bem mais brilhante, está a Terra, destacando a perspectiva única e a magnitude do evento cósmico observado a partir da Lua. Além de uma visão inédita, este registro também é importante para a ciência. Os cientistas estão analisando essas imagens para determinar se o brilho visto no horizonte pode ser atribuído ao espalhamento frontal da luz solar nas partículas de poeira em suspensão próximo à superfície da Lua. 

Original em: https://x.com/Firefly_Space/status/1902073355290771708/photo/4 

APOD Brasil

As escolhas das Imagens Astronômicas desta Semana foram feitas a partir do site APOD Brasil (https://www.apodbrazil.com/), um portal mantido por astrônomos e entusiastas da fotografia, dedicado à divulgação das belezas do Cosmos. O APOD Brasil tem o objetivo de publicar uma fotografia astronômica a cada dia, divulgando o trabalho de brasileiros, e de outras nacionalidades, empenhados em revelar as maravilhas do nosso Universo. Os interessados em contribuir com o portal APOD Brasil, e também com as Imagens Astronômicas da Semana do Olhar Espacial, podem fazer isso através do formulário disponibilizado no site: https://www.apodbrazil.com/form 

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Sozinhos no Universo? Por que ainda não encontramos vida fora da Terra?

Estamos sozinhos no Universo? Essa é uma das perguntas mais antigas e intrigantes da humanidade. Desde que apontamos nossos telescópios para o céu noturno, nos perguntamos se, entre as estrelas, existiriam outros mundos habitados como o nosso. E o que antes era tema de mitos, lendas e ficções, hoje se tornou uma investigação científica séria, envolvendo astrônomos, biólogos, químicos e até mesmo filósofos. Os avanços tecnológicos das últimas décadas elevaram a nossa capacidade de buscar sinais de vida fora da Terra a um patamar sem precedentes.

Mesmo assim, até agora, não encontramos nada. Nenhuma evidência concreta de que a vida — nem mesmo na forma mais simples — possa existir ou ter existido além do nosso planeta. E então? O que pode estar nos impedindo de fazer essa descoberta? E quando teremos uma resposta definitiva para essa questão tão fundamental? Ou será que, de fato, estamos sozinhos na imensidão do Universo?

Nosso desejo profundo de encontrar companhia no Cosmos muitas vezes cria expectativas que vão além da dura realidade. Há pouco mais de 100 anos, havia cientistas que acreditavam que Vênus era coberto por pântanos e que Marte abrigava uma civilização avançada, capaz de construir canais para transportar a pouca água de sua superfície. Mais tarde, descobrimos que a realidade era bem diferente. Ainda assim, quando começamos a enviar sondas espaciais para outros mundos, alimentávamos a esperança de encontrar com facilidade indícios de vida em outras partes do Sistema Solar. Ainda não encontramos, mas aprendemos muito com essa busca.

[ “Canais de Marte”, conforme observado por Percival Lowell – Créditos: Percival Lowell ]

Percebemos que as condições essenciais para o surgimento da vida podem estar presentes nos oceanos ocultos sob a superfície gelada de algumas luas do Sistema Solar, como Europa e Ganimedes, em Júpiter, e Encélado, em Saturno. Em Titã, outra lua de Saturno, encontramos rios e oceanos de metano líquido, sustentando um ciclo hidrológico surpreendentemente semelhante ao da água na Terra. Isso nos leva a questionar se a vida poderia surgir de maneiras totalmente diferentes, com bioquímicas exóticas que não dependem necessariamente de carbono e água.

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Marte continua sendo um dos alvos mais promissores. Sabemos que não encontraremos por lá nenhum homenzinho verde para bater um papo sobre engenharia hídrica. Mas existem fortes indícios de que o Planeta Vermelho, antes de se tornar árido e estéril, já teve água líquida correndo em sua superfície e pode ter abrigado vida em um passado distante. O problema é que, por mais que essa suposta vida possa ter deixado marcas, encontrar fósseis microbianos de bilhões de anos atrás em um planeta a mais de 100 milhões de quilômetros de distância é um desafio gigantesco para a ciência.

[ Imagens que indicam a possível presença de fungos na superfície marciana – Créditos: Curiosity / NASA ]

Da mesma forma, ainda que a vida exista em abundância nos oceanos subterrâneos de alguma das luas geladas de Júpiter ou Saturno, atualmente seria impossível perfurar os quilômetros de gelo de sua crosta para ter acesso à água líquida e, quem sabe, às evidências inequívocas da existência de seres vivos extraterrestres. Já em Titã, por mais fascinante que seja a ideia de uma vida baseada no metano, as baixas temperaturas tornam as reações químicas extremamente lentas, dificultando ainda mais o surgimento de organismos vivos.

Por outro lado, avançamos bastante em nossa compreensão das origens da vida aqui na Terra. Nossa exploração espacial revelou a existência dos compostos orgânicos fundamentais para a “vida como a conhecemos” em Encélado e Ganímedes, além de asteroides e cometas. Isso mostra que os ingredientes da vida estão espalhados pelo nosso Sistema Solar e, na Terra, encontraram as condições ideais para se combinar e dar origem a seres vivos. Mas se esses blocos fundamentais estão por toda parte, será que em algum outro lugar eles também se reuniram para formar a vida?

[ Jatos de matéria expelidos do pólo sul de Encélado, onde foram detectados a presença de compostos orgânicos – Créditos: Cassini / NASA ]

Nossos cientistas e engenheiros têm trabalhado em diversas frentes para superar os desafios tecnológicos e encontrar as respostas para esta questão tão fundamental. Temos missões espaciais, como os rovers e sondas que exploram a superfície de Marte e analisam amostras do solo em busca de sinais de vida presente ou passada. Já a missão Europa Clipper, lançada no ano passado, irá investigar a lua Europa e seu oceano subterrâneo, buscando por condições favoráveis à vida. Outra sonda, a JUICE, está a caminho das luas geladas de Júpiter, também para estudar a sua habitabilidade. 

Mas não estamos olhando apenas para o nosso quintal cósmico. Para investigar mundos ainda mais distantes, telescópios espaciais, como o James Webb, analisam a composição das atmosferas de exoplanetas (planetas que orbitam outras estrelas) em busca de bioassinaturas, moléculas que indiquem a presença de vida. É como farejar a atmosfera de um planeta distante, buscando por sinais de que tem “alguém em casa”! Entretanto, observar a atmosfera de exoplanetas ainda é um trabalho complexo e não devemos esperar nenhum resultado definitivo nos próximos anos. 

[ James Webb detecta presença de dióxido de carbono em WASP-39 b, um exoplaneta gigante gasoso quente que orbita sua estrela mais perto do que Mercúrio orbita o Sol – Créditos: NASA, ESA, CSA, J. Olmsted (STScI) ]

E se houver civilizações inteligentes lá fora, tentando se comunicar conosco? O projeto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) busca por sinais artificiais de rádio que poderiam ser produzidos por civilizações extraterrestres. Só que, depois de quase 50 anos de investigações, ainda não captamos nenhum sinal inequívoco de uma civilização extraterrestre. Não conseguimos sintonizar nenhuma rádio tocando as paradas de sucesso de algum mundo alienígena! 

Todo este silêncio, toda essa falta de respostas pode nos levar a imaginar que o Universo é, realmente, um grande desperdício de espaço. Mas precisamos compreender os enormes desafios que envolvem a busca por vida fora da Terra: as imensas distâncias entre as estrelas, a complexidade das viagens espaciais e as limitações das nossas tecnologias de detecção e comunicação. Talvez tudo isso nos leve, antes de mais nada, a refletir sobre a nossa própria existência.

[ Radiotelescópios buscam por sinais de vida inteligente no Universo – Créditos: National Radio Astronomy Observatory ]

O Paradoxo de Fermi, formulado pelo físico Enrico Fermi em 1950, nos questiona: se a vida é comum no Universo, por que ainda não encontramos nenhuma evidência dela? Talvez sejamos os primeiros, talvez as civilizações inteligentes se autodestroem antes de alcançar a capacidade de viajar pelas estrelas, ou talvez elas estejam nos observando, como em um “zoológico cósmico”, sem interferir em nosso desenvolvimento.

Independente das respostas que encontraremos, nossa busca por vida fora da Terra está apenas começando. A Europa Clipper, a JUICE e a missão Dragonfly, que explorará Titã, poderão encontrar evidências de vida microbiana em nosso próprio Sistema Solar. O Telescópio James Webb e o futuro Telescópio Nancy Grace Roman nos permitirão analisar as atmosferas de exoplanetas com maior precisão, buscando por bioassinaturas. E mesmo que, nos próximos 10 ou 20 anos, ainda não tenhamos uma resposta definitiva para a pergunta que intriga a humanidade há séculos, certamente estaremos mais próximos dela do que nunca!

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Tecnologia + inteligência humana: a fusão que define o futuro dos negócios

Vivemos em um mundo onde a tecnologia avança mais rápido do que conseguimos processar. Inteligência artificial, automação, análise preditiva — todas essas inovações estão remodelando o mercado. Mas há um detalhe que não pode ser ignorado: nenhuma dessas ferramentas, por mais sofisticadas que sejam, substitui a inteligência humana. Na verdade, o verdadeiro diferencial competitivo hoje está na união entre a tecnologia e a capacidade cognitiva das pessoas.

Empresas que conseguem integrar o poder da automação com a criatividade, o pensamento crítico e a intuição humana não apenas sobrevivem, mas se tornam líderes em seus setores.

Isso acontece porque a tecnologia, sozinha, opera dentro dos limitves dos dados que possui. Ela pode processar informações, aprender padrões e executar tarefas com precisão, mas não consegue fazer julgamentos morais, tomar decisões estratégicas complexas ou criar conexões emocionais. Humanos, por outro lado, são imprevisíveis, adaptáveis e possuem a capacidade de enxergar além dos números. É exatamente nessa interseção que nasce a vantagem competitiva do futuro.

Inteligência artificial + inteligência humana

No mercado, essa simbiose entre inteligência artificial e humana já está em curso. No setor financeiro, algoritmos detectam fraudes em segundos, mas são analistas humanos que interpretam os dados e tomam as decisões críticas. No varejo, ferramentas preditivas analisam o comportamento do consumidor, mas são especialistas que criam campanhas personalizadas e constroem a experiência da marca. Na saúde, a IA auxilia diagnósticos, mas é a sensibilidade do médico que conduz o tratamento.

No mercado atual, a inteligência artificial e a inteligência humana trabalham juntas, aprimorando a análise de dados e as decisões estratégicas (Imagem: Summit Art Creations/Shutterstock)

O impacto dessa integração na produtividade e nos resultados das empresas é inegável. De acordo com um relatório da Accenture, as empresas que utilizam IA para complementar as capacidades humanas podem aumentar a produtividade em até 40%. Isso porque, quando os processos repetitivos são automatizados, sobra mais espaço para que os profissionais foquem em atividades estratégicas e de maior valor agregado.

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Entretanto, para que essa combinação seja bem-sucedida, é essencial que as empresas mudem sua cultura organizacional. Não basta simplesmente investir em tecnologia; é preciso capacitar as equipes para que saibam trabalhar em conjunto com as ferramentas disponíveis.

Um estudo do World Economic Forum prevê que até 2025, 85 milhões de empregos serão eliminados devido à automação, mas, ao mesmo tempo, 97 milhões de novas oportunidades surgirão para aqueles que conseguirem se adaptar a essa nova realidade.

Atenção, empresas!

A grande questão para as empresas, então, não é escolher entre tecnologia ou inteligência humana, mas entender como potencializar uma através da outra. Isso exige uma abordagem estratégica, que valorize tanto a eficiência da automação quanto a profundidade do raciocínio humano.

Mulher no ambiente de trabalho automatizado.
A união entre máquinas e mentes é a chave para o sucesso. Empresas que não se adaptarem estarão em desvantagem (Imagem: maroke/Shutterstock)

O futuro pertence a quem souber orquestrar essa fusão. E as empresas que ainda resistem a essa transformação correm um risco real: tornarem-se obsoletas em um mercado que exige, mais do que nunca, a união entre máquinas e mentes.

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Mulheres na tecnologia em 2025: Será que avançamos?

O setor de tecnologia sempre foi um termômetro do progresso. Em suas inovações, ressoam as transformações da sociedade. Ele molda mercados, revoluciona a economia e redefine a maneira como vivemos. No entanto, quando falamos sobre a participação das mulheres nesse universo, a pergunta se impõe: será que, de fato, avançamos?

Em 2025, a realidade é paradoxal. De um lado, iniciativas de inclusão se multiplicam e há um crescimento notável na presença feminina em STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Segundo a pesquisa Diversidade de Gênero no Setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, em 2023, a representação feminina atingiu um crescimento anual de 7,7% entre 2020 e 2023, superando em 1,5% o crescimento do mesmo índice para os homens. Essa expansão indica uma maior inserção de mulheres na base da indústria, mas é suficiente para equilibrar a disparidade histórica?

Por outro lado, os desafios persistem. O viés de gênero nas contratações e promoções continua a ser uma barreira invisível. Uma pesquisa conduzida pela empresa de recrutamento executivo Plongê revelou uma desigualdade gritante: diretoras de Tecnologia da Informação (TI) ganham, em média, 48% menos que seus colegas do sexo masculino, mesmo desempenhando funções equivalentes. O assédio e a cultura de exclusão seguem como problemas estruturais. Dados do Women in Tech Report 2024 indicam que 50% das mulheres que atuam na tecnologia consideram mudar de carreira devido a ambientes hostis.

IA e a desigualdade

A aceleração da Inteligência Artificial também levanta questões sobre a perpetuação dos vieses de gênero. Algoritmos treinados em bases de dados historicamente excludentes reproduzem desigualdades em larga escala.

O avanço da IA traz benefícios, mas também exige atenção: sem diversidade na construção dos algoritmos, corremos o risco de automatizar antigos preconceitos (Imagem: Jacob Lund/Shutterstock)

Um estudo da MIT Technology Review revelou que mulheres têm 30% menos chances de serem recomendadas para cargos de liderança por sistemas de recrutamento baseados em IA. A ironia é evidente: a tecnologia, que deveria ser um agente de mudança e inclusão, muitas vezes reforça os mesmos padrões discriminatórios do passado. O futuro está sendo programado, mas por quem?

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No entanto, existem razões para acreditar em avanços concretos. O crescimento das comunidades femininas no setor, como o Women Who Code e o PrograMaria, fortalece redes de apoio e mentorias, ampliando oportunidades para mulheres ingressarem e se desenvolverem na tecnologia.

Diversidade no mercado

Empresas que adotam políticas mais agressivas de diversidade têm mostrado impacto positivo: a implementação de metas de inclusão aumentou a retenção feminina em 35% nas empresas de tecnologia que adotaram a estratégia. Essas ações começam a transformar a cultura corporativa, promovendo ambientes mais equitativos e inovadores.

Empoderamento feminino no corporativo.
Empresas que investem em inclusão não só promovem justiça, como também impulsionam inovação (Imagem: Jono Erasmus/Shutterstock)

Além disso, a presença feminina na liderança de startups de base tecnológica está crescendo. Em 2024, um levantamento do Crunchbase indicou que empresas fundadas por mulheres receberam 17% a mais de investimentos em comparação ao ano anterior, mostrando um movimento, ainda que sutil, de reconhecimento do potencial feminino na inovação e no empreendedorismo.

Assim, a resposta à nossa pergunta inicial é ambígua. Sim, avançamos. Mas não o suficiente. Em 2025, a presença feminina na tecnologia não é mais um debate sobre potencial, mas sobre estrutura. A discussão vai além do acesso: trata-se de permanência, crescimento e liderança. Um caminho de resistência e reformulação de paradigmas. Afinal, não basta inserir mulheres na tecnologia. É preciso garantir que elas fiquem, prosperem e lidem menos com o peso da luta e mais com a liberdade da criação.

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Efeito fotoelétrico e o Nobel de Einstein

No dia 14 de março comemoramos o aniversário de um grande físico: Albert Einstein, um dos cientistas mais icônicos e populares da história. Sinônimo de genialidade, ele revolucionou nossa compreensão do Universo com a Teoria da Relatividade, mostrando que o espaço e o tempo são relativos, que a gravidade é uma curvatura do espaço-tempo e que E=mc². Entretanto, curiosamente, não foi por isso que ele recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1921. O reconhecimento veio por um trabalho menos famoso que a Relatividade e que sua língua – mas igualmente revolucionário: a explicação do Efeito Fotoelétrico. Mas afinal, o que é esse efeito? E por que ele foi tão importante para a ciência?

A famosa foto de Albert Einstein feita em 1951 – Créditos: Arthur Sasse

O Efeito Fotoelétrico, em termos simples, ocorre quando a luz incide sobre um material e “arranca” elétrons dele. Podemos ver esse efeito em ação nas células de um painel solar, que transformam a luz do Sol em eletricidade. “Quando a luz incide sobre as células solares, ela arranca elétrons e gera uma corrente elétrica. Simples, não é? Só que esse fenômeno, observado pela primeira vez em 1887 pelo físico alemão Heinrich Hertz, escondia um mistério. Por décadas, os cientistas tentaram entender como ele funcionava, mas até o final do século XIX, ninguém conseguiu explicar.

O problema é que naquela época, a luz era entendida apenas como uma onda eletromagnética, e as teorias da física clássica não conseguiam explicar o Efeito Fotoelétrico. Os cientistas esperavam que, quanto mais intensa fosse a luz (mais energia), mais elétrons seriam arrancados e com maior velocidade. Mas os experimentos mostravam o contrário! Apenas algumas cores específicas, ou seja, certas frequências do espectro, conseguiam arrancar elétrons, independentemente da intensidade da luz. E esse comportamento, a física clássica não explicava.

Representação esquemática do efeito fotoelétrico: fótons arrancando elétrons de uma chapa metálica – Créditos: Ponor / wikimedia.org

O enigma só foi resolvido em 1905, por um jovem físico de 26 anos que, longe dos grandes laboratórios e universidades, trabalhava como escriturário em um escritório de patentes na Suíça. Seu nome? Albert Einstein! Em seu artigo, Einstein propôs uma ideia revolucionária: a luz não era apenas uma onda, mas também se comportava como se fosse composta por pequenos “pacotes” de energia, chamados de quanta (ou fótons, como seriam chamados mais tarde).

Cada fóton carrega uma quantidade específica de energia, que é proporcional à sua frequência (cor). Se essa energia for suficiente, o elétron é ejetado. Mas se não for, aumentar a intensidade da luz não faz diferença alguma — uma descoberta que contrariava tudo o que se esperava da física clássica! O efeito fotoelétrico é como uma festa, onde o que faz as pessoas levantarem e dançarem não é o volume da música, e sim o ritmo em que ela toca! 

E Einstein descreveu de forma brilhante essa relação com uma equação simples e elegante:

E = hf − ɸ

Onde E representa a energia do fotoelétron, h é a constante de Planck, f é a frequência da luz e ɸ é a energia mínima necessária para arrancar um elétron do material.

Era a prova definitiva da dupla natureza da luz: às vezes, ela se comporta como uma onda; outras vezes, como uma partícula!

A descoberta de Einstein foi um marco na história da física. Ela não apenas explicou o Efeito Fotoelétrico, mas também lançou as bases da física quântica, revolucionando nossa compreensão da luz e da matéria. A ideia de que a luz pode se comportar tanto como partícula quanto como onda — a chamada dualidade onda-partícula — tornou-se um dos pilares da física moderna.

Einstein em 1904, no escritório de patentes suíco que trabalhou – Créditos: Lucien Chavan

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Além de sua importância teórica, o Efeito Fotoelétrico impulsionou avanços tecnológicos que fazem parte do nosso cotidiano. As células fotovoltaicas, que convertem a luz solar em eletricidade, são baseadas nesse fenômeno. Sensores de câmeras de celulares e telescópios espaciais, fotocélulas usadas em portas automáticas, leitores de código de barras e muitos outros dispositivos também operam sob esse princípio.

Embora Einstein seja mais lembrado por sua Teoria da Relatividade, foi sua explicação do Efeito Fotoelétrico que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Física em 1921. Essa descoberta — que em 2025 completa 120 anos — nos lembra que a ciência está em constante evolução e que até as descobertas mais inesperadas podem abrir caminho para verdadeiras revoluções científicas e tecnológicas.

Então, no aniversário de Einstein, celebremos não apenas sua genialidade, mas também o poder da ciência de desvendar os mistérios do universo e transformar nossa visão do cosmos. Graças ao Efeito Fotoelétrico, podemos enxergar a luz das estrelas como um fluxo de partículas cruzando a vastidão do espaço até alcançar a Terra, energizando sensores e revelando a beleza e a grandiosidade do universo. O legado de Albert Einstein, assim como a luz, continua a iluminar os caminhos da ciência e da humanidade.

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Dois pontos de vista do mesmo eclipse nas Imagens Astronômicas da Semana

Toda semana, no Programa Olhar Espacial, exibimos duas imagens astronômicas que se destacaram na semana que passou. E na última semana, apresentamos duas imagens que representam dois pontos de vista do mesmo eclipse. Confiram:

Eclipse lunar visto da Terra

Crédito: Nyêrdson Ferreira

A primeira imagem traz um fantástico registro do eclipse da madrugada desta sexta, 14 de março. Durante um eclipse lunar total, a Lua passa entre a Terra e o Sol e, da perspectiva da Terra, é possível ver a sombra do nosso planeta sendo projetada na Lua, como podemos ver nessa foto feita de São José de Piranhas, PB. Durante um eclipse, a Lua ganha tonalidade avermelhada porque uma pequena parte da luz vermelha do Sol é refratada na atmosfera da Terra e atinge nossa vizinha cósmica, tingindo sua superfície temporariamente.

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Eclipse solar visto da Lua

Crédito: Firefly Aerospace

Podemos ver um pouco deste fenômeno na segunda imagem desta semana. Enquanto está acontecendo um eclipse lunar total por aqui, lá  na Lua, é a Terra que bloqueia o disco solar, formando uma espécie de “Eclipse Solar Terrestre”. E foi justamente esse fenômeno que foi registrado pela primeira vez hoje pela Blueghost, da empresa Firefly, atualmente pousada no Mare Crisium. Na imagem, é possível notar o anel de luz que se forma em torno da Terra momentos antes do início da totalidade do eclipse. Esse anel é justamente a visão da luz do Sol refratada na atmosfera da Terra. É essa luz, tênue e avermelhada que pinta a Lua durante um eclipse.

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Ciclo de Saros: o código secreto dos eclipses

Na antiguidade, o mistério e a aparente imprevisibilidade dos eclipses intrigavam a humanidade. Sua natureza desconhecida levou as primeiras civilizações a desenvolverem interpretações místicas do fenômeno, associando-o a monstros cósmicos devorando a Lua ou a manifestações divinas de repreensão. Mas, se hoje podemos aguardar ansiosamente o espetáculo do eclipse lunar de 14 de março, é porque, há muito tempo, nossos ancestrais desvendaram um código secreto dos eclipses — um padrão “oculto” que lhes permitiu prever esses eventos com precisão. Esse padrão é conhecido como o Ciclo de Saros. 

Atualmente, sabemos que os eclipses ocorrem quando o Sol, a Terra e a Lua se alinham no espaço. Quando a Lua está entre a Terra e o Sol, ela oculta temporariamente o astro-rei, provocando um eclipse solar. Já quando a Terra fica entre o Sol e a Lua, sua sombra se projeta sobre a superfície lunar, criando um eclipse lunar. Mas, sem o conhecimento astronômico que temos hoje, nossos antepassados recorreram a explicações míticas e sobrenaturais para interpretar esses fenômenos.

Essa percepção começou a mudar graças à invenção da escrita pelos sumérios, mais de três mil anos antes de Cristo. Exímios observadores do céu, eles registraram a ocorrência de eclipses em tablets de argila por vários séculos, descrevendo com detalhes a data, a hora, a posição no céu e as características de cada fenômeno.

Tablets de argila da Suméria, que registra a ocorrência de eclipses – Créditos: Museu Britânico

Foi analisando esses registros que, por volta do ano 600 a.C., astrônomos babilônios identificaram, provavelmente pela primeira vez, um padrão oculto nos eclipses. Eles perceberam que eventos com características semelhantes se repetiam em intervalos regulares de 223 meses sinódicos — o tempo entre duas Luas Novas consecutivas. Esse período equivale a 6.585,32 dias, ou aproximadamente 18 anos, 11 dias e 8 horas. A descoberta permitiu aos babilônios prever eclipses, um conhecimento crucial para sua organização social e religiosa. Por lá, durante um eclipse, era comum coroar temporariamente um rei substituto, que depois era sacrificado, para que ele herdasse toda a má sorte que o fenômeno supostamente traria ao verdadeiro governante.

Esse conhecimento, uma verdadeira joia da astronomia antiga, foi transmitido a outras culturas, e os gregos souberam aproveitá-lo de maneira brilhante. O Mecanismo de Anticítera, um verdadeiro computador astronômico construído pelos gregos entre 150 e 100 anos antes de Cristo, era capaz de prever os movimentos do Sol, da Lua e dos planetas no céu com uma precisão impressionante. O mecanismo conta com um conjunto de engrenagens que reproduz o período de 223 meses sinódicos, permitindo a previsão de eclipses. 

Fragmento Mecanismo de Anticítera, um antigo computador astronômico construído pelos gregos entre 150 e 100 a.C – Fonte: wikimedia.org

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Mas o Mecanismo de Anticítera revelou que os gregos possuíam um conhecimento ainda mais refinado, permitindo-lhes decifrar o mistério do Ciclo de Saros.

Naquela época, acreditava-se que a Terra era o centro do Universo e que todos os astros do firmamento giravam ao seu redor. Na Grécia antiga, os astrônomos perceberam que o Sol percorria seu caminho viajando entre as constelações em uma linha imaginária que recebeu o nome de eclíptica, porque é sobre ela que acontecem os eclipses. O caminho da Lua no céu tem uma inclinação de cerca de 5° em relação à eclíptica. Devido a essa inclinação, os eclipses não ocorrem todos os meses, apenas quando a Lua cruza a linha da eclíptica no momento em que está aproximadamente na direção do Sol ou na direção oposta a ele. 

Isso acontece apenas duas vezes por ano, em um período chamado temporada de eclipses, no qual podem ocorrer até três eclipses, sejam eles lunares ou solares. Mas para saber quando e como esse alinhamento vai acontecer, é preciso conhecer alguns conceitos um pouco mais complexos. A chave está na dança celestial entre a Terra, a Lua e o Sol. Ao identificar com precisão os passos dessa dança, os gregos desvendaram a mecânica por trás do Ciclo de Saros. 

Em seu movimento ao redor da Terra, a Lua apresenta alguns ciclos que caracterizam seu movimento:

  • mês sinódico, é o período de 29,53 dias entre duas luas novas consecutivas, 
  • mês dracônico, de 27,21 dias, que é o tempo que ela leva para cruzar a eclíptica no mesmo ponto de sua órbita, 
  • mês sideral, de 27,32 dias, definido pelo tempo em que a Lua leva para retornar ao mesmo ponto no céu em relação às estrelas, e
  • mês anomalístico, que é o período de  27,55 dias entre duas passagens consecutivas da Lua por seu perigeu. 

O Ciclo de Saros é a combinação entre esses quatro períodos. A duração de 18 anos, 11 dias e 8 horas é um múltiplo comum entre eles, equivalentes a aproximadamente 223 meses sinódicos, 242 meses dracônicos, 241 meses siderais e 239 meses anormalísticos. A cada Ciclo de Saros, a Terra, a Lua e o Sol retornam às mesmas posições relativas no espaço, e por isso esse período é o mesmo que separa dois eclipses com as mesmas características.

O mais impressionante é que todos esses ciclos lunares estavam representados com precisão no Mecanismo de Anticítera, evidenciando que os gregos não apenas os compreendiam, mas também conseguiram reproduzi-los mecanicamente, revelando a complexidade da dança cósmica que rege os eclipses. 

Reconstrução virtual do Mecanismo de Anticítera, capaz de prever com precisão a ocorrência de eclipses – Créditos: Tony Freeth

O Ciclo de Saros permitiu as primeiras previsões precisas de eclipses na história da astronomia e, surpreendentemente, ainda é usado pelos astrônomos modernos! Claro que, com os avanços da ciência e da tecnologia, as previsões de eclipses hoje são feitas com uma precisão muito maior, levando em conta fatores como a forma da Terra, a influência gravitacional dos planetas e até mesmo os efeitos da relatividade.

Os eclipses que ocorrem em um mesmo Ciclo de Saros fazem parte da mesma “família de eclipses”, mas variações sutis nos períodos lunares fazem com que uma família de eclipses se encerre após 1200 anos, aproximadamente. Cada eclipse de uma mesma família apresenta características semelhantes, como duração e o quão profundamente a Lua adentra a sombra da Terra, por exemplo.

O eclipse lunar total de 14 de março de 2025 pertence ao Ciclo de Saros 123, o 53º membro de uma família de eclipses que ocorrem desde o ano 1087. O último membro dessa família ocorreu em 3 de março de 2007 e, antes dele, em 20 de fevereiro de 1989. Em 25 de março de 2043 haverá outro eclipse semelhante a este e assim por diante, até o ano 2367, quando o último eclipse do Saros 123 se despedirá da humanidade.

Eclipse Lunar de 3 de março de 2007 registrado em Cambridge, Inglaterra – Fonte: wikimedia.org

Os eclipses, esses encontros cósmicos entre a Terra, a Lua e o Sol, são eventos raros e fascinantes, que nos conectam com a beleza do Universo e nos ajudam a compreender a mecânica celeste dos astros. O Ciclo de Saros, uma descoberta genial dos astrônomos babilônios, nos mostra como o conhecimento ancestral e a ciência moderna se complementam, nos permitindo desvendar os segredos do Cosmos e nos maravilhar com sua grandiosa dança celestial. Não perca o eclipse de 14 de março! Para nós, brasileiros, vale lembrar que o próximo eclipse lunar total visível por aqui só acontecerá em 2029.

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Fracasso e Sucesso nas Imagens Astronômicas da Semana

Toda semana, no Programa Olhar Espacial, exibimos duas imagens astronômicas que se destacaram na semana que passou. E na última semana, apresentamos duas imagens que marcaram a semana da astronautica. Confiram:

Tombou em solo

Sonda Athena tomab ao pousar na Lua. Crédito: Intuitive Machines

A primeira imagem mostra a selfie de despedida do lander Athena IM-2 da Intuitive Machines após um pouso mal sucedido ocorrido no último dia 6 de março. Na imagem, que não deixa de ser espetacular, o módulo lunar é visto deitado de lado, mostrando que algo deu errado em sua tentativa de pousar em uma cratera do Polo Sul da Lua. Pouco depois de chegar à superfície lunar, a Athena coletou alguns dados para a NASA antes de anunciar o fim antecipado da missão nesta sexta-feira. Sem ter como “se levantar”, o módulo não terá como ajustar seus paineis solares para captar energia solar na Lua, e por isso, a missão foi encurtada.

Original em: https://www.nasa.gov/wp-content/uploads/2025/03/im-2-lander-on-moon.png 

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Pegou no ar!

Pouso do propoulsor Super Heavy na plataforma durante 8º voo de teste do megafoguete Starship, da SpaceX. Crédito: SpaceX

Já a segunda imagem traz um registro fantástico do espetacular pouso do foguete Super-Heavy da SpaceX, depois de levar a Starship até os limites do espaço no oitavo voo de teste do conjunto. Mais uma vez, a Starship teve problemas e o sistema de interrupção de voo foi acionado, mas antes disso, todos que acompanhavam o lançamento, puderam se extasiar com a precisão e a beleza do retorno do primeiro estágio, sendo agarrado no ar pelos braços mecânicos do Mechazilla, na base de lançamento em Boca Chica, no Texas. É a terceira vez que a SpaceX realiza esse feito extraordinário, que até pouco tempo atrás, muitos achavam que seria impossível.

Original em: https://x.com/SpaceX/status/1897841723851645064/photo/4

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O eclipse lunar na visão das antigas civilizações

Estamos nos aproximando do evento astronômico mais aguardado do ano: no próximo dia 14 de março, a Lua mergulhará na sombra da Terra, dando origem a um fascinante espetáculo celeste – um Eclipse Lunar Total. Para nós, uma exibição astronômica de encher os olhos e extasiar a alma. Mas, e se estivéssemos em outra época, sob o céu de uma civilização antiga? Para nossos ancestrais, esse mesmo evento poderia ser um presságio sombrio, um sinal de ira divina ou até mesmo uma batalha cósmica. Então, que tal embarcar em uma viagem no tempo para descobrir como diferentes culturas enxergavam esse enigmático “apagão” da Lua?

A humanidade iniciou sua jornada sobre este planeta sem nenhum tipo de conhecimento prévio, sem nenhum manual e nenhum “irmão mais velho” que pudesse orientar nossos primeiros passos e explicar os mistérios da Terra e do céu. Todo conhecimento que acumulamos ao longo de milhares de anos, partiu do nada e foi construído pouco a pouco, baseado em nossas observações e naquilo que conseguíamos transmitir de geração em geração. Sem o conhecimento astronômico que temos hoje, fenômenos celestes eram geralmente vistos como manifestações divinas, sinais diretos dos deuses.

Assim como o Sol e a Lua, em várias culturas, eram vistos como divindades, os eclipses lunares eram frequentemente entendidos como uma mudança de humor destes deuses. E todo mundo sabe que um deus irritado pode não ser muito agradável! Por isso, nossos antepassados temiam os eclipses, imaginando que poderiam ser o prenúncio de alguma catástrofe iminente. Para uns, o fim do mundo estava próximo. Para outros, era preciso agir rápido para salvar a Lua dos monstros que a devoravam.

Eclipse lunar total de 31 de janeiro de 2018, registrado em Chiricahua Mountains, Arizona. Crédito: Fred Espenak (MrEclipse.com)

Na antiga Mesopotâmia, os eclipses lunares eram considerados maus presságios, especialmente para o rei. Os astrônomos babilônicos, que já possuíam grande conhecimento sobre os ciclos celestes, registravam cuidadosamente os eclipses e os interpretavam como sinais de um perigo iminente. Para proteger o rei das possíveis tragédias anunciadas pelo eclipse, um ritual curioso era realizado: o ritual do rei substituto. 

Neste ritual, o rei abdicava de seu trono e se escondia por um período de até 100 dias. Durante esse tempo, um rei substituto era escolhido, geralmente um prisioneiro, um adversário político, ou algum súdito muito devoto. Embora não tivesse muito poder, o rei substituto desfrutava das mordomias da côrte, das riquezas e do prestígio real. Enquanto isso, o rei afastado era submetido a exorcismos para se livrar de toda a má sorte, ou melhor, transferir a má sorte para aquele que estava em seu lugar. Então, quando enfim acreditava que estava fora de perigo, o verdadeiro rei retomava o trono e o substituto, bem… era sacrificado. 

É… os antigos babilônios eram mesmo criativos e, talvez, um pouco drásticos, não acham?

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Na China, a explicação para os eclipses lunares era igualmente criativa. Acreditava-se que um dragão celestial devorava a Lua durante o eclipse, fazendo-a desaparecer pouco a pouco no céu noturno. Eles também acreditavam que aquilo seria sinal de má sorte para o império e, principalmente, para o imperador. Então, para espantar o monstro e trazer a Lua de volta, as pessoas batiam tambores, faziam barulho e lançavam flechas em direção ao céu – uma demonstração de coragem e união contra a ameaça cósmica. Um ritual bem mais saudável que o dos babilônios… desde que ninguém fosse atingido por uma flecha perdida!

Arqueiro chinês atirando flechas no dragão que estaria causando um eclipse – Autor desconhecido, fonte: “The New Year Painting of Zhang Xian”

Os maias, que habitaram a América Central, eram conhecidos por seus avançados conhecimentos astronômicos, mas também temiam os eclipses lunares. Para eles, um jaguar celestial atacava ferozmente a Lua, ferindo-a e tingindo-a de sangue. Mulheres grávidas eram protegidas durante o eclipse, pois acreditava-se que o evento poderia causar malformações nos bebês. Apesar do medo, os maias desenvolveram um calendário lunar tão preciso que lhes permitia prever a ocorrência de eclipses – e, para alguns, até mesmo o fim do mundo!

Já os incas não tinham a capacidade de prever eclipses, mas também acreditavam que a Lua estava sendo atacada por um jaguar cósmico. A Lua, chamada de Mama Quilla, era uma deusa protetora, venerada pelas mulheres, e esposa do Sol. E para salvar a Mama Quilla daquele ataque voraz, os incas recorriam a uma técnica, um tanto rudimentar: eles atiçavam os cachorros, batiam tambores e faziam uma imensa algazarra pelas ruas, na tentativa de espantar o felino cósmico, antes que ele resolvesse descer até a Terra para comer todo mundo.

Povo inca tentando espantar o “jaguar que devora a Lua” durante um eclipse lunar. Créditos: Leonard de Selva

Os vikings, povo nórdico famoso por suas lendas e mitos, acreditavam que os eclipses lunares eram causados pelos lobos Sköll e Hati, que perseguiam o Sol e a Lua pelo céu. Quando um deles finalmente alcançava sua presa, a Lua desaparecia no céu. Assim como os chineses e os incas, os bravos vikings se esforçavam para espantar o algoz lunar com gritaria, estrondos e o soar de suas armas, numa tentativa de salvar o astro do ataque.

Com o tempo, a observação cuidadosa do céu e o desenvolvimento do pensamento científico levaram a uma compreensão mais precisa dos eclipses. Os gregos começaram a entender a natureza do fenômeno, percebendo que a Terra se interpunha entre o Sol e a Lua, projetando sua sombra sobre a Lua e causando o eclipse. Com base nessa compreensão, Aristarco de Samos calculou o tamanho e a distância da Lua a partir da observação dos eclipses lunares, demonstrando como a astronomia podia revelar os segredos do cosmos.

Hoje, com os avanços da astronomia, sabemos que os eclipses lunares são eventos perfeitamente previsíveis, calculados com precisão de segundos. Graças à ciência, não precisamos mais temer a ira dos deuses e podemos simplesmente admirar o esplendor de um eclipse, sem imaginar que a Lua está sendo devorada por lobos, dragões ou jaguares. Mas, mesmo com todo o nosso conhecimento científico, os eclipses lunares ainda nos fascinam, nos conectando com a beleza e o mistério do universo.

Na madrugada de 14 de março de 2025, teremos a oportunidade de apreciar um eclipse Total da Lua. Um evento raro e espetacular, que nos convida a olhar para o céu com o mesmo fascínio dos nossos ancestrais, e festejar, não para espantar o jaguar, mas para celebrar o conhecimento astronômico acumulado por inúmeras gerações. Então, não percam essa oportunidade! Porque o próximo eclipse total da Lua visível do Brasil só acontecerá em 2029.

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