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Mensagem interplanetária: NASA recebeu sinal via laser enviado a milhões de quilômetros

A NASA continua conduzindo testes com seu promissor e revolucionário sistema de comunicação interespacial. O mecanismo não usa ondas de rádio, como costume, mas sim um laser infravermelho. Os experimentos da Agência Espacial Americana ocorreram entre os anos de 2023 e 2024. Os dados partem da sonda Psyche em direção à Terra.

Na maior distância já testada, o sinal viajou por 460 milhões de quilômetros – ou seja, mais de duas vezes e meia a distância entre o nosso planeta e o Sol. Logo após atingir esse marco em 29 de julho, a demonstração tecnológica concluiu a primeira fase de suas operações desde o lançamento a bordo do Psyche.

Essa distância também é superior ao intervalo entre a Terra e Marte. Ou seja: a NASA acredita ser possível manter uma linha de comunicação permanente entre nós e o Planeta Vermelho (quando chegarmos lá).

“Este marco é significativo. A comunicação a laser exige um nível altíssimo de precisão e, antes do lançamento da Psyche, não sabíamos quanta degradação de desempenho veríamos em nossas maiores distâncias”, disse Meera Srinivasan, líder de operações do projeto no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no sul da Califórnia. “Agora, as técnicas que usamos para rastrear e apontar foram verificadas, confirmando que as comunicações ópticas podem ser uma forma robusta e transformadora de explorar o sistema solar.”

Ilustração da nave Psyche, que deve chegar ao seu destino final em 2029 – Imagem: Nasa/JPL-Caltech/ASU

As experiências anteriores

  • A NASA lançou a sonda Psyche em 13 de outubro de 2023, a bordo do SpaceX Falcon Heavy, com o objetivo de estudar o asteroide 16 Psyche.
  • Os astrônomos acreditam que esse corpo celeste seja feito inteiramente de metais, principalmente ferro e níquel, os mesmos elementos do núcleo da Terra.
  • Para alguns pesquisadores, esse pode ser até mesmo o núcleo de um planeta em construção!
  • A previsão é que a sonda chegue à órbita do asteroide apenas em 2029.
  • Até lá, porém, a NASA vem fazendo esses testes de comunicação.
  • O primeiro – e talvez o mais famosos – ocorreu no fim de 2023, quando a agência conseguiu enviar o vídeo em alta definição de um gatinho brincando.
  • Depois disso, vieram os testes mais distantes: a 53, 226, 390 e 460 milhões de quilômetros.
  • Os 53 milhões de quilômetros são a menor distância possível entre a Terra e Marte.
  • Nesse caso, a taxa máxima de envio de dados foi de 267 megabits por segundo.
  • Já a maior distância entre os dois planetas é de 390 milhões de quilômetros, onde a taxa caiu para 6,25 megabits por segundo.

O que ainda falta?

Sim, houve uma queda substancial, mesmo assim a NASA comemora os resultados. Afirma que o sistema óptico no espaço profundo é mais poderoso e eficiente do que o tradicional por radiofrequência.

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Agora, embora a tecnologia se mostre muito promissora, ainda há alguns problemas que precisam ser resolvidos. Por exemplo, as observações ópticas são interrompidas por nuvens – algo que não acontece nas comunicações por rádio.

Gráfico mostra a distância que a mensagem percorreu em um dos experimentos da agência – Imagem: NASA/JPL-Caltech

Independentemente desses obstáculos, a NASA parece disposta a apostar nessa tecnologia, que será essencial na exploração do espaço profundo. O Olhar Digital segue acompanhando.

Texto feito com base em uma reportagem do Olhar Digital de 26/04/2024.

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Chimpanzés desenvolvem forma de comunicação à distância

Um artigo publicado este mês na revista Biology Letters revela que chimpanzés selvagens da África Ocidental usam pedras para fazer sons, possivelmente como forma de comunicação. A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Wageningen (WUR), na Holanda, em parceria com o Centro Alemão de Pesquisa de Primatas.

Ao longo de cinco anos, a equipe observou chimpanzés em cinco pontos de uma reserva natural na Guiné-Bissau. Usando câmeras escondidas e com apoio de guias locais, os pesquisadores registraram um comportamento curioso: chimpanzés machos batiam pedras contra troncos de árvores, formando pilhas de pedras na base delas.

A líder do estudo, Sem van Loon, mestre em ciências animais pela WUR com especialização em ecologia e conservação da natureza, disse que esse comportamento foi chamado de “percussão assistida por pedra”. Em um comunicado, ela o compara ao tamborilar tradicional, quando os chimpanzés batem mãos ou pés em raízes ocas para emitir sons e se comunicar à distância ou demonstrar força.

Segundo a pesquisadora, há diferenças importantes. No caso das pedras, os chimpanzés fazem sons agudos antes da batida e ficam em silêncio depois. No tamborilar tradicional, o silêncio vem antes – o que sugere que o novo comportamento tem outro propósito.

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Comportamento é aprendido culturalmente pelos chimpanzés

Van Loon acredita que o som da pedra contra a árvore é mais forte e viaja melhor pelas florestas densas. Assim, os chimpanzés podem estar tentando se comunicar com grupos mais distantes, fora da sua convivência direta.

Outro ponto importante é que esse comportamento parece ser aprendido, não instintivo. Os cientistas notaram que chimpanzés jovens imitam os adultos, o que indica uma forma de transmissão cultural entre eles.

Para o professor Marc Naguib, supervisor da pesquisa, isso reforça que a cultura não é algo exclusivo dos humanos. Segundo ele, reconhecer esses comportamentos culturais em animais ajuda a entender melhor a complexidade das espécies e pode influenciar ações de conservação da natureza.

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Humanidade usa a linguagem há pelo menos 135 mil anos, diz pesquisa

Há milênios, o Homo sapiens vivia em uma única tribo, sem separações. Porém, por volta de 135 mil anos atrás, uma configuração genética deu à humanidade a capacidade de desenvolver a linguagem, o que mudou tudo. Pesquisadores utilizaram dados de DNA para calcular esse período e descobrir quando e como a língua ajudou os humanos no desenvolvimento do comportamento complexo.

A hipótese cientifica com maior aceitação atualmente diz que o H. sapiens está na Terra há cerca de 300 mil anos. No entanto, traços culturais mais complexos, como práticas funerárias e a arte, se difundiram entre as populações da espécie somente há cerca de 65 mil anos. Antropólogos nomearam esse momento da história como o “grande salto em frente”.

“O que podemos fazer é olhar para frente e ver como, após 135 mil anos, a linguagem pode ter tido uma mão direta na formação dos comportamentos humanos modernos”, diz o grupo no artigo.

Genética conta a história da linguagem

Na busca por entender o que desencadeou esse evento, cientistas notaram que as aproximadamente 7 mil línguas em uso no mundo compartilham similaridades. De acordo com o grupo, isso sugere que toda a população humana compartilha a mesma capacidade interior para desenvolver a linguagem, o que pressupõe que a habilidade linguística evoluiu antes da primeira comunidade de H. sapiens se dividir.

“Se a capacidade linguística tivesse se desenvolvido mais tarde, esperaríamos encontrar algumas populações humanas modernas sem linguagem, ou com algum modo de comunicação fundamentalmente diferente. Nenhum dos dois é o caso”, escreve a equipe. 

“Khoisans ocupadas grelhando gafanhotos”, pintura de Samuel Daniell de 1805. (Imagem: Samuel Daniell / Wikimedia Commons)

Eles analisaram dados de 15 estudos genéticos diferentes. Com isso, determinaram que a primeira divisão do grupo original do H. sapiens foi a dos povos Khoisan da África do Sul, que existem até hoje, ocorrida há 135 mil anos. O grupo complementa dizendo que as capacidades da linguagem podem ter surgido até mesmo antes dessa data.

Os pesquisadores notaram também que comportamentos humanos modernos, como decorações corporais e a produção de peças ocres com símbolos desenhados, apareceram e se mantiveram a partir de 100 mil anos atrás. Segundo eles, houve um intervalo de 35 mil anos entre a origem genética da linguagem e a dispersão das práticas humanas complexas.

Para os autores, esse é um período razoável para permitir o desenvolvimento e a disseminação da comunicação simbólica. Isso sugere que a linguagem pode ter sido o fator-chave que impulsionou o “grande salto em frente”.

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IAs estão mudando nossos cérebros (e consumindo muita água)

No mundo corporativo, geralmente, as pessoas gostam de ter respostas e, se baseadas em dados, ainda melhor. No entanto, para além da mentalidade data driven, existe outra habilidade que está adormecida dentro de nós: fazer boas perguntas.

Vanessa Mathias e Luciana Bazanella, cofundadoras da White Rabbit, explicaram a importância desse pensamento crítico na palestra “Reimaginação Radical: Questione a Comunicação“, no evento Spotlight, realizada no dia 18 de fevereiro em comemoração dos 20 anos do Olhar Digital.

Em meio a um cenário de mudanças aceleradas, que se intensificam com a criação e popularização de inteligências artificiais, Vanessa e Luciana incentivaram os participantes a questionarem o papel da comunicação nos próximos anos.

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Quais são os principais desafios da comunicação no futuro?

As palestrantes enumeraram alguns dos principais desafios que a comunicação enfrenta. O primeiro, claro, foi sobre IA. Mais precisamente, sobre os efeitos da IA na capacidade cognitiva humana.

“Nosso cérebro perde realmente a capacidade de atenção e concentração“, destacou Vanessa, alertando para as consequências do uso intensivo da tecnologia. Afinal, hoje ainda não sabemos todas as mudanças que a IA provoca, inclusive as físicas.

Ainda no quesito IA, elas destacaram a pegada ambiental da tecnologia – algo que pode passar despercebido no uso do dia a dia. No entanto, a inteligência artificial consome enormes quantidades de recursos: “100 palavras no ChatGPT equivalem a um litro de água. Eu não consigo mais escrever sem imaginar litros de água se esvaindo”, revelou Luciana.

Outro ponto certeiro da análise foi sobre o papel da publicidade na cultura de consumo desenfreado. As especialistas destacaram que é fundamental questionar quais produtos realmente fazem sentido para um mundo mais sustentável. “Será que estamos criando um mercado de produtos que nem deveriam existir?”, provocou Luciana.

Questione também: passo a passo

Como é possível observar, os problemas que Luciana e Vanessa levantaram não apenas afetam o setor hoje, mas também devem se intensificar ainda mais nos próximos anos.

Por isso, é importante que você também saiba fazer perguntas e estar confortável em não necessariamente ter respostas. Você quer experimentar?

Para você poder participar, você deve usar as três perguntas que as palestrantes ensinaram:

  • Comece fazendo perguntas com “por que”: essas são as perguntas que questionam a nossa realidade.
  • Avance para as perguntas com “como”: essas são as perguntas mais práticas.
  • Por fim, use as perguntas com “e se…”: essas são as perguntas para liberar a capacidade criativa e abrir as possibilidades.

Confira algumas perguntas que surgiram no dia do evento:

  • Por que o publicitário tem medo da mudança?
  • Por que as pessoas dizem se importar com o futuro, mas não fazem nada no hoje?
  • Como a gente pode influenciar as empresas a parar de priorizar o crescimento?
  • Como respeitar a ética e evitar plágios na inteligência artificial?
  • E se uníssemos a criatividade com a inteligência artificial sem perder a autenticidade?
  • E se os reptilianos estiverem entre nós?

No encerramento, as especialistas reforçaram que a comunicação do futuro não pode se basear apenas em tendências, mas deve considerar o impacto social, ambiental e cognitivo. “O futuro começa com as perguntas que fazemos hoje”, concluíram.

Spotlight: 20 anos do Olhar Digital

O evento Spotlight foi realizado em 18 de fevereiro de 2025, na Unibes Cultural, em São Paulo, para celebrar os 20 anos do Olhar Digital. Na ocasião, 30 renomados profissionais foram convidados para discutir as tendências e o impacto da inteligência artificial na economia criativa, comunicação e publicidade.

O objetivo foi proporcionar um espaço de aprendizado, networking e reflexões sobre as transformações previstas para 2025.

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