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Pedaços da Lua podem se soltar e atingir a Terra, diz estudo

A superfície da Lua é marcada por crateras de impacto, algumas com mais de mil quilômetros de diâmetro, formadas principalmente há cerca de 4 bilhões de anos durante o chamado Bombardeio Intenso Tardio.

Diferentemente da Terra, a Lua não possui atmosfera nem atividade geológica significativa, o que preserva essas estruturas por bilhões de anos.

Essas crateras guardam informações valiosas sobre a formação do Sistema Solar, e quando ocorre um impacto na Lua, parte do material ejetado escapa da gravidade lunar e pode alcançar a Terra.

Um novo estudo, liderado por José Daniel Castro-Cisneros, usou simulações computacionais avançadas para investigar como isso acontece. A pesquisa, publicada no servidor arXiv, estimou a quantidade de material transferido e suas trajetórias ao longo de 100 mil anos.

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Rochas ejetadas da Lua durante grandes impactos podem influenciar a Terra (Imagem: arte.inteligente1/Shutterstock)

O que os pesquisadores descobriram

  • Os pesquisadores usaram pacote de simulação REBOUND para rastrear partículas lunares por longos períodos.
  • No simulador, a Terra foi modelada em conjunto com a Lua, usando uma distribuição de velocidade mais realista.
  • Foi revelado que cerca de 22,6% do material ejetado atinge a Terra ao longo de 100 mil anos, e metade das colisões ocorre nos primeiros 10 mil anos após o impacto na Lua.
  • O material chega à Terra com velocidade entre 11,0 e 13,1 km/s, e a maior chance de impacto ocorre com detritos lançados do lado posterior da Lua.
  • Os impactos ocorrem de forma equilibrada entre dia e noite, com pico por volta das 6h da manhã.

Quais serão os próximos passos

A pesquisa não só confirma que a Terra coleta uma fração significativa do material lunar ejetado, como também ajuda a traçar padrões de impacto e suas possíveis implicações para a história geológica e biológica da Terra.

O estudo ainda reforça a hipótese de que corpos próximos, como o asteroide Kamo’oalewa, possam ter origem lunar. O próximo passo dos pesquisadores será incorporar condições orbitais antigas e impactos oblíquos para obter estimativas ainda mais precisas.

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Impactos na Lua ajudam a reconstituir a história geológica compartilhada com a Terra (Imagem: Grey Zone / Shutterstock)

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Domo de Araguainha: a maior cratera de impacto da América do Sul

Uma imensa cicatriz na superfície terrestre, com 40 quilômetros de diâmetro e área aproximada de 1,3 mil km²superior ao tamanho da cidade do Rio de Janeiro — marca o local onde, há cerca de 250 milhões de anos, um asteroide colidiu com nosso planeta.

Este é o Domo de Araguainha, reconhecido como a maior cratera de impacto de meteoro na América do Sul e um dos 100 principais sítios geológicos do mundo, segundo a International Union of Geological Sciences (IUGS), entidade vinculada à UNESCO.

O Domo está situado na divisa entre os estados de Goiás e Mato Grosso. Aproximadamente 60% da estrutura encontra-se em território mato-grossense, abrangendo os municípios de Ponte Branca, Araguainha e Alto Araguaia.

Cratera está localizada entre os estados de Goiás e Mato Grosso (Imagem: Idariocafe/Shutterstock)

O restante estende-se pelos municípios goianos de Doverlândia, Mineiros e Santa Rita do Araguaia. Atualmente, existe projeto para transformar esta formação geológica em parque geológico nacional.

História da descoberta da cratera

  • Os primeiros indícios de que esta formação resultou do impacto de um asteroide surgiram em 1973, quando os pesquisadores da NASA, Robert Dietz e Bevan French, publicaram nota, em periódico científico, sobre suas características;
  • Contudo, a confirmação definitiva veio apenas em 1978, por meio dos estudos conduzidos pelo professor Álvaro Crósta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que, há mais de quatro décadas, dedica-se à pesquisa deste fenômeno;
  • Em entrevista ao g1, Crósta explicou que a região onde ocorreu o impacto era, naquela época, um extenso mar de águas rasas;
  • A colisão provocou terremotos e tsunamis que se propagaram por, aproximadamente, 500 quilômetros, afetando toda a vida existente nesse raio.

“Não conhecemos todas as características do objeto, pois não restou material para análise, mas sabemos que era uma esfera com, aproximadamente, quatro quilômetros de diâmetro, viajando a velocidade entre 14 e 16 quilômetros por segundo ao atingir a Terra”, explicou o pesquisador.

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Características geológicas únicas

O que torna o Domo de Araguainha particularmente relevante para a ciência é a presença de minerais transformados por fenômeno exclusivo, conhecido como “metamorfismo de choque“, resultado da aplicação simultânea de altíssima pressão e temperatura sobre as rochas.

“Até o momento, não identificamos minerais formados pelo choque, apenas minerais que foram transformados. Encontramos em rochas que estavam em maior profundidade durante o impacto elementos, como o zircão, que apresentam considerável deformação“, detalhou Crósta.

Esta cratera integra o grupo das cinco maiores estruturas de impacto em toda a América do Sul, sendo que oito destas formações estão localizadas em território brasileiro.

Datação e impacto ambiental

Estudos baseados em análise de isótopos — átomos de um mesmo elemento químico com mesmo número de prótons, fundamentais para determinar a idade de artefatos — indicam que o impacto ocorreu há, aproximadamente, 254 milhões de anos, durante a primeira fase da era Mesozoica, período anterior às fases Jurássica e Cretácea, conhecidas como “idade dos dinossauros“.

Na verdade, quando o impacto ocorreu, os dinossauros ainda não existiam, surgindo milhões de anos depois, ainda durante o mesmo período geológico.

Quanto aos efeitos do impacto na biosfera, Crósta afirma que houve destruição significativa da vida em escala regional, afetando, principalmente, répteis e anfíbios. Entretanto, devido às dimensões do asteroide, o evento não causou extinção em escala planetária.

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Foram encontradas, em rochas, que estavam em maior profundidade durante o impacto, elementos, como o zircão, que apresentam considerável deformação (Imagem: Reprodução)

Não acredito que tenha provocado destruição em toda a Terra. Certamente, houve destruição de vida numa escala regional, até mesmo continental, mas ele não teria o tamanho e as características suficientes para produzir uma extinção em massa no planeta”, esclareceu o especialista.

Atualmente, o Domo de Araguainha recebe visitas regulares de estudantes, pesquisadores e entusiastas interessados em conhecer este extraordinário sítio geológico, testemunha de um dos eventos cósmicos mais significativos já registrados no continente sul-americano.

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Cratera de impacto mais antiga do mundo é descoberta na Austrália

Um artigo publicado nesta quinta-feira (6) na revista Nature Communications revela a descoberta da cratera de impacto mais antiga já encontrada na Terra. Localizada na região de Pilbara, no noroeste da Austrália, a cavidade tem cerca de 3,5 bilhões de anos, um período em que colisões de meteoritos eram frequentes no planeta.

A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Curtin e do Serviço Geológico da Austrália Ocidental. Embora a cratera não tenha uma forma clássica visível, sua presença foi confirmada por características geológicas chamadas “cones de estilhaço”. Essas formações só surgem quando rochas são expostas a pressões extremas, como as causadas por impactos de meteoritos ou explosões nucleares subterrâneas.

Segundo o estudo, a cratera tem pelo menos 100 km de largura, o que indica que o meteorito que a formou viajava a mais de 36 mil km/h no momento da colisão. O impacto teria sido tão poderoso que causou destruição em nível global, alterando significativamente a superfície da Terra.

Formações chamadas “cones de estilhaço”, que só se formam sob intensa pressão de impactos de meteoritos, são visíveis em seções de rocha no noroeste da Austrália. Crédito: Chris Kirkland

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Cratera recordista anterior também fica na Austrália

Esse achado redefine o recorde anterior, já que a cratera mais antiga conhecida até então, a de Yarrabubba, também na Austrália, tinha “apenas” 2,2 bilhões de anos.

Nos primeiros bilhões de anos da Terra, o planeta foi bombardeado por grandes rochas espaciais. Uma dessas colisões, há cerca de 4,5 bilhões de anos, envolveu um corpo do tamanho de Marte e deu origem à Lua. No entanto, poucas crateras dessa época foram preservadas, pois a atividade geológica da Terra, incluindo o movimento das placas tectônicas e a erosão, apagou muitos vestígios.

A Lua, por sua vez, ainda guarda marcas desse passado violento, pois sua superfície é menos ativa. “Sabemos que impactos gigantes foram comuns no início do Sistema Solar ao observarmos a Lua”, explicou Tim Johnson, coautor do estudo, em um comunicado. “Até agora, a falta de crateras antigas conhecidas na Terra fazia com que esses eventos fossem pouco considerados pelos geólogos”.

A pesquisa sugere que impactos dessa magnitude podem ter influenciado a evolução do planeta. Segundo o professor Chris Kirkland, também autor do estudo, a energia liberada pela colisão pode ter ajudado a moldar a crosta terrestre primitiva, forçando o magma a subir do manto para a superfície. Esse processo pode ter sido crucial para a formação dos crátons, grandes blocos estáveis de rocha que deram origem aos continentes.

A descoberta reforça a importância de buscar vestígios de crateras antigas, pois elas podem revelar mais detalhes sobre o passado turbulento da Terra. Os pesquisadores acreditam que muitas outras crateras desse período podem estar escondidas e que futuras investigações ajudarão a preencher lacunas na história do nosso planeta.

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