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Mistério magnético da Lua começa a ser desvendado

Um artigo liderado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, publicado na sexta-feira (23) na revista Science Advances, tenta resolver um antigo mistério da Lua: por que algumas rochas na superfície lunar são fortemente magnetizadas, se hoje o satélite não tem mais um campo magnético próprio. Para os cientistas, a resposta pode estar em grandes impactos ocorridos há bilhões de anos.

Na Terra, o campo magnético é gerado por um movimento constante de metal líquido no núcleo – um processo chamado geodínamo. Acredita-se que a Lua também teve um dínamo, mas bem mais fraco, já que ela é menor e tem menos calor interno. Esse campo magnético lunar, mesmo fraco, poderia ter sido intensificado temporariamente por um evento violento.

O novo estudo sugere que um impacto muito grande, como o que criou a bacia de Imbrium (uma enorme cratera lunar visível da Terra), pode ter vaporizado parte da superfície da Lua, criando uma nuvem de plasma. Essa nuvem carregada teria interagido com o campo magnético fraco do satélite, gerando um pico temporário de magnetismo que ficou registrado em algumas rochas.

Representação artística elaborada com Inteligência Artificial de um grande impacto na Lua. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

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Lado oculto da Lua apresenta mais evidências

Em um comunicado, Isaac Narrett, autor principal do estudo, diz que esse tipo de magnetismo gerado por impactos pode explicar a maior parte dos campos fortes que foram medidos por sondas orbitando a Lua. Isso é especialmente notado no lado oculto, onde há mais evidências de colisões antigas com asteroides.

Amostras de rochas lunares trazidas pelos astronautas das missões Apollo também apresentaram níveis inesperados de magnetismo. Antes, pensava-se que isso poderia ter sido causado por campos magnéticos do Sol combinados com impactos, mas simulações mostraram que essa explicação não se sustenta. A nova hipótese une o fraco campo natural da Lua e o efeito do impacto como a origem do magnetismo.

A equipe do MIT acredita que essa ideia pode ser testada em breve. Devem existir rochas com sinais de impacto e alto magnetismo perto do polo sul lunar, uma das áreas que serão exploradas pelas futuras missões do programa Artemis, o que significa que a solução para esse enigma pode estar a poucos anos de ser revelada.

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Cratera de impacto mais antiga do mundo é descoberta na Austrália

Um artigo publicado nesta quinta-feira (6) na revista Nature Communications revela a descoberta da cratera de impacto mais antiga já encontrada na Terra. Localizada na região de Pilbara, no noroeste da Austrália, a cavidade tem cerca de 3,5 bilhões de anos, um período em que colisões de meteoritos eram frequentes no planeta.

A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Curtin e do Serviço Geológico da Austrália Ocidental. Embora a cratera não tenha uma forma clássica visível, sua presença foi confirmada por características geológicas chamadas “cones de estilhaço”. Essas formações só surgem quando rochas são expostas a pressões extremas, como as causadas por impactos de meteoritos ou explosões nucleares subterrâneas.

Segundo o estudo, a cratera tem pelo menos 100 km de largura, o que indica que o meteorito que a formou viajava a mais de 36 mil km/h no momento da colisão. O impacto teria sido tão poderoso que causou destruição em nível global, alterando significativamente a superfície da Terra.

Formações chamadas “cones de estilhaço”, que só se formam sob intensa pressão de impactos de meteoritos, são visíveis em seções de rocha no noroeste da Austrália. Crédito: Chris Kirkland

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Cratera recordista anterior também fica na Austrália

Esse achado redefine o recorde anterior, já que a cratera mais antiga conhecida até então, a de Yarrabubba, também na Austrália, tinha “apenas” 2,2 bilhões de anos.

Nos primeiros bilhões de anos da Terra, o planeta foi bombardeado por grandes rochas espaciais. Uma dessas colisões, há cerca de 4,5 bilhões de anos, envolveu um corpo do tamanho de Marte e deu origem à Lua. No entanto, poucas crateras dessa época foram preservadas, pois a atividade geológica da Terra, incluindo o movimento das placas tectônicas e a erosão, apagou muitos vestígios.

A Lua, por sua vez, ainda guarda marcas desse passado violento, pois sua superfície é menos ativa. “Sabemos que impactos gigantes foram comuns no início do Sistema Solar ao observarmos a Lua”, explicou Tim Johnson, coautor do estudo, em um comunicado. “Até agora, a falta de crateras antigas conhecidas na Terra fazia com que esses eventos fossem pouco considerados pelos geólogos”.

A pesquisa sugere que impactos dessa magnitude podem ter influenciado a evolução do planeta. Segundo o professor Chris Kirkland, também autor do estudo, a energia liberada pela colisão pode ter ajudado a moldar a crosta terrestre primitiva, forçando o magma a subir do manto para a superfície. Esse processo pode ter sido crucial para a formação dos crátons, grandes blocos estáveis de rocha que deram origem aos continentes.

A descoberta reforça a importância de buscar vestígios de crateras antigas, pois elas podem revelar mais detalhes sobre o passado turbulento da Terra. Os pesquisadores acreditam que muitas outras crateras desse período podem estar escondidas e que futuras investigações ajudarão a preencher lacunas na história do nosso planeta.

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