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Animal gigante pode habitar mais da metade dos oceanos da Terra

Pesquisadores descobriram que os enormes crustáceos Alicella gigantea estão presentes em mais da metade dos oceanos da Terra. O estudo revela que o espécime parecia ser raro, mas a análise de quase 200 gravações demonstrou o contrário.

Em 1899, cientistas descreveram pela primeira vez o A. gigantea e registraram seu habitat entre 3.890 e 8931 metros de profundidade, parte dele na Zona Hadal — o hostil ambiente abaixo de 6 mil metros de profundidade. Esse animal também é o maior anfípode do mundo, podendo chegar até 34 centímetros de comprimento.

Os anfípodes são uma ordem dos crustáceos sem carapaça, com corpos achatados e dorso curvado. Sua aparência é similar a de um camarão e os espécimes são como “faxineiros do mar”, reciclando matéria orgânica como microrganismos mortos, restos de algas e seres maiores em decomposição, segundo informa a Live Oceans.

O Alicella gigantea é considerado o maior anfípode do planeta. (Imagem: P Maroni et al, Royal Society Open Science 2025)

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Animal não é mais “raro”

A pesquisa revela que os espécimes têm baixa densidade populacional, o que os dava um senso de “raridade”. Por isso, pouco se sabia sobre a demografia, variação genética e a dinâmica dos grupos de A. gigantea, havendo apenas sete estudos publicados com dados do sequenciamento genético do animal.

No inédito artigo, uma equipe de pesquisadores da Austrália compilou cerca de 200 gravações do A. gigantea em 75 localizações nos diversos oceanos ao redor do mundo. A equipe teve como base desde o primeiro registro do século XIX até a gravação mais atual.

O grupo concluiu que esse animal ocupa cerca de 59% de toda a cobertura oceânica do planeta. Mesmo assim, a análise de DNA demonstrou que todos representam uma única espécie idêntica geneticamente.

“Esta descoberta confirma que o anfípode supergigante está longe de ser ‘raro’, mas representa uma espécie única, espalhada globalmente, com uma distribuição extraordinária e ampla nas profundezas do mar”, concluíram os autores do estudo.

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Ritmo de conquista: como o caranguejo-violinista atrai parceiras com sua música

Utilizar sons ou música para conquistar um parceiro não é uma característica exclusiva dos seres humanos. Apesar de não ter sentido emocional, mas sim o objetivo de levar ao acasalamento e perpetuação da espécie, diversos animais utilizam desse artifício na hora de flertar, emitindo sons.

É o caso de sapos, pássaros e baleias, por exemplo, que são os mais conhecidos por dominarem o canto para a conquista.

Entretanto, os pesquisadores acabaram descobrindo que existe outra espécie que aposta na serenata para conquistar uma fêmea: o caranguejo-violinista (Afruca tangeri). Seu nome pode sugerir que os sons emitidos por esses animais já eram conhecidos, mas o apelido vem, na verdade, da forma pelo qual os crustáceos balançam suas garras como forma de comunicação.

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Contudo, uma nova pesquisa registrou pela primeira vez os sinais vibratórios que os machos fazem durante o cortejo, e os resultados foram publicados no Journal of Experimental Biology. Veja abaixo mais informações.

A música produzida pelo caranguejo-violinista é feita a partir de uma mistura de tamborilar o solo com sua garra, ou quando ele bate o casco no chão. (Imagem: Leonardo Gonzalez/Shutterstock)

Conheça o caranguejo-violinista, o crustáceo que conquista as fêmeas com uma serenata

A música produzida pelo caranguejo-violinista é feita a partir de uma mistura de tamborilar o solo com sua garra, ou quando ele bate o casco no chão.

Entretanto, até a pesquisa divulgada, não havia ficado claro o quanto esses sinais eram capazes de transmitir informações de forma eficaz nas regiões intertidais (que são as faixas de costa entre as marés alta e baixa), onde esses caranguejos vivem, e que naturalmente são caóticas no que diz respeito aos sons, sendo altamente competitivas nesse contexto.

Ao se questionarem sobre a eficiência dos sons, o time de pesquisadores do Laboratório de Vibração Animal da Universidade de Oxford decidiu analisar e gravar caranguejos-violinistas da Península Ibérica. Os vídeos foram feitos usando geofones, que registraram com precisão as vibrações.

Então, a equipe acompanhou uma rotina repetitiva de cortejo que se dividia em quatro etapas: primeiro, os animais acenavam suas garras. Depois, faziam acenos sequenciais e quedas de corpo para produzir um sinal vibratório.

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Os pesquisadores perceberam que as variações no ritmo, a duração e o volume das vibrações permitiam distinguir diferentes comportamentos de acasalamento dos caranguejos. (Imagem: Leonardo Gonzalez/Shutterstock)

Então, faziam movimentos simultâneos até que, finalmente, exibiam tambores subterrâneos caso a fêmea se aproximasse da toca. A cada passo, a energia sísmica que foi registrada pelos geofones se intensificou.

Os pesquisadores perceberam que as variações no ritmo, a duração e o volume das vibrações permitiam distinguir diferentes comportamentos de acasalamento dos caranguejos. Com essas informações, treinaram um programa de IA capaz de identificar esses comportamentos com até 70% de precisão, o que abriu caminho para o uso de vibrações no monitoramento remoto de animais.

Após mais de 8 mil análises de gravações, os cientistas chegaram a conclusão que, quanto maior o macho, mais intensos eram os sinais sísmicos, com picos de percussão de maior amplitude. O alcance do som até locais distantes impedia que os machos fossem desonestos com relação ao seu tamanho, o que permitiu que as fêmeas avaliassem, à distância, a qualidade e o tamanho das garras.

Tom Mulder, autor do estudo e membro do departamento de Biologia da Universidade de Oxford, comentou em um comunicado que “os machos não conseguem, ou não mentem, sobre seu tamanho físico. As fêmeas podem confiar na intensidade dos sinais sísmicos para avaliar honestamente a qualidade de um parceiro em potencial, tudo isso sem precisar vê-lo.”

Também em comunicado, Beth Mortimer, também autora do estudo, disse que as garras maiores possuem vantagens ao superar o ruído sísmico e permitir a sinalização para fêmeas mais distantes.

Por morarem em habitats barulhentos, esse tipo de comunicação sísmica percussiva em vez de uma vocal é vantajosa para os caranguejos-violinistas. Apesar de ser simples, o ajuste da intensidade e a repetição dos sinais é eficaz para que os pequenos animais se comuniquem nesses locais ruidosos.

Entretanto, Mortimer faz uma observação a respeito dos animais menores “as vantagens são observadas apenas em sinais de percussão, como tamborilar, e, felizmente, para caranguejos com garras menores, estes são apenas parte da rotina de cortejo.”

filhote de caranguejo-violinista
Filhote de caranguejo-violinista. (Imagem: Joolyann/Shutterstock)

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