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Como toneladas de roupas vão parar no meio do deserto do Atacama

O Deserto do Atacama, no Chile, tornou-se um vasto “cemitério” de roupas descartadas. O local recebe cerca de 40 mil toneladas de peças todo ano. A maioria é de marcas de fast fashion, vindas principalmente dos Estados Unidos e da Europa. Mas como elas chegam lá? E por que?

Esse, digamos, fenômeno é resultado de uma cadeia que envolve a superprodução da indústria da moda, o comércio de roupas e a falta de regulamentação e infraestrutura para o descarte adequado. No entanto, há uma esperança.

Toneladas de roupas chegam ao deserto do Atacama todo ano, mas como?

O Chile é um dos maiores importadores de roupas usadas e não vendidas da América do Sul. Essas roupas – vindas principalmente dos EUA, Europa e Ásia (muitas fabricadas na China e em Bangladesh) – chegam ao porto de Iquique, zona franca no norte do país, segundo a AFP.

(Imagem: Marek Piwnicki/Pexels)

Estima-se que uma parcela significativa das roupas importadas – algumas fontes apontam para até 60% ou mais – não é vendida. O que acontece, então: importadores e comerciantes optam por descartar ilegalmente essas toneladas de roupas no Deserto do Atacama.

Além da impossibilidade de revenda, estão entre as razões pelas quais isso acontece:

  • Ausência de políticas eficazes de reciclagem ou descarte têxtil em grande escala;
  • Dificuldade e custo de descarte legal;
  • Proibições de descarte têxtil em aterros sanitários legais devido a preocupações com a estabilidade do solo.

Resultado: áreas como Alto Hospicio, nos arredores de Iquique, tornaram-se os principais pontos de acumulação, de acordo com a Business Insider.

Por que isso acontece

  • Superprodução e consumismo do fast fashion: a indústria global de fast fashion produz roupas em grande volume, a baixo custo e com ciclos de vida curtos, o que incentiva o consumo frequente e o descarte rápido;
  • Exportação de resíduos têxteis: países desenvolvidos, ao exportarem roupas usadas ou de coleções passadas, transferem o problema do lixo têxtil para nações mais pobres ou com regulamentações ambientais mais frouxas;
  • Limitações do mercado de segunda mão: embora haja mercado para roupas usadas, a quantidade de peças descartadas é tão grande e a qualidade, por vezes, tão baixa, que sobrecarrega sua capacidade de absorção;
  • Falta de responsabilidade e regulamentação: há carência de responsabilização dos produtores originais pelas roupas ao final de sua vida útil – na zona franca de Iquique, por exemplo, a fiscalização e a legislação ambiental são insuficientes para lidar com a magnitude do problema.
Imagem capturada por satélite de roupas descartadas no deserto do Atacama, no Chile
(Imagem: Reprodução/SkyFi)

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A esperança

A campanha Atacama RE-commerce busca dar uma segunda chance às roupas descartadas e abandonadas no deserto. Por meio dela, as peças são resgatadas, selecionadas, limpas e restauradas, segundo a DW.

A ironia: depois, as peças são disponibilizadas numa loja de comércio eletrônico. Mas, neste caso, as roupas não têm preço. O único pagamento feito pelo usuário é o frete – isto é, a retirada do deserto.

A iniciativa é uma ação conjunta de empresas e organizações. Entre eles, estão a Desierto Vestido, ONG chilena, e a Artplan, agência de comunicação brasileira (responsável por criar a campanha, inclusive). O problema é gigante. Mas há quem esteja tentando resolvê-lo. E pessoas dispostas a ajudá-los.

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Deserto do Atacama vira lixão de roupas de grife

A indústria da moda é a segunda maior poluidora do mundo, ficando atrás apenas do setor petrolífero. E um exemplo claro deste gravíssimo problema pode ser verificado no deserto do Atacama, localizado no Chile.

De acordo com um relatório da Global Fashion Agenda, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartadas nos últimos anos na região. Mas uma iniciativa tenta diminuir estes impactos ambientais.

Peças podem levar cerca de 200 anos para se decompor

  • Mais de 59 mil toneladas de roupas não vendidas, devolvidas ou com defeitos chegam todos os anos ao porto de Iquique, localizado em uma zona de importação livre de impostos no norte do Chile.
  • Aquelas que não são vendidas ou reaproveitadas terminam descartadas ilegalmente no deserto. 
  • Este verdadeiro lixão desafia um decreto do governo do Chile que proíbe que os produtos sejam destinados a aterros sanitários comuns.
  • As roupas não são biodegradáveis e possuem componentes químicos altamente inflamáveis.
  • Além disso, o tecido predominante dessas peças é o poliéster, que leva cerca de 200 anos para se decompor.
Milhares de roupas de grife são descartadas no deserto (Imagem: reprodução/Re-commerce Atacama)

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Roupas são recolhidos e distribuídas gratuitamente

Para alertar sobre esta situação, a Fashion Revolution Brasil e a Desierto Vestido, uma organização chilena, estão recolhendo as roupas abandonadas no deserto do Atacama. As peças são coletadas, higienizadas e, depois, disponibilizadas neste site.

As roupas pode ser escolhidas gratuitamente, pagando-se apenas o frete. O transporte é realizado por uma empresa que compensa a pegada de carbono gerada no processo, para não produzir mais impacto ambiental.

Iniciativa visa distribuir roupas descartadas no deserto (Imagem: reprodução/Re-commerce Atacama)

A iniciativa é um verdadeiro sucesso e todos os produtos oferecidos já foram “adquiridos”. Um novo lote deve ser disponibilizado nos próximos dias. Além de distribuir as roupas e limpar o deserto, o projeto quer envolver a sociedade nas discussões sobre o descarte irregular.

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