GLM Digital: Seu portal para um universo de descobertas online. Navegue por uma seleção cuidadosamente curada de produtos que inspiram e facilitam o seu dia a dia. Mais que uma loja, somos um ponto de encontro digital onde qualidade, variedade e uma experiência de compra intuitiva se unem para transformar seus desejos em realidade, com a conveniência que só o online pode oferecer.
Há 65 milhões de anos, um evento catastrófico mudou para sempre a vida na Terra: o impacto de um asteroide gigantesco que desencadeou a extinção dos dinossauros e de muitas outras espécies.
Mas como esse evento, conhecido como extinção do Cretáceo-Paleogeno, transformou o nosso planeta? Quais são as evidências que comprovam a ligação entre o impacto e a extinção em massa? E quais foram os efeitos devastadores desse evento na história da vida na Terra?
Impacto do asteroide acabou com os dinossauros e com 75% da vida no planeta. Crédito: Elenarts – Shutterstock
No Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (6), vamos mergulhar no passado remoto do nosso planeta para investigar os detalhes desse impacto apocalíptico. Além disso, vamos explorar as evidências que revelam a magnitude do evento e suas consequências para a biosfera e discutir a probabilidade de um evento semelhante acontecer novamente em um futuro próximo.
E para abordar esse tema tão curioso, o programa recebe o paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes. Graduado em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com mestrado em Ecologia e Recursos Naturais pela mesma instituição e doutorado em Geologia/Paleontologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atualmente é professor associado nível IV no Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da UFSCar e coordenador do Grupo de Pesquisa do CNPq Paleoecologia e Paleoicnologia.
Fernandes tem vasta experiência na área de Geociências, com ênfase em Paleontologia Estratigráfica, atuando principalmente nos seguintes temas: paleontologia, paleoicnologia, paleovertebrados, Formação Botucatu, Bacia Bauru e icnofósseis.
O Programa Olhar Espacial desta semana recebe o paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes para um bate-papo sobre o asteroide que matou os dinossauros. Crédito: Arquivo pessoal
Como assistir ao Programa Olhar Espacial
Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTube, Facebook, Instagram, X (antigo Twitter), LinkedIn e TikTok.
A verdade é que ainda sabemos muito pouco sobre como era a vida dos dinossauros. Um dos maiores mistérios diz respeito ao comportamento destes antigos animais e sobre como era viver na Terra há milhões de anos atrás.
Mas um verdadeiro cemitério pré-histórico localizado sob as encostas de uma floresta em Alberta, no Canadá, pode ajudar a responder parte destas questões. No local, foram encontrados milhares de fósseis enterrados há 72 milhões de anos.
Todos os fósseis pertencem a mesma espécie
O local em questão é o riacho Pipestone, conhecido como “Rio da Morte”.
Milhares de fósseis já foram coletados no sítio arqueológico, mas estima-se que muitos outros sigam enterrados ali.
O mais impressionante é que todos os ossos pertencem a um dinossauro chamado Paquirinossauro.
Estes animais, que viveram durante o período do Cretáceo Superior, eram parentes do Tricerátops.
Eles mediam cerca de cinco metros de comprimento e pesavam duas toneladas.
As criaturas tinham quatro patas e cabeças enormes, adornadas com um “babado” ósseo característico e três chifres.
A marca registrada deles era uma grande protuberância no nariz.
Evento catastrófico teria atingido o grupo de animais
O principal objetivo das escavações é entender o que causou a morte de tantos animais no mesmo local. Os pesquisadores acreditam que os dinossauros estavam migrando juntos em uma manada por centenas de quilômetros quando algo aconteceu.
Esta hipótese defende que o grupo partiu do sul, onde passava o inverno, em direção ao norte, onde passaria o verão. A região, que tinha um clima muito mais quente do que o atual, teria sido coberta por uma vegetação rica, o que forneceu alimento abundante durante a viagem.
Trata-se de uma única comunidade de uma única espécie animal em um momento específico, e o tamanho da amostra é enorme. Isso quase nunca acontece no registro fóssil. Acreditamos que se tratava de uma manada em uma migração sazonal que se envolveu em algum evento catastrófico que efetivamente dizimou, se não toda a manada, uma boa parte dela.
Emily Bamforth, líder da escavação
Local guarda milhares de fósseis de dinossauros (Imagem: Autumn Sky Photography/Shutterstock)
Todas as evidências sugerem que este evento catastrófico foi uma inundação repentina. Uma das possibilidades é que tenha ocorrido uma tempestade nas montanhas que resultou em uma grande quantidade de água descendo em direção à manada, arrancando as raízes das árvores e removendo rochas.
Esta hipótese é reforçada pela localização de rochas no sítio arqueológico que mostram os redemoinhos de sedimentos da água corrente. Neste cenário, os Paquirinossauros não teriam a menor chance de sobreviver, uma vez que não conseguiam se deslocar muito rápido e também não eram bons nadadores.
Os dragões são criaturas mitológicas que fazem parte do imaginário coletivo no mundo todo. No Ocidente, pensamos em grandes répteis com asas, que cospem fogo e que quase sempre são vilões em histórias medievais. No Oriente, porém, a figura é um pouco diferente.
Na China, o dragão é reverenciado como um dos criadores do mundo. É quase sempre retratado como uma serpente gigante, sem asas, mas que voa mesmo assim. O dragão, ou long, é símbolo de poder, força, sabedoria, sorte e fortuna.
Para você ter uma ideia do tamanho da devoção, o maior salão do Palácio Proibido, em Pequim, mantém mais de 12 mil figuras de dragões.
Sim, estamos falando de um ser mítico e fictício. A história, porém, mostra que a China já contou com uma criatura muito similar aos dragões da literatura. Tese que acaba de ser confirmada por novos fósseis de um antigo réptil marinho que viveu na região durante o período Triássico.
Uma descoberta de décadas
Os cientistas encontraram vestígios da criatura pela primeira vez em 2003.
De lá para cá, foram mais de 20 anos até a conclusão do esqueleto.
Esqueleto reconstruído do réptil marinho chinês – Imagem: Museus Nacionais da Escócia
Trata-se de um réptil marinho de mais de cinco metros de comprimento e que possuía o pescoço longo.
Bem parecido com o dragão chinês que vemos representado atualmente (já que ele também não possui asas).
Foram identificadas 32 vértebras cervicais separadas e membros com barbatanas.
Peixes bem preservados na região do estômago indicam que ele estava muito bem adaptado a um estilo de vida oceânico, segundo os pesquisadores.
A espécie foi batizada de Dinocephalosaurus orientalis, e vivia no sudoeste da China no período Triássico.
Ou seja, estamos falando de um animal que viveu há mais de 240 milhões de anos!
Segundo o site gringo IFL Science, todos os vestígios foram encontrados na província de Guizhou, uma parte do sul da China conhecida por seus achados paleontológicos.
Parente dos dinossauros?
Apesar das semelhanças superficiais, o Dinocephalosaurus não era parente próximo dos famosos plesiossauros de pescoço longo.
Os plesiossauros evoluíram cerca de 40 milhões de anos mais tarde. Eram criaturas maiores, também de pescoço longo e que, acredita-se, foram a inspiração para o Monstro do Lago Ness.
Apesar dessa diferença, os cientistas afirmam que o “dragão chinês” foi contemporâneo dos primeiros dinossauros, que começaram a surgir justamente no Triássico. O próprio nome científico dele deixa isso claro.
O monstro do Lago Ness teria sido um plesiossauro que sobreviveu à extinção dos dinossauros – Imagem: Reprodução/Universidade de Bath
Um antepassado dos crocodilos modernos foi descoberto por uma equipe de pesquisadores. O mais impressionante é que este enorme réptil pré-histórico caçava e se alimentava de dinossauros na América do Norte.
Chamado de “crocodilo do terror”, ele vagava por rios e estuários há cerca de 75 milhões de anos.
As marcas de dentes desta criatura antiga foram encontradas em ossos de dinossauros do período Cretáceo, confirmando a teoria dos cientistas.
Evolução permitiu a caça de presas maiores
Segundo os pesquisadores, estes crocodilos se adaptaram para comer os dinossauros.
O animal já possuía glândulas que permitiam tolerar a água salgada.
Dessa forma, eles foram capazes de se espalhar pelo continente e alcançar pântanos em ambos os lados do mar interior e ao longo da costa atlântica na América do Norte.
Nestas regiões existiam presas maiores, o que obrigou que o réptil pré-histórico evoluísse para incluir dinossauros em sua dieta.
Os “crocodilos do terror” chegaram a ter 8 metros de comprimento. Esse tamanho monstruoso permitiu que eles se alimentassem de praticamente tudo o que existia nas regiões pantanosas há milhões de anos atrás.
Anteriormente, os fósseis desta espécie confundiram os cientistas. Eles foram encontrados em ambos os lados do vasto mar interior e não se sabia como o réptil havia conseguido atravessar este corpo de água salgada que se espalhava por mil quilômetros.
Fóssil de boca de crocodilo antigo mostra tamanho descomunal do animal (Imagem: Patrick Hatt/Shutterstock)
Após novas análises, os cientistas descobriram que muitos crocodilianos tinham uma característica antiga de tolerância à água salgada, que se perdeu nos jacarés atuais.
Os especialistas também usaram dados moleculares de crocodilianos modernos para estabelecer a diferença entre estes animais.
Dessa forma, foi possível concluir que a árvore genealógica se dividiu muito antes de os jacarés modernos surgirem. Isso explica porque existiam outros crocodilianos muito maiores, inclusive o caçador de dinossauros.
Os caranguejos-ferradura (Limulus polyphemus) são verdadeiras relíquias vivas que testemunharam a evolução da Terra muito antes dos dinossauros surgirem.
Estas criaturas ancestrais, que sobrevivem praticamente inalteradas há 450 milhões de anos, encontraram um lar improvável no Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida (EUA).
O complexo aeroespacial abriga não apenas o programa espacial estadunidense, mas, também, serve como refúgio para mais de 1,5 mil espécies de flora e fauna, tornando-se um dos pontos de maior biodiversidade nos Estados Unidos.
Bichos são milenares (Imagem: Reprodução/NASA)
Em celebração ao Dia da Terra, comemorado na terça-feira (22), a NASA destacou a importância ecológica destes antigos artrópodes.
“Os caranguejos-ferradura são espécies-chave nos ecossistemas costeiros e estuarinos ao redor do porto espacial”, explica James T. Brooks, especialista em proteção ambiental da NASA.
“Seus ovos são fonte vital de alimento para aves limícolas migratórias em ambientes costeiros e seus hábitos alimentares ajudam a moldar a composição de plantas e animais que habitam o fundo oceânico, rios e lagos.”
Brooks também ressalta que alterações nas populações destes caranguejos podem indicar problemas ecológicos mais amplos, como contaminação ambiental ou degradação de habitats.
Estes antigos artrópodes funcionam como bioindicadores essenciais, revelando a capacidade do ecossistema de manter diversas espécies dependentes, como aves migratórias, tartarugas marinhas, jacarés e outros animais selvagens. Sua presença e abundância oferecem panorama confiável sobre a saúde ambiental dessas áreas vitais.
O serviço de streaming gratuito NASA+ documenta o trabalho de biólogos que rastreiam estes animais nas praias da região.
Os cientistas contabilizam avistamentos e marcam os espécimes com dispositivos para estudar padrões migratórios e taxas de sobrevivência.
O monitoramento intensifica-se durante os períodos de reprodução na primavera e verão, quando os especialistas acompanham a desova, avaliam a saúde do habitat e analisam tendências populacionais. Estas informações são cruciais para determinar a saúde geral do ecossistema local.
Antigos artrópodes funcionam como bioindicadores essenciais (Imagem: NASA)
Veja mais no vídeo abaixo:
Contribuição para a medicina
Além de seu valor ecológico, os caranguejos-ferradura possuem importância significativa para a saúde humana;
Seu singular sangue azul, baseado em cobre, contém o Lisado de Amebócitos de Limulus, substância capaz de detectar contaminações bacterianas em equipamentos médicos, produtos farmacêuticos e vacinas;
Reconhecendo a relevância desta espécie ancestral, a NASA apoia projetos de restauração de habitat, incluindo a reconstrução de margens costeiras danificadas por eventos climáticos e a minimização do impacto humano em áreas de nidificação.
Conheça a espécie invasora que está dominando os oceanos
Espécie invasora é qualquer animal ou planta que esteja fora do seu habitat natural e que pode causar danos ao ecossistema local. Um dos casos recentes mais famosos aqui no Brasil é o do peixe-leão, uma pequena criatura natural dos oceanos Índico e Pacífico que chegou há alguns anos no Atlântico.
A lista de espécies invasoras no Brasil é extensa e inclui alguns animais que a maioria das pessoas acham que sempre foram nativos daqui. É o caso da tilápia. O peixe é originário do continente africano, mas já dominou vários rios de diferentes regiões do país.
Imagine que os dinossauros pudessem voltar a caminhar sobre a Terra, como na franquia de filmes Jurassic Park. A ideia pode parecer emocionante (e assustadora), mas, na prática, está muito distante da realidade. Apesar dos avanços na ciência genética, trazer essas criaturas pré-históricas de volta é, por enquanto, algo impossível.
Recentemente, a startup de biotecnologia norte-americana Colossal Biosciences chamou atenção ao anunciar projetos para “reviver” espécies extintas, como o dodô, um pássaro que desapareceu no século 17, além do mamute-lanoso e do lobo-terrível, animais que viveram há cerca de 10 mil anos, durante a Era do Gelo.
A proposta é usar técnicas modernas de edição genética para recriar essas criaturas. Esses projetos despertaram a curiosidade do público e levantaram uma dúvida: será que dinossauros, como o tiranossauro rex ou o velociraptor, também poderiam voltar à vida?
Representação artística elaborada com Inteligência Artificial mostra uma cena completamente impossível: um dinossauro convivendo amistosamente com outros animais no mundo atual. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital
A resposta direta e reta é: não. A diferença de tempo entre os dinossauros e outros animais extintos é imensa e torna a ideia inviável do ponto de vista científico.
DNA não se preserva por tanto tempo
Para que um animal seja recriado, é necessário conhecer seu DNA – o código genético que define como ele é. No caso dos dinossauros, a ciência até já descobriu partes da estrutura dos seus genes. Porém, não se sabe a ordem exata dessas informações, o que impede a reconstrução precisa do material genético.
Além disso, o DNA é extremamente frágil e se deteriora com o tempo. Um estudo de 2018 indica que, em condições normais, metade do DNA se perde a cada 521 anos. Mesmo em ambientes congelados, sua durabilidade chega no máximo a 158 mil anos – muito longe dos 66 milhões de anos que separam os humanos dos últimos dinossauros.
É por isso que fósseis não contêm mais DNA utilizável. Sem esse material genético completo e bem preservado, não há como recriar um dinossauro real. Podemos até encontrar ossos e outras pistas sobre como viviam, mas isso não é suficiente para trazê-los de volta.
Empresa criou rato com características do extinto mamute-lanoso. Crédito: Colossal Biosciences
Enquanto alguns animais extintos há pouco tempo ainda têm chances de retorno (será?), os dinossauros devem continuar apenas como peças de museu e estrelas do cinema. A ciência moderna tem feito avanços incríveis, mas a “ressurreição” desses gigantes do passado continua sendo apenas uma fantasia – ainda bem!
Mas, e se a tecnologia permitisse ressuscitar os dinossauros?
Mas, vamos supor que alcancemos tecnologia suficiente para trazer os dinossauros de volta. O que poderia acontecer?
De acordo com uma reportagem da National Geographic, o retorno desses animais traria uma série de desafios práticos e éticos. O comportamento dessas criaturas é completamente desconhecido no contexto moderno. Sem qualquer convivência anterior com humanos, dinossauros poderiam reagir com agressividade ou simplesmente não conseguir sobreviver às mudanças drásticas que o planeta sofreu desde sua extinção, há 66 milhões de anos.
Outro obstáculo seria fisiológico. O ambiente da Terra no período dos dinossauros era muito diferente: o clima, a composição da atmosfera e a vegetação não se comparam aos de hoje. Trazer essas espécies de volta exigiria ambientes controlados e altamente especializados, com temperaturas, alimentos e umidade simulando o passado. Em outras palavras, seria preciso recriar um pedaço do Cretáceo dentro de estufas tecnológicas – um esforço caro, complexo e de utilidade questionável.
As dificuldades não param por aí. O retorno de dinossauros levantaria dilemas éticos importantes. Qual seria a função desses animais em nosso mundo? Que direitos teriam? Seriam tratados como atrações exóticas, confinados a laboratórios ou parques, ou como espécies a serem reintegradas à natureza? A ciência pode até avançar, mas a questão continua: devemos fazer algo apenas porque podemos?
Além disso, trazer de volta uma espécie extinta há milhões de anos não contribui para a preservação da biodiversidade atual. Pelo contrário, pode desviar recursos e atenção de iniciativas urgentes de conservação.
Para a paleontóloga Victoria Arbour, especialista em dinossauros com couraça do Royal Ontario Museum, em Toronto, no Canadá, a melhor forma de honrar o passado deve ser proteger o presente. “A maravilha que sentimos quando olhamos para fósseis de dinossauros em museus pode ajudar a nos inspirar a apreciar a finitude da extinção e nos encorajar a proteger as espécies que compartilham nosso planeta conosco hoje”.
Um artigo publicado este mês na revista Publicación Electrónica de La Asociación Paleontológica Argentinarevela que um dinossauro gigante virou comida para vários animais depois de morrer. A conclusão foi possível graças a marcas observadas em um fóssil que foi encontrado em Cerro Fortaleza, na província de Santa Cruz, região argentina da Patagônia.
Trata-se de um pedaço de osso que ainda não foi identificado com precisão. Os cientistas acreditam que ele pode ser parte da perna do animal, da cintura pélvica ou da região dos ombros.
O que você vai ler aqui:
Um fóssil de dinossauro gigante foi encontrado com marcas de mordida na Patagônia;
O osso, possivelmente de um saurópode, foi devorado por ao menos três tipos de predadores;
As marcas indicam ataques de dinossauros carnívoros, crocodilos extintos e um pequeno mamífero;
A carcaça parece ter ficado exposta por muito tempo, sendo consumida por animais com hábitos diferentes;
O achado revela interações complexas entre espécies no Cretáceo e destaca a diversidade de espécies da região.
Esse osso pertenceu a um saurópode, grupo de dinossauros herbívoros, quadrúpedes e de grande porte. Apesar de não saberem a espécie exata, os pesquisadores conseguiram analisar as marcas deixadas no osso e concluir que o animal morto foi devorado por pelo menos três tipos diferentes de predadores.
Entre os animais que se alimentaram dele estão dinossauros carnívoros, crocodilos ancestrais e até mesmo um pequeno mamífero. Cada grupo teria atacado em momentos diferentes, o que indica que o corpo permaneceu exposto por um tempo considerável.
Fragmento de osso de dinossauro com marcas de predação pós-morte por diferentes espécies. Crédito: Paulina-Carabajal et. al.
Predadores arrancaram a carne do osso do animal
A equipe envolvida no estudo é formada por pesquisadores do Museu Paleontológico de Bariloche, do Instituto Patagônico de Geologia e Paleontologia e do Instituto de Pesquisas em Biodiversidade e Meio Ambiente, todas instituições argentinas. Os cientistas analisaram o osso em laboratório e o compararam com outros fósseis já estudados.
Ao todo, foram identificados 99 sulcos e 19 perfurações no fragmento. Essas marcas são diferentes das mordidas de caça, que geralmente acontecem durante o ataque. No caso deste fóssil, os traços são repetitivos e seguem um padrão, o que indica que os animais estavam arrancando carne do osso.
As marcas foram divididas em três tipos. O primeiro apresenta sulcos individuais ou em pares. O segundo tipo mostra sulcos paralelos, semelhantes a cortes feitos com ferramentas afiadas. Já o terceiro corresponde a buracos profundos, redondos ou ovais, que indicam mordidas mais fortes.
Representação dos três tipos de marcas encontrados no fragmento ósseo. Crédito: Paulina-Carabajal et. al.
Os pesquisadores acreditam que essas marcas podem ter sido feitas por dinossauros carnívoros como os abelissaurídeos e os megaraptores, ambos parentes distantes do tiranossauro. Também podem ter vindo de crocodilos extintos chamados notossúquios, além de um pequeno mamífero carnívoro.
Carcaça de dinossauro foi consumida em horários variados
A diferença nos hábitos desses animais também ajudou a montar o quebra-cabeça. Enquanto dinossauros predadores eram ativos durante o dia, mamíferos costumavam agir à noite. Isso sugere que a carcaça ficou exposta por um bom tempo, sendo visitada por diferentes espécies em horários variados.
Segundo os autores, não é possível dizer com certeza se os animais caçaram o dinossauro ou apenas aproveitaram seus restos. Assim como urubus e hienas hoje em dia, muitos animais do passado se alimentavam de cadáveres que já estavam no chão.
O estudo mostra como a alimentação em grupo, mesmo entre espécies diferentes, já existia há milhões de anos. Além disso, revela a complexidade das relações entre predadores e carniceiros no fim do período Cretáceo, entre 72 e 66 milhões de anos atrás.
Por fim, os pesquisadores destacam a importância do achado para entender a diversidade de espécies que viveram na Patagônia no passado. As marcas de mordida revelam diferentes estratégias de sobrevivência e alimentação em uma região rica em vida pré-histórica.
Se um asteroide não tivesse colidido com a Terra há 66 milhões de anos, os dinossauros jamais teriam entrado em extinção. É o que apontam os autores de um estudo publicado na Current Biology, sugerindo que, ao contrário do que parte da comunidade científica acredita, os dinossauros não estavam em declínio antes do fatídico evento que os apagou do planeta.
Entenda:
Se não fosse pelo asteroide que colidiu com a Terra há milhões de anos, os dinossauros provavelmente ainda estariam vivos;
Pesquisadores sugerem que, antes do evento de extinção em massa, os dinossauros não estavam em declínio;
Essa crença é, para os autores, fruto de um registro fóssil escasso, levando alguns cientistas a acreditarem que os dinossauros estavam caminhando para a extinção já antes do asteroide.
Dinossauros não estavam em declínio antes do asteroide, sugere estudo. (Imagem: Herschel Hoffmeye/Shutterstock)
Como aponta a equipe por trás da pesquisa, a crença do suposto declínio – em número e diversidade – dos dinossauros no período Cretáceo se deve, na verdade, a um registro fóssil pobre. Para sustentar a hipótese, os cientistas da University College London analisaram o registro fóssil da América do Norte nos 18 milhões de anos que precederam o impacto do asteroide na Terra.
Dinossauros não caminhavam rumo à extinção antes do asteroide
No estudo, a equipe analisou os registros de cerca de 8 mil fósseis da América do Norte do Campaniano (de 83,6 a 72,1 milhões de anos atrás) e do Maastrichtiano (de 72,1 a 66 milhões de anos atrás), com foco nas famílias Ankylosauridae, Ceratopsidae, Hadrosauridae e Tyrannosauridae.
De acordo com os pesquisadores, os dinossauros atingiram um pico de diversidade há cerca de 76 milhões de anos. 6 milhões de anos antes do evento de extinção em massa, o número de fósseis das quatro famílias no registro geológico já estava diminuindo. O motivo por trás disso, entretanto, ainda é um mistério para os cientistas.
Dinossauros poderiam estar vivos até hoje. (Imagem: funstarts33/Shutterstock)
“Os dinossauros provavelmente não estavam inevitavelmente condenados à extinção no final do Mesozóico [de 252 milhões a 66 milhões de anos atrás]. Se não fosse por aquele asteroide, eles ainda poderiam compartilhar este planeta com mamíferos, lagartos e seus descendentes sobreviventes: pássaros”, sugere Alessandro Chiarenza, coautor do estudo, em comunicado.
Redução de fósseis de dinossauros extintos ainda intriga cientistas
Uma das possibilidades abordadas pelos autores é que as condições geológicas para fossilização no período Maastrichtiano podem ter sido mais precárias. Além disso, as rochas que poderiam conter fósseis dessa época estavam cobertos por vegetação ou inacessíveis, dificultando a descoberta dos restos mortais.
Espécie de dinossauro descoberta no Deserto de Gobi, na Mongólia, tinha duas garras gigantes em cada braço. É o que revela um estudo publicado no iScience na terça-feira (25).
Essa pode ser “a maior garra de dinossauro totalmente preservada” já desenterrada, disse a coautora Darla Zelenitsky, paleontóloga e professora na Universidade de Calgary, ao jornal Washington Post.
Os fósseis foram desenterrados em 2012 durante obras numa cidade no sul da Mongólia. Sim, a publicação da análise deles levou 13 anos.
Garras gigantes de dinossauro estavam ‘excepcionalmente preservadas’
Os fósseis de Duonychus tsogtbaatari estudados pelos cientistas incluíam uma garra “excepcionalmente preservada” e bem curvada.
Isso é surpreendente porque a garra tinha capa de queratina sobre o osso. E esse material é muito vulnerável à desintegração ao longo do tempo.
Fósseis de Duonychus tsogtbaatari incluíam garra “excepcionalmente preservada” (Imagem: Yoshi Kobayashi/Universidade Hokkaido)
A garra pode ter sido tão bem preservada devido ao que acontecia quando o dinossauro morreu. “As condições devem ter sido ideais para que a capa de queratina fosse fossilizada antes de se decompor”, disse Zelenitsky.
A pesquisadora acrescentou que o dinossauro provavelmente foi coberta por terra logo após morrer. Isso protegeu a garra de intempéries e de animais carniceiros por cerca de 90 milhões de anos.
Garras grandes e seu propósito
“Sabemos a partir deste espécime que as garras eram enormes, com cerca de 30 centímetros de comprimento, e muito afiadas em comparação com o núcleo ósseo subjacente”, disse Zelenitsky.
“Apesar de ter garras grandes e feias, o Duonychus não era carnívoro“, acrescentou. Na verdade, ele era mais parecido com “preguiças ou pandas do Cretáceo”. E provavelmente usava suas garras para agarrar vegetação e puxá-la para a boca.
“Garras eram enormes, com cerca de 30 centímetros de comprimento”, diz pesquisadora (Imagem: Yoshi Kobayashi et al.)
Além disso, a nova espécie tinha dois dedos, o que a torna incomum entre seus parentes no grupo dos Terizinossauros, escreveram os autores do estudo.
Os Terizinossauros eram dinossauros herbívoros ou onívoros de pescoços longos que viveram na Ásia e na América do Norte durante o período Cretáceo.
Importância do estudo
Presume-se que muitos dinossauros tinham cobertura de queratina em suas garras, disse Jake Kotevski, paleontólogo de vertebrados da Universidade Monash, em Melbourne, na Austrália.
No entanto, “muito, muito raramente” fósseis são encontrados com essa cobertura ainda intacta, acrescentou Kotevski. Ele não participou do estudo.
“Novas descobertas como essa destacam o quão estranhos eles [Terizinossauros] realmente eram”, disse professor que não participou do estudo (Imagem: Yoshi Kobayashi et al.)
“Os Terizinossauros são classicamente alguns dos dinossauros mais bizarros que existem”, disse ao jornal Phil Bell, professor de paleontologia na Universidade de New England, também na Austrália.
“Novas descobertas como essa destacam o quão estranhos eles realmente eram“, acrescentou o professor, que também não participou da pesquisa.
Lagartos que chegavam a 20 metros de altura e pesavam algumas toneladas. Predadores vorazes que ocupavam o topo da cadeia alimentar global. Criaturas deslumbrantes (e assustadoras) que habitavam as águas, a terra e os céus.
Os dinossauros dominaram o planeta por cerca de 179 milhões de anos, durante a Era Mesozoica e os seus períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo. Eles, porém, foram extintos há cerca de 65 milhões de anos.
A maioria dos cientistas concorda que a extinção deles ocorreu a partir da queda do asteroide Chicxulub, no México. O evento desencadeou uma reação em cadeia que levou à morte de 75% das espécies de animais que viviam naquela época.
A Terra se recuperou depois desse episódio, tanto que estamos aqui hoje. Os dinossauros, porém, nunca mais voltaram – e muita gente se pergunta o porquê. Como animais que foram dominantes por tanto tempo (muito mais do que nós, humanos) não evoluíram de novo depois do asteroide? A ciência tem uma resposta.
Há um consenso na comunidade científica que a extinção dos dinossauros ocorreu a partir da queda de um grande asteroide – Imagem: IvaFoto/Shutterstock
A complexidade da natureza
Cientistas ouvidos pelo site gringo IFL Science explicam que a evolução é um processo complexo de sorte e oportunidade.
Os organismos se adaptam ao ambiente por meio de uma combinação de seleção natural, seleção sexual e mutações genéticas.
Isso, no entanto, não garante que as coisas sempre acontecerão da mesma maneira.
Em outras palavras: a vida não é uma ciência exata.
Os dinossauros evoluíram com sucesso ao longo de milhões de anos, ajustando-se ao seu ambiente e se tornando a classe dominante de animais no planeta.
Após a extinção, a chance deles retornarem é praticamente nula, uma vez que o planeta mudou e outras criaturas assumiram o topo da cadeia alimentar.
Aliás, esse posto foi ocupado pelos grandes mamíferos, que foram capazes de sobreviver ao novo mundo e, posteriormente, à Era do Gelo.
De acordo com os cientistas, uma espécie extinta não pode evoluir naturalmente para retornar exatamente como era antes.
Estudos apontam que pequenos terópodes, uma família de dinossauros bípedes, acabaram evoluindo para algumas espécies de aves que conhecemos atualmente.
Mas foram milhões de anos de evolução nessa história.
Os dinossauros dominaram o planeta Terra por quase 180 milhões de anos – Imagem: Herschel Hoffmeye/Shutterstock
A extinção dos dinossauros
Um estudo de 2023 afirma que, após a queda do asteroide, a planeta passou a ter uma espécie de poeira fina na atmosfera, bloqueando a luz solar. E teria sido essa escuridão a principal responsável pela aniquilação da espécie.
Muitos seres vivos não conseguiram se adaptar a essa nova realidade, que contava também com erupções vulcânicas, tsunamis e a redução de 15 °C da temperatura global média.
E não estamos falando somente dos dinossauros e outros animais, mas das plantas também. De acordo com os pesquisadores, sem a luz solar, vários vegetais morreram, dando início a um efeito cascata. Dinossauros herbívoros não tinham mais do que se alimentar e também faleceram. Os carnívoros, por sua vez, perderam suas presas.
Você pode ler mais sobre essa teoria neste outro texto do Olhar Digital.