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Análise de DNA traz respostas sobre a civilização maia

Novas análises genéticas corroboram a tese de uma grande mobilização da civilização maia para além dos limites convencionais do seu território no México. A pesquisa também sugere a persistência duradoura da ancestralidade local na região maia até os dias atuais.

Pesquisadores coletaram ossos de 16 indivíduos de dois projetos arqueológicos para o estudo: Programa Integral de Conservação do Parque Arqueológico Copán (PICPAC) e Projeto Arqueológico Copán (PROARCO). 

As ruínas de Copán estão localizadas abaixo da superfície do atual oeste de Honduras. O sítio arqueológico já foi uma cidade vital no mundo maia clássico, situado no cruzamento entre a América Central e a América do Sul.

Ruínas de Copán estão localizadas abaixo da superfície do atual oeste de Honduras (Imagem: FtLaudGirl/iStock)

Como foi feita a pesquisa?

Apenas sete amostras forneceram material suficiente para análises mais aprofundadas de DNA. Uma delas foi retirada de um indivíduo que recebeu a designação de riqueza mais alta, enterrado em um túmulo de estilo real. No entanto, a maioria carecia de indicadores de riqueza notáveis — um deles teria sido, inclusive, oferenda de sacrifício.

Os genomas recém-sequenciados foram então comparados com genomas americanos antigos e modernos, revelando uma forte continuidade genética na região maia desde o período arcaico tardio até os dias atuais.

Os dados indicaram a presença de uma população local desde o período arcaico tardio e um fluxo gênico (6,1% ± 2,6%) proveniente de populações mexicanas das terras altas durante o período clássico inicial e médio, corroborando a ideia de movimento populacional e integração cultural durante esse período.

Genomas recém-sequenciados foram comparados com genomas americanos antigos e modernos (Imagem: Reprodução)

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Novas perspectivas

Copán começou a ser ocupada por humanos no período Pré-clássico Inferior (antes de ~1000 a.C.), com a migração de pequenas comunidades agrícolas. Já no período Clássico Inferior (por volta de 300-400 d.C.) testemunhou inscrições em estilo maia.

Uma nova era teve início com o estabelecimento de uma dinastia real pelo primeiro rei, K’inich Yax K’uk’ Mo’. O reinado de 400 anos foi marcado por forte atividade política, econômica e cerimonial, que se intensificou após a migração de elites maias.

A pesquisa concluiu que o povo de Copán clássico tinha semelhanças genéticas com populações arcaicas tardias (5.600 a 3.700 anos atrás), grupos maias posteriores e comunidades maias modernas no México.

Os resultados publicados em um artigo na Current Biology também apontam para um declínio drástico — mas não do desaparecimento completo — da população maia há cerca de 1.200 anos devido a grandes secas e instabilidade social durante os séculos IX e XI.

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Humanos compartilham 60% do DNA com bananas? Saiba a verdade

Você provavelmente já ouviu por aí que humanos compartilham 60% do DNA com bananas. A frase é curiosa e viralizou justamente por soar absurda — afinal, o que um ser humano poderia ter em comum com uma fruta amarela e macia?

Como essa lenda surgiu

  • A origem do dado vem de um estudo de 2013 feito pelo Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano (EUA), que apontou que cerca de 60% dos genes de uma banana têm alguma correspondência funcional com genes humanos.
  • Ou seja, são genes que desempenham funções semelhantes em ambos os organismos, como participar da respiração celular ou do processamento de energia.
  • Mas isso não significa que 60% do nosso DNA total seja igual ao de uma banana.
  • Na prática, apenas uma pequena fração do DNA é comparável, e mesmo entre os genes semelhantes, as correspondências são parciais.

“Você compartilha 50% do seu DNA com cada um dos seus pais. Mas, com as bananas, compartilhamos cerca de 50% dos nossos genes”, segundo Mike Francis, bioinformata do Centro de Dados e Ciências Computacionais de Assuntos de Veteranos em Boston. E o que isso significa? Mais ou menos 1% do nosso DNA. 

Estatística famosa tem um fundo de verdade — mas também muita confusão – Imagem: itaci/Shutterstock

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Em certo nível, temos coisas em comum com as bananas

Você não é 60% banana, mas o que essa comparação revela é algo mais interessante: como é possível descobrir tudo isso.

“O mais notável é que, apesar de estarmos muito distantes no tempo evolutivo, ainda podemos encontrar uma assinatura comum no genoma de um ancestral comum”, disse o geneticista do National Institutes of Health Lawrence Brody, que liderou o projeto, ao HowStuffWorks

“Eles são preservados porque o genoma de um organismo que viveu bilhões de anos atrás continha genes que ajudavam as células a viver e se reproduzir”, explicou. “Esses mesmos genes são preservados em nós e nas plantas.”

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Compartilhamos DNA com bananas, mas não do jeito que você imagina – Imagem: vipvn/Shutterstock

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Análise de DNA ajuda a entender o colapso da população maia

Os Maias foram uma civilização pré-colombiana que se desenvolveu principalmente em áreas do atual México, e em partes da Guatemala, Belize e Honduras. O povo é conhecido por sua cultura, com destaque para a escrita hieroglífica, a matemática, a astronomia e o calendário. 

Ao longo do Período Pós-Clássico (de 900 d.C. a 1697 d.C.), muitas cidades maias entraram em declínio devido a diversos fatores, como guerras, problemas ambientais e a ascensão de outras civilizações. Mas agora uma análise de DNA pode esclarecer o que, de fato, aconteceu.

População colapsou, mas não se extinguiu

  • As conclusões são resultado de exames feitos em esqueletos localizados enterrados perto da antiga cidade maia de Copán, no atual oeste de Honduras.
  • No total, genomas de sete pessoas que viveram no período maia clássico (de 250 a 900 d.C.) foram analisados.
  • O estudo, publicado na revista Current Biology, apontou que a população maia enfrentou uma drástica redução há cerca de 1.200 anos.
  • Isso se alinha com um cenário proposto por arqueólogos em que a quantidade de pessoas diminuiu, mas não se extinguiu totalmente.
Sete pessoas que viveram na antiga cidade maia tiveram seus DNAs analisados (Imagem: Billion Photos/Shutterstock)

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Interação com estrangeiros teria motivado crise

Durante o estudo, pesquisadores investigaram a hipótese de que estrangeiros assumiram o poder em Copán no final da década de 420. A ideia era entender como as interações entre locais e não locais criaram mudanças sociais e culturais neste importante centro maia.

A dinastia real que governou por quatro séculos foi estabelecida na cidade em 426 d.C. por um homem conhecido como K’inich Yax K’uk ‘Mo’, que era um estranho, de acordo com as inscrições maias. Análises genômicas e isotópicas anteriores de esqueletos de outros sítios maias sugeriram que a migração e o fluxo gênico eram comuns, mas a natureza dessa mistura de genes nunca havia sido investigada antes.

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As ruínas das antigas cidades maias causam fascínio até hoje (Imagem: Aleksandr Medvedkov/Shutterstock)

Com base no sequenciamento de genomas de sete pessoas enterradas em Copán, a equipe descobriu que todas as pessoas tinham diferentes linhagens maternas. Dois homens, no entanto, pertenciam à mesma linhagem do cromossomo Y e foram enterrados juntos: um poderia ter sido um antigo governante, enquanto o outro serviu de sacrifício.

Apesar das semelhanças genômicas, eles não eram parentes próximos. Os cientistas ainda explicaram que a linhagem que os homens compartilham é comum entre as populações indígenas americanas atuais. Isso sugere “a persistência duradoura da ancestralidade local na região maia”. Em outras palavras, a conclusão é que, embora a população tenha diminuído drasticamente com o colapso do sistema político maia, a população não foi substituída por nenhum outro grupo.

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Não são bons só de memória! Elefantes são praticamente imunes ao câncer

Os elefantes são considerados animais sagrados na Índia, mas não somente lá que eles despertam a curiosidades dos humanos.

Além da mística que envolve esses animais, eles também chamam a atenção por seu visual e atributos físicos. E, agora, uma nova característica despertou o interesse da ciência: eles, aparentemente, são imunes ao câncer.

Cientistas descobriram que os maiores animais terrestres do planeta possuem índices muito baixos de tumores. Segundo os pesquisadores, os genes desses gigantes contam com variações que previnem esse tipo de doença.

Elefantes são sagrados na Índia, gigantes, bons de memória, e… talvez resistam mais ao câncer! (Reprodução: Henk Bogaard/Shutterstock)

Como funciona o câncer

  • Conforme um indivíduo cresce, suas células se multiplicam de maneira proporcional. Ou seja, um elefante vai passar por esse processo incontáveis vezes;
  • Essas características estão diretamente ligadas com o risco de câncer – quanto mais as células se dividem, maiores as chances de uma mutação ocorrer e, consequentemente, maiores as chances de um tumor aparecer.

Segundo o portal New Atlas, essa afirmação se mostrou correta em diversas espécies, desde humanos altos, até cachorros grandes. A correlação entre o tamanho do corpo com o risco de câncer parece ser um padrão. Isso significa que animais maiores que vivem muito tem mais chances de desenvolver a condição.

Entretanto, os elefantes desafiam esse padrão devido a um diferencial genético: eles possuem cerca de 20 cópias do gene p53, fundamental para detectar danos no DNA e impedir a divisão celular quando há mutações. Humanos têm apenas uma cópia, o que ajuda a explicar a menor incidência de câncer nesses gigantes.

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O gene “guardião” dos elefantes

O gene p53 codifica uma proteína que funciona como um “guardião” das células, evitando que as danificadas se multipliquem e formem tumores. A presença de múltiplas cópias aumenta a eficiência desse mecanismo, resultando em apenas cerca de 5% dos elefantes desenvolvendo câncer, contra 25% dos humanos.

Além disso, a atividade do p53 é regulada pelo gene MDM2, que produz proteína capaz de inativar o p53. A interação entre essas múltiplas cópias de p53 e a regulação por MDM2 cria sistema robusto de supressão, ajudando os elefantes a resistir ao câncer mesmo com sua grande massa corporal e longevidade.

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Como esse tipo de paquiderme tem 20 vezes mais cópias do gene p53 do que nós, eles conseguem resistir bem mais à geração de um tumor (Imagem: Kateryna Kon/Shutterstock)

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Parentes vivos de Leonardo Da Vinci são identificados em pesquisa

O grupo internacional de cientistas Leonardo DNA Project revelou em um inédito livro descobertas de uma pesquisa sobre a genética do artista e inventor Leonardo Da Vinci. O trabalho pretende ser a base para um dos mais avançados estudos de história e biologia: a reconstrução do perfil genético de Da Vinci.

As descobertas foram registradas no livro Genìa Da Vinci. Genealogy and Genetics for Leonardo’s, publicado pela editora italiana Angelo Pontecorboli, ainda não disponível em português. A obra remonta a árvore genealógica do pintor, que vai de 1331 até os dias atuais, sendo composta por 21 gerações de 400 indivíduos.

Os pesquisadores realizaram uma análise meticulosa de fontes e documentos para reconstruir os ramos da família de Leonardo. A equipe conseguiu identificar 15 descendentes diretos da linhagem masculina relacionados aos pai e ao meio-irmão do artista, Domenico Benedetto.

A partir disso, o grupo pôde encontrar e submeter 6 desses descendentes a testes de DNA. A análise revelou que partes do cromossomo Y – que classifica os machos na genética humana – correspondiam entre os homens, o que confirma a continuidade genética da linhagem masculina de Da Vinci pelo menos desde a 15° geração.

O livro é de autoria de Alessandro Vezzosi e Agnese Sabato. (Imagem: Angelo Pontecorboli Editors)

Equipe encontrou tumba dos Da Vinci

Os cientistas também encontraram os túmulos da família Da Vinci sob a Igreja de Santa Cruz, em Vinci, na Itália. A equipe de escavação recuperou fragmentos de ossos e realizou a datação por carbono do material.

Um dos espécimes tem a idade compatível com os supostos parentes de Leonardo e foi submetido a análise. Os resultados preliminares indicaram que o indivíduo era provavelmente do sexo masculino. 

“Análises mais detalhadas são necessárias para determinar se o DNA extraído está suficientemente preservado. Com base nos resultados, podemos prosseguir com a análise de fragmentos do cromossomo Y para comparação com os descendentes atuais”, disse David Caramelli, coordenador dos aspectos antropológicos e moleculares do projeto, em um comunicado.

A equipe espera que o cromossomo Y dos descendentes vivos corresponda ao dos restos mortais sob a igreja de Vinci. Isso comprovaria a reconstrução histórica da linhagem registrada em documentos de óbito e permitira um exame mais profundado da genética de Leonardo Da Vinci.

Com ajuda dos vestígios de material biológico deixados em seus manuscritos originais e outras obras, os pesquisadores potencialmente poderão reconstruir o DNA desse artista e gênio do Renascimento.

Vista aérea da igreja de Santa Cruz em Vinci, Itália
A Igreja de Santa Cruz em Vinci, Itália, data do século XIII. (Imagem: imagoDens / Shutterstock)

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Projeto quer mapear DNA de Da Vinci

O Leonardo da Vinci DNA Project começou em 2016 e é coordenado pela Universidade Rockefeller em parceria com o Instituto J. Craig da Califórnia e a Universidade de Florença. A equipe tomou como ponto de partida o desafio de traçar a trajetória do cromossomo Y na família do artista através das linhagem masculina, vendo a passagem genética de pai para filho.

“Nosso objetivo ao reconstruir a linhagem da família Da Vinci até os dias atuais – preservando e valorizando os lugares ligados ao artista – é possibilitar a pesquisa científica sobre seu DNA”, disse Alessandro Vezzossi, pesquisador e um dos autores do livro. 

“Por meio da recuperação do DNA de Leonardo, esperamos compreender as raízes biológicas de sua extraordinária acuidade visual, criatividade e, possivelmente, até mesmo aspectos de sua saúde e causas de sua morte”, concluiu o autor.

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DNA revela segredos sobre a evolução dos mamutes

A análise de materiais genéticos está ajudando os cientistas a entender mais sobre a vida dos mamutes. Uma nova pesquisa, por exemplo, mostra como estes animais antigos surgiram, migraram e se adaptaram às mudanças climáticas.

No mais recente trabalho, pesquisadores descobriram que as criaturas que viveram no nosso planeta há um milhão de anos eram muito diferentes dos animais que foram extintos há apenas alguns milhares de anos.

DNAs que nunca haviam sido sequenciado foram analisados

  • Durante o trabalho, uma equipe da Universidade de Estocolmo e do Centro de Paleogenética da Suécia analisou os genomas mitocondriais de 34 mamutes cujo DNA nunca havia sido sequenciado antes.
  • Todos os exemplares viveram na América do Norte e na Sibéria durante a época do Pleistoceno, também conhecida como Idade do Gelo.
  • No entanto, pelo menos 11 deles são ainda mais antigos, datando do Pleistoceno Inferior e Médio há mais de 129 mil anos.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Molecular Biology.
Análise de DNA revelou informações sobre o passado destes animais (Imagem: Billion Photos/Shutterstock)

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Mamutes se dividiram em três grupos genéticos

Segundo os cientistas, os principais ramos da árvore genealógica do mamute se relacionam com grandes mudanças no clima da Terra. O trabalho aponta que os animais surgiram na Sibéria e que as mudanças no tamanho e no movimento da população desempenharam um papel fundamental na forma como diferentes grupos genéticos surgiram.

Ainda de acordo com os pesquisadores, os mamutes no Pleistoceno Superior Moderno se dividiram em três grupos genéticos, todos os quais compartilharam um ancestral comum mais recente há cerca de 780 mil anos.

Evolução dos mamutes está ligada com as mudanças no clima (Imagem: Daniel Eskridge/Shutterstock)

A análise ainda identificou um gargalo populacional significativo ocorrido há cerca de 285 mil anos, provavelmente reduzindo a diversidade genética dos animais. Depois disso, houve uma explosão de novas linhagens, possivelmente ligadas às mudanças climáticas.

A extinção destas criaturas antigas aconteceu a partir de 10 mil a.C. Acredita-se que a combinação entre a caça intensa por humanos e a diminuição da vegetação devido às mudanças climáticas no final da Era do Gelo levaram ao declínio da espécie. Algumas populações isoladas sobreviveram até 2 mil a.C. na Ilha de Wrangel.

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Cientistas criam ‘detector de metais’ para achar tumores

O câncer se tornou um dos maiores causadores de mortes em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, pesquisas apontam que mais de 704 mil novos casos da doença devem ser diagnosticados por ano até 2025. 

Mas um novo dispositivo pode revolucionar o diagnóstico e tratamento contra os tumores. Pesquisadores criaram um algoritmo que atua como uma espécie de “detector de metais” buscando falhas no DNA para localizar o câncer.

Descoberta pode acelerar diagnóstico de câncer

  • A equipe responsável pelo trabalho explicou que os tumores que apresentam DNA defeituoso têm maior probabilidade de serem tratados com sucesso.
  • Por isso, os cientistas resolveram focar neste tipo de câncer.
  • A ideia é que o algoritmo possa ajudar os médicos a descobrir quais pacientes têm maior probabilidade de ter um tratamento bem-sucedido.
  • Isso poderia abrir caminho para planos de tratamento mais personalizados que aumentam as chances de sobrevivência.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Nature Genetics.
Novo método pode facilitar a identificação de tumores (Imagem: Ebrahim Lotfi/Shutterstock)

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Padrões incomuns de mutações foram localizados

Durante o trabalho, os cientistas procuraram padrões no DNA criados pelas chamadas mutações indel.

Elas são alterações genéticas que consistem na adição ou exclusão de uma ou mais bases do material genético, sendo o segundo tipo de mutação mais comum no genoma humano. 

O resultado foi a localização de padrões incomuns de mutações em cânceres que tinham mecanismos de reparo de DNA defeituosos, conhecidos como “disfunção de reparo pós-replicativo” ou PRRd. Usando essas informações, eles desenvolveram um algoritmo que permite identificar os tumores.

Representação de um DNA
Algoritmo busca falhas no DNA que podem indicar a presença de câncer no organismo (Imagem: Billion Photos/Shutterstock)

Os pesquisadores acreditam que o novo sistema possa atuar como um “detector de metais” para permitir a identificação do câncer em pacientes com maior probabilidade de ter um tratamento bem-sucedido com imunoterapia.

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23andMe: entenda o que são testes genéticos e como funcionam

Em meio a desafios financeiros e um pedido de proteção contra falência, a 23andMe, pioneira dos testes genéticos diretos ao consumidor, continua a transformar o acesso à informação genética dos indivíduos.

Fundada em 2006 por Anne Wojcicki, a empresa, sediada em Sunnyvale, Califórnia (EUA), inovou ao permitir que pessoas conheçam seus antepassados e predisposições genéticas sem a necessidade de intermédio médico.

Como funciona o sistema da 23andMe

O processo é simples e realizado inteiramente em casa:

  1. Solicitação e Envio do Kit: o cliente adquire um dos kits de teste disponíveis online ou em grandes varejistas, como Walgreens e Target. Após a compra, o kit de coleta – que inclui instruções detalhadas – é enviado para o usuário em até dois dias úteis;
  2. Coleta da Amostra: seguindo as orientações, o usuário coleta uma pequena amostra de saliva e a registra utilizando um código de barras, garantindo que a amostra seja corretamente associada à sua conta;
  3. Processamento no Laboratório: a amostra é enviada de volta para o laboratório da 23andMe, onde o DNA é extraído e processado em um chip de genotipagem. Nesse chip, milhares de variantes genéticas são analisadas para compor o perfil genético do cliente;
  4. Geração dos Relatórios: em cerca de três a cinco semanas, os resultados são compilados em relatórios personalizados, acessíveis por meio de uma conta segura no site da 23andMe. Esses relatórios incluem informações sobre ancestralidade, traços físicos, predisposição a doenças e status de portador de condições genéticas.
Empresa fornece vários serviços relacionados ao DNA (Imagem: nevodka/Shutterstock)

Relatórios e benefícios

Os clientes podem escolher entre diferentes serviços, conforme sua necessidade:

  • Ancestralidade + Traços: relatórios detalhados que mostram a composição genética do usuário, abrangendo 45 populações do mundo, além de oferecer informações sobre haplogroups (linhagens materna e paterna) e até a contribuição genética dos Neandertais;
  • Saúde + Ancestralidade: além dos relatórios de ancestralidade e traços, este serviço, aprovado pela FDA, inclui análises de predisposição para diversas condições de saúde, como certos tipos de câncer, diabetes e doenças neurológicas;
  • Serviço de Assinatura 23andMe+: lançado em 2020, oferece relatórios adicionais e funcionalidades exclusivas, como análises de farmacogenética e informações sobre a saúde do coração, por um preço anual com desconto.

Impacto e controvérsias da 23andMe

A 23andMe revolucionou o mercado ao democratizar o acesso à genética, permitindo que milhões de pessoas descubram sua origem e riscos genéticos com facilidade. Com banco de dados que já ultrapassa os dez milhões de indivíduos, a empresa ajudou não só no conhecimento pessoal, mas, também, no avanço de pesquisas genéticas.

Entretanto, a trajetória da 23andMe não tem sido isenta de controvérsias. Críticas sobre a precisão dos testes para fins de cuidados de saúde e problemas relacionados ao uso e vazamento de dados genéticos de milhões de usuários marcaram a história da empresa. Além disso, desafios financeiros recentes, culminando no pedido de proteção contra falência, evidenciam as dificuldades enfrentadas para manter um modelo de negócio sustentável.

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Queda livre e pedido de falência

A 23andMe entrou com pedido de falência nesta segunda-feira (24) após não conseguir encontrar comprador para assumir suas operações. A startup tem até 7 de maio para continuar buscando um investidor, já que o conselho rejeitou proposta de recompra apresentada pela própria fundadora.

A companhia seguirá se apresentando aos investidores para conseguir, ao menos, uma oferta, conforme indicam documentos judiciais obtidos pela Bloomberg.

Os credores estabeleceram esse prazo e estão buscando autorização judicial para emprestar até US$ 35 milhões (R$ 200,88 milhões, na conversão direta) à 23andMe, valor destinado a financiar o processo de falência. No mesmo dia, Anne Wojcicki, que atuava como CEO, renunciou ao cargo, mas permanecerá no conselho de administração.

A 23andMe já contou com o apoio do Google e teve operações na Grã-Bretanha. Em 2021, após sua abertura de capital, a empresa chegou a ser avaliada em aproximadamente US$ 6 bilhões (R$ 34,43 bilhões), mas o valor despencou acentuadamente devido a disputas legais envolvendo o uso dos dados dos clientes, que eram compartilhados, mesmo que anonimizados, com farmacêuticas para pesquisas.

Em 2023, um ataque hacker comprometeu os dados de cerca de 6,9 milhões de clientes, expondo informações, como nomes, endereços, histórico genético e árvores genealógicas, utilizando logins e senhas antigos, o que levantou sérias dúvidas quanto à segurança dos dados sensíveis da empresa.

Após o pedido de recuperação judicial, o governo da Califórnia (EUA) solicitou que os usuários recorram para que a 23andMe possa proceder à exclusão de seus dados e destruição das amostras genéticas.

Logo da 23andMe em uma placa
Credores querem ajudar empresa (Imagem: bluestork/Shutterstock)

Mark Jensen, presidente e membro do Comitê Especial do Conselho de Administração, declarou: “Esperamos que o processo supervisionado pelo tribunal avance nossos esforços para enfrentar os desafios operacionais e financeiros que enfrentamos, incluindo mais reduções de custos e a resolução de passivos legais e de arrendamento.”

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Cientistas colocam “gene humano da linguagem” em camundongos; veja o que aconteceu

Recentemente, pesquisadores da Universidade Rockefeller (nos EUA) implantaram um gene humano modificado em camundongos e descobriram que ele alterou a vocalização dos roedores. Agora intitulado de “gene da linguagem humana”, os cientistas estudam como ele está associado ao surgimento da nossa comunicação oral.

O estudo sobre essa proteína, intitulada de NOVA1, explica os avanços sofridos nos ratos e foi publicado pelo periódico Nature Communications. Após a implantação dela nos roedores, os cientistas notaram uma alteração na ‘fala’ dos camundongos ao se comunicarem com suas mães e possíveis parceiras. Dentre os autores do artigo científico, destaca-se Robert B. Darnell.

Para quem tem pressa:

  • Cientistas da Universidade Rockefeller modificaram o gene humano NOVA1 e o implantaram em ratos;
  • O resultado mudou a percepção do NOVA1 e o fez ficar conhecido como “gene da linguagem humana”, já que a sua implantação nos ratos alterou a vocalização deles;
  • Conforme o estudo avança, pode elucidar dúvidas sobre a origem da comunicação oral humana e ainda auxilia os pesquisadores a acompanhar a evolução dos roedores geneticamente modificados.
Ratinho cheirando o ar (Reprodução: Nikolett Emmert/Unsplash)

Segundo Darnell, esse gene não está presente da mesma forma nas gerações anteriores de seres humanos, como nos neandertais. O IFL Science explica que a versão do NOVA1 que havia nos neandertais era mais parecida com a dos animais do que com os humanos modernos.

Este gene é parte de uma mudança evolutiva abrangente nos primeiros humanos modernos e sugere potenciais origens antigas da linguagem falada. NOVA1 pode ser um ‘gene da linguagem’ humano genuíno, embora certamente seja apenas uma das muitas mudanças genéticas específicas do homem.

— Robert B. Darnell, chefe do Laboratório de Neuro-Oncologia Molecular da Universidade Rockefeller

Os camundongos geneticamente modificados emitiram uma mudança vocal nítida enquanto se comunicavam uns com os outros. Por exemplo: foi verificado que, ao chamarem por sua mãe, os ‘grunhidos’ emitidos eram mais agudos do que os roedores que não receberam o gene humano.

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Todos os camundongos bebês fazem grunhidos ultrassônicos para suas mães, e os pesquisadores da linguagem categorizam os grunhidos variados como quatro ‘letras’ – S, D, U e M. Descobrimos que, quando “transliteramos” os grunhidos feitos por camundongos com a variante específica do gene da linguagem humana, eles eram diferentes dos camundongos do tipo selvagem. Algumas das ‘letras’ mudaram.

— Robert B. Darnell

O comportamento deles não foi analisado somente em uma fase da vida: enquanto adultos, os grunhidos desempenharam ‘chamadas de alta frequência’ ainda mais complexas, que ocorriam enquanto buscavam parceiras para copular. De acordo com Darnell, os machos geneticamente modificados ‘falaram’ de maneira diferente com as fêmeas.

O gene que desempenhou um papel considerável nessa mudança de comportamento — o NOVA1 — também está presente noutros seres vivos, como em alguns pássaros em mamíferos.

No entanto, ele apresenta diferenças no organismo humano: a variante humana produz uma única mudança de aminoácido, de isoleucina para valina, na posição 197 (I197V) na cadeia da proteína NOVA1, informou o site IFL Science. Essa mudança influenciou que nossa comunicação se tornasse tão complexa quanto é hoje.

A descoberta sobre a mudança da vocalização nos ratos não apenas é algo curioso e que pode evoluir para entendermos como a ‘linguagem’ deles vai se desenvolver, mas também ajuda os cientistas a entenderem mais sobre a própria linguagem oral humana; visto que o gene será cada vez mais estudado.

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Estudo inédito sobre genética da depressão pode mudar a forma como tratamos a doença

Seu DNA pode guardar segredos sobre sua saúde mental. Pesquisadores brasileiros ajudaram a desvendar quase 700 variações genéticas ligadas à depressão. O maior estudo global já feito sobre a genética da depressão incluiu dados de mais de 5 milhões de pessoas e contou com a participação da Unifesp e da UFRGS, ampliando a diversidade genética analisada.

A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Edimburgo e do King’s College London, analisou informações genéticas de indivíduos de 29 países. No Brasil, os pesquisadores ajudaram a incluir dados de populações miscigenadas, permitindo a descoberta de quase 300 novas variações genéticas antes desconhecidas.

Além disso, os cientistas identificaram que medicamentos como Pregabalina e Modafinil, já utilizados para outras condições, podem influenciar os genes relacionados à depressão. Os achados reforçam a importância de estudos genéticos mais diversos para desenvolver diagnósticos precisos e tratamentos personalizados para diferentes populações.

Novos caminhos para entender a depressão

Os cientistas destacam que cada variação genética isolada tem um impacto pequeno, mas, quando combinadas, podem aumentar significativamente o risco de desenvolver depressão. Esse efeito acumulativo pode explicar por que algumas pessoas são mais vulneráveis à doença, mesmo em condições ambientais semelhantes.

Ambiente, estilo de vida e fatores sociais também desempenham um papel essencial na manifestação da depressão, segundo pesquisa (Imagem: PeopleImages.com – Yuri A/Shutterstock)

Outro ponto relevante da descoberta é o impacto que essas variações podem ter no desenvolvimento de novos tratamentos. Com a identificação desses fatores de risco para a depressão, os pesquisadores esperam criar abordagens terapêuticas mais personalizadas. Atualmente, muitos antidepressivos são desenvolvidos sem levar em conta a genética individual dos pacientes.

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Além disso, o estudo ressalta a importância da inclusão de diferentes populações em pesquisas genéticas. Até agora, grande parte dos estudos focava apenas em indivíduos de ascendência europeia, o que limitava a compreensão da genética da depressão em outras etnias.

Um passo além na personalização dos tratamentos

Hoje, os tratamentos para depressão são amplamente baseados na tentativa e erro, já que cada paciente responde de forma diferente aos medicamentos disponíveis. No entanto, com a identificação das alterações genéticas envolvidas no transtorno, será possível desenvolver estratégias mais precisas, aumentando as chances de sucesso terapêutico e reduzindo efeitos colaterais.

Com a identificação das variações genéticas ligadas à depressão, tratamentos mais certeiros poderão substituir a atual abordagem (Imagem: Kateryna Kon/Shutterstock)

Outro avanço importante trazido pelo estudo é a possibilidade de prever, com mais precisão, quem tem maior predisposição genética para desenvolver depressão ao longo da vida. Esse tipo de informação pode ser usado para intervenções preventivas, permitindo que médicos e pacientes adotem estratégias para minimizar os impactos do transtorno antes mesmo que os sintomas se manifestem.

Por fim, a pesquisa reforça o papel da genética como uma peça-chave na compreensão dos transtornos mentais. Embora a depressão tenha origens multifatoriais, esse estudo fornece uma base genética robusta para futuros avanços na psiquiatria. O desafio agora é traduzir essas descobertas em aplicações clínicas, tornando o diagnóstico mais preciso e os tratamentos mais eficazes.

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