Novas análises genéticas corroboram a tese de uma grande mobilização da civilização maia para além dos limites convencionais do seu território no México. A pesquisa também sugere a persistência duradoura da ancestralidade local na região maia até os dias atuais.
Pesquisadores coletaram ossos de 16 indivíduos de dois projetos arqueológicos para o estudo: Programa Integral de Conservação do Parque Arqueológico Copán (PICPAC) e Projeto Arqueológico Copán (PROARCO).
As ruínas de Copán estão localizadas abaixo da superfície do atual oeste de Honduras. O sítio arqueológico já foi uma cidade vital no mundo maia clássico, situado no cruzamento entre a América Central e a América do Sul.
Como foi feita a pesquisa?
Apenas sete amostras forneceram material suficiente para análises mais aprofundadas de DNA. Uma delas foi retirada de um indivíduo que recebeu a designação de riqueza mais alta, enterrado em um túmulo de estilo real. No entanto, a maioria carecia de indicadores de riqueza notáveis — um deles teria sido, inclusive, oferenda de sacrifício.
Os genomas recém-sequenciados foram então comparados com genomas americanos antigos e modernos, revelando uma forte continuidade genética na região maia desde o período arcaico tardio até os dias atuais.
Os dados indicaram a presença de uma população local desde o período arcaico tardio e um fluxo gênico (6,1% ± 2,6%) proveniente de populações mexicanas das terras altas durante o período clássico inicial e médio, corroborando a ideia de movimento populacional e integração cultural durante esse período.

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Novas perspectivas
Copán começou a ser ocupada por humanos no período Pré-clássico Inferior (antes de ~1000 a.C.), com a migração de pequenas comunidades agrícolas. Já no período Clássico Inferior (por volta de 300-400 d.C.) testemunhou inscrições em estilo maia.
Uma nova era teve início com o estabelecimento de uma dinastia real pelo primeiro rei, K’inich Yax K’uk’ Mo’. O reinado de 400 anos foi marcado por forte atividade política, econômica e cerimonial, que se intensificou após a migração de elites maias.
A pesquisa concluiu que o povo de Copán clássico tinha semelhanças genéticas com populações arcaicas tardias (5.600 a 3.700 anos atrás), grupos maias posteriores e comunidades maias modernas no México.
Os resultados publicados em um artigo na Current Biology também apontam para um declínio drástico — mas não do desaparecimento completo — da população maia há cerca de 1.200 anos devido a grandes secas e instabilidade social durante os séculos IX e XI.
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