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Estudo: exame nos olhos permite diagnóstico precoce de Parkinson

Um simples exame oftalmológico não invasivo pode ser a chave para o diagnóstico precoce da Doença de Parkinson. Testada por pesquisadores do Canadá e descrita em um estudo da Neurobiology of Disease, a técnica não apenas permite que os médicos ajam com antecedência para tratar a doença, mas também monitorem sua progressão.

Entenda:

  • Pesquisadores descobriram que um tipo de exame oftalmológico pode apoiar o diagnóstico precoce do Parkinson;
  • Chamada de eletrorretinografia (ERG), a técnica mede a atividade da retina diante de estímulos luminosos;
  • Já se sabe que o ERG pode revelar sinais de transtornos psiquiátricos, mas, até então, o método não havia sido associado ao Parkinson;
  • Testes em humanos e em camundongos geneticamente modificados indicam que o exame permite tanto o diagnóstico precoce da doença quanto o monitoramento de sua progressão.
Exame oftalmológico identifica Parkinson antes que os sintomas se manifestem. (Imagem: SpeedKingz/Shutterstock)

Como destaca a equipe em comunicado, a maioria dos diagnósticos de Parkinson é feita quando os sintomas já começaram a se manifestar. E, quando isso acontece, é sinal de que a doença já atingiu os neurônios em um nível de degeneração irreversível. Encontrar técnicas de diagnóstico precoce – como a dos pesquisadores – é fundamental para superar esse desafio.

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Cientistas testaram exame que também diagnostica transtornos psiquiátricos

Para o estudo, a equipe usou o exame de eletrorretinografia (ERG), que mede a atividade da retina diante de estímulos luminosos. A técnica já havia sido usada antes na medicina para revelar sinais de transtornos psiquiátricos – como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão –, e os pesquisadores decidiram testar, também, seu efeito no diagnóstico de pacientes com Parkinson.

Os testes envolveram 20 adultos diagnosticados com a doença nos últimos cinco anos e outros 20 da mesma idade, mas sem a doença. “Colocamos um eletrodo na pálpebra inferior de cada participante e registramos sua resposta retiniana a uma série de flashes de diferentes intensidades, frequências e cores. Os resultados que obtivemos para pessoas com Parkinson apresentaram uma assinatura distinta daqueles do grupo de controle”, explica Martin Lévesque, líder do estudo.

Exame oftalmológico que identifica Parkinson também foi testado em camundongos

Médico examina olho de paciente homem mais velho
Exame que analisa pupilas também mostra sinais de transtornos psicológicos. (Imagem: seb_ra/iStock)

Além de humanos, o ERG também foi testado em camundongos geneticamente modificados com uma proteína humana associada ao Parkinson. “Mais uma vez, obtivemos respostas diferentes em animais com Parkinson. Isso sugere que as manifestações funcionais do Parkinson podem ser detectadas em um estágio inicial da doença por meio do exame da retina”, completa Lévesque.

Considerando que a idade média de diagnóstico da Doença de Parkinson é 65 anos, os cientistas propõem oferecer o exame de retina a partir dos 50, permitindo não só que o diagnóstico aconteça antes da manifestação dos sintomas – e, assim, o tratamento seja mais eficaz – mas também que a progressão do quadro seja monitorada continuamente.

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Por que a doença de Parkinson é tão difícil de diagnosticar?

A doença de Parkinson é uma das condições cerebrais mais intrigantes e comuns de hoje. Trata-se de uma doença degenerativa em que há alterações motoras, o que pode acarretar tremores involuntários, movimentos lentos, músculos rígidos e inflexíveis. Como parte intrigante da doença de Parkinson, o diagnóstico é difícil e não há um exame próprio para sua identificação.

Além dos sintomas motores, pessoas com a condição podem apresentar problemas cognitivos e desenvolver, inclusive, demência e distúrbios do sono. Como uma doença progressiva, ela pode acarretar incapacidade grave após dez a 15 anos.

A condição foi descrita pela primeira vez por James Parkinson em 1817 e permanece sem cura até hoje, embora haja tratamento. O diagnóstico da doença de Parkinson é feito por meio dos sintomas clínicos, o que pode dificultar descobrir a doença e iniciar o tratamento cedo.

A doença pode levar a incapacidade grave dentro de dez a 15 anos. Imagem: Daisy Daisy/ Shutterstock

Não existe, para Parkinson, um teste conclusivo, seja de sangue ou de cérebro. Isso significa que, enquanto algumas pessoas podem ser diagnosticadas tardiamente com Parkinson, outras podem receber esse diagnóstico de forma incorreta.

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Até recentemente, havia uma lista com uma série de sintomas criada pelo Banco de Cérebros da Sociedade de doença de Parkinson do Reino Unido para ajudar no diagnóstico de Parkinson, segundo artigo da universidade de medicina de Johns Hopkins. Mas, novos parâmetros surgiram, o que inclui sintomas como:

  • Tremores, geralmente, no pé ou na mão que ocorrem quando o paciente está descansando;
  • Movimentos se tornam mais lentos;
  • Rigidez dos braços, pernas ou tronco;
  • Instabilidade de postura, o que pode levar a problemas de equilíbrio e a quedas.

O médico, então, pode fazer um exame físico e pegar o histórico médico do paciente. Além disso, pode realizar um exame neurológico e testar a agilidade, o tônus e o equilíbrio muscular.

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Tremores são um dos sintomas para identificar Parkson. Imagem: Shutterstock

É possível um diagnóstico cedo para a doença de Parkinson?

Cada vez mais, a comunidade médica está ficando atenta a possíveis sintomas da condição que antecedem os físicos. Alguns indicativos de Parkinson que aparecem antes dos sintomas motores são perda olfativa, distúrbio de sono, constipação constante e transtornos mentais, como ansiedade e depressão.

A esperança é de que um diagnóstico precoce facilite o início de tratamento e, assim, reduza o ritmo de progressão da doença.

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IA permite tratamento revolucionário para a doença de Parkinson

Um dos recentes avanços medicinais mais promissores usando IA ocorreu para tratar o Parkinson, melhorando a qualidade de vida de dois homens que convivem com a condição, conforme mostra uma matéria do Washington Post.

Aos 40 anos, Keith Krehbiel, um cientista político renomado, foi diagnosticado com Parkinson. Embora os medicamentos controlassem seus sintomas, causavam efeitos colaterais debilitantes.

Da mesma forma, James McElroy, diagnosticado aos 47 anos, tomou até 17 comprimidos por dia, lidando com efeitos colaterais graves.

Ambos participaram de um tratamento inovador: estimulação cerebral profunda adaptativa (DBS), que usa inteligência artificial para ajustar a estimulação cerebral em tempo real, oferecendo um controle mais eficaz dos sintomas e reduzindo a necessidade de medicamentos.

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Abordagem com IA oferece uma nova esperança para pacientes com Parkinson (Imagem: Creative Cat Studio/Shutterstock)

Estimulação cerebral profunda adaptativa: o que é

  • O DBS, uma técnica cirúrgica usada desde 1997, tradicionalmente fornece estímulos constantes ao cérebro, mas pode causar subestimulação ou superestimulação.
  • A versão adaptativa ajusta a estimulação conforme as necessidades do paciente, otimizando os resultados e minimizando efeitos adversos.
  • Em testes, como o estudo piloto de 2024, a tecnologia mostrou grande potencial na melhora dos sintomas motores e na qualidade de vida dos pacientes.

A Food and Drug Administration (FDA) aprovou o primeiro sistema DBS adaptativo para Parkinson em fevereiro. Os resultados preliminares de estudos clínicos mostram alta satisfação dos pacientes, com 98% optando por continuar com a terapia a longo prazo.

No entanto, a técnica não é indicada para todos os pacientes e ainda existem desafios, como a personalização dos algoritmos e a busca por melhorar a eficácia do tratamento. Para Krehbiel e McElroy, a tecnologia tem sido transformadora, permitindo-lhes levar uma vida mais normal.

Mal de Parkinson
A estimulação cerebral profunda adaptativa pode ser a solução para uma tratamento do Parkinson com menos medicamentos e seus efeitos colaterais – Imagem: Jne Valokuvaus/Shutterstock

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