Os maiores bilionários do mundo experimentaram um efeito de euforia do mercado de ações no período pré-posse de Donald Trump, o que mudou de forma abrupta nas últimas semanas. Segundo o famoso índice de bilionários do Bloomberg, cinco magnatas: incluindo Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, viram suas fortunas combinadas despencarem desde 17 de janeiro, data que antecedeu a posse do presidente.
O otimismo que tomou conta dos investidores após a eleição de Trump, alimentado pela expectativa de políticas favoráveis aos negócios, impulsionou recordes históricos. Empresas como a Tesla, de Elon Musk, experimentaram um crescimento vertiginoso, com suas ações quase dobrando de valor. A Meta, de Mark Zuckerberg, também registrou ganhos significativos.
No entanto, a realidade pós-posse se mostrou bem diferente. O S&P 500, um índice que reúne as 500 maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos, sofreu uma queda de quase 7%, impactado por demissões em massa no setor público e pela incerteza gerada pelas políticas tarifárias de Trump.
Quem perdeu mais com o ‘efeito Trump’?
As empresas que impulsionaram a riqueza dos bilionários foram as mais afetadas, perdendo um valor de mercado combinado de US$ 1,43 trilhão.
Elon Musk, que detinha a maior fortuna já registrada no índice de bilionários, sofreu a maior perda individual, com seu patrimônio líquido diminuindo em US$ 145 bilhões.
A queda nas vendas da Tesla na Europa e na China, impulsionada pela desilusão dos consumidores com o apoio de Musk a políticos de extrema direita, contribuiu para essa perda.
Jeff Bezos, que havia demonstrado abertura ao novo governo Trump após um período de desentendimentos, viu sua fortuna diminuir em US$ 31 bilhões, com as ações da Amazon caindo 15%.
Sergey Brin, cofundador do Google, perdeu US$ 23 bilhões, enquanto Mark Zuckerberg, da Meta, viu sua fortuna diminuir US$ 8 bilhões.
Elon Musk sofreu a maior perda individual desde a posse de Trump. (Imagem: Frederic Legrand – COMEO/Shutterstock)
A reviravolta financeira serve como um lembrete da volatilidade do mercado de ações e da influência que eventos políticos podem exercer sobre a economia global. A era Trump, que inicialmente prometia prosperidade para os mais ricos, agora se revela um período de incertezas e desafios para a elite financeira.
Na última segunda-feira (10), a rede social X (antigo Twitter) enfrentou interrupções intermitentes, e o proprietário Elon Musk atribuiu a falha a um “ataque cibernético massivo”.
Musk sugeriu que o ataque fosse realizado por um grupo coordenado ou até um país. Um grupo pró-Palestina chamado Dark Storm Team assumiu a responsabilidade rapidamente, mas o dono da rede social posteriormente afirmou que os ataques originaram de endereços IP ucranianos.
Como foi o ataque direcionado ao X
Segundo informações do Wired, especialistas em segurança explicaram que o tipo de ataque sofrido pelo X é conhecido como DDoS (negação de serviço distribuída), onde um grande número de computadores, ou “botnet”, sobrecarrega os sistemas com tráfego excessivo.
Esse tipo de ataque é frequentemente difícil de rastrear com precisão, já que os invasores usam dispositivos comprometidos, VPNs ou proxies para mascarar sua localização real.
Pesquisadores observaram cinco ataques distintos ao longo do dia, com a Cisco confirmando condições típicas de um ataque DDoS, como perda significativa de tráfego.
Embora ataques DDoS sejam comuns, esse incidente teve impacto devido à falta de proteção adequada em alguns servidores do X, o que permitiu que os invasores os atacassem diretamente.
Embora Musk tenha afirmado que os ataques vieram de endereços ucranianos, especialistas em tráfego de dados não confirmaram a origem ucraniana no ataque, observando que a simples presença de IPs de um país não é suficiente para identificar a verdadeira origem do ataque.
Interrupções na plataforma do X foram causadas por um ataque DDoS – Imagem: kovop/Shutterstock
A segurança do X foi posteriormente reforçada. Além disso, Elon Musk tem criticado publicamente a Ucrânia e o presidente Zelensky, o que adiciona uma camada de complexidade geopolítica ao incidente.
No entanto, especialistas alertam que, com base nos dados de IP, não é possível concluir com certeza a identidade ou intenção dos atacantes.
“O que podemos concluir dos dados de IP é a distribuição geográfica das fontes de tráfego, que pode fornecer insights sobre a composição da botnet ou infraestrutura usada. O que não podemos concluir com certeza é a identidade ou intenção real do perpetrador”, diz Shawn Edwards, diretor de segurança da empresa de conectividade de rede Zayo ao Wired.
IP ucraniano não é o suficiente para confirmar identidade de quem realizou os ciberataques, dizem pesquisadores da área (Imagem: Studio-M/Shutterstock)
Ainda de acordo com o Wired, o pesquisador independente de segurança Kevin Beaumont e outros analistas encontraram evidências de que alguns servidores de origem do X, responsáveis por responder a solicitações da web, não estavam devidamente protegidos pelo serviço de mitigação de DDoS da Cloudflare e estavam visíveis publicamente. Como resultado, esses servidores poderiam ser alvo direto de ataques. Desde então, o X reforçou a segurança dos servidores.
A Cloudflare, lembrando, é uma empresa de tecnologia que fornece serviços de segurança.
Os Estados Unidos podem estar vivendo o nascimento de um novo Vale do Silício. Ou a substituição do atual. O movimento foi identificado pela empresa imobiliária CBRE (que se mudou de Los Angeles para Dallas em 2020).
É exatamente esse o trajeto que centenas de companhias fizeram nos últimos anos. O Texas, onde fica Dallas, recebeu 209 novas sedes de empresas desde 2018. A Califórnia, por sua vez, perdeu 79. E muitas delas são do ramo da tecnologia.
O termo Vale do Silício é bastante conhecido, mas pouca gente de fora do setor ou dos Estados Unidos sabe onde ele fica realmente. A região é formada por várias cidades da Califórnia, como Palo Alto, Cupertino, Mountain View, Santa Clara e a gigante São Francisco. É o lar de algumas das maiores e mais bem-sucedidas empresas de tecnologia do mundo, mas também de algumas promissoras startups.
Acontece que muitas dessas companhias começaram a deixar a região por causa do alto custo de vida, dos impostos e das várias regulamentações locais.
Ok, essa é uma demanda global dos empresários. Mas por que o Texas no lugar da Califórnia? Quem pode responder essa pergunta é o bilionário Elon Musk.
Um estado mais… flexível
Em julho do ano passado, Musk anunciou a mudança de sede da SpaceX de Hawthorne, na Califórnia, para Brownsville, no Texas.
No seu perfil no X, o hoje chefe do DOGE atribuiu essa troca a uma nova lei progressista.
This is the final straw.
Because of this law and the many others that preceded it, attacking both families and companies, SpaceX will now move its HQ from Hawthorne, California, to Starbase, Texas. https://t.co/cpWUDgBWFe
A verdade, no entanto, é que o buraco é mais embaixo – e o que realmente importa na história é o dinheiro.
O Texas oferece uma combinação de impostos muito baixos, cidades com ótima infraestrutura (por causa das indústrias de petróleo e gás), além de regulamentação leve e vastas extensões de espaço plano.
Estamos diante, portanto, de um lugar dos sonhos para quem quer construir um data center ou uma nova planta.
E tudo isso economizando bastante com a folha salarial.
De acordo com a empresa CBRE, uma mudança para o Texas pode ajudar uma companhia a economizar de 15% a 20% em salários de funcionários.
Isso contrasta bastante com a Califórnia, que deve inaugurar em breve novos impostos climáticos.
Os empresários também reclamam bastante da aprovação de um salário mínimo de US$ 20 por hora para trabalhadores de fast-food.
A nova regra levou a uma alta nos custos com alimentação.
Elon Musk já fez suas malas para o Texas, mas ele não é o único – Imagem: Frederic Legrand/Shutterstock
Uma questão política também
Além de todos esses pontos, algo que vem levando (e ainda vai levar) muitos empresários da tecnologia para o Texas é a questão política. Como a gente vem mostrando aqui no Olhar Digital, muitos CEOs de big techs estão alinhados com o governo Donald Trump. E o Texas é um dos principais redutos conservadores dos Estados Unidos.
Só para citar alguns exemplos, Musk já tem no Texas uma fábrica de veículos da Tesla a leste de Austin, a nova sede da SpaceX, num espaço que ele chamou de Starbase, além de uma nova sede para o X, sua plataforma de mídia social.
A Apple também está apostando no estado, com a cidade de Austin já representando a segunda maior concentração de funcionários da fabricante do iPhone fora da sede da empresa em Cupertino, Califórnia.
A Meta e o Google também têm uma presença crescente por lá, e antigos pesos pesados do Vale do Silício, como a Oracle e uma parte da Hewlett-Packard (HP), mudaram suas sedes para o estado dos cowboys.
O Texas tem impostos baixos, boas universidades, uma excelente infraestrutura e cidades lindas, como Dallas, que aparece na foto acima – Imagem: f11photo/Shutterstock
Hoje, o Texas abriga 55 empresas da Fortune 500, a lista da Forbes com as maiores corporações americanas. Trata-se de um recorde entre os estados.
De acordo com dados do Federal Reserve, os empregos em tecnologia no Texas cresceram ao dobro da taxa de outros setores na última década. E esse parece ser um caminho sem volta. Com ou sem Trump reeleito.
As ações da Tesla despencaram 15% nesta segunda-feira (10), registrando o pior dia da fabricante de veículos elétricos na Nasdaq desde setembro de 2020. Na última sexta-feira (7), a empresa tinha encerrado a sétima semana consecutiva de perdas, a maior sequência de prejuízos desde sua estreia na bolsa americana, em 2010, aponta a CNBC.
O desempenho da companhia vem se deteriorando dia após dia desde a chegada do CEO Elon Musk a Washington, DC, para assumir o comando do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), posto criado neste segundo mandato de Donald Trump.
As ações da Tesla perderam mais de 50% de seu valor em quatro meses, eliminando mais de US$ 800 bilhões (R$ 4,6 trilhões) em capitalização de mercado, de acordo com a reportagem. Em 17 de dezembro, a empresa atingiu a máxima histórica de US$ 1,5 trilhão (R$ 8,7 trilhões).
Telsa ainda vale mais do que as nove principais montadoras nos EUA juntas (Imagem: Frederic Legrand – COMEO/Shutterstock)
Ainda assim, o valor total da Tesla supera as nove principais montadoras mais valiosas juntas, que venderam, coletivamente, cerca de 44 milhões de carros no ano passado, em comparação com 1,8 milhão da Tesla, como destaca a Reuters.
No fechamento mais recente, a Nasdaq caiu quase 4%, seu declínio mais acentuado desde 2022, sendo influenciada principalmente pelas perdas da montadora nos Estados Unidos. Já o S&P 500 caiu 2,7%.
Ritmo de vendas da Tesla caiu nos EUA, Europa e China (Imagem: Jonathan Weiss/Shutterstock)
O que explica o resultado da Tesla?
Na avaliação da CNBC, a queda nas ações está ligada à incerteza em torno dos planos do presidente Donald Trump sobre tarifas contra Canadá e México, mercados-chave para fornecedores automotivos;
Já a Reuters cita relatório da consultoria financeira UBS que ajustou o valor dos papéis para US$ 225 (R$ 1,3 mil), ante US$ 259 (R$ 1,5 mil), mantendo a recomendação de venda para a empresa com base nas possíveis tarifas e temores de recessão.
Nesta segunda-feira (10), o grupo hacker Dark Storm Team, considerado pró-Palestina, reivindicou os ataques cibernéticos que desestabilizaram o X durante esta segunda-feira (10). Os criminosos afirmaram ainda que também atacaram os sites do governo dos Emirados Árabes e da Interpol.
Grupo se vangloria de ter sio o primeiro a hackear o X (Imagem: Reprodução)
Em publicação no Telegram, o grupo afirmou: “Acabamos de hackear o X, os primeiros a fazer isso“. Eles também enviaram mensagem direta a Elon Musk com tom de deboche. “Como você está, Elon Musk? Espero que tenha gostado de nossa visita“, disseram.
Hackers debocharam de Musk (Imagem: Reprodução)
Quem são os hackers pró-Palestina?
O Dark Storm Team foi formado em 2023;
Ele é conhecido por ter postura pró-palestina;
Em 2024, eles ameaçaram lançar ofensiva cibernética contra sites de membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Israel e demais países a favor dos israelenses na guerra contra o Hamas.
Grupo afirmou também ter derrubado o site da Interpol… (Imagem: Reprodução)
Musk confirmou ataque
Mais cedo, no próprio X, Musk confirmou se tratar de um ataque, mas, até o momento, não deu mais detalhes. “Houve (ainda há) um ataque cibernético massivo contra o X. Somos atacados todos os dias, mas isso foi feito com muitos recursos. Ou um grupo grande e coordenado e/ou um país está envolvido. Investigando…”, afirmou.
… E do governo dos Emirados Árabes (Imagem: Reprodução)
Elon Musk e X: reviravolta bilionária à vista?
Em outubro de 2022, Elon Musk adquiriu o Twitter por impressionantes US$ 44 bilhões, um valor que, para muitos, parecia excessivo. Desde então, a plataforma, agora renomeada como X, passou por uma série de mudanças drásticas sob a liderança de Musk.
Estas transformações resultaram em um período de turbulência, afetando negativamente a receita de publicidade e a avaliação da empresa.
A participação de Elon Musk no governo dos Estados Unidos tem sido motivo de polêmicas. O empresário chefia o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) e tem como missão reduzir os gastos da Casa Branca.
Além de suas medidas, o bilionário é acusado de receber uma série de favorecimentos. A mais recente tem relação com uma mudança anunciada pelo presidente Donald Trump e que pode beneficiar a Starlink.
Empresa de Musk pode ser a grande favorecida pela medida
As alterações acontecem em um programa federal no valor de US$ 42 bilhões (mais de R$ 240 bilhões) destinado à expansão da banda larga nos EUA.
A nova abordagem da Casa Branca é descrita como “tecnologicamente neutra” e remove a preferência por redes de fibra óptica.
Até então, estas conexões terrestres eram consideradas mais rápidas e estáveis.
A mudança pode abrir caminho para serviços via satélite, como a Starlink, de Elon Musk.
Starlink pode receber repasse bilionário da Casa Branca (Imagem: ssi77/Shutterstock)
Conflito de interesse e comprometimento da qualidade de conexão
A mudança gerou questionamentos sobre conflito de interesses. Isso porque Musk, que é dono da SpaceX, é um dos principais aliados de Trump (e até faz parte do atual governo, como dissemos anteriormente).
O programa ainda não distribuiu nenhum dos recursos previstos, e críticos dizem que burocracias atrasaram sua implementação. Por outro lado, defensores da fibra óptica argumentam que a nova medida pode comprometer a qualidade da internet oferecida.
Trump e Musk são grandes aliados (Imagem: bella1105/Shutterstock)
Em 2023, durante a gestão de Joe Biden, o governo dos EUA negou quase US$ 900 milhões em subsídios para a empresa de Musk, alegando que o serviço não atendia aos padrões exigidos. Agora, o empresário pode finalmente conseguir novos recursos governamentais.
Neste domingo (9), o bilionário Elon Musk publicou, no X, sobre a importância da internet provida por sua empresa, a Starlink, para o exército ucraniano. Segundo o empresário, sem o serviço via satélite, as linhas de frente da Ucrânia “entrariam em colapso“.
“Literalmente desafiei [Vladimir] Putin para uma luta física um contra um pela Ucrânia e meu sistema Starlinké a espinha dorsal dos militares de Kiev. Toda a sua linha de frente entraria em colapso se eu o desligasse“, disse.
Segundo Musk, sem sistema de internet de sua empresa, os russos bloqueariam ascomunicações ucranianas (Imagem: AdrianHancu/iStock)
Contudo, Musk descartou quaisquer chances de desligar a Starlink na Ucrânia. “Para ser extremamente claro, não importa o quanto eu discorde da política da Ucrânia, a Starlink nunca será desligada no país. Sem nossa empresa, os russos poderiam bloquear todas as outras comunicações e nós nunca faríamos tal coisa”, enfatizou.
Após as falas de Musk, o governo da Polônia, que paga pelos serviços da Starlink na Ucrânia, disse que buscará outra provedora caso a da companhia estadunidense “não se mostre confiável“;
“A Starlink na Ucrânia é paga pelo Ministério polonês da Digitalização por um valor de U$S 50 milhões [R$ 288,41 milhões, na conversão direta] por ano“, disse o ministro das Relações Exteriores do país, Radosław Sikorski;
Sikoski foi prontamente respondido por Musk: “Fique quieto, homenzinho. Você paga uma pequena parte do custo. E não existe nada que possa substituir a Starlink”, frisou.
Vale lembrar que o bilionário sul-africano, além de ser dono de X, Tesla, SpaceX, Starlink, The Boring Company e xAI, está à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês).
O órgão foi implantado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, na semana passada, bateu boca com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em reunião no Salão Oval da Casa Branca, abalando as relações entre os países. Contudo, os ucranianos receberam apoio da maioria dos países europeus.
Trump e Zelensky discutiram, na semana passada, em encontro na Casa Branca, azedando a relação entre os países (Imagem: Joshua Sukoff/Shutterstock)
Imagine um mundo onde grandes esferas, do tamanho de uma bola de basquete, estejam espalhadas, examinando profundamente nossos olhos para captar os padrões únicos das nossas íris.
Esses dispositivos, que a empresa chama de “Orbs”, permitiriam a realização de qualquer atividade que exija identificação – seja na internet ou na vida real – desde comprar um pão até pagar impostos.
Essa ideia remete a outros projetos recentes, como a tentativa da Amazon de substituir os cartões de crédito pela leitura da palma da mão, e os esforços do Ant Group, na China, para possibilitar pagamentos por reconhecimento facial.
Câmera Orb vai diferenciar humanos de robôs e IA (Imagem: Reprodução/World)
A principal inovação, porém, é a visão dos criadores do aplicativo da World. Liderado pelo CEO Alex Blania e cofundado por Sam Altman, o projeto prevê um cenário num futuro não muito distante em que quase nada poderá ser feito sem uma verificação ocular.
À medida que os agentes de inteligência artificial (IA) se tornam mais presentes e humanizados, será preciso demonstrar, repetidamente, que somos humanos, para evitar que essas IAs se disfarcem de pessoas reais em transações financeiras e interações em redes sociais.
World e seu aplicativo de verificação humana
Para acelerar a adesão ao que a World denomina seu sistema de “prova anônima de humanidade”, a empresa lançou, recentemente, uma mini loja de aplicativos integrada ao próprio app, disponível para dispositivos iOS e Android;
Segundo o The Wall Street Journal, essa iniciativa faz parte de uma estratégia maior para desenvolver um “aplicativo para tudo” – ou “super app” –, conceito amplamente disseminado na Ásia, onde plataformas, como WeChat, Grab, Alipay e KakaoTalk, possibilitam desde compras e conversas até pedidos de refeições ou serviços de transporte;
Na mini loja da World, os usuários já podem acessar serviços para enviar e receber criptomoedas, conversar com pessoas verificadas e até solicitar microcréditos;
Esse é apenas o primeiro passo rumo à criação de um vasto ecossistema que, segundo Altman, Blania e sua equipe, pode chegar a atender mais de um bilhão de pessoas;
Com a expansão do sistema de identificação, eles antecipam que seu maior concorrente será o próprio “aplicativo para tudo” de Elon Musk, o X.
“Creio que ainda levará um tempo até termos uma concorrência direta e acirrada”, afirmou Blania, destacando que, atualmente, o X funciona principalmente como uma rede social.
O aplicativo, que já foi conhecido como o saudoso Twitter, ainda não lançou seu serviço de pagamentos – peça-chave na visão de Musk – e a World também ainda não estreou oficialmente nos Estados Unidos. Por enquanto, não há “Orbs” disponíveis por lá.
Entretanto, Blania projeta que, dentro de aproximadamente 12 meses, ambos os serviços comecem a competir de forma mais intensa.
Essa disputa é particularmente interessante, considerando que o sucesso dos “super apps” no Ocidente tem se mostrado um desafio, já que a maioria dos usuários de smartphones que não cresceram imersos no ecossistema tecnológico asiático já desfrutam da versatilidade oferecida pelas lojas de aplicativos convencionais.
Além disso, a participação de Sam Altman na World pode acirrar ainda mais a rivalidade com o X, dado o histórico de confrontos entre Altman e Musk. Blania chegou a afirmar que a World não é um projeto secundário para Altman – com quem mantém contato frequente –, estando ele envolvido em praticamente todas as decisões estratégicas da empresa.
No cenário estadunidense, a World, anteriormente conhecida como Worldcoin, ainda é pouco conhecida. Quando mencionado, geralmente é em referência ao seu sistema biométrico inovador, centrado na esfera de identificação.
Contudo, a prática de escanear os olhos de milhões de pessoas não tem agradado a governos ao redor do mundo. Já mais de uma dúzia de países suspenderam suas operações ou estão investigando como os dados pessoais são tratados.
Sam Altman, CEO da OpenAI, e o bilionário Elon Musk, dono do X, brigam, há tempos, entre si (Imagem: jamesonwu1972/Frederic Legrand – COMEO/Shutterstock)
Em um episódio recente de seu podcast com Marc Andreessen, o investidor e capitalista de risco Ben Horowitz afirmou que, com o afrouxamento das restrições às empresas de criptomoedas nos EUA, espera que a World se torne “legal” no país ainda este ano.
Atualmente, a empresa evita realizar escaneamentos oculares nos Estados Unidos e impede que os estadunidenses possuam o token Worldcoin por receio das autoridades regulatórias, conforme explicou Altman.
Quando questionado sobre quando a World poderá inaugurar pontos de atendimento no país para que as pessoas possam se cadastrar por meio do escaneamento de suas íris, Blania não deu previsão exata, mas ressaltou que essa é uma prioridade.
Blania também minimiza as preocupações em relação aos reguladores, tanto nos EUA quanto em outros países. “Conheço bem as características do sistema e estou convencido de sua conformidade – ele vai além das expectativas dos próprios reguladores. Basta fazê-los compreender cada detalhe”, afirma.
Recentemente, a World contratou um ex-executivo do X para assumir a chefia da área de privacidade, numa tentativa de reforçar sua credibilidade nesse aspecto.
Sistemas de identificação por biometria já causaram inquietação entre usuários e governos anteriormente.
É fácil lembrar da polêmica em torno do Face ID do iPhone, tecnologia de reconhecimento facial que hoje é amplamente utilizada para desbloquear os dispositivos da Apple, mas que, na época de seu lançamento, levantou preocupações quanto à segurança e ao potencial de vigilância em massa, especialmente em comparação com sistemas chineses de monitoramento.
A World, por sua vez, defende que sua rede é anônima e segura, comprovando apenas que você é humano – sem revelar sua identidade.
Um dos diferenciais do sistema é justamente essa “prova anônima de humanidade”: o escaneamento ocular confirma que se trata de um ser humano e não de uma inteligência artificial, mas não permite identificar quem você é sem o apoio de softwares e sistemas adicionais.
Segundo Tiago Sada, diretor de produto da empresa, o avanço de IAs cada vez mais sofisticadas pode forçar a adoção de um sistema como esse, já que, sem ele, transacionar na internet poderá se tornar praticamente inviável.
Empresa quer ser o app tudo em um, algo muito comum na Ásia (Imagem: CryptoFX/Shutterstock)
As capacidades de “prova de humanidade” da World possibilitaram o lançamento de um novo mini-aplicativo, chamado Credit, na loja da World. Diego, desenvolvedor argentino – que utiliza apenas o primeiro nome – explica que o Credit oferece microcréditos entre US$ 5 e US$ 100 (R$ 28,84 e R$ 576,82, na conversão direta) sem necessidade de garantias, mas bloqueia usuários inadimplentes.
O sistema, baseado em identificador único, à prova de bots, impede que as pessoas criem novas contas para burlar a restrição. Desde seu lançamento em dezembro, o aplicativo já conquistou 70 mil usuários na Argentina e está dando lucro.
Apesar das ambições ousadas tanto da World quanto do X, há vários motivos para se questionar se eles conseguirão atingir suas metas, segundo o Journal. Atualmente, a World verificou apenas 11 milhões de pessoas em todo o mundo – mesmo pagando por meio de tokens criptográficos para que os usuários tenham seus olhos escaneados.
Inicialmente, eram distribuídos 25 tokens por cadastro (cerca de US$ 25 [R$ 144,20] pelos preços atuais), e o valor, agora, caiu para 16 tokens. Além disso, a data de lançamento do serviço de conta digital do X, chamado Money Account, ainda é incerta. A empresa chegou a mencionar a Visa como sua primeira parceira, mas não respondeu aos pedidos de comentário do Journal.
O CEO da Visa, Ryan McInerney, disse, na última teleconferência de resultados, que o X Money utilizará os sistemas da empresa para permitir que os usuários financiem sua “X Wallet” com um cartão de débito, facilitando, também, transações entre pessoas.
Embora o X conte com base de usuários muito maior que a da World, permanece a dúvida sobre quantas pessoas estarão dispostas a confiar sua vida financeira a uma empresa pertencente a Elon Musk.
No final das contas, a confiança será o principal fator determinante para o sucesso ou fracasso de ambos os projetos. Blania está convicto de que, com o tempo, reguladores e especialistas em privacidade reconhecerão a robustez e a segurança do sistema World.
“Esse sistema foi construído de forma que é comprovadamente muito mais seguro do que os concorrentes em potencial. É como se fosse uma verdadeira ciência da privacidade – algo que, acredito, nunca foi implementado dessa maneira no mundo”, concluiu.
Cinco senadores democratas solicitaram ao Departamento de Justiça dos EUA uma investigação sobre se Elon Musk está utilizando sua influência no governo Trump para intimidar anunciantes a retornarem à plataforma X (antigo Twitter), conforme informações exclusivas do Wall Street Journal.
Os senadores são Elizabeth Warren, Cory Booker, Richard Blumenthal, Adam Schiff e Chris Van Hollen.
O pedido ocorre após uma reportagem anterior do Journal revelar que o X pressionou o conglomerado de publicidade “Interpublic Group” a aumentar seus gastos com a plataforma, sugerindo que sua fusão com o “Omnicom Group” poderia ser prejudicada pelo governo de Trump, dado o envolvimento de Musk com a administração.
Musk poderia estar extorquindo anunciantes para que gastem mais ou retornem ao X (Imagem: kovop/Shutterstock)
Senadores temem abuso de poder de Elon Musk
Na carta enviada à procuradora-geral Pam Bondi, os senadores expressaram preocupação de que Elon Musk estivesse aproveitando seu poder para extrair receita de anunciantes, o que poderia violar leis de ética e resultar em extorsão.
Eles também pediram que a FTC resistisse a qualquer pressão para bloquear a fusão Interpublic-Omnicom.
Musk e o X não responderam imediatamente aos pedidos de comentários sobre as cartas dos senadores. O X não comentou anteriormente sobre as alegações da Interpublic.
Musk, que lidera o Departamento de Eficiência Governamental e tem forte presença na Casa Branca, comprou o antigo Twitter no final de 2022.
Desde então, o X enfrentou a saída de anunciantes devido à flexibilização das regras de moderação de conteúdo e à controvérsia em torno de discursos de ódio na plataforma. Algumas marcas, como Amazon, Apple e Verizon, começaram a retornar, e a Interpublic recentemente renovou um contrato com o X.
Diversos anunciantes deixaram o X depois que Elon Musk se tornou o dono da rede social (Imagem: Kemarrravv13/Shutterstock)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a manifestar o desejo de levar astronautas americanos para Marte. Ele já havia dito algo nessa linha no discurso de posse, em janeiro deste ano, durante a campanha eleitoral e agora em participação numa sessão conjunta do Congresso americano.
“Vamos conquistar as vastas fronteiras da ciência, e vamos liderar a humanidade para o espaço e fincar a bandeira americana no planeta Marte e até muito além”, afirmou o republicano a deputados e senadores.
“E através de tudo isso, vamos redescobrir o poder incontrolável do espírito americano e vamos renovar a promessa ilimitada do sonho americano”, concluiu Trump em discurso nesta quarta-feira (5).
Na plateia estava outro grande entusiasta dessa ideia: o empresário e agora chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), Elon Musk. Ele já disse mais de uma vez que enviar astronautas a Marte é uma das principais metas para sua empresa de voos espaciais.
A SpaceX, aliás, atualmente transporta gente da NASA de e para a Estação Espacial Internacional (ISS). Além disso, a empresa está construindo um megafoguete gigante Starship para levar o homem de volta à Lua até 2027.
Trump e Musk dividem esse desejo em comum: ambos querem levar os EUA para Marte – Imagem: bella1105/Shutterstock
O quão perto estamos desse objetivo?
Trata-se de uma meta bastante ambiciosa e difícil de ser alcançada.
O site ABC News ouviu alguns especialistas no assunto e eles listaram uma série de desafios que devem ser superados para o sucesso dessa missão.
O primeiro deles é a janela de lançamento: o ideal é esperar que Terra e Marte se alinham em suas órbitas ao redor do Sol.
Isso reduz a distância e a energia necessárias para a viagem.
De acordo com Scott Hubbard, que comandou o programa Mars da NASA nos anos 2000, a próxima janela está a um ano e meio de distância – e a próxima acontece somente 26 meses depois.
Outra dificuldade é o tamanho dessa viagem.
A NASA estima que ela pode durar de 7 a 9 meses na ida, além de um tempo similar na volta.
Somando o período no próprio Planeta Vermelho, estamos falando de uma jornada de quase 3 anos!
Nenhum astronauta ficou tanto tempo assim longe de casa até hoje – e isso implicaria outros problemas.
“Como nos sustentamos? Não podemos reunir todos os recursos que precisamos em uma viagem a Marte e sustentar uma missão longa. Então, vamos ter que descobrir como cultivar a comida que vamos precisar”, pontuou o tripulante da ISS Nick Hague.
Os astronautas também precisariam ser capazes de substituir equipamentos que quebrassem durante a viagem.
E não dá para levar peças de reposição para tudo (a nave ficaria muito pesada).
Uma das soluções seria uma espécie de impressora 3D – mas será que dá pra confiar na tecnologia que temos hoje?
A distância entre Terra e Marte varia de acordo com a posição dos planetas, mas ela é gigantesca de qualquer jeito – Imagem: buradaki / iStock
Problemas de saúde
De acordo com a fisiologista espacial Rihana Bokhari, a viagem também exporia os astronautas a condições que poderiam levar a uma série de problemas de saúde.
Essa lista inclui problemas ósseos e musculares, questões envolvendo saúde mental e até mesmo o risco potencial de câncer.
Outra dificuldade é o tempo de comunicação entre a nave e a base na Terra. Falando ao ABC News, a doutora explicou que encaminhar mensagens de volta ao nosso planeta pode levar cerca de 20 minutos. Tempo suficiente para acontecer uma tragédia.
Outro aspecto que deve ir para o papel é o operacional. Beleza, vamos supor que a equipe tenha chegado a Marte. Todas as informações que temos hoje mostram que o planeta não é habitável. Sua temperatura média é de -64ºC, a atmosfera é muito fina, a radiação é alta e não existe um campo magnético.
Os astronautas, portanto, precisariam construir uma estrutura de suporte de vida muito bem feita. E isso pode ser extremamente complicado – ainda mais depois de uma desgastante viagem de pelo menos 7 meses.
A equipe de astronautas para essa missão a Marte deve ser experiente e estar preparada para enfrentar uma série de dificuldades – Imagem: Divulgação/NASA
Para os especialistas, estamos falando de algo extremamente difícil, mas não impossível. Eles acrescentam que, mais do que recursos e tecnologia de ponta, é preciso ter vontade política. Isso Trump já demonstrou. Basta agora todo o resto… E isso não será nada fácil.