Sítios arqueológicos localizados em Baruun Khuree, na Mongólia, estão associados aos primeiros vestígios da presença de povos caçadores-coletores do período Holoceno. Esta época geológica começou há cerca de 11.700 anos e se estende até o presente.
Mas a descoberta de cerâmicas antigas no local revelam que os primeiros habitantes da região podem ser até dois mil anos mais velhos. As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Radiocarbon.
Área foi pouco estudada até hoje
De acordo com os pesquisadores, estes sítios pré-históricos são associados ao Paleolítico Inicial, Médio e Superior, tendo sido descobertos na virada dos séculos XX e XXI por uma expedição mongol-russa-americana.
O local deve seu nome à presença de numerosos afloramentos de sílex e um número incalculável de outros artefatos. Ele é considerado um dos sítios arqueológicos mais extensos já identificados na Ásia Central.
Objetos foram encontrados no sítio arqueológico de Baruun Khuree (Imagem: Radiocarbon)
Mas apesar dos numerosos vestígios de assentamentos da Idade da Pedra, apenas pesquisas arqueológicas limitadas foram realizadas até agora. Por isso, uma equipe de cientistas realizou novos trabalhos na região.
Estas escavações resultaram na descoberta de numerosos locais associados a comunidades que habitavam esta área no início do Holoceno. Três locais continham artefatos, incluindo cerâmicas antigas produzidas no período.
Uma nova descoberta arqueológica movimentou o mundo da egiptologia. Pesquisadores encontraram o túmulo de um antigo príncipe egípcio com cerca de 4.400 anos em Saqqara, uma vasta necrópole perto de Cairo, capital do Egito.
O grande destaque do achado foi uma porta “falsa” de granito rosa de proporções impressionantes, que os antigos egípcios acreditavam ser um portal entre o mundo dos vivos e o além.
Túmulo é de príncipe desconhecido
O túmulo pertence ao príncipe Userefre, filho do faraó Userkaf, que reinou por volta de 2465 a 2458 a.C., durante a V dinastia do Egito Antigo. A descoberta é tão recente que, como explica o egiptólogo Ronald Leprohon, da Universidade de Toronto, “antes desta descoberta, nem sabíamos que ele existia”.
O nome do príncipe, segundo o especialista, pode ter significado “Rá é poderoso”, em referência ao deus sol Rá, figura central na mitologia egípcia.
Porta falsa de 4,5 metros
A tal porta falsa, feita de granito rosa, mede cerca de 4,5 metros de altura por 1,2 metro de largura, conforme informações do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito. Essas estruturas eram comuns nos túmulos da época, pois os antigos egípcios acreditavam que a alma dos falecidos podia usar essas passagens simbólicas para entrar e sair do mundo dos vivos, como explica um artigo do Museu Metropolitano de Arte de Nova York.
A gigantesca porta falsa do túmulo. Os antigos egípcios acreditavam que o espírito do falecido podia entrar e sair por ela. (Crédito da imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
O tamanho colossal e o material nobre da porta chamaram a atenção dos especialistas. Zahi Hawass, renomado egiptólogo e ex-ministro de antiguidades que lidera as escavações, destacou que “esta é a primeira vez que uma porta falsa como esta foi encontrada em Saqqara”.
Para Hawass, o status de príncipe e os importantes títulos que Userefre possuía justificam a construção de uma porta tão grandiosa. As inscrições na porta revelam que ele era um “príncipe hereditário”, além de “juiz”, “ministro” e “governador” de duas regiões.
Hieróglifos esculpidos encontrados dentro do túmulo.(Crédito da imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
Melanie Pitkin, curadora sênior do Museu Chau Chak Wing da Universidade de Sydney, ressaltou a raridade do material: “Naquela época, as portas falsas eram mais comumente feitas de calcário, um recurso abundante no Egito. Como o granito rosa e vermelho era extraído e transportado de Aswan, cerca de 644 km ao sul, era mais caro e reservado à realeza”.
Próximo à porta, os arqueólogos encontraram uma mesa de oferendas feita de granito vermelho. Ronald Leprohon explica que os antigos egípcios costumavam deixar alimentos nessas mesas, acreditando que o falecido poderia “magicamente” se alimentar das oferendas.
Uma reviravolta interessante na história do túmulo é que ele parece ter sido reutilizado durante a XXVI dinastia (cerca de 688 a 525 a.C.). Nessa época, uma estátua representando o rei Djoser (que reinou por volta de 2630 a 2611 a.C.), sua esposa e filhos foi colocada ali. Djoser é uma figura icônica, responsável pela construção da primeira pirâmide de degraus em Saqqara.
A análise da estátua sugere que ela foi criada durante o reinado de Djoser e pode ter sido retirada da própria pirâmide ou de algum edifício próximo. O motivo de sua transferência para o túmulo do príncipe séculos depois ainda é um mistério.
Uma descoberta arqueológica está chamando atenção no deserto da Judeia, perto do Mar Morto. Pesquisadores encontraram uma estrutura em formato de pirâmide e o que parece ser uma antiga estação de passagem. O local fica ao norte do vale do Zohar, uma região isolada de Israel.
Entre os achados estão artefatos muito bem preservados, com mais de dois mil anos de idade. Segundo os arqueólogos, o surpreendente estado de conservação é graças ao clima seco do deserto – a umidade quase nula evitou que os materiais se deteriorassem ao longo dos séculos.
Eli Escusido, diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel, explicou em um comunicado que a pirâmide foi construída com enormes pedras cortadas à mão, algumas pesando centenas de quilos. Ainda não se sabe qual era a função da estrutura. Especialistas cogitam que poderia ter sido um monumento, um túmulo ou uma torre para vigiar rotas comerciais.
Arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel e voluntários participam de escavação no deserto da Judeia. Crédito: Emil Aladjem/Autoridade de Antiguidades de Israel
Essas rotas ligavam o Mar Morto aos portos do Mar Mediterrâneo, facilitando o comércio entre as civilizações antigas. O sítio arqueológico é datado de aproximadamente 2,2 mil anos atrás, período marcado por disputas de poder na região.
Naquela época, o Oriente Médio estava sob influência dos impérios ptolomaico e selêucida, que surgiram após a morte de Alexandre, o Grande. Seus generais dividiram o império conquistado, e Israel ficou sob domínio desses dois poderes em momentos diferentes.
Pirâmide pode ter sido erguida em período de transição de impérios
Não há certeza se a pirâmide foi construída sob controle dos ptolomaicos ou dos selêucidas. Mais tarde, no primeiro século antes de Cristo, ambos os impérios foram absorvidos pelo Império Romano. A estrutura pode estar ligada a esse período de transição histórica.
Um pedaço de papiro com escrita grega encontrado pelos voluntários da escavação. Crédito: Emil Aladjem/Autoridade de Antiguidades de Israel
Além da pirâmide, a equipe encontrou diversos objetos no local. Foram achados fragmentos de papiro, utensílios de madeira, cestos, cordas, armas, moedas, tecidos, sementes e vasos de bronze. Muitos desses itens seriam impossíveis de preservar em outras regiões.
Alguns dos papiros trazem inscrições em grego antigo, idioma usado tanto pelos ptolomaicos quanto pelos selêucidas. Uma voluntária que participa das escavações relatou ter encontrado pedaços desses documentos com letras visíveis.
Os trabalhos arqueológicos no local continuam até abril. Os pesquisadores esperam que as próximas escavações revelem mais pistas sobre a função da misteriosa pirâmide e sobre quem viveu ali há mais de dois mil anos.
Arqueólogos descobriram bonecos raros de2.400 anos em El Salvador. Evidências mostram que eles podem ter servido para rituais e faziam parte da cultura dos povos da América Central, funcionando como prova do contato dos indígenas salvadorenhos com as populações vizinhas.
No estudo, publicado na revista Antiquity, os pesquisadores analisam cinco figuras de cerâmica, sendo quatro similares a mulheres e uma com aparência masculina. Elas estavam no topo de uma pirâmide.
Uma hipótese inicial foi de que os artefatos seriam parte de uma oferenda funerária. Porém, a equipe não encontrou restos mortais humanos no local, o que afastou essa ideia. A localização no topo da estrutura sugere que os objetos funcionavam para rituais públicos, segundo a equipe.
Bonecos têm expressões faciais e detalhes
“Uma das características mais marcantes dos bonecos é a sua expressão facial dramática, que muda dependendo do ângulo de onde os olhamos”, disse o principal autor do estudo, Jan Szymański, arqueólogo da Universidade de Varsóvia, na Polônia.
Ao nível dos olhos, os bonecos parecem zangados; de cima, aparentam estar sorrindo; de baixo, parecem assustados. Essa diversidade de expressões faciais denota a complexidade dos artefatos.
Três têm cerca de 30 centímetros, enquanto os outros medem 18cm e 10cm. As três estatuetas maiores são retratadas nuas e não têm cabelo ou joias, mas as duas menores são feitas com mechas de cabelo na testa e alargadores de orelha nos lóbulos, segundo descrevem os pesquisadores.
Encaixe permitindo a articulação da cabeça visto nas três grandes estatuetas. (Imagem: J. Przedwojewska-Szymańska/PASI; Antiquity Publications Ltd)
Os bonecos maiores têm cabeças móveis e bocas que se abrem. A equipe propõe que eles poderiam ter servido para cenas teatrais como meio de se contar histórias e passar mensagens. Para o grupo, não está claro se as figuras representam pessoas reais. “Este é um design consciente, talvez destinado a melhorar a gama de performances rituais nas quais os fantoches poderiam ter sido usados”, disse Szymański.
Além dos cinco artefatos intactos, os arqueólogos encontraram fragmentos de outros bonecos em outras partes da escavação. A parte superior da figura menor cabe em uma estatueta oca de torso. A partir disso, equipe especula que poderiam ser elementos de uma cena que representa o nascimento.
A menor estatueta cabe dentro da barriga oca de outra estatueta encontrada em outro lugar da escavação.
(Imagem: J. Przedwojewska-Szymańska/PASI; Antiquity Publications Ltd)
As misteriosas estatuetas de Bolinas
Essa não é a primeira vez que exploradores encontram bonecos de cerâmica na América Central. As figuras pertencem a um estilo de artefatos chamados de estatuetas de Bolinas e foram descobertas inicialmente em 2012 por outro grupo de pesquisadores.
Na época, a equipe encontrou seis figuras femininas em um cemitério nas terras altas da Guatemala. As estatuetas de Bolinas de Tak’alik Ab’aj, como ficaram conhecidas, têm decorações como saias e penteados gravados na argila. Uma delas até usa um brinco de jade colocado no lóbulo da orelha.
Cabeça da estatueta masculina com largura de 55 mm. (Imagem: J. Przedwojewska-Szymańska/PASI; Antiquity Publications Ltd)
Esses paralelos fazem Szymański e outros arqueólogos pensarem que os bonecos encontrados em San Isidro podem ter usado roupas feitas de tecido ou palha, joias em miniatura e até perucas.
Os artefatos descobertos recentemente são de cerca de 400 a.C. Essa datação sugere que podem ter servido para rituais durante os períodos Pré-clássico (2.000 a.C. a 200 d.C.) e Clássico (200 a 900 d.C.) na América Central.
Os povos mesoamericanos compartilhavam culturas
Por volta de 400 a 500 d.C, muitos artefatos salvadorenhos foram perdidos ou enterrados pelas cinzas da erupção do vulcão Ilopango. Por causa da devastação e da dificuldade em se pesquisar no país, principalmente pela elevada densidade populacional, pouco se sabe sobre a história dos antigos povos de El Salvador.
A falta de evidências levou pesquisadores a acreditarem que o local poderia ter sido isolado e não compartilhar a cultura política e social com os povos vizinhos. Porém, a descoberta das estatuetas sugere que os povos tinham sim ligação entre si.
“Esta descoberta contradiz a noção predominante sobre o atraso ou isolamento cultural de El Salvador nos tempos antigos”, disse Szymański. “Isso revela a existência de comunidades vibrantes e de longo alcance, capazes de trocar ideias com lugares notavelmente distantes”.
O grupo pretende ir mais afundo para entender os rituais e fantoches dos povos da região. A equipe de Szymański continuará escavando a pirâmide e desenvolvendo novas pesquisas.