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Apagão na Europa: Espanha e Portugal começam a voltar ao normal após caos

Espanha e Portugal estavam retornando a um aparente estado de normalidade na madrugada desta terça-feira (29), manhã para os europeus, enquanto muitas questões permanecem sobre o que causou um dos piores apagões da Europa nos últimos anos em toda a península Ibérica no dia anterior.

Informações da Bloomberg afirmam que o fornecimento de energia na Espanha estava quase em 100% da capacidade por volta das 7h (2h no horário de Brasília) em Madri, e os trens urbanos estavam lentamente voltando ao serviço regular, segundo os operadores.

Causas estão sendo investigadas (Imagem: Proxima Studio/Shutterstock)

O Primeiro-Ministro Pedro Sánchez deverá realizar reunião semanal de gabinete mais tarde na terça-feira (29) e o Rei Felipe se juntará a reunião do conselho de segurança nacional do país. Em Portugal, onde, na noite de segunda-feira (28), a energia já havia sido restaurada em grande parte da região metropolitana de Lisboa, o governo realizará reunião extraordinária de gabinete.

Em discurso na noite de segunda-feira (28), Sánchez afirmou que o governo não está descartando nenhuma possibilidade após o país ter sido atingido pelo repentino apagão, que causou enorme interrupção nos transportes públicos, serviços telefônicos e aeroportos.

Europa e o apagão histórico

  • Cerca de 15 GW de energia desapareceram da rede elétrica por cinco segundos logo antes do apagão, por volta das 12h35 (7h35 em Brasília), disse Sánchez — o equivalente a, aproximadamente, 60% da demanda nacional;
  • A rede elétrica da Espanha é tipicamente robusta e apagões são raros. A Red Eléctrica, operadora apoiada pelo governo das linhas de transmissão de eletricidade, afirmou que o incidente de segunda-feira (28), provavelmente, foi causado por um desequilíbrio raro nas frequências de energia;
  • Naquele momento, Portugal estava importando eletricidade da Espanha, segundo João Conceição, membro do conselho da operadora portuguesa da rede de energia REN-Redes Energéticas Nacionais S.A.;
  • No centro de Madri, o tráfego rodoviário fluía normalmente novamente na manhã de terça-feira (29), com semáforos funcionando e pessoas indo ao trabalho;
  • Na noite de segunda-feira (28), as ruas estavam lotadas de pessoas após a interrupção dos trens e do metrô.

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Muito incomum

Um colapso desta magnitude é altamente incomum na Europa e expõe a fragilidade de sua rede elétrica em momento de crescente dependência de energia renovável, que é mais instável do que as fontes tradicionais.

A Espanha, que tem sido líder na implementação de energia solar e eólica, pode enfrentar questionamentos sobre sua decisão de desativar usinas nucleares, que, atualmente, contribuem com 20% de sua matriz energética, diz a Bloomberg.

O país também está programado para fechar sua última unidade termoelétrica a carvão este ano em favor da energia renovável, apoiada por usinas a gás.

Ana Andrade, economista da Bloomberg Economics, disse que a falha de energia poderia causar impacto imediato na Espanha de cerca de 0,5% do PIB trimestral, embora parte disso, provavelmente, seria recuperada nos próximos dias e semanas à medida que o fornecimento de energia é restaurado.

“O panorama geral para a Espanha continua sendo de desempenho econômico superior, com forte impulso de crescimento subjacente e exposição direta limitada à demanda dos EUA enquanto a guerra comercial continua”, escreveu Andrade, em nota.

Janela de um trem
Na noite de segunda-feira (28), as ruas estavam lotadas de pessoas após a interrupção dos trens e do metrô (Imagem: Right Perspective Images/Shutterstock)

O apagão de segunda-feira (28), aponta a reportagem, lembra o massivo blecaute que atingiu vários países europeus em julho de 2021, deixando milhões sem eletricidade por horas. As autoridades citaram uma combinação de fatores na época como possíveis causas, incluindo condições climáticas extremas e falhas técnicas.

As ferrovias estavam entre as mais afetadas na segunda-feira (28) na Espanha, com pessoal de segurança do Estado destacado para auxiliar cerca de 35 mil passageiros presos em mais de 100 trens, disse Sánchez.

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Deepfake

Espanha propõe criminalizar deepfakes sexuais não consensuais com IA

O governo da Espanha apresentou nesta terça-feira (25) um projeto de lei que criminaliza o uso de inteligência artificial para criar imagens ou vídeos sexualmente explícitos de uma pessoa, sem seu consentimento, utilizando seu rosto ou corpo, conforme informações da AFP.

A tecnologia de IA, especialmente no campo dos “deepfakes” — vídeos e imagens geradas por computador que imitam uma pessoa real — tem gerado crescente preocupação global devido ao seu uso indevido.

Detalhes da nova legislação espanhola

  • De acordo com um estudo de 2019 da empresa holandesa Sensity, cerca de 96% dos vídeos deepfakes disponíveis online são pornografia não consensual, com a maioria retratando mulheres.
  • O governo espanhol propôs que esses “deepfakes” de caráter sexual ou extremamente insultante sejam tratados como crimes contra a integridade moral.
  • O Ministro da Justiça, Félix Bolaños, afirmou que a legislação tem como objetivo proteger crianças, adolescentes e jovens dos riscos da tecnologia digital, assegurando também seu direito à privacidade.
Deepfakes costumam criar conteúdos não consensuais de mulheres em situações sexualmente explícitas – Créditos: metamorworks/Shutterstock

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A proposta surge em meio a um aumento de casos envolvendo a criação e distribuição de imagens falsas de menores de idade, geradas com IA. Em alguns casos, essas imagens foram usadas para extorsão, com os criadores exigindo dinheiro para não divulgar as imagens.

Além disso, o projeto de lei inclui exigências para que fabricantes de smartphones e tablets integrem sistemas de controle parental gratuitos, ativados por padrão, e obriga influenciadores digitais a implementarem “sistemas de verificação de idade” para seus seguidores.

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Em meio a uma onda de aumento de deepfakes, Espanha decide agir com legislação para proteger privacidade das pessoas atingidas – Imagem: Dancing_Man/Shutterstock

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Esse pode ser o símbolo mais antigo que já vimos em uma pedra

Uma intervenção arqueológica encontrou uma pedra com marcações que podem ter mais de 200.000 anos. A descoberta foi feita na região de Coto Correa, em Las Chapas de Marbella, na Espanha, local protegido para escavações desde a década de 1950.

A peça foi localizada ao lado de um conjunto de ferramentas de pedra esculpida que pertencem aos estágios inferiores do Paleolítico. O governo local está financiando estudos adicionais para confirmar a datação da descoberta.

Se confirmado, esse pode ser um dos símbolos de rocha mais antigos da humanidade. Ultrapassaria até mesmo a arte rupestre figurativa mais antiga do mundo, de 51.200 anos atrás, encontrada em uma caverna em Sulawesi, na Indonésia.

Datação da pedra será feita com digitalização tridimensional (Imagem: Governo Marbella)

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Conhecendo a peça

A pedra é formada por gabro, uma rocha grossa, rica em magnésio e ferro, formada a partir de magma resfriado, e foi marcada com linhas artificialmente retas. Estudos iniciais mostram a dupla relevância da descoberta:

  • Confirma a presença de povoadores em Marbella durante o Paleolítico Médio Inicial de grandes lascas, período pouco documentado em Espanha e até agora inédito na província de Málaga;
  • As representações gráficas identificadas podem ser 100.000 anos mais antigas do que as mais antigas manifestações artísticas conhecidas em cavernas.
Descoberta foi feita na cidade de Marbella em 2022 (Imagem: xbrchx/iStock)

A datação vai usar técnicas de análise de quartzo de diferentes amostras de sedimentos. Além disso, documentos serão escaneados em 3D para criar uma composição virtual de alta resolução do conjunto de marcas identificadas na superfície do bloco de pedra.

A digitalização tridimensional permitirá estudar toda a superfície com grande detalhe para determinar quais são marcas de trabalho e quais são gráficos intencionais. Os resultados do trabalho serão divulgados pelo departamento de cultura de Marbella.

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Dispositivo usa ondas sonoras para “quebrar” pedras nos rins

Cientistas da Espanha criaram dispositivo — ainda em fase de protótipo — capaz de destruir cálculos de forma não invasiva. O equipamento de baixo custo usa um ultrassom que transmite ondas sonoras para quebrar pedras nos rins dentro do corpo.

O tamanho e a portabilidade do dispositivo tornariam o tratamento de cálculos renais um procedimento ambulatorial sem a necessidade de máquinas, como é o caso atualmente.

O Lithovortex atua com base em novo tipo de onda acústica, os feixes de vórtice. A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Politécnica de Valência (Espanha) e do Conselho Nacional de Pesquisa Espanhol.

Sistema utiliza braço robótico para guiar tratamento (Imagem: Divulgação/UPV)

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Como funciona a tecnologia para “quebrar” pedras nos rins?

  • Com uma “cabeça terapêutica” de vórtices acústicos de alta intensidade montados em um braço robótico automatizado, o tratamento é guiado por um sistema de imagem;
  • Os feixes giram em torno das pedras como tornados e não focam no cálculo em si, como é o caso dos pulsos ESWL, que trata cálculos renais e ureterais em até uma hora;
  • “Os feixes podem produzir forças de cisalhamento em cálculos renais de forma mais eficiente do que um feixe convencional. É como se eles dessem uma pinça microscópica dentro das pedras, e essa pinça faz com que a pedra se fragmente em pedaços muito finos, quebrando-se em areia que é finalmente expelida pela uretra“, explicou o pesquisador Noé Jiménez.
Illustração de como funciona o feixe de vórtice (Imagem: Divulgação/UPV)

Por enquanto, o protótipo foi validado com cálculos artificiais e, no ano que vem, passará por testes em modelo animal. O experimento será realizado em colaboração com a Unidade de Litotripsia do Hospital La Fe de Valência.

“A vantagem de usar esse tipo de feixe é que, por serem tão eficientes, permitem que a amplitude da onda seja reduzida pela metade, e isso também reduz a probabilidade de produzir lesões e dor em tecido saudável”, acrescenta o Dr. César David Vera Donoso, que realizou o estudo inicial.

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Fragmentos faciais de mais de um milhão de anos reescrevem a história da evolução humana

Pesquisadores anunciaram uma descoberta surpreendente nas montanhas da Sierra de Atapuerca, no norte da Espanha. Fragmentos fossilizados da face de um hominídeo – apelidado de “Pink”, em referência à banda Pink Floyd – foram datados entre 1,1 e 1,4 milhão de anos, tornando-se os restos faciais mais antigos já encontrados na Europa Ocidental.

Os restos, que correspondem a porções da face esquerda de um adulto, foram descobertos em 2022 na caverna conhecida como Sima del Elefante (“Fosso do Elefante”), um dos sítios arqueológicos mais emblemáticos da região, que já revelou evidências de antigos crânios humanos e até de práticas de canibalismo. A pesquisa, divulgada na Nature, contou com o esforço de uma equipe multidisciplinar, que extraiu várias toneladas de sedimento do local para análise.

Costela de pequeno animal com marcas de corte recuperada no nível TE7 da Sima del Elefante (Serra de Atapuerca, Burgos, Espanha) (Imagem: Maria D. Guillen/Iphes-Cerca)

Fragmentos que antecedem o Homo antecessor

  • Segundo os estudos, os ossos de “Pink” são significativamente mais antigos do que os restos atribuídos ao Homo antecessor, espécie, até então, considerada a mais antiga presente no local;
  • Com traços primitivos semelhantes aos do Homo erectus – especialmente na estrutura nasal plana e subdesenvolvida –, o hominídeo foi classificado provisoriamente como Homo affinis erectus, indicando relação próxima com o já conhecido “homem ereto”;
  • Essa designação também abre a possibilidade de que “Pink” possa pertencer a uma espécie ainda não identificada.

A arqueóloga Rosa Huguet, uma das autoras do estudo, ressaltou que o achado “introduz um novo ator na história da evolução humana na Europa”. Já María Martinón-Torres, diretora do Centro Nacional de Investigación sobre la Evolución Humana, destacou, ao The Washington Post, que “os traços faciais de ‘Pink’ posicionam-no num espaço evolutivo entre os hominídeos mais antigos da África do Sul, com idades estimadas entre 3,4 e 3,7 milhões de anos, e o Homo antecessor, com cerca de 860 mil anos”.

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Implicações e conexões evolutivas

O achado traz importantes evidências de que hominídeos já exploravam a Europa Ocidental durante o início do Pleistoceno, período que se estende de aproximadamente 2,6 milhões a 781 mil anos atrás.

Especialistas, como o paleontólogo Eric Delson, do American Museum of Natural History e que não participou do estudo, enfatizam, à ABC News, que “é a primeira vez que encontramos restos significativos com mais de um milhão de anos na Europa Ocidental”, comprovando que os ancestrais humanos já faziam excursões para esse continente há muito tempo.

Ademais, as comparações entre os fósseis de Atapuerca e os encontrados em regiões tão distantes quanto Indonésia e África reforçam a ideia de que as populações de hominídeos estavam interligadas geograficamente.

Segundo Rick Potts, diretor do Smithsonian’s Human Origins Program, em entrevista à ABC News, esses primeiros visitantes da Europa podem ter chegado à região vindo do Leste, ainda que não haja evidências de que tenham se estabelecido permanentemente por lá.

Dra. Rosa Huguet
Dra. Rosa Huguet, pesquisadora do Iphes-Cerca e professora da Universidade Rovira i Virgili, primeira autora do artigo (Imagem: Maria D. Guillen/Iphes-Cerca)

Novas perspectivas e pesquisas futuras

A descoberta dos fragmentos faciais de “Pink” não só amplia o conhecimento sobre a diversidade dos hominídeos que habitaram a Europa, como também suscita novas questões sobre os caminhos migratórios e as interações entre as diversas populações ancestrais. As condições ambientais do passado, com florestas úmidas e cursos d’água próximos à caverna, provavelmente favoreceram a ocupação do território por nossos antepassados.

Os pesquisadores já planejam novas expedições para explorar níveis mais profundos da Sima del Elefante, na expectativa de encontrar outros vestígios que possam lançar luz sobre essa complexa e fascinante história da evolução humana.

Com cada nova descoberta, como a de “Pink”, nossa compreensão sobre os primórdios da humanidade se torna mais rica e detalhada, revelando que a trajetória de nossos ancestrais foi repleta de surpresas e conexões inesperadas entre diferentes regiões do mundo.

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