Uma espécie de cidade usada para mineração de ouro três mil anos atrás foi descoberta no Egito, conforme divulgado pelo Ministério do Turismo e Antiguidades. O local fica em Jabal Sukari, na província do Mar Vermelho.
A escavação demorou dois anos para ser concluída. “O projeto envolveu extensas escavações arqueológicas, documentação e esforços de restauração para salvaguardar os elementos arquitetônicos descobertos no local”, informou a pasta numa postagem em sua página no Facebook.
‘Cidade do Ouro’ no Egito ajuda arqueólogos a entenderem vida e trabalho de garimpeiros da época
O projeto encontrou equipamentos dos garimpeiros e artefatos usados por quem morava na “Cidade do Ouro”. “É uma descoberta significativa porque expande a nossa compreensão das antigas técnicas de mineração egípcias”, disse o ministro Sherif Fathy.
‘Cidade do Ouro’ foi encontrada em Jabal Sukari, na província do Mar Vermelho, no Egito (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
O assentamento tinha estações de moagem e britagem; bacias de filtração e de sedimentação; e fornos de argila, onde se fundia o ouro extraído dos veios de quartzo.
Além disso, os arqueólogos encontraram um bairro onde os garimpeiros moravam. O distrito tinha ruínas de casas, oficiais, templos, balneários e edifícios administrativos da era ptolomaica (305 e 30 a.C).
Artefatos encontrados na ‘Cidade do Ouro’ no Egito ajudam arqueólogos a entenderem como as pessoas viviam lá na época (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
Os artefatos encontrados no local também ajudam pesquisadores a entender a vida social, econômica e religiosa dos garimpeiros, segundo Fathy. Entre os objetos encontrados, estavam: perfumes, remédios, vasos de cerâmica e estatuetas de pedra com imagens de divindades – por exemplo: Bastet (deusa da proteção, do prazer e da boa saúde) e Harpócrates (deus do silêncio e do segredo).
Descoberta de nova tumba real reacende mistérios sobre Tutmósis II
Em achado que remete aos tempos de Howard Carter e do túmulo de Tutancâmon, egiptólogos desenterraram uma tumba real decorada na região de Luxor, a oeste do icônico Vale dos Reis. Trata-se do primeiro local desse tipo descoberto em mais de um século.
Suposta múmia de Tutmósis II em exposição (Imagem: B.O’Kane/Alamy)
Fragmentos de cerâmica e vestígios diversos encontrados no amplo espaço subterrâneo indicam que a tumba pertencia a Tutmósis II, jovem faraó que morreu prematuramente há mais de três mil anos.
O buraco na camada de ozônio em cima da Antártida está diminuindo. E isso graças ao esforço global para reduzir emissão de substâncias que degradam o ozônio. É o que aponta um estudo recente, liderado por pesquisadores do MIT e publicado na Nature na quarta-feira (05).
Evidências da redução do buraco já tinham sido apontadas. Mas esta é a primeira pesquisa a fazê-lo com alto grau de certeza. “A conclusão é que, com 95% de confiança, ele está diminuindo. O que é incrível”, disse a autora do estudo, Susan Solomon, num comunicado publicado pelo MIT.
Isso mostra que realmente podemos resolver problemas ambientais.
Susan Solomon, autora do estudo e principal química especializada em atmosfera no MIT
Camada de ozônio atua como escudo para a Terra – e há um buraco na Antártida (que pode se fechar em breve)
A camada de ozônio é uma região da estratosfera localizada entre 15 e 30 quilômetros acima da superfície da Terra. Ela possui alta concentração de gás ozônio em comparação a outras partes da atmosfera. Ao absorver parte dos raios ultravioleta prejudiciais do Sol, ela atua como um escudo para a vida no planeta.
Camada de ozônio fica na estratosfera e protege a vida na Terra dos raios ultravioleta prejudiciais do Sol (Imagem: Governo dos EUA)
Nas décadas de 1970 e 1980, ficou claro que um grande buraco na camada de ozônio se formava sobre a Antártida. A degradação foi atribuída principalmente aos clorofluorocarbonetos (CFCs) – compostos sintéticos usados em sprays aerossóis, solventes e refrigerantes. Ao atingirem a estratosfera, eles liberam átomos de cloro que catalisam a quebra das moléculas de ozônio.
A degradação da camada de ozônio ocorre no Polo Sul por conta das temperaturas extremamente baixas da região. Também se deve à presença de nuvens estratosféricas polares e às condições únicas do vórtice polar. Essas aprisionam os produtos químicos que degradam o ozônio.
Susan foi uma das primeiras cientistas a ir para a Antártida para reunir evidências que confirmassem o papel dos CFCs na degradação do ozônio. Ela foi em 1986, quando trabalhava na Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla em inglês).
Evidências sobre buraco na camada de ozônio sobre a Antártida motivaram a criação do Protocolo de Montreal em 1987 (Imagem: Artsiom P/Shutterstock)
As evidências mostraram que o mundo precisava agir. Em 1987, 197 países e a União Europeia assinaram o Protocolo de Montreal. Graças a ele, ocorreu a eliminação das substâncias que degradam o ozônio, como os CFCs usados em refrigeradores e aerossóis.
Com 15 anos de dados observacionais agora disponíveis, pesquisadores estão confiantes em afirmar que a camada de ozônio se recupera. Se essa tendência continuar, eles antecipam que a camada sobre a Antártica pode se “curar” em aproximadamente dez anos. Estão deixando a gente sonhar.
Uma equipe internacional pesquisadores simulou, pela primeira vez, a formação e a evolução de uma estrela magnetar – classe com os campos magnéticos mais fortes do Universo. O artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Nature Astronomy nesta terça-feira (04).
Este tipo de estrela de nêutrons – incrivelmente densa, diga-se – é central no panorama de fenômenos cósmicos extremos, como hipernovas e explosões de raios gama. No entanto, sua origem é um mistério. Mas a pesquisa ajuda (e muito) na compreensão sobre elas.
Como pesquisadores simularam origem e evolução do tipo de estrela mais denso do Universo
Os núcleos de estrelas com massa oito vezes maior que a do Sol colapsam por conta da gravidade ao final da vida delas. Isso marca o início da explosão da estrela numa supernova. As camadas externas são ejetadas, enquanto o núcleo se contrai violentamente. É assim que estrelas de nêutrons – o objeto conhecido mais denso do Universo – se formam.
Para você ter ideia: uma colher de chá da matéria de uma estrela de nêutrons pesa um bilhão de toneladas – equivalente a 100 mil Torres Eiffel.
Estrela de nêutron é o objeto conhecido mais denso do Universo (Imagem: Nazarii_Neshcherenskyi/Shutterstock)
Geralmente, dá para observar estrelas de nêutrons por meio de ondas de rádio. Mas algumas emitem poderosas explosões de raios-X e raios gama. Essas são comumente chamadas de “magnetares” – porque suas emissões são causadas pela dissipação de campos magnéticos extremos (um milhão de bilhões de vezes mais intensos que os da Terra).
Origem das estrelas magnetares
Como os campos magnéticos dos magnetares desempenham um papel crucial nos fenômenos luminosos com os quais estão associados, cientistas trabalham para entender sua origem. Várias teorias foram propostas. A mais promissora sugere a geração do campo magnético por meio da ação de um dínamo na proto-estrela de nêutrons, logo após a explosão começar.
“A ação do dínamo permite que um fluido condutor, como plasma, com movimentos suficientemente complexos, amplifique e mantenha seus próprios campos magnéticos contra os efeitos difusivos, que os enfraquecem”, explica Paul Barrère, pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade de Genebra e segundo autor do estudo em questão, em comunicado publicado no site da universidade.
Pesquisadores sugeriram cenário alternativo para simular campo magnético de estrela magnetar (Imagem: LMPA/AIM/IRFU/DRF/CEA Saclay)
Muitos desses dínamos exigem uma rotação rápida do núcleo da estrela progenitora para serem eficazes. No entanto, essas velocidades de rotação são pouco compreendidas devido à falta de observações. Paul Barrère e os pesquisadores Jérôme Guilet e Raphaël Raynaud, do Departamento de Astrofísica do CEA Saclay, estudaram, portanto, um cenário alternativo.
Eles sugerem que a proto-estrela de nêutrons seja acelerada por parte da matéria ejetada inicialmente durante a supernova, que depois cai de volta sobre a superfície da estrela. “Isso torna o nosso novo cenário de formação independente da rotação da estrela progenitora”, diz Barrère.
O mecanismo favorecido para amplificar o campo magnético nesta proto-estrela de nêutrons é um tipo específico de dínamo, conhecido como dínamo Tayler-Spruit. “Esse mecanismo se alimenta da diferença de rotação dentro da estrela e de uma instabilidade do campo magnético”, explica o pesquisador.
O cenário proposto por Barrère, Guilet e Raynaud se concentra apenas nos primeiros segundos após a supernova, o que é muito breve em comparação à idade dos magnetares observados. É aí que entra a colaboração com cientistas das universidades de Newcastle e Leeds, especializados na evolução das estrelas de nêutrons.
Equipe simulou, pela primeira vez, a evolução de uma estrela de nêutrons com campo magnético produzido pelo dínamo Tayler-Spruit (Imagem: Nazarii_Neshcherenskyi/Shutterstock)
Assim, a equipe simulou, pela primeira vez, a evolução de uma estrela de nêutrons com campo magnético produzido pelo dínamo Tayler-Spruit. A simulação foi numa escala de tempo de um milhão de anos.
A estrela de nêutrons simulada neste estudo reproduz as características observacionais dos chamados magnetares de campo fraco, descobertos em 2010. Esses magnetares têm dipolos magnéticos que são de dez a cem vezes mais fracos do que os dos magnetares clássicos.
Este estudo, portanto, demonstra que esses magnetares provavelmente se formam em proto-estrelas de nêutrons aceleradas pela acreção de matéria da supernova. E nas quais o dínamo Tayler-Spruit opera.
“Nosso trabalho representa um grande avanço em nossa compreensão dos magnetares e abre perspectivas muito interessantes no estudo de outros efeitos de dínamo”, diz Barrère. “Nossos resultados sugerem que cada dínamo deixa sua marca na configuração complexa do campo magnético e, portanto, na emissão observada dos magnetares.”