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Farmacêutica do Mounjaro aposta em “pílula do emagrecimento”

A Eli Lilly, farmacêutica responsável pelo Mounjaromedicamento concorrente do Ozempic que acaba de chegar ao Brasil —, anunciou resultados positivos de uma nova aposta: um comprimido oral em desenvolvimento para o tratamento do diabetes tipo 2 e para perda de peso. Esta “pílula do emagrecimento” chama atenção por ir na contramão dos populares medicamentos injetáveis, como Ozempic, Saxenda, Wegovy e o próprio Mounjaro.

O novo fármaco, chamado orforglipron, ainda está em fase de testes de segurança e eficácia, mas já demonstrou efeitos relevantes: perda média de 7 kg em 40 semanas e redução de 1,3% nos níveis de glicose no sangue entre pacientes com diabetes tipo 2. Apesar de não alcançar o mesmo desempenho de concorrentes injetáveis em controle glicêmico, o formato em comprimido é apontado como um diferencial estratégico.

Adesão dos pacientes favorece uso da pílula

  • Jeffrey Emmick, vice-presidente sênior da área de desenvolvimento da Lilly Cardiometabolic Health, explicou ao Wall Street Journal que os comprimidos são mais bem aceitos pelos pacientes do que as opções injetáveis.
  • Mesmo com uso diário, o formato oral tende a gerar maior adesão — um fator decisivo em tratamentos de longo prazo.
  • Além disso, muitos pacientes têm aversão a agulhas, o que pode limitar o alcance dos medicamentos injetáveis.
  • Outro ponto prático é a necessidade de refrigeração das canetas aplicadoras, o que dificulta o armazenamento e a distribuição em regiões com infraestrutura limitada.
  • O comprimido, por sua vez, poderia ampliar o acesso ao tratamento em países com menor capacidade logística.

Produção em larga escala favorece estratégia

A Eli Lilly também destaca que tem maior capacidade de produção de medicamentos orais baseados em pequenas moléculas. A escassez do Mounjaro nos primeiros meses após seu lançamento para diabetes evidenciou a limitação na fabricação em larga escala de tratamentos injetáveis.

Esse diferencial estrutural pode ser essencial para atender à crescente demanda global por medicamentos do tipo, especialmente diante da expansão do uso de análogos de GLP-1 para além do diabetes, alcançando também a área da obesidade e da prevenção cardiovascular.

Farmacêntica Eli Lilly tem maior capacidade de produção de medicamentos de via oral, o que pode favorecer o orforglipron (Imagem: JHVEPhoto / iStock)

Como funciona o orforglipron, a “pílula do emagrecimento” da Eli Lilly?

Assim como o Ozempic e o Wegovy, o orforglipron é um análogo de GLP-1 — um hormônio que regula o apetite, o metabolismo da glicose e o peso corporal. Inicialmente indicado para o tratamento do diabetes tipo 2, esse tipo de medicamento passou a ser adotado também para controle de peso em pessoas com obesidade, após estudos demonstrarem sua eficácia na redução significativa da massa corporal.

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Além da perda de peso, os análogos de GLP-1 têm sido associados a efeitos positivos adicionais, como a proteção cardiovascular e renal, o que aumenta ainda mais o interesse por soluções nesse grupo farmacológico.

Lançamento do Mounjaro no Brasil

Enquanto desenvolve o comprimido, a Eli Lilly também prepara a chegada do Mounjaro ao mercado brasileiro. O medicamento, que tem como princípio ativo a tirzepatida, deve estar disponível em junho. Sua ação se destaca por ativar dois hormônios simultaneamente, o que potencializa os efeitos em comparação com remédios como o Ozempic, que atuam sobre apenas um.

Mounjaro está prestes a chegar ao mercado brasileiro (Imagem: oleschwander / Shutterstock.com)

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Farmacêuticos poderão prescrever remédios; entidades contestam

A partir do mês que vem, farmacêuticos poderão prescrever medicamentos, incluindo aqueles que exigem receita médica. A medida foi autorizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em uma resolução publicada nesta semana — mas divide entidades médicas e pode acabar na Justiça.

No caso de remédios que precisam de receita, os profissionais deverão possuir Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em Farmácia Clínica. O título entrou em vigor neste ano para cursos de qualificação em áreas específicas.

A resolução também permite que o farmacêutico renove prescrições previamente emitidas por outros profissionais de saúde e faça exame físico de sinais e sintomas, solicitando e interpretando exames para avaliação da efetividade do tratamento.

Farmacêuticos poderão realizar exames físicos em pacientes (Imagem: SeventyFour/iStock)

“O papel do farmacêutico é garantir que o uso de medicamentos seja seguro, eficaz e apropriado, atuando em equipe com outros profissionais de saúde. O paciente só tem a ganhar com isso”, diz o comunicado do CFF.

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Entidades médicas contestaram medida

Ao G1, o conselheiro do Conselho Federal de Medicina Francisco Eduardo Cardoso afirmou que a medida coloca a saúde da população em risco, e argumentou que o CFF não pode legislar sobre prescrição, diagnósticos e consulta médica.

“Eles já tentaram isso no passado e a Justiça negou. E isso será levado novamente à Justiça. O argumento de que eles entendem de remédios é insuficiente. Deveriam ter vergonha de publicar uma resolução como essa”, afirmou.

Conselho Federal de Medicina considera resolução ilegal (Imagem: Jacob Wackerhausen/iStock)

Em nota, a entidade alegou que trata-se de uma “invasão flagrante das atribuições médicas”. “Diagnosticar doenças e prescrever tratamentos são atos privativos de médicos, formados para tal.”

Já a Associação Paulista de Medicina (APM) destacou a trajetória de formação de profissionais em seis anos de faculdade, além de três a seis anos de residência, até estar apto a estabelecer o diagnóstico e a terapêutica com segurança.

“Todos os profissionais que se dedicam aos serviços e ações de Saúde merecem respeito e reconhecimento. Contudo, os desvios de competência são essencialmente prejudiciais aos pacientes”, diz a nota.

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