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Seu gato sabe reconhecer você pelo cheiro, diz estudo

Gatos são animais conhecidos por sua natureza independente e, por vezes, indiferente, o que pode ter contribuído para o atraso nas pesquisas sobre seu comportamento em comparação ao estudo de outros animais domesticados, como os cães.

Segundo o professor Hidehiko Uchiyama, da Universidade de Agricultura de Tóquio, os gatos compreendem muitas coisas tão bem quanto os cães, mas são mais reservados e difíceis de estudar experimentalmente.

Apesar desses desafios, um estudo liderado por Uchiyama e publicado na revista PLOS One trouxe novas descobertas sobre o comportamento felino.

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Gatos mostram preferência por cheiros novos, mas reconhecem os donos pelo odor – Imagem: Irina Gutyryak/Shutterstock

Detalhes do estudo

  • Os pesquisadores analisaram a reação de 30 gatos domésticos a diferentes odores: o de seus donos, o de estranhos e um controle neutro.
  • Os cheiros foram coletados com cotonetes esfregados em áreas específicas do corpo dos humanos.
  • No ambiente familiar de cada gato, os cotonetes foram apresentados em tubos de ensaio, e as reações foram gravadas em vídeo.
  • Os gatos demonstraram maior interesse pelos odores desconhecidos, sugerindo que reconhecem o cheiro de seus donos.
  • Além disso, utilizaram mais frequentemente a narina direita ao cheirar os odores de estranhos, o que se alinha com estudos anteriores em outros animais, indicando possível envolvimento do hemisfério cerebral direito no processamento de estímulos novos ou potencialmente alarmantes.

Comportamento dos gatos melhor explorado

Embora os resultados não confirmem diretamente essa atividade cerebral, eles representam um avanço importante na compreensão do comportamento dos gatos. O estudo também foi elogiado pelo feito logístico de conseguir a cooperação de 30 gatos — um desafio considerável na pesquisa com felinos.

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Estudo mostrou que os felinos usam a narina direita para investigar cheiros desconhecidos (Imagem: Hunt Han/Unsplash)

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A misteriosa origem da domesticação dos gatos

Dois grandes estudos genéticos e arqueológicos estão reescrevendo a história da domesticação dos gatos.

Ao contrário da visão tradicional de que os felinos acompanharam os primeiros agricultores do Neolítico para a Europa, as novas evidências sugerem que os gatos domésticos vieram do Norte da África — especialmente da Tunísia — e só chegaram ao continente europeu milhares de anos depois, em ondas ligadas a contextos culturais e religiosos.

As investigações, lideradas respectivamente pelas universidades de Roma Tor Vergata e Exeter, analisaram milhares de ossos, genomas antigos e modernos, e evidências arqueológicas em centenas de sítios na Europa, Norte da África e Anatólia.

Enquanto a equipe italiana identificou a presença de gatos domesticados na Europa a partir do século I d.C., durante o Império Romano, o grupo britânico defende que os primeiros felinos domesticados chegaram já no início do primeiro milênio a.C., com registros na Grã-Bretanha durante a Idade do Ferro.

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Novas descobertas revelam que a domesticação dos felinos foi muito mais cultural do que rural (Imagem: Magui RF/Shutterstock)

Gatos eram tratados como divindades

  • Ambos os estudos concordam que os gatos vieram em diferentes ondas, e que a Tunísia foi um centro importante de domesticação.
  • Essas migrações foram influenciadas por práticas culturais, comércio e crenças religiosas — mais do que pela simples convivência com humanos em ambientes agrícolas, como se pensava anteriormente.
  • Gatos eram associados a divindades no Egito (como Bastet), na Grécia e Roma (Diana e Ártemis) e até na mitologia nórdica (ligados à deusa Freya), o que pode ter incentivado sua translocação por meio de rotas religiosas e comerciais.

Miscigenação na Europa

As pesquisas também mostram que, ao chegarem à Europa, os gatos domésticos interagiram com populações nativas de gatos selvagens, levando à miscigenação, competição por recursos e, possivelmente, ao declínio dos gatos silvestres europeus a partir do primeiro milênio d.C.

Esses achados desafiam a narrativa estabelecida sobre a origem dos gatos domésticos na Europa e ressaltam como a dependência exclusiva de marcadores mitocondriais obscureceu aspectos essenciais dessa história.

Agora, com dados genéticos nucleares mais amplos, a história dos gatos se mostra mais recente, mais complexa — e profundamente conectada às culturas humanas que os adotaram, veneraram e dispersaram pelo mundo.

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Adoração religiosa ajudou os gatos a conquistarem o Velho Continente – Imagem: Svetlana Rey / Shutterstock

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