Gato-deitado-na-cama-via-Gaelle-Marcel-Unsplash-1024x681

Conheça Chester, o gato que “escreveu” um artigo científico em 1975

A ciência vive de lógica, rigor e comprovação, mas isso nunca impediu um bom cientista de ter senso de humor. E, vez ou outra, de dar uma rasteira na formalidade. Em meio a fórmulas complicadas, gráficos enigmáticos e bibliografias sem fim, surgem histórias que desafiam o comum. Histórias que revelam heróis incomuns, e em alguns casos, peludos.

Em 1975, Chester, um felino perfeitamente comum, ganhou o status extraordinário de coautor de um artigo científico publicado em uma revista respeitada. Sim, Chester assinou um paper. E essa não é uma metáfora.

Chester: conheça a história de como um gato ‘escreveu’ um artigo científico em 1975

Gato deitado na cama (via Gaelle Marcel/Unsplash)

Chester não era um físico, tampouco sabia escrever ou resolver equações. Na verdade, ele era um gato doméstico de estimação, daqueles que sobem na mesa sem pedir licença e deitam em cima dos papéis importantes.

Ainda assim, seu nome foi parar na autoria de um artigo científico publicado na década de 1970, ganhando status de lenda nos corredores da ciência moderna e, curiosamente, até hoje é lembrado como o único felino a coassinar um estudo de física teórica.

Tudo começou na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. O físico Jack H. Hetherington, pesquisador do departamento de física, estava redigindo um artigo técnico sobre propriedades dos átomos de hélio em temperaturas extremamente baixas.

Durante a preparação do manuscrito, ele cometeu um erro que hoje seria banal de corrigir: escreveu todo o artigo utilizando pronomes na primeira pessoa do plural, como “nós fizemos”, “nós observamos”, “nós concluímos”.

O problema era que Hetherington era o único autor real do estudo. E, naquela época, revistas científicas como a Physical Review Letters tinham diretrizes rígidas: não era permitido usar “nós” se o trabalho tivesse apenas um autor.

Gato escrevendo em notebook
Imagem: chendongshan / iStock

Ao ser alertado por um colega sobre esse detalhe, Hetherington viu-se diante de uma escolha. Ele poderia reescrever o artigo inteiro, trocando os pronomes por formas adequadas à autoria singular, o que significaria retrabalho e, provavelmente, perder o timing da submissão.

Ou, então, ele poderia encontrar uma forma criativa de contornar o problema. Foi aí que ele decidiu incluir um segundo autor fictício no artigo: F. D. C. Willard. Esse nome, no entanto, não foi escolhido aleatoriamente. Ele era um codinome para o verdadeiro “coautor”: seu gato Chester.

O nome completo, F. D. C. Willard, significava “Felix Domesticus, Chester Willard”, sendo que “Willard” vinha do nome do pai do gato. Hetherington achou que soaria sério o suficiente para não levantar suspeitas. Com o nome adicionado, ele enviou o artigo para a revista. O texto foi aceito, publicado, e logo se tornou uma referência no campo da física do hélio líquido.

gato
Imagem: Irina Gutyryak/Shutterstock

O artigo foi publicado na Physical Review Letters em novembro de 1975 com dois autores na linha de crédito: J. H. Hetherington e F. D. C. Willard. E, por um bom tempo, ninguém suspeitou de nada. Foi só mais tarde que Hetherington revelou a verdade, rindo do episódio com amigos e colegas.

O caso não causou escândalo, mas caiu nas graças da comunidade científica, que viu com humor a solução engenhosa do físico para um problema editorial. Com o passar dos anos, a história ganhou o status de lenda acadêmica. Em 1982, Hetherington chegou a publicar outro artigo, desta vez inteiramente assinado por F. D. C. Willard, como uma brincadeira interna.

A publicação foi feita em francês, em um periódico da Universidade de Grenoble, na França. O título tratava de propriedades do hélio-3 e hélio-4, e o conteúdo era científico, embora o nome do autor fosse o de um gato. O artigo de Chester se tornou uma das raras exceções em que um animal doméstico assinou sozinho um trabalho científico de verdade.

O caso de Chester levanta discussões curiosas sobre autoria científica, critérios de credibilidade e, claro, a rigidez de certas normas editoriais que podem acabar incentivando situações inusitadas. Em um momento em que a ciência busca cada vez mais transparência e ética nas publicações, essa história é uma lembrança bem-humorada de como criatividade e rigor podem ocasionalmente se chocar de forma inesperada.

Gato no colo de uma pessoa sendo acariciado
(Imagem: Magui RF/Shutterstock)

Chester, por sua vez, ganhou fama póstuma. Seu nome ainda aparece em catálogos acadêmicos, e ele é lembrado por muitos como o “único gato físico teórico” da história.

Embora nunca tenha posto as patas em um laboratório ou escrito uma fórmula sequer, sua contribuição simbólica representa mais do que uma anedota. Ela mostra como até mesmo um animal de estimação pode, por acaso, fazer parte da história da ciência.

Vale dizer que, embora o episódio seja visto com simpatia, ele provavelmente não seria bem recebido nos padrões atuais de revisão por pares e exigências de responsabilidade acadêmica. Ainda assim, a história sobre Chester continua sendo contada em universidades, congressos e salas de aula como exemplo de humor, criatividade e das pequenas brechas que existem mesmo nos ambientes mais formais. Afinal, quem diria que um gato doméstico acabaria eternizado nas páginas da física teórica?

Com informações de Live Science.

O post Conheça Chester, o gato que “escreveu” um artigo científico em 1975 apareceu primeiro em Olhar Digital.

imagem_2025-02-27_162851186

O que é metafísica e como ela influencia a ciência e o estudo do Universo?

A metafísica é um dos ramos mais antigos e complexos da filosofia. Desde os tempos da Grécia Antiga, esse campo do conhecimento busca compreender a realidade para além do mundo físico, explorando questões como a existência, a natureza do ser, a consciência, o espaço, o tempo e a origem do Universo.

A palavra “metafísica” significa literalmente “além da física“, refletindo seu objetivo de investigar aquilo que não pode ser explicado apenas por meio da ciência empírica.

Ao longo dos séculos, a metafísica influenciou diversas áreas do pensamento humano, como a ciência, a religião e a própria filosofia. Seu impacto pode ser percebido em debates sobre a essência da realidade e na formulação de conceitos fundamentais que moldaram o conhecimento moderno.

Questões como “O que é o ser?”, “Existe uma realidade independente da nossa percepção?”, “O tempo e o espaço são reais ou apenas construções humanas?” fazem parte das discussões centrais desse campo do saber.

Mas, afinal, qual é o objetivo da metafísica? E por que ela ainda é estudada? Vamos explorar suas origens, os principais pensadores que ajudaram a estruturá-la e como esse campo do saber ainda influencia diversas discussões atuais.

O que é e quem criou a metafísica?

O termo “metafísica” surgiu na Grécia Antiga e foi popularizado pelo filósofo Andrônico de Rodes, que organizou os escritos de Aristóteles no século I a.C.

O nome deriva do grego “metá ta physiká”, que significa “além da física”, referindo-se a estudos que iam além da matéria e dos fenômenos observáveis. Aristóteles, considerado o principal precursor da metafísica, buscava compreender os princípios fundamentais da realidade e a estrutura do ser, formulando conceitos como substância, causa e essência.

Estátua de Aristóteles (Imagem: FASBAM/Reprodução)

No entanto, Aristóteles não foi o único pensador a influenciar a metafísica. Platão, seu mestre, desenvolveu a teoria das ideias, que defendia a existência de uma realidade superior e imutável, acessível apenas pelo intelecto.

Enquanto Platão argumentava que o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita dessa realidade ideal, Aristóteles se concentrava na investigação da substância e da existência em si.

Com o passar do tempo, a metafísica ganhou novas interpretações. Na Idade Média, pensadores como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino incorporaram elementos religiosos, relacionando a metafísica com a existência de Deus, a natureza da alma e a origem do Universo. Para Aquino, a metafísica era a ciência do “ser enquanto ser”, um estudo da realidade que buscava harmonizar a fé com a razão.

Leia também:

No período moderno, filósofos como Descartes, Kant e Hegel reformularam suas questões fundamentais. Descartes introduziu a ideia do “cogito, ergo sum” (penso, logo existo), enfatizando a consciência como base da realidade.

Kant, por sua vez, questionou se era possível conhecer a realidade como ela é em si mesma, distinguindo entre o “fenômeno” (o que percebemos) e o “númeno” (a realidade inalcançável pela experiência).

Hegel desenvolveu a dialética, uma abordagem que via a realidade como um processo dinâmico de mudança e contradição.

Para que serve a metafísica?

A metafísica tem um papel essencial na filosofia, pois busca responder questões fundamentais sobre a existência e a realidade. Seu objetivo é investigar a natureza do ser, o conceito de identidade, a relação entre mente e corpo, o livre-arbítrio, a causalidade e a origem do Universo. Essas questões, apesar de abstratas, têm impacto direto em várias áreas do conhecimento e da vida cotidiana.

Ilustração mostra como neurônios se formam, destacando sua estrutura complexa com dendritos e axônios, representando comunicação neural e função cerebral
Ilustração de neurônios (Imagem: Kateryna Kon / Shutterstock)

Na ciência, a metafísica influencia a física teórica e a cosmologia, ajudando a formular questões sobre a existência do tempo, do espaço e das leis naturais. Físicos modernos, como Albert Einstein e Stephen Hawking, discutiram temas metafísicos ao explorar a natureza do tempo e do espaço, a teoria da relatividade e os mistérios dos buracos negros.

Na ética, a metafísica colabora para entender os fundamentos da moralidade, questionando se existem princípios objetivos ou se a moralidade é apenas uma construção social. Até mesmo a inteligência artificial e a computação quântica utilizam princípios metafísicos ao questionar a natureza da consciência e da realidade digital.

Além disso, a metafísica também tem um papel na religião e na espiritualidade, abordando temas como a existência de Deus, a alma e a vida após a morte. Dessa forma, ela continua sendo um campo fundamental para a compreensão do mundo e da própria condição humana.

Quem inventou a metafísica?

O termo foi popularizado por Andrônico de Rodes ao organizar os escritos de Aristóteles no século I a.C. No entanto, os debates metafísicos já existiam desde Platão e outros filósofos gregos.

O que é a metafísica?

A metafísica é o ramo da filosofia que estuda a natureza da realidade, do ser e da existência, indo além da matéria e das observações físicas, abordando questões sobre o tempo, o espaço, a causalidade e a identidade.

O post O que é metafísica e como ela influencia a ciência e o estudo do Universo? apareceu primeiro em Olhar Digital.