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Fósseis submersos revelam que humanos antigos habitaram ilha isolada

Cientistas encontraram mais de 6.700 fósseis de animais em uma ilha artificial na Indonésia, incluindo restos de dois crânios de hominídeos. Além de revelar um mundo submerso ‘perdido’, a descoberta mostra que a ilha não estava tão isolada quanto se pensava e abre novas portas para entender a migração dos humanos antigos.

O estudo foi publicado em quatro partes na revista Quaternary Environments and Humans e levanta a possibilidade de contatos até então desconhecidos entre espécies ancestrais diferentes.

Fósseis submersos revelam passado da ilha artificial

Até agora, a única evidência de fósseis de humanos antigos era na ilha de Java, na Indonésia. Acreditava-se que, há mais de 130 mil anos, quando o nível do mar estava 100 metros abaixo do que está hoje, o Homo erectus saiu de Java e viveu em mais ilhas da ‘Sundaland’.

Como explicou o site Science Alert, Sunda é a maior plataforma submersa do mundo. No passado, ela era um fio de terra entre o continente asiático e as ilhas Bornéu, Sumatra e Java. No entanto, os fósseis encontrados anteriormente estavam restritos à Java.

Plataforma de Sunda, onde ficam as ilhas (Imagem: listfiles/Kanguole/Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0)

A pesquisa encontrou mais exemplares, em sua maioria de animais. Eles estavam em um vale fluvial submerso em um estreito entre duas ilhas de Sundaland, que com o tempo foi preenchido com areia fluvial.

De acordo com a pesquisa, os exemplares datam de cerca de 140 mil anos atrás. Nessa época, Sundaland parecia a savana africana, com presença de hipopótamos, crocodilos, elefantes, grandes felinos e animais com casos. A maioria já está extinta na região.

Você pode acessar os estudos separadamente aquiaquiaqui e aqui.

Comparação entre resto de crânio submerso (esquerda) e o crânio de um H. erectus (direita) [Imagem: Berghuis et al., QEH , 2025]

Descoberta revela segredos sobre migração humana

Entre os fósseis de animais, havia restos de dois exemplares de crânios de Homo erectus. A descoberta revela que a população humana antiga não estava isolada apenas em Java, mas viveu entre as ilhas da região.

Segundo Harry Berghuis, arqueólogo e autor principal das pesquisas, isso mostra que os humanos se dispersaram do continente asiático para Java. Os H. erectus podem até ter entrado em contato com outras espécies que viviam na Ásia, como os neandertais e denisovanos.

O estudo deu mais detalhes:

  • Como falamos, o local se assemelhava à savana africana. Por ser uma região seca, é provável que os humanos tenham permanecido nos rios de Sundaland, que forneceriam água potável e oferta de peixes para alimentação;
  • Os hominídeos também podem ter aproveitado para caçar outros grandes animais selvagens que se alimentavam ou se hidratavam nos rios;
  • Em comunicado, Berghuis afirmou que marcas de cortes nos fósseis de tartarugas aquáticas e ossos quebrados de bovinos indicam caça e consumo dos animais.

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As descobertas ajudam a levantar hipóteses sobre os hábitos de humanos antigos e sobre a migração e contato dos nossos ancestrais. Inclusive, se realmente houve contato entre os Homo erectus e outras espécies, é possível que haja troca genética. Porém, essa possibilidade ainda precisa de mais evidências.

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Paquirinossauro

Cemitério de dinossauros pode revelar evento catastrófico

A verdade é que ainda sabemos muito pouco sobre como era a vida dos dinossauros. Um dos maiores mistérios diz respeito ao comportamento destes antigos animais e sobre como era viver na Terra há milhões de anos atrás.

Mas um verdadeiro cemitério pré-histórico localizado sob as encostas de uma floresta em Alberta, no Canadá, pode ajudar a responder parte destas questões. No local, foram encontrados milhares de fósseis enterrados há 72 milhões de anos.

Todos os fósseis pertencem a mesma espécie

  • O local em questão é o riacho Pipestone, conhecido como “Rio da Morte”.
  • Milhares de fósseis já foram coletados no sítio arqueológico, mas estima-se que muitos outros sigam enterrados ali.
  • O mais impressionante é que todos os ossos pertencem a um dinossauro chamado Paquirinossauro.
  • Estes animais, que viveram durante o período do Cretáceo Superior, eram parentes do Tricerátops.
  • Eles mediam cerca de cinco metros de comprimento e pesavam duas toneladas.
  • As criaturas tinham quatro patas e cabeças enormes, adornadas com um “babado” ósseo característico e três chifres.
  • A marca registrada deles era uma grande protuberância no nariz.
  • As informações são da BBC.
Representação artística de um Paquirinossauro (Imagem: Dotted Yeti/Shutterstock)

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Evento catastrófico teria atingido o grupo de animais

O principal objetivo das escavações é entender o que causou a morte de tantos animais no mesmo local. Os pesquisadores acreditam que os dinossauros estavam migrando juntos em uma manada por centenas de quilômetros quando algo aconteceu.

Esta hipótese defende que o grupo partiu do sul, onde passava o inverno, em direção ao norte, onde passaria o verão. A região, que tinha um clima muito mais quente do que o atual, teria sido coberta por uma vegetação rica, o que forneceu alimento abundante durante a viagem.

Trata-se de uma única comunidade de uma única espécie animal em um momento específico, e o tamanho da amostra é enorme. Isso quase nunca acontece no registro fóssil. Acreditamos que se tratava de uma manada em uma migração sazonal que se envolveu em algum evento catastrófico que efetivamente dizimou, se não toda a manada, uma boa parte dela.

Emily Bamforth, líder da escavação

Local guarda milhares de fósseis de dinossauros (Imagem: Autumn Sky Photography/Shutterstock)

Todas as evidências sugerem que este evento catastrófico foi uma inundação repentina. Uma das possibilidades é que tenha ocorrido uma tempestade nas montanhas que resultou em uma grande quantidade de água descendo em direção à manada, arrancando as raízes das árvores e removendo rochas.

Esta hipótese é reforçada pela localização de rochas no sítio arqueológico que mostram os redemoinhos de sedimentos da água corrente. Neste cenário, os Paquirinossauros não teriam a menor chance de sobreviver, uma vez que não conseguiam se deslocar muito rápido e também não eram bons nadadores.

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Fundo do mar revela segredos da evolução humana guardados por 140 mil anos

Quatro estudos separados publicados na revista científica Quaternary Environments and Human analisaram fósseis de um ancestral humano extinto encontrados no fundo do mar, na Indonésia. Os ossos pertencem ao Homo erectus, uma espécie que viveu há centenas de milhares de anos. 

A descoberta desses restos mortais indica que essa população, até então desconhecida, pode ter convivido com humanos mais modernos. Os fósseis estavam em um local submerso que já foi terra firme na última era do gelo.

Mais de seis mil fósseis de animais marinhos e terrestres também foram sugados do fundo do mar junto com esse achado, por máquinas de um projeto de construção na ilha de Java,  especificamente no Estreito de Madura. Essa é a primeira vez que cientistas encontram fósseis humanos em áreas que estavam submersas desde o fim da última era glacial, quando o nível do mar era bem mais baixo do que hoje.

Na linha “A”, imagens reais de um fragmento frontal do Homo erectus com toro supraorbital dextral. Na linha “B”, imagens renderizadas de superfície 3D baseadas em tomografia computadorizada. Em “C” e “D”, imagens renderizadas de superfície 3D baseadas em TC de MS1 em orientações diferentes. Crédito: H.W.K. Berghuis et. al

Homo erectus indonésio conviveu com outros ancestrais humanos

Há cerca de 140 mil anos, a região conhecida como Sundaland era uma imensa planície com rios, peixes, tartarugas, tubarões de água doce e grandes animais terrestres como elefantes, búfalos e o extinto Stegodon. Esses campos férteis ligavam várias ilhas, como Java e Madura, ao continente asiático. Durante as glaciações, o mar recuava e revelava essas terras, que se tornavam importantes áreas de caça.

A presença do Homo erectus nessa região mostra que ele aproveitava essas áreas ricas em alimento. Esse grupo habitava as margens dos rios e caçava tanto animais aquáticos quanto terrestres. Os pesquisadores também encontraram marcas de cortes nos ossos de alguns animais, o que indica que eles abatiam tartarugas e grandes mamíferos de forma organizada.

Curiosamente, os cientistas perceberam que os Homo erectus caçavam animais bovídeos – parecidos com bois – em idade adulta, quando eram mais nutritivos. Esse tipo de caça seletiva é uma prática mais típica de humanos modernos. Isso levanta a hipótese de que o Homo erectus indonésio tenha aprendido essa técnica com outros grupos humanos que viviam na região.

Em entrevista ao site Live Science, Harold Berghuis, autor principal de um dos estudos e pesquisador da Universidade de Leiden, na Holanda, essa estratégia pode ter sido desenvolvida de forma independente. No entanto, ele também considera possível que tenha ocorrido um tipo de troca cultural entre o Homo erectus e outras espécies humanas. “Isso abriria novas possibilidades para entender como diferentes grupos humanos antigos interagiam entre si”.

Pesquisadores encontraram os ossos de Homo erectus entre mais de 6.000 fósseis dragados no Estreito de Madura, na Indonésia. Crédito: Harold Berghuis

Árvore genealógica da humanidade é complexa

O Homo erectus é uma das espécies mais importantes da nossa linha evolutiva. Ele surgiu há cerca de dois milhões de anos e foi o primeiro ancestral a ter um corpo parecido com o nosso. Também foi o primeiro a sair da África e se espalhar por regiões como o sudeste da Ásia. Outros grupos humanos, como os neandertais e denisovanos, vieram depois, mas ainda é pouco claro como esses grupos conviveram ou influenciaram uns aos outros.

A árvore genealógica da humanidade é bastante complexa, especialmente no sudeste asiático. De acordo com Berghuis, por volta de 350 mil anos atrás, o Homo erectus começou a ser substituído por espécies mais modernas. Mesmo assim, ele sobreviveu na ilha de Java até cerca de 117 mil anos atrás. Já os Homo sapiens, nossa espécie, chegaram à região cerca de 77 mil anos atrás.

A descoberta só foi possível graças a uma grande obra de construção realizada entre 2014 e 2015 no Estreito de Madura. Durante o projeto, mais de cinco milhões de metros cúbicos de areia e rochas foram retirados do fundo do mar perto da cidade de Surabaya, com o objetivo de criar uma ilha artificial. Esse processo, chamado dragagem, envolve sugar sedimentos do fundo do mar com uma espécie de aspirador gigante.

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Apesar do impacto ambiental da dragagem, que pode prejudicar ovos e animais pequenos, ela também trouxe à tona fósseis valiosos. O sedimento foi descarregado em uma área onde seria construída a nova ilha. Foi nesse local que Berghuis, atuando como consultor, passou semanas procurando fósseis. No último dia de trabalho, ele finalmente encontrou um fragmento de crânio humano.

Berghuis levou o osso ao hotel e o comparou com imagens de fósseis de neandertais encontrados no Mar do Norte. A semelhança era grande, mas análises posteriores confirmaram que se tratava de um Homo erectus, provavelmente um adolescente ou adulto jovem. Outro fragmento encontrado por ele também pertencia a um indivíduo da mesma espécie, mas ainda em idade infantil.

Os cientistas não conseguiram determinar como esses indivíduos morreram. Ainda assim, os fósseis representam apenas uma parte das descobertas. Os pesquisadores identificaram resquícios de 36 espécies diferentes entre os 6.372 fragmentos recuperados. Um destaque entre eles foram os restos de dragões-de-komodo, lagartos gigantes que ainda existem em algumas ilhas da Indonésia.

Esses répteis são conhecidos por caçar animais grandes usando mordidas venenosas e bactérias. Hoje, estão ameaçados de extinção, mas os estudos sugerem que, naquela época, eram os principais predadores das planícies de Sundaland. Segundo Berghuis, os dragões-de-komodo podem ter dominado o ecossistema local por milhares de anos. As descobertas ajudam a montar um retrato mais completo da vida antiga no sudeste asiático.

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Criança encontra fósseis de 140 milhões de anos no jardim

Uma descoberta impressionante foi feita por um menino de apenas sete anos de idade em Matlock, uma cidade localizada na região central da Inglaterra. Ao cavar em seu jardim, ele encontrou vestígios do mundo antigo.

A família contou que o jovem Elliot se deparou com um bloco de calcário. Nele, foram encontrados restos de criaturas marinhas jurássicas de 140 milhões de anos. São fósseis que na verdade podem ter se originado de Dorset, no sul do país.

Criaturas encontradas são parentes das atuais lulas

  • De acordo com pesquisadores que analisaram o material, o calcário estava coberto de restos de amonites.
  • Estes animais são considerados os parentes antigos das atuais lulas.
  • No total, mais de 10 mil espécies foram localizadas apenas neste bloco de rocha.
  • No entanto, a localização de fósseis marinhos numa região central do país intrigou os cientistas.
  • Para a Dra. Susannah Lydon, da Universidade de Nottingham, alguém pode ter encontrado o calcário em Dorset e enterrado o material em Matlock.
  • As informações são da BBC.

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Origem dos fósseis é tema de debate

Existe também uma outra hipótese. A região de Matlock ficou submersa há 330 milhões de anos. Dessa forma, diversas espécies marinhas habitaram a região, e muitas delas podem ter ficado presas nas rochas que hoje formam uma terra firme.

Fósseis de amonite são comumente encontrados na região de Dorset (Imagem: Jirik V/Shutterstock)

Já Dorset é um Patrimônio Mundial da Costa Jurássica, sendo considerada a área mais popular do Reino Unido para a coleta de fósseis. As amonites são o achado mais comum, o que reforça a ideia de que esses fósseis não vieram de Matlock.

Talvez este mistério nunca seja revelado, mas o simples fato de um menino conseguir encontrar os fósseis mostra que muito do passado da Terra ainda pode estar escondido. É por isso que cientistas recomendam que se continue a cavar.

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Cientistas encontram vértebra de “dragão marinho” de nove metros

Geólogos do Departamento de Qualidade Ambiental do Mississippi (EUA), encontraram um fóssil que pode pertencer ao maior mosassauro já descoberto no Estado. A espinha dorsal gigante do “dragão marinho” foi retirada da margem de um rio em Starkville.

Eles estimam que a criatura tinha, pelo menos, nove metros de comprimento, segundo o Live Science. O fóssil recém-descoberto pertencia ao Mosasaurus hoffmanni, uma das maiores espécies de mosassauros.

“Dragões marinhos” conviveram com os dinossauros na Terra no final do período Cretáceo (Imagem: dottedhippo/iStock)

Com mais de 18 centímetros de largura em seu ponto mais largo, a vértebra foi comparada a outros fósseis mantidos no Museu de Ciências Naturais do Mississippi, que incluem mandíbulas, partes de um crânio e um dente.

Conhecendo o “dragão marinho”

Os “dragões marinhos” conviveram com os dinossauros na Terra no final do período Cretáceo, entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás. Os pesquisadores acreditam que eles, provavelmente, atingiam comprimento máximo de cerca de 15 metros.

Um dos maiores espécimes já registrados é um crânio que pertenceu a M. hoffmanni, atingindo cerca de 17 metros de comprimento, de acordo com a reportagem. Trata-se de predador que caçava presas com grandes mandíbulas e dentes em forma de cone.

Eles se alimentavam de peixes, tubarões, aves marinhas e, até mesmo, outros mosassauros — pesquisadores encontraram restos de mosassauros nos estômagos fossilizados de outros mosassauros.

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Um outro Mississippi 

A região onde a vértebra foi encontrada era completamente coberta por um mar tropical quente e raso, repleto de vida, incluindo uma grande diversidade de tubarões, peixes, lagartos marinhos e amonites no período Cretáceo, segundo os cientistas. 

“Pterossauros e, até mesmo, algumas aves, voavam sobre a superfície, enquanto uma variedade de dinossauros herbívoros e carnívoros, de diferentes tamanhos e espécies, caminhavam pelas margens e pelas florestas arborizadas ao longo dos estuários costeiros”, explicou James Starnes, geólogo que fez a descoberta, ao Live Science.

O M. hoffmanni foi uma das últimas espécies de mosassauros a viver por aqui até o asteroide Chicxulub atingir a Terra há 66 milhões de anos. O impacto alterou os ecossistemas marinhos dos quais os mosassauros dependiam para sobreviver.

Osso maxilar de espécie de mosassauro, predador com grande mandíbula (Imagem: ian35mm/iStock)

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Fóssil revela que dinossauro gigante foi devorado por vários predadores

Um artigo publicado este mês na revista Publicación Electrónica de La Asociación Paleontológica Argentina revela que um dinossauro gigante virou comida para vários animais depois de morrer. A conclusão foi possível graças a marcas observadas em um fóssil que foi encontrado em Cerro Fortaleza, na província de Santa Cruz, região argentina da Patagônia.

Trata-se de um pedaço de osso que ainda não foi identificado com precisão. Os cientistas acreditam que ele pode ser parte da perna do animal, da cintura pélvica ou da região dos ombros.

O que você vai ler aqui:

  • Um fóssil de dinossauro gigante foi encontrado com marcas de mordida na Patagônia;
  • O osso, possivelmente de um saurópode, foi devorado por ao menos três tipos de predadores;
  • As marcas indicam ataques de dinossauros carnívoros, crocodilos extintos e um pequeno mamífero;
  • A carcaça parece ter ficado exposta por muito tempo, sendo consumida por animais com hábitos diferentes;
  • O achado revela interações complexas entre espécies no Cretáceo e destaca a diversidade de espécies da região.

Esse osso pertenceu a um saurópode, grupo de dinossauros herbívoros, quadrúpedes e de grande porte. Apesar de não saberem a espécie exata, os pesquisadores conseguiram analisar as marcas deixadas no osso e concluir que o animal morto foi devorado por pelo menos três tipos diferentes de predadores.

Entre os animais que se alimentaram dele estão dinossauros carnívoros, crocodilos ancestrais e até mesmo um pequeno mamífero. Cada grupo teria atacado em momentos diferentes, o que indica que o corpo permaneceu exposto por um tempo considerável.

Fragmento de osso de dinossauro com marcas de predação pós-morte por diferentes espécies. Crédito: Paulina-Carabajal et. al.

Predadores arrancaram a carne do osso do animal

A equipe envolvida no estudo é formada por pesquisadores do Museu Paleontológico de Bariloche, do Instituto Patagônico de Geologia e Paleontologia e do Instituto de Pesquisas em Biodiversidade e Meio Ambiente, todas instituições argentinas. Os cientistas analisaram o osso em laboratório e o compararam com outros fósseis já estudados.

Ao todo, foram identificados 99 sulcos e 19 perfurações no fragmento. Essas marcas são diferentes das mordidas de caça, que geralmente acontecem durante o ataque. No caso deste fóssil, os traços são repetitivos e seguem um padrão, o que indica que os animais estavam arrancando carne do osso.

As marcas foram divididas em três tipos. O primeiro apresenta sulcos individuais ou em pares. O segundo tipo mostra sulcos paralelos, semelhantes a cortes feitos com ferramentas afiadas. Já o terceiro corresponde a buracos profundos, redondos ou ovais, que indicam mordidas mais fortes.

Representação dos três tipos de marcas encontrados no fragmento ósseo. Crédito: Paulina-Carabajal et. al.

Os pesquisadores acreditam que essas marcas podem ter sido feitas por dinossauros carnívoros como os abelissaurídeos e os megaraptores, ambos parentes distantes do tiranossauro. Também podem ter vindo de crocodilos extintos chamados notossúquios, além de um pequeno mamífero carnívoro.

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Carcaça de dinossauro foi consumida em horários variados

A diferença nos hábitos desses animais também ajudou a montar o quebra-cabeça. Enquanto dinossauros predadores eram ativos durante o dia, mamíferos costumavam agir à noite. Isso sugere que a carcaça ficou exposta por um bom tempo, sendo visitada por diferentes espécies em horários variados.

Segundo os autores, não é possível dizer com certeza se os animais caçaram o dinossauro ou apenas aproveitaram seus restos. Assim como urubus e hienas hoje em dia, muitos animais do passado se alimentavam de cadáveres que já estavam no chão.

O estudo mostra como a alimentação em grupo, mesmo entre espécies diferentes, já existia há milhões de anos. Além disso, revela a complexidade das relações entre predadores e carniceiros no fim do período Cretáceo, entre 72 e 66 milhões de anos atrás.

Por fim, os pesquisadores destacam a importância do achado para entender a diversidade de espécies que viveram na Patagônia no passado. As marcas de mordida revelam diferentes estratégias de sobrevivência e alimentação em uma região rica em vida pré-histórica.

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Bosque fossilizado de 260 milhões de anos encontrado no Rio Grande do Sul

Paleontólogos da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) descreveram fósseis de plantas com mais de 260 milhões de anos encontrados em Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul. A análise dos vegetais pré-históricos permitiu com que a equipe reconstruísse a história ecológica de um bosque que existiu onde hoje estão os pampas gaúchos.

No total, o grupo estudou mais de 200 fósseis de plantas que povoaram o antigo continente Gondwana. Dentre eles estão folhas, ramos e troncos que vieram de samambaias, cavalinhas, licófitas e coníferas do período Permiano, há cerca de 260 milhões de anos. 

Foi em 1951 a primeira vez que esse material foi descoberto. Um grupo de pesquisadores estava fazendo o mapeamento geológico da região de Cerro Chato quando se deparou com os restos de vegetais pré-históricos. No entanto, cientistas só começaram a pesquisar os fósseis em 2021.

Ilustração do bosque que povoava a região de Cerro Chato há 260 milhões de anos. (Imagem: Zeinner de Paula)

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Fósseis revelam um passado caótico

Segundo a equipe, o material encontrado está preservado num nível raro. Isso permitiu com que os paleontólogos reconstruíssem com notável precisão as condições ambientais e ecológicas do local no Permiano, período em que o planeta passava por uma extinção em massa, com eventos climáticos extremos e aquecimento global.

“O Permiano se caracteriza por uma aridificação gradual, com o fim dessa época pontuado por um evento significativo de extinção em massa que impactou profundamente os ecossistemas continentais”, escreveram os pesquisadores no estudo.

Os fósseis se encontram na coleção científica do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa. A instituição pública é declarada fiel depositária dos materiais de Cerro Chato e seus paleontólogos pretendem continuar pesquisando os vegetais pré-históricos para reconstruir o passado natural do Brasil e do mundo.

“A natureza excepcional do afloramento do Cerro Chato não apenas enriquece nosso conhecimento sobre a biodiversidade vegetal do Permiano, mas também serve como referência para futuras investigações paleobotânicas e paleoclimáticas no local, destacando a importância de conservar e estudar esse raro patrimônio paleontológico”, concluíram os cientistas.

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Dinossauros poderiam estar vivos até hoje se não fosse por este (grande) detalhe

Se um asteroide não tivesse colidido com a Terra há 66 milhões de anos, os dinossauros jamais teriam entrado em extinção. É o que apontam os autores de um estudo publicado na Current Biology, sugerindo que, ao contrário do que parte da comunidade científica acredita, os dinossauros não estavam em declínio antes do fatídico evento que os apagou do planeta.

Entenda:

  • Se não fosse pelo asteroide que colidiu com a Terra há milhões de anos, os dinossauros provavelmente ainda estariam vivos;
  • Pesquisadores sugerem que, antes do evento de extinção em massa, os dinossauros não estavam em declínio;
  • Essa crença é, para os autores, fruto de um registro fóssil escasso, levando alguns cientistas a acreditarem que os dinossauros estavam caminhando para a extinção já antes do asteroide. 
Dinossauros não estavam em declínio antes do asteroide, sugere estudo. (Imagem: Herschel Hoffmeye/Shutterstock)

Como aponta a equipe por trás da pesquisa, a crença do suposto declínio – em número e diversidade – dos dinossauros no período Cretáceo se deve, na verdade, a um registro fóssil pobre. Para sustentar a hipótese, os cientistas da University College London analisaram o registro fóssil da América do Norte nos 18 milhões de anos que precederam o impacto do asteroide na Terra.

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Dinossauros não caminhavam rumo à extinção antes do asteroide

No estudo, a equipe analisou os registros de cerca de 8 mil fósseis da América do Norte do Campaniano (de 83,6 a 72,1 milhões de anos atrás) e do Maastrichtiano (de 72,1 a 66 milhões de anos atrás), com foco nas famílias Ankylosauridae, Ceratopsidae, Hadrosauridae e Tyrannosauridae.

De acordo com os pesquisadores, os dinossauros atingiram um pico de diversidade há cerca de 76 milhões de anos. 6 milhões de anos antes do evento de extinção em massa, o número de fósseis das quatro famílias no registro geológico já estava diminuindo. O motivo por trás disso, entretanto, ainda é um mistério para os cientistas.

Dinossauros poderiam estar vivos até hoje. (Imagem: funstarts33/Shutterstock)

“Os dinossauros provavelmente não estavam inevitavelmente condenados à extinção no final do Mesozóico [de 252 milhões a 66 milhões de anos atrás]. Se não fosse por aquele asteroide, eles ainda poderiam compartilhar este planeta com mamíferos, lagartos e seus descendentes sobreviventes: pássaros”, sugere Alessandro Chiarenza, coautor do estudo, em comunicado.

Redução de fósseis de dinossauros extintos ainda intriga cientistas

Uma das possibilidades abordadas pelos autores é que as condições geológicas para fossilização no período Maastrichtiano podem ter sido mais precárias. Além disso, as rochas que poderiam conter fósseis dessa época estavam cobertos por vegetação ou inacessíveis, dificultando a descoberta dos restos mortais.

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“Saara verde” já teve habitantes – e são diferentes do que pensávamos

O deserto do Saara já foi uma savana cheia de vida, com corpos hídricos e uma variedade de vegetação durante o Período Úmido Africano (AHP), entre 14.500 e 5.000 anos atrás. Em uma nova pesquisa, cientistas encontraram os restos mortais dos habitantes desse “Saara Verde” e descobriram como provavelmente viviam e o que aconteceu com eles.

Uma equipe de pesquisa do Instituto Max Planck sequenciou o DNA de “dois indivíduos femininos do Neolítico Pastoral com aproximadamente 7.000 anos”. Os fósseis estavam no abrigo rochoso Takarkori, um sítio arqueológico no que hoje é o sudoeste da Líbia.

Após a análise, o grupo descobriu que as representantes desse povo do antigo Saara compartilhavam a maioria dos genes com uma população coletora de forragens de 15 mil anos atrás, que tem seus vestígios na caverna Taforalt, no Marrocos. Isso sugere que essa foi uma civilização duradoura e estável que viveu no Norte da África antes da desertificação.

“Nossa pesquisa desafia suposições anteriores sobre a história da população do Norte da África e destaca a existência de uma linhagem genética profundamente enraizada e há muito isolada”, disse Nada Salem, pesquisadora do Instituto Max Planck, em um comunicado.

Sítio arqueológico abrigo rochoso Takarkori. (Imagem: Archaeological Mission in the Sahara / Sapienza University of Rome)

Habitantes do Saara Verde se isolaram

A linhagem genética de habitantes do Saara abordada no estudo seguiu por um caminho diferente dos povos subsaarianos. Ao invés de se espalhar, ela ficou isolada por milhares de anos. Pesquisadores encontraram apenas alguns traços genéticos na região do Levante, incluindo alguns vindos de neandertais.

No entanto, os indivíduos analisados em Takarkori tinham menos DNA neanderthal do que as antigas populações encontradas no Marrocos, mas mais do que os povos do sul da África. Essa constatação sugere que algo impediu que a chegada de genes da Europa se espalhasse para além da região do Saara.

“Os sujeitos de Takarkori mostram dez vezes menos ancestralidade neandertal do que os agricultores levantinos. Mas, significativamente mais do que os genomas subsaarianos contemporâneos”, escreveram os pesquisadores.

Vista do deserto do Saara
Vista do deserto do Saara em Takarkori. (Imagem: Archaeological Mission in the Sahara / Sapienza University of Rome)

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Pesquisa revela modo de vida do povo antigo

O estudo mostrou que os moradores da região eram criadores de gado, assim como as linhagens marroquinas. O fato de terem adquirido essa prática sem muita troca genética também revela muito sobre sua história.

“Esta descoberta revela como o pastoreio se espalhou pelo Saara Verde, provavelmente por meio de intercâmbio cultural e não de migração em larga escala”, explicou Salem.

A equipe acredita que a diversidade de ecossistemas do “Saara Verde”, que vai desde pântanos até montanhas, pode ter sido uma barreira ao sul que evitou o deslocamento desses povos, os mantendo isolados.

“Nossas descobertas representam um passo inicial importante e estudos futuros podem revelar percepções mais refinadas sobre a migração humana e o fluxo genético através do Saara”, concluem os pesquisadores.

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Como os fósseis se formam e por que são tão raros?

A fossilização é um processo lento e muito raro de acontecer. Segundo o escritor Bill Bryson, em seu livro Uma Breve História de Quase Tudo, estima-se que apenas um osso em cada um bilhão vire um fóssil. A preservação depende de diversos fatores e pode acontecer em materiais diferentes, contato que evitem a decomposição. Mas, como tudo isso acontece?

Fósseis são restos mortais de animais e plantas que foram enterrados em sedimentos, como areia ou lama, no fundo de mares, lagos e rios. O nome vem do latim fossilis, que significa “desenterrado”.

A decomposição dos ossos de um ser vivo demora anos para acontecer, dependo do ambiente em que está o corpo. Para que eles possam se manter preservados, é preciso que os minerais no local preencham a carcaça num processo conhecido como permineralização, uma espécie de proteção que preserva o artefato no decorrer do tempo.

Os restos mortais precisam estar seguros

Segundo Susannah Maidment, pesquisadora sênior do Museu de História Natural de Londres, em entrevista ao IFLScience, é necessário que os restos mortais sejam levados para um lugar onde a decomposição seja limitada. Uma forma de fazer isso é enterrá-los o mais cedo possível.

“Às vezes, temos coisas como pele e outros tecidos moles, como penas, preservados e, geralmente, isso requer um conjunto bastante único de condições de sepultamento, geralmente um sepultamento muito rápido”, explica Maidment.

Esquema da formação dos fósseis. (Imagem: Xabier Murelaga – Elhuyar Fundazioa / WIkimedia Commons)

Locais marinhos ou lacustres são mais propícios para proteger os restos mortais, principalmente porque o enterramento por sedimentos é rápido. Áreas como topos rochosos de montanha, por outro lado, são onde as carcaças se decompõem mais rapidamente e poucos sedimentos se depositam para enterrá-las.

Se os restos mortais estiverem num local de condições ótimas para a fossilização, restam agora milhões de anos para o processo acontecer. As águas subterrâneas ricas em minerais demoram para penetrar nos ossos, mas pesquisadores descobriram algumas condições que podem acelerar essa dinâmica.

Bactérias sepultam sapos em um ano

Um estudo se aprofundou no efeito que os tapetes microbianos têm na decomposição dos sapos anões africanos. O trabalho revelou que os microrganismos “sepultavam” rapidamente o corpo dos anfíbios, criando uma espécie de “sarcófago” que preserva os tecidos moles por anos.

A mineralização do restante do corpo aconteceu entre 540 dias e 1,5 ano. O processo criou restos mortais muito semelhantes a fósseis em um período curto.

Porém, pesquisadores não consideram a carcaça do sapo como um fóssil. A definição criada pela Sociedade Geológica Britânica estabelece que os restos mortais preservados tem que ter mais de 10 mil anos para entrarem na categoria fóssil. Esse número é mais uma questão técnica do que uma marca exata do tempo para a fossilização se concluir.

Etapas do sepultamento do sapo no "sarcófago" de micróbios
Etapas do sepultamento do sapo no “sarcófago” de micróbios. (Imagem: M. Iniesto et al.)

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Onde encontrar os fósseis?

Após a morte em um local ideal e todas as etapas de preservação feitas pela natureza, os fósseis residem em formações específicas. Os cientistas podem encontrá-los em rochas sedimentares e, ocasionalmente, em metamórficas de baixo grau e granulação fina.

Se algo remover os restos mortais, eles deixam moldes na rocha ao redor. Esses espaços podem ser preenchidos posteriormente por outros materiais, formando modelos dos fósseis originais.

“Evidências preservadas de partes do corpo de animais, plantas e outras formas de vida antigas são chamadas de ‘fósseis corporais’. ‘Traços fósseis’ são as evidências deixadas por organismos em sedimentos, como pegadas, tocas e raízes de plantas”, explica a Sociedade Geológica Britânica.

Quando encontrados, esses resquícios do passado ajudam a humanidade a entender a história natural e da Terra. Sem eles, a biologia, a geologia, e muitas outras ciências jamais seriam as mesmas. 

O post Como os fósseis se formam e por que são tão raros? apareceu primeiro em Olhar Digital.