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Café “fake” proibido pela Anvisa contém substância tóxica

Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a circulação de três marcas de café adulterado. O chamado café “fake” foi considerado fora dos padrões de qualidade da indústria por conter um material impróprio para o consumo, que pode causar contaminação pela substância ocratoxina A (OTA).

De acordo com a Embrapa, a ocratoxina A (OTA) é uma toxina produzida por fungos dos gêneros Aspergillus. Ela é classificada como um metabólito secundário tóxico e está entre as micotoxinas mais preocupantes devido aos seus efeitos nocivos à saúde humana e animal.

Matérias estranhas e impurezas estavam acima do permitido por lei (Imagem: reprodução/Ministério da Agricultura e Pecuária)

Quais são os riscos da substância encontrada no “café fake” para os humanos?

Uma pesquisa de 2016, publicada no PubMed Central (PMC), analisou os riscos da substância para animais e humanos.

  • Estudos indicam que a ocratoxina A causa danos aos rins e tumores renais em diversas espécies animais.
  • Em humanos, os efeitos são menos documentados, mas já há registros de associação entre a exposição à OTA e doenças renais, como nefropatia endêmica e nefropatia intersticial crônica.

Anvisa retira marcas de café de circulação

A Anvisa proibiu três marcas de “café fake” de fabricarem e venderem “pó para preparo de bebida sabor café”. Além disso, proibiu propagandas dos produtos citados.

As marcas são: Melissa, Pingo Preto e Oficial. A decisão foi tomada após inspeções constatarem a presença da toxina ocratoxina A, substância imprópria para consumo humano.

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Agora, todos os lotes esses produtos deverão ser recolhidos. E os já adquiridos precisam ser descartados.

As marcas em questão já haviam sido desclassificadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) no final de março. Além da toxina, os produtos apresentavam matérias estranhas e impurezas acima do permitido pela legislação brasileira.

Anvisa
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ainda foram identificadas irregularidades na rotulagem. As marcas informavam conter “polpa de café” e “café torrado e moído”, mas utilizavam ingredientes de qualidade inferior, como grão cru ou até resíduos. Por isso, são conhecidos como “café fake”.

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Fungo pode ser a solução para substituir plástico; entenda

Cientistas da Suíça criaram um material biodegradável a partir de um fungo comestível com altos níveis de resistência e flexibilidade. A inovação é dos Laboratórios Federais Suíços para Ciência e Tecnologia de Materiais (EMPA, na sigla em inglês).

Além de ser resistente a rasgos e possuir propriedades funcionais versáteis, ele não demanda produtos químicos — diferentemente de outros materiais baseados em celulose, lignina ou quitina, que dependem de adições para um desempenho ideal.

Os pesquisadores utilizaram o micélio do cogumelo de guelras divididas, um fungo comestível amplamente difundido que cresce em madeira morta. Micélios são estruturas fúngicas filamentosas semelhantes a raízes — suas fibras são conhecidas como hifas.

Pesquisadores utilizaram o micélio do cogumelo de guelras divididas (Imagem: Jayantibhai Movaliya/iStock)

E o que elas entregam?

  • A equipe selecionou uma cepa do fungo que produz níveis particularmente altos de duas macromoléculas específicas: o polissacarídeo de cadeia longa esquizofilano e a proteína hidrofobina, semelhante a sabão;
  • As hidrofobinas se acumulam nas interfaces entre líquidos polares e apolares, como água e óleo, enquanto o esquizofilano é uma nanofibra: com menos de um nanômetro de espessura, mas mais de mil vezes mais longa;
  • Juntas, essas duas biomoléculas conferem ao micélio vivo propriedades que o tornam adequado para uma ampla gama de aplicações. 

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Fungos ajudando o meio ambiente

Tanto os filamentos fúngicos quanto suas moléculas extracelulares são atóxicos, biocompatíveis e comestíveis. Os pesquisadores, então, testaram o material em duas possíveis aplicações: uma película semelhante a plástico e uma emulsão.

Emulsões são compostas de dois ou mais líquidos que, normalmente, não se misturam: leite, molho para salada ou maionese são considerados emulsões, assim como cosméticos, tintas e vernizes também assumem a forma de emulsões.

Equipe vai testar bateria com eletrodos formados por um “papel fúngico” vivo (Imagem: Empa/Divulgação)

O desafio do mercado é estabilizar essas misturas para que não se separem em líquidos individuais ao longo do tempo — e o micélio vivo pode ajudar nisso com suas fibras esquizofilinas e hidrofobinas.

Em um segundo experimento, os pesquisadores fabricaram o micélio em filmes finos, como plástico. O resultado foi uma excelente resistência à tração, que pode ser aprimorada pelo alinhamento direcionado das fibras fúngicas e polissacarídicas em seu interior.

O micélio é também um biodegradador: os cogumelos de guelras divididas podem decompor ativamente madeira e outros materiais vegetais. “Em vez de sacolas plásticas compostáveis, ele poderia ser usado para fazer sacolas que compostam os próprios resíduos orgânicos”, afirmou o pesquisador Gustav Nyström.

A equipe agora está testando a criação de uma bateria compacta e biodegradável cujos eletrodos consistem em um “papel fúngico” vivo. O material também apresenta uma reação reversível à umidade e pode ser usado para produzir sensores de umidade biodegradáveis futuramente.

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Fungo que vive na nossa pele cria antibiótico poderoso

Uma molécula produzida por um fungo que vive na pele humana pode ajudar a criar um antibiótico contra um patógeno responsável por meio milhão de hospitalizações anualmente nos Estados Unidos. 

De acordo com o estudo da Universidade do Oregon publicado na Current Biology, a levedura conhecida como Malassezia devora óleo e gorduras da pele humana para produzir ácidos graxos que eliminam seletivamente o Staphylococcus aureus.

Uma em cada três pessoas tem Staphylococcus aureus inofensivamente alojado no nariz, mas a bactéria pode causar complicações em feridas abertas, escoriações e cortes. É a principal causa das chamadas infecções estafilocócicas, que ocorrem em tecidos moles. 

Staphylococcus aureus: Bactérias Gram-positivas em placas de ágar sangue (Imagem: Md Ariful Islam/iStock)

Como foi feita a pesquisa?

  • Os pesquisadores analisaram amostras de pele humana de doadores saudáveis e realizaram experimentos com células da pele em laboratório;
  • Eles descobriram que a espécie fúngica Malassezia sympodialis transformava lipídios do hospedeiro em ácidos graxos hidroxilados antibacterianos;
  • Esses ácidos graxos agiram como detergentes, destruindo as membranas do Staphylococcus aureus e causando o vazamento de seu conteúdo interno;
  • O ataque impediu a colonização do Staphylococcus aureus na pele e, por fim, matou a bactéria em apenas 15 minutos.

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Fungos microscópicos Malassezia, com células de levedura e hifas (Imagem: Md Ariful Islami/iStock)

Fungo não é solução mágica

Após um longo período de exposição, no entanto, as bactérias estafilococos se tornam tolerantes ao fungo — como geralmente acontece quando há excesso de antibióticos clínicos.

Os pesquisadores, então, analisaram a genética do patógeno e descobriram uma mutação no gene Rel, que ativa a resposta bacteriana ao estresse. Isso evidencia que o ambiente hospedeiro de uma bactéria e as interações com outros micróbios podem influenciar sua suscetibilidade a antibióticos.

“Há um interesse crescente na aplicação de micróbios como terapêutica, como a adição de bactérias para impedir o crescimento de um patógeno”, disse Caitlin Kowalski, pesquisadora de pós-doutorado na UO que liderou o estudo. “Mas isso pode ter consequências que ainda não compreendemos completamente. Embora saibamos que os antibióticos levam à evolução da resistência, isso não tem sido considerado quando pensamos na aplicação de micróbios como terapêutica.”

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Primeiro organismo gigante já dominou a Terra e confunde cientistas

Em 1843, pesquisadores descobriram fósseis de Prototaxites, o primeiro organismo grande a habitar a terra seca. Desde esse momento, a comunidade científica vem debatendo se eles seriam plantas, fungos gigantes, algas ou até mesmo de um reino para além de todos esses. A hipótese mais consolidada atualmente é de que sejam fungos.

No entanto, uma equipe de cientistas se aprofundou nos restos mortais da espécie mais bem preservada de Prototaxite e levantou o debate novamente. Através da análise dos fósseis, o grupo argumentou que esses seres deveriam ser considerados parte de uma linhagem extinta da Árvore da Vida, sendo algo totalmente diferente dos organismos conhecidos.

Eles eram seres grandes e pioneiros

Há 410 milhões de anos, no período Devoniano da Terra, a vida se concentrava nos oceanos. O solo seco era dominado por musgos e pequenas plantas que cresciam até seis centímetros. Porém, um organismo se destacava com seus oito metros de altura: os Prototaxites eram diferentes e formavam conjuntos parecidos com florestas.

Com o passar do tempo, esse grupo sumiu dos reinos da vida e ficou marcado apenas em fósseis. O principal artefato que carrega exemplares deles é o Cherte de Rhynie, uma jazida paleontológica protegida por depósitos vulcânicos que preservou tão bem os restos mortais que é possível estudar suas paredes celulares.

Ilustração de um Prototaxite feita pelo cientista Dawson, em 1888. (Imagem: Dawson / Wikimedia Commons)

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Dentre os seres guardados, estão alguns membros da espécie Prototaxite taiti, que eram menores, mas mesmo assim se destacavam dos outros organismos. Em 2018, outra equipe de pesquisadores examinou os fósseis de P. taiti e os classificou como parte do grupo de fungos Ascomycota.

Porém, a equipe de cientistas do novo estudo analisou os restos mortais e chegou a uma conclusão diferente. Os autores constataram que diversos aspectos do P. taiti não se assemelham aos Ascomycota ou a qualquer outra família de fungos.

Prototaxites tinha aspectos únicos

No artigo, eles escrevem que o Prototaxite parece não ter quitina, quitosana ou beta-glucana, sendo esse os principais polímeros estruturais das paredes celulares dos fungos. Por isso, a falta desses compostos levou os pesquisadores a constatar que esses seres não poderiam ser do reino Fungi.

“Não foi encontrado nenhum grupo existente que exibisse todas as características definidoras dos Prototaxites, a saber: 

  • (1) formação de grandes estruturas multicelulares de vários tipos de tubos; 
  • (2) uma composição de tubos rica em componentes fenólicos aromáticos; e 
  • (3) um estilo de vida heterotrófico (provavelmente saprotrófico [consumindo matéria morta])”, eles escrevem.

Outra característica que foi melhor examinada é a composição deles. Assim como os fungos, o P. taiti era estruturado de tubos na escala microscópica, sendo essa uma das razões para a sua antiga classificação. Porém, os autores atuais relataram que esses tubos têm características sutis que não estão presentes em nenhum fungo vivo.

As manchas medulares e os tipos de tubo de Prototaxites taiti são distintos de qualquer coisa observada em grupos de fungos extintos ou existentes.
As manchas medulares e os tipos de tubo de Prototaxites taiti são distintos de qualquer coisa observada em grupos de fungos extintos ou existentes. (Imagem: Corentin C. Loron et al.)

Uma nova linhagem?

Após os fungos, a equipe comparou as características do P. taiti com a dos outros reinos e classificações de seres vivos. Os resultadores levaram os cientistas a argumentar que os Prototaxites não pertencem a nenhuma linhagem da atual Árvore da Vida e precisam ser considerados como um diferente.

Prototaxites taiti era o maior organismo do ecossistema Rhynie e sua anatomia era fundamentalmente distinta de todos os fungos existentes ou extintos conhecidos”, escrevem os autores

Os autores expõem que as outras formas de vida que formaram um ecossistema com o P. taiti e foram fossilizadas fazem parte de linhagens sobreviventes. Nessas comunidades, os Prototaxites eram os maiores elementos, mas parecem não ter sido capaz de se adaptar para preencher os nichos ao redor deles. 

“Concluímos, portanto, que o Prototaxite não era um fungo e, em vez disso, propomos que ele seja melhor atribuído a uma linhagem terrestre agora totalmente extinta”, finalizam os pesquisadores.

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Fungo resistente que causa micose extensa é identificado pela 1ª vez no Brasil

Trichophyton indotineae é um fungo resistente ao tratamento convencional. Ele é capaz de se espalhar por várias partes do corpo, provocando lesões extensas, ardidas e inflamadas. E mesmo após meses de tratamento com diferentes medicamentos, a infecção continua voltando.

Este microrganismo levou a grandes surtos de infecções graves em todo o mundo nos últimos dez anos. Mas só recentemente foi identificado pela primeira vez no Brasil, em um brasileiro que havia viajado para Londres, na Inglaterra.

Uso indiscriminado de antifúngicos cria organismos resistentes

O caso foi divulgado em um estudo publicado na revista Anais Brasileiros de Dermatologia. A situação do paciente chamou atenção de profissionais médicos da Santa Casa de São Paulo. Eles contataram o Laboratório de Micologia Médica do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) e enviaram uma amostra, para auxiliar no diagnóstico.

Fungo Trichophyton indotineae foi identificado em paciente brasileiro pela primeira vez (Imagem: Anais Brasileiros de Dermatologia)

Segundo os pesquisadores, foi realizado tratamento com diferentes medicamentos e a infecção sempre acabava retornando. Ao final, após o diagnóstico mais preciso, o paciente recebeu outro medicamento e conseguiu resolver a situação.

Cientistas explicam que existem algumas hipóteses para o surgimento dos fungos resistentes, sendo uma delas as alterações climáticas. No entanto, o uso indiscriminado de antifúngicos, sejam medicamentos ou pesticidas, podem tornar estes organismos mais resistentes aos tratamentos convencionais. Além disso, destacam que é provável que os poucos casos relatados até o momento na América do Sul deste fungo específico se devam principalmente à identificação incorreta e subnotificação.

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Lesões provocadas pelo fungo (Imagem: Anais Brasileiros de Dermatologia)

Dicas para se prevenir de infecções por fungos

  • Secar bem locais do corpo com dobras, como dedos dos pés e virilha, axilas.
  • Não compartilhar roupas, toalhas e chapéus.
  • Caso uma pessoa da casa esteja infectada, lavar roupas pessoais e de cama separadamente.
  • Principalmente em dias quentes, evitar sapatos fechados por longos períodos, assim como roupas de tecido sintético que não absorvem o suor.
  • Em piscinas, vestiário e saunas sempre usar chinelo.
  • Caso suspeite de micose, procurar o médico e realizar o tratamento de acordo com orientação, sem interrompê-lo antes da conclusão.

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