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Qual o buraco mais fundo já cavado pelo homem na Terra?

A Guerra Fria impulsionou uma série de avanços tecnológicos no mundo. Os mais conhecidos ocorreram nos campos da computação, das armas e da exploração espacial. A corrida entre Estados Unidos e União Soviética levou ao lançamento de satélites artificiais e uma série de missões, que culminaram na chegada do homem à Lua.

Esse período de tensão geopolítica, porém, também levou a outras descobertas e marcos menos badalados. E aqui entra o objeto desse texto: o buraco mais fundo já cavado pelo homem na Terra.

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Esse feito pertence aos russos. A Península de Kola fica no extremo noroeste do país, próxima à Finlândia e já dentro do Círculo Polar Ártico. É uma região fria, mas extremamente bonita. Kola, no entanto, não ficou famosa por isso.

O local abrigou, durante a Guerra Fria, uma estação de pesquisa científica soviética. E o principal trabalho da unidade foi abrir um poço cuja profundidade quase desafia a ciência e a engenharia.

A Península de Kola, na Rússia, tem algumas paisagens deslumbrantes – Imagem: VittoriaChe/Shutterstock

O Poço Superprofundo de Kola

  • A estrutura tem impressionantes 12.263 metros, ou 12,2 quilômetros.
  • Trata-se do buraco artificial mais profundo já cavado pelo homem.
  • Para você ter uma ideia, a crosta terrestre, a camada mais externa da Terra, tem a partir de 30 quilômetros nos trechos continentais (podendo chegar a 80 quilômetros).
  • Abaixo dela ficam o manto e o núcleo (que são quase inacessíveis por causa da temperatura).
  • Ou seja, esses 12,2 km podem ser considerados quase metade da crosta em alguns lugares.
  • Os soviéticos começaram os trabalhos por volta de 1970 como uma demonstração de poder.
  • Eles não estavam de olho em recursos: queriam apenas demonstrar força, demonstrar que eram capazes de fazer aquilo.
  • No fim, o projeto foi importante para a ciência.
  • Os pesquisadores fizeram descobertas surpreendentes, como a presença inesperada de água líquida em grandes profundidades e a presença de fósseis microscópicos com bilhões de anos.
  • A empreitada durou cerca de duas décadas – e os russos decidiram fechar o buraco.
Poço do inferno
A profundidade do poço deu origem a histórias de terror e lendas urbanas – Imagem: Cameris/iStock

Por que fecharam o buraco?

Por dois motivos principais: dificuldades técnicas e questões geopolíticas. Após o colapso da União Soviética, em 1991, não havia mais tanto dinheiro para financiar esses projetos. Ainda mais com as dificuldades que se apresentaram.

Nesses 12,2 km, os russos encontraram uma temperatura na casa dos 180ºC – mais do que o dobro que eles esperavam. Esse calor intenso danificava os equipamentos de perfuração. Avançar, só com um maquinário mais desenvolvido – e caro.

Nesse cenário, os russos interromperam oficialmente a perfuração em 1992. O local foi abandonado, fazendo com que a população local criasse uma série de histórias sobre o poço. Alguns diziam que ele seria uma entrada para o Inferno. Outros garantem que conseguiam ouvir as almas torturadas.

Bandeiras de Estados Unidos e Rússia lado a lado
A disputa entre Estados Unidos e Rússia (antiga URSS) alavancou diversos avanços tecnológicos – Imagem: SB2010 studio/Shutterstock

Por questões de segurança, o poço foi permanentemente selado com uma tampa de metal soldada em 2008.

Vale destacar que a Rússia e a antiga URSS não foram a únicas a lançar iniciativas do tipo. Estados Unidos, Alemanha e Japão também mantinham projetos parecidos. E alguns continuam até hoje (incluindo um da China). Nenhum deles, porém, chegou tão longe quanto os russos.

As informações são da BBC.

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Descoberta surpreendente: ilha do tamanho da Islândia foi localizada submersa no Brasil

O Brasil tem mais de 1200 ilhas catalogadas nas bases cartográficas do IBGE. A maioria delas são pequenas, continentais ou oceânicas. Mas também temos as grandes, como Florianópolis, Fernando de Noronha ou a Ilha de Marajó, no Pará.

A maior delas, no entanto, está submersa e foi descoberta recentemente. A Elevação do Rio Grande fica a 1.200 quilômetros da costa brasileira, está a cerca de 650 metros abaixo da superfície do oceano e, segundo estudos científicos, já foi uma gigantesca ilha tropical há 40 milhões de anos (do tamanho da Islândia!).

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Em artigo publicado na revista Scientific Reports, os pesquisadores encontraram a presença de argila vermelha nessa porção de terra. Isso indica que, um dia, o local já esteve acima do nível da água.

Mais recentemente, um novo estudo no periódico Social Science Research Network confirma essa teoria. E aponta que a Elevação do Rio Grande possui as mesmas características geológicas do Brasil.

A argila vermelha é uma evidência de que a região nem sempre esteve no fundo do mar – Imagem: Ana Alberoni et al., 2019

Interesse econômico

  • Esses estudos científicos datam de 2023 e 2024.
  • Os pesquisadores, no entanto, afirmam que analisaram o material da ilha por quase 10 anos.
  • As primeiras descobertas datam de 2018 – e, desde aquela época, o país tenta incorporar o território.
  • E não somente por motivos científicos: a ideia é explorar todo o potencial econômico do lugar.
  • A área é rica em minérios, como o ferro-manganês, e em metais raros de uso estratégico para a tecnologia, como cobalto, níquel, platina e selênio.
  • Atualmente, a Elevação do Rio Grande está em águas internacionais e pertence à chamada Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos.
  • O território brasileiro no mar, aliás, se estende por uma faixa de até 370 quilômetros a partir da nossa costa.
Pequenas pilhas de metais de terra rara no formato de areia e pedrinhas
Metais raros são essenciais no desenvolvimento de tecnologias modernas, como carros elétricos e energia sustentável – Imagem: Joaquin Corbalan P/Shutterstock
  • O pedido de anexação foi feito junto à Organização das Nações Unidas.
  • O argumento é de que a área possui as mesmas características geológicas do país, por isso deve pertencer ao Brasil.
  • Representa uma espécie de extensão da plataforma continental brasileira, dentro do que a Marinha chama de “Amazônia Azul”.
  • Não há previsão de quando a ONU vai julgar esse assunto.
  • Ele está sob responsabilidade da Comissão de Limites da Plataforma Continental da entidade.

A descoberta da ilha

O estudo da Scientific Reports foi feito com o apoio dos navios de pesquisa Alpha Crucis, da USP, e Discovery, da realeza britânica.

Com a ajuda de um veículo submarino autônomo e de um veículo operado remotamente do National Oceanography Centre, em Southampton, o grupo fez um levantamento sobre o fundo do mar na região, com a coleta de amostras, dados magnéticos, imagens e sonar.

A Elevação do Rio Grande se formou há cerca de 80 milhões de anos a partir de intensa atividade vulcânica no Atlântico Sul. Atividade que parou somente 40 milhões de anos depois, deixando rastros de argila vermelha.

As primeiras evidências desse passado de ilha tropical surgiram em fevereiro de 2018, numa expedição liderada por pesquisadores do Instituto Oceanográfico da USP.

A evidência definitiva, porém, veio somente nesse estudo do ano passado. A partir da análise detalhada da composição e das propriedades geoquímicas, minerais e magnéticas da argila, os cientistas decretaram que o material só poderia ter se formado na superfície.

Em sua forma original, segundo os pesquisadores, esse solo era idêntico à terra vermelha típica do interior do estado de São Paulo.

Texto feito com base em reportages do Olhar Digital de 15/03/2024 e de 13/05/2025.

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Rachadura em placa tectônica gigante acende alerta entre geólogos

Uma descoberta feita por geocientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, parece marcar uma nova fase nos estudos sobre as placas tectônicas.

Antes de falar sobre ela, é importante destacar que essas placas são a camada externa mais “fina” do planeta Terra. E esse “fina” está entre aspas, pois elas possuem, em média, mais de 100 quilômetros de espessura.

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As placas tectônicas flutuam sobre o magma, são divididas em crosta oceânica e continental e se encaixam como um quebra-cabeça. Elas foram as responsáveis pela separação da Pangeia e por desenhar os continentes e os oceanos como conhecemos hoje.

Até agora, os cientistas acreditavam que essas estruturas só sofriam desgaste nas chamadas zonas de subducção – ou seja, nas regiões onde as placas convergem ou se chocam. São as regiões também onde mais ocorrem terremotos e erupções vulcânicas.

Os cientistas canadenses, porém, mostraram que a história não é bem assim.

Uma descoberta revolucionária

  • Os geólogos encontraram inúmeras falhas na Placa Oceânica do Pacífico.
  • Entre esses danos, encontram-se rachaduras de milhares de metros de profundidade e centenas de quilômetros de comprimento.
  • E eles não estão nas bordas das placas, mas sim no meio delas.
  • Segundo os cientistas, tais falhas foram causadas pelo mergulho da placa na direção do manto terrestre.
  • Outra hipótese é que elas podem estar ligadas às atividades sísmicas e de vulcões nessas regiões.
A Placa Oceânica do Pacífico é a maior de todas as placas tectônicas – Imagem: Agpotterphoto/Shutterstock
  • Para chegar a tal resultado, os pesquisadores utilizaram modelos computacionais complexos em conjunto com dados coletados no passado.
  • As regiões objeto do estudo vão do Japão ao Havaí e da Nova Zelândia à Austrália.
  • À imprensa, os geólogos compararam a placa do Pacífico a uma toalha de mesa.
  • Conforme ela estica, áreas mais frágeis correm mais riscos de rasgos.
  • E esses rasgos são as falhas geológicas encontradas.
  • A equipe afirma que descobrir que as placas submersas são menos sólidas do que se pensava refina o conhecimento sobre as dinâmicas tectônicas da Terra.

Como isso pode afetar a gente?

Ok, aprendemos mais sobre as placas tectônicas, mas que impacto essa descoberta pode ter no nosso dia a dia? O Jornal da USP ouviu alguns especialistas que nos dão um panorama interessante.

O professor do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo Felipe Toledo afirma que não veremos uma nova formação de continentes:

“Tudo isso está ocorrendo em termos de tempos geológicos, ou seja, se você pensar ‘o que vai acontecer em termos humanos?’ Nada. O que a gente pode sentir são tremores de terra ou alguma atividade vulcânica, mas grandes modificações ou deformações geológicas a gente não vai presenciar”, explicou.

Para outro professor do Instituto, Luigi Jovane, a ruptura de uma placa oceânica pode causar eventos severos, como tsunamis.

“Essas áreas não tem população ou construções, então o risco é muito baixo. Mas o problema é que elas vão gerar, provavelmente, grandes tsunamis, que se propagam pelos oceanos inteiros, e com certeza pelo Pacífico, gerando ondas gigantescas”, concluiu o especialista.

Ilustração de uma onda gigante do mar, representando um tsunami
Segundo especialista, falhas geológicas no meio do Pacífico podem gerar tsunamis – Imagem: Benny Marty/Shutterstock

Você pode ler o estudo canadense na íntegra na revista Geophisical Research Letters.

Texto feito com base em uma reportagem do Olhar Digital de 12/02/2024.

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Briga entre geólogos: qual é a rocha mais antiga dos EUA?

Geólogos ainda divergem sobre a definição da rocha mais antiga dos Estados Unidos — e o debate esquentou com a divulgação de novo levantamento com os prováveis ​​candidatos ao posto no GSA Today, jornal científico da Sociedade Geológica dos EUA.

Atualmente, o Gnaisse Morton, em Minnesota (EUA), é atribuído como a “Rocha Mais Antiga do Mundo” — com placa instalada logo ao seu lado. Em 1974, cientistas avaliaram a formação como tendo 3,8 bilhões de anos, segundo IFL Science.

Rochas ajudam na compreensão da formação da Terra (Imagem: E4 PLUS/Shutterstock)

No entanto, técnicas mais avançadas de medições possibilitaram a reavaliação da rocha, que, agora, é estimada em 3,5 bilhões (na melhor das hipóteses). E para deixar a disputa ainda mais acirrada: o gnaisse de Acasta, no Canadá, foi datado em quatro bilhões de anos.

Por que datar a rocha mais antiga do planeta importa?

  • Revelar detalhes da atividade geológica das rochas é uma maneira de compreender, também, a formação da Terra;
  • A questão é se a idade é definida por quando atingiram sua forma final ou quando a versão anterior foi formada, segundo a reportagem;
  • As Colinas Jack, na Austrália Ocidental, abrigam os minerais mais antigos já conhecidos: cristais de zircônio que resfriaram a partir do magma há 4,4 bilhões de anos;
  • As rochas das quais faziam parte, no entanto, já sofreram erosão, mas os zircões foram posteriormente incorporados a outras rochas durante a atividade sedimentar;
  • Pesquisadores da Universidade do Texas em Dallas (EUA) acreditam que o Gnaisse de Morton contém zircões com idades de 3,5, 3,3 e 2,6 bilhões de anos

A mesma equipe também avaliou o Gnaisse de Watersmeet, em Michigan (EUA), composto por zircões com 3,8 bilhões de anos, bem como alguns com apenas 1,3 bilhão. Para a equipe, é o mais antigo já medido nos Estados Unidos, mas o estudo ainda depende de revisão por pares.

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Novo estudo avalia que Gnaisse Morton contém zircões com idades de 3,5, 3,3 e 2,6 bilhões de anos (Imagem: Wirestock Creators/Shutterstock)

Segredos da Terra…

Apesar de estarem na superfície, as rochas quase certamente passaram a maior parte do tempo desde sua formação dentro da Terra. Essa proteção das intempéries pode guardar diversos segredos em estruturas ainda mais antigas.

Além de Michigan e Minnesota, Wyoming (EUA) também abriga candidatos promissores para bater o recorde tão desejado: cientistas já identificaram zircões de detritos de quatro bilhões de anos no Estado, de acordo com a reportagem.

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Descoberta sobre a crosta reescreve a linha do tempo geológica da Terra

Um estudo publicado recentemente na revista Nature traz novos dados sobre a formação da crosta terrestre. Pesquisadores descobriram que a protocrosta da Terra, a primeira camada sólida do planeta, era surpreendentemente parecida com a crosta de hoje. 

Esse achado pode mudar a maneira como entendemos a transição da Terra de um planeta coberto por magma para a atual configuração com placas tectônicas em movimento.

Resumidamente:

  • A protocrosta da Terra, formada entre 4 e 4,5 bilhões de anos, já apresentava características semelhantes à crosta atual;
  • Uma nova pesquisa mostrou que a assinatura de baixo nióbio estava presente na protocrosta, antes das placas tectônicas;
  • Isso sugere que a crosta continental pode ter se formado antes da ativação das placas tectônicas;
  • Elementos siderófilos indicam que a formação do núcleo foi crucial para o desenvolvimento da crosta;
  • A descoberta abre novas perspectivas sobre a geologia terrestre e a formação de planetas rochosos.

A pesquisa foi conduzida por uma equipe de cientistas liderados por Simon Turner, geoquímico da Universidade Macquarie, na Austrália. “Os cientistas há muito pensam que as placas tectônicas precisam mergulhar umas abaixo das outras para criar a impressão digital química que vemos nos continentes”, disse Turner, em um comunicado. “Nossa pesquisa mostra que essa impressão digital existia na primeira crosta da Terra, a protocrosta – o que significa que essas teorias precisam ser reconsideradas”.

A Terra primitiva foi bombardeada por meteoros que desempenharam um papel crucial na interrupção e reciclagem da primeira crosta terrestre. Crédito: Universidade Macquarie

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Modelos matemáticos recriaram a composição da primeira crosta da Terra

A chave para essa mudança de entendimento está no elemento nióbio. Normalmente, nas zonas de subducção, onde uma placa desliza para baixo de outra, o magma perde nióbio à medida que esse elemento é retido em camadas mais profundas. Durante muitos anos, acreditava-se que a falta de nióbio nas rochas era uma indicação de que as placas tectônicas já estavam ativas. No entanto, a pesquisa revelou que essa assinatura de baixo nióbio já estava presente na protocrosta, antes mesmo das placas tectônicas se formarem.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas usaram modelos matemáticos para recriar a composição da protocrosta da Terra, que se formou entre 4 e 4,5 bilhões de anos atrás, no Éon Hadeano. Os resultados mostraram que o nióbio foi atraído para o núcleo, sem a necessidade de placas tectônicas. Isso sugere que a crosta continental pode ter se formado muito antes do que imaginávamos, como parte do processo inicial de formação da Terra.

As rochas continentais modernas carregam assinaturas químicas desde o início da história da Terra, desafiando as teorias atuais sobre as placas tectônicas. Crédito: Universidade Macquarie

Além do nióbio, a pesquisa também observou o comportamento de outros elementos siderófilos, atraídos pelo ferro no núcleo terrestre. Esses elementos reforçaram a ideia de que a formação do núcleo foi essencial para o desenvolvimento da crosta. A descoberta pode mudar nossa compreensão sobre a geologia da Terra e também oferecer novas pistas sobre como planetas rochosos podem formar continentes.

Esse estudo oferece uma nova perspectiva sobre a formação do planeta e abre caminho para entender processos semelhantes em outros planetas. Ele também nos leva a repensar como os planetas rochosos em outros sistemas solares podem ter se formado e evoluído, levando a conclusões que podem ser fundamentais para a astrobiologia e a exploração espacial.

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Raio-X da Terra revela que crosta ‘escorre’ embaixo dos Estados Unidos

Cientistas descobriram que parte da crosta da Terra, numa região sob os Estados Unidos, está escorrendo para o interior do planeta. Segundo a descoberta recente, isso não apresenta riscos para quem mora por lá. Mas abre possibilidades para entender os processos geológicos da Terra.

A pesquisa, publicada na revista científica Nature Geoscience, foi liderada pelo sismólogo Junlin Hua. Atualmente, ele trabalha na Universidade de Ciência e Tecnologia da China. Na época da pesquisa, ele trabalhava na Universidade do Texas. O estudo usou dados coletados pelo Consórcio EarthScope.

Ao tirar ‘raio-X’ da Terra, pesquisadores notaram ‘derretimento’ de crosta sob os EUA

O fenômeno em questão é conhecido como escorrimento litosférico. A parte inferior da crosta terrestre derrete lentamente, formando grandes bolhas de rocha fundida. Quando ficam pesadas o suficiente, elas se desprendem e afundam para o manto superior da Terra, o que afina gradualmente a crosta.

Em alguns casos, esse processo pode criar rugas na superfície do planeta que revelam a atividade que ocorre abaixo. É o que ocorreu nos Andes e no Planalto da Anatólia, na Turquia, por exemplo.

Pesquisa revelou que revelou que o cráton norte-americano está afinando principalmente sob a região central dos Estados Unidos (Imagem: NicoElNino/Shutterstock)

Já no caso do estudo em questão, os pesquisadores usaram um modelo computacional avançado para tirar uma espécie de “raio-X” da crosta terrestre. Esse método permitiu detectar onde a litosfera está mais fina e identificar as regiões mais afetadas pelo escorrimento.

“Graças ao uso desse método de forma de onda completa, temos uma representação melhor dessa zona importante entre o manto profundo e a litosfera mais rasa”, explicou o geofísico Thorsten Becker, da Universidade do Texas. “Esperamos encontrar pistas sobre o que está acontecendo com a litosfera.”

O fenômeno observado ocorre numa estrutura chamada cráton, parte estável e antiga da crosta terrestre. Os crátons são considerados os núcleos ao redor dos quais os continentes se formam.

A pesquisa liderada pelo sismólogo Hua revelou que o cráton norte-americano está afinando principalmente sob a região central dos Estados Unidos.

Causa do derretimento litosférico

De acordo com os pesquisadores, a causa provável está ligada a um antigo processo tectônico. A placa tectônica Farallon, que há milhões de anos vem sendo subduzida (empurrada) por baixo da placa norte-americana, pode estar alterando os fluxos de rochas derretidas no manto terrestre.

Mapa da Terra com placas tectônicas destacadas
Causa provável do escorrimento litosférico sob os EUA está ligada a um antigo processo tectônico (Imagem: Eric Gaba/Wikimedia Commons)

Esse movimento enfraquece a base do cráton, o que facilita o escorrimento litosférico. “Esse tipo de fenômeno é importante se quisermos entender como um planeta evoluiu ao longo do tempo”, disse Becker.

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Isso nos ajuda a entender como os continentes se formam, como se fragmentam e como são reciclados.

Thorsten Becker, geofísico da Universidade do Texas, em Austin (EUA)

Embora impressionante, esse processo ocorre muito lentamente – ao longo de milhões ou bilhões de anos. Por isso, não representa qualquer perigo imediato para os moradores da região.

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