brigadeiro-1024x683

Doces causam diabetes? Veja fatos e fakes sobre o assunto

Poucas doenças são tão cercadas por mitos e desinformação quanto a diabetes. A cada novo vídeo viral ou corrente de WhatsApp, surge uma teoria diferente: que açúcar mascavo é inofensivo, que comer doce em jejum é mortal, que fruta dá mais diabetes que refrigerante, entre tantas outras.

No meio de tanta fake news, muita gente acaba acreditando que a simples ingestão de um brigadeiro pode ser o gatilho para desenvolver uma doença crônica. Mas será que é assim mesmo?

A diabetes é uma condição metabólica caracterizada pelo mau funcionamento na produção ou utilização da insulina, hormônio responsável por regular a quantidade de glicose no sangue. Existem diferentes tipos da doença, e cada um tem causas, sintomas e tratamentos distintos.

Apesar de estar ligada ao açúcar, a diabetes envolve fatores genéticos, ambientais e comportamentais, e seu desenvolvimento é mais complexo do que parece à primeira vista.

Imagem: Rmcarvalho / iStock

É fácil entender por que tanta gente busca explicações simples para algo tão sério. Em um mundo cada vez mais acelerado, as pessoas querem respostas rápidas, causas diretas e soluções mágicas.

Mas o corpo humano não funciona assim. A saúde é um equilíbrio delicado, influenciado por escolhas diárias, histórico familiar, hábitos de vida e até mesmo o ambiente ao redor. Saber disso é o primeiro passo para tomar decisões mais conscientes.

Como doces causam diabetes?

A crença popular de que doces causam diabetes é antiga e, em parte, compreensível, já que essa doença está diretamente ligada à forma como o corpo processa a glicose.

No entanto, afirmar que o consumo de doces sozinho é responsável pelo surgimento da doença é um equívoco. A diabetes não é causada exclusivamente pelo consumo de açúcar, mas sim por um conjunto de fatores genéticos, metabólicos e comportamentais.

Ilustração exemplifica a cadeia de processamento de glicose no corpo
Após liberada pelo pâncreas, a insulina entra na corrente sanguínea. Esse hormônio estimula a entrada de glicose nas células, especialmente as musculares. Isso permite que as células usem a glicose como energia e ajuda a reduzir o nível de açúcar no sangue. Imagem: VectorMine / iStock

É preciso, antes de tudo, compreender que existem diferentes tipos de diabetes. A tipo 1, por exemplo, é uma condição autoimune. Nesse caso, o sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina, e o consumo de doces ou qualquer outro alimento não tem influência direta sobre seu aparecimento.

Já a diabetes tipo 2, a mais comum entre os adultos, está fortemente relacionada a fatores como obesidade, sedentarismo, má alimentação e predisposição genética.

Portanto, dizer que “doces causam diabetes” é uma simplificação perigosa. A verdade é que o consumo frequente e exagerado de doces pode contribuir para o ganho de peso e para o aumento da resistência à insulina, o que eleva significativamente o risco de desenvolver diabetes tipo 2.

Mas não se trata de uma relação direta e automática. O problema não é o doce isoladamente, e sim o contexto alimentar em que ele está inserido.

plicativo de contagem de calorias. Mulher negra sorrindo usando aplicativo moderno no smartphone enquanto toma café da manhã na cozinha em casa, senhora africana feliz sentada à mesa, verificando os dados diários de nutrição
Apps de controle de alimentação são auxiliadores para a rotina das mães/Shutterstock_Prostock-studio

Além disso, é fundamental considerar a quantidade e a frequência com que os doces são consumidos. Ingerir uma sobremesa ocasional ou um pedaço de bolo no fim de semana não torna ninguém diabético. O problema está no consumo diário e sem moderação, especialmente quando associado a outras práticas prejudiciais, como o sedentarismo ou o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados.

Leia mais

Outro ponto importante é a qualidade dos doces. Produtos industrializados, ricos em açúcar refinado, gordura trans e aditivos químicos, são muito mais prejudiciais que doces caseiros preparados com ingredientes naturais.

Isso porque, além de impactar a glicemia, esses produtos aumentam o risco de inflamações crônicas, disfunções metabólicas e doenças cardiovasculares, que muitas vezes acompanham o quadro de diabetes tipo 2.

Mulher escolhe uma maçã ao invés de donuts
Imagem: Ekaterina Chizhevskaya / iStock

A educação alimentar, nesse contexto, é essencial para desmistificar a relação entre o consumo de açúcar e o desenvolvimento de doenças. Entender o funcionamento da insulina, o papel dos carboidratos na dieta e os sinais precoces de resistência insulínica pode ajudar as pessoas a fazerem escolhas mais conscientes, sem cair em pânicos infundados ou em restrições alimentares desnecessárias.

Crianças, por exemplo, não devem ser proibidas de consumir doces, mas sim ensinadas a comer com equilíbrio. A formação de hábitos saudáveis desde cedo, com uma alimentação variada e rica em fibras, legumes, frutas e proteínas, reduz as chances de desenvolver obesidade infantil e, por consequência, diabetes tipo 2 na adolescência ou na vida adulta.

Já entre os adultos, o mais preocupante é o consumo constante de refrigerantes, sucos industrializados e produtos ricos em carboidratos simples. Esses alimentos promovem picos glicêmicos e aumentam a demanda de insulina, o que a longo prazo pode levar à resistência insulínica. E é justamente essa resistência que costuma anteceder o diagnóstico de diabetes tipo 2.

De acordo com o CDC, manter um peso saudável, praticar atividades físicas regularmente, não fumar e seguir uma alimentação equilibrada são estratégias eficazes para prevenir ou controlar o diabetes tipo 2. O controle do estresse e o sono adequado também desempenham papéis importantes, já que afetam a resposta hormonal do organismo.

sono
Imagem: fizkes/Shutterstock

Além disso, é importante mencionar o papel do acompanhamento médico e dos exames de rotina. Muitas pessoas convivem com a pré-diabetes por anos sem saber, pois os sintomas podem ser silenciosos. Fazer exames periódicos de glicemia, especialmente para quem tem histórico familiar da doença, é essencial para diagnóstico precoce e início imediato do tratamento, caso necessário.

A verdade é que o açúcar, como qualquer outro nutriente, pode estar presente em uma dieta saudável. O segredo está no equilíbrio. O que adoece não é o açúcar em si, mas o excesso, a frequência e a ausência de um estilo de vida que compense esse consumo.

Culpar unicamente os doces pelo aumento dos casos de diabetes ignora os múltiplos fatores que envolvem essa doença crônica e multifatorial. Por fim, é sempre importante reforçar que desinformação e culpabilização excessiva de um único tipo de alimento podem gerar ansiedade alimentar, transtornos e escolhas equivocadas. A resposta para a prevenção da diabetes está no conhecimento, no equilíbrio e no cuidado contínuo com a saúde como um todo.

Com informações de CDC

O post Doces causam diabetes? Veja fatos e fakes sobre o assunto apareceu primeiro em Olhar Digital.

insulina-e-glicose-1024x576

Quais os tipos de diabetes? Conheça cada um e seus sintomas

A maneira como vivemos mudou drasticamente nas últimas décadas. As cidades cresceram, os alimentos industrializados se tornaram parte do dia a dia e a rotina acelerada deixou pouco espaço para hábitos saudáveis.

Essas transformações afetaram diretamente a saúde da população, contribuindo para o aumento de diversas condições crônicas. Entre elas, uma se destaca pelo crescimento silencioso e pela capacidade de se instalar sem alarde: a diabetes.

Essa doença muitas vezes evolui de forma lenta, sem apresentar sintomas aparentes durante muito tempo. Ainda assim, seus efeitos podem ser devastadores se não for identificada e acompanhada adequadamente. A boa notícia é que existem exames simples e acessíveis para detectá-la, permitindo iniciar rapidamente o cuidado necessário.

O que é a diabetes?

A diabetes é uma condição crônica caracterizada por níveis elevados de glicose (açúcar) no sangue. Esse desequilíbrio ocorre devido a uma deficiência na produção ou na ação da insulina, o hormônio responsável por ajudar a glicose a entrar nas células e ser utilizada como fonte de energia.

Após liberada pelo pâncreas, a insulina entra na corrente sanguínea. Esse hormônio estimula a entrada de glicose nas células, especialmente as musculares. Isso permite que as células usem a glicose como energia e ajuda a reduzir o nível de açúcar no sangue. Imagem: VectorMine / iStock

Quando a glicose se acumula no sangue, pode causar danos progressivos ao corpo, afetando órgãos como coração, rins, olhos e nervos.

Embora a diabetes seja muitas vezes relacionada à alimentação ou ao estilo de vida, nem todos os casos têm essas origens. A doença pode surgir por predisposição genética, por alterações autoimunes ou ainda por condições específicas que afetam a forma como o corpo utiliza a insulina.

A identificação precoce e o controle adequado são essenciais para prevenir complicações graves e manter a qualidade de vida do paciente.

Quais os tipos de diabetes?

Imagem: Shutterstock/Proxima Studio

Diabetes tipo 1

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o sistema imunológico do corpo ataca e destrói as células beta do pâncreas, responsáveis por produzir insulina. Isso impede que o organismo regule os níveis de glicose no sangue de forma natural. Esse tipo é mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens, embora possa surgir em qualquer idade.

Os principais sintomas incluem sede excessiva, aumento da frequência urinária, perda de peso inexplicada, fraqueza e visão embaçada. Como o organismo não produz insulina suficiente, o tratamento exige o uso diário de insulina injetável. A causa exata da reação autoimune ainda é desconhecida, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante.

Leia mais:

Diabetes tipo 2

A diabetes tipo 2 é a forma mais comum da doença e ocorre quando o corpo não utiliza adequadamente a insulina produzida, condição conhecida como resistência à insulina. Com o tempo, o pâncreas também pode produzir menos insulina, agravando o quadro. Esse tipo está geralmente associado ao sobrepeso, à obesidade, à falta de atividade física e a fatores genéticos.

Os sintomas podem se desenvolver lentamente e, por isso, muitas vezes passam despercebidos por anos. São semelhantes aos do tipo 1, incluindo sede aumentada, fome frequente, fadiga, infecções recorrentes e feridas que demoram a cicatrizar.

O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável, exercícios físicos regulares, controle do peso e, em alguns casos, medicamentos orais ou injetáveis.

Diabetes gestacional

A diabetes gestacional é diagnosticada durante a gravidez e, geralmente, desaparece após o parto. Ela ocorre quando os hormônios produzidos pela placenta interferem na ação da insulina, levando ao aumento dos níveis de glicose no sangue. Esse tipo de diabetes afeta principalmente mulheres com histórico familiar da doença, obesidade ou idade superior a 25 anos no momento da gestação.

Mulher grávida com as mãos em sua barriga
Mesmo assim, estudo não é definitivo (Imagem: mojo cp/Shutterstock)

Embora muitas vezes seja assintomática, pode causar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, como parto prematuro, excesso de peso ao nascer e maior chance de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro. O tratamento inclui dieta controlada, prática de atividade física e, em alguns casos, o uso de insulina.

Pré-diabetes

O pré-diabetes é uma condição em que os níveis de glicose no sangue estão acima do normal, mas ainda não são altos o suficiente para ser diagnosticado como diabetes tipo 2. Ele indica um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e outras complicações.

Muitas pessoas com pré-diabetes não apresentam sintomas evidentes. No entanto, é possível reverter esse quadro com mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada, perda de peso, aumento da atividade física e abandono do sedentarismo. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão da doença.

Diabetes tipo 3c

Um tipo menos conhecido, a diabetes tipo 3c, resulta de danos diretos ao pâncreas, muitas vezes causados por doenças como pancreatite crônica, cirurgia pancreática ou câncer pancreático. Nesses casos, as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina e outras enzimas digestivas são afetadas.

Esse tipo pode ser confundido com o tipo 2, mas o tratamento é diferente, pois envolve não apenas o controle da glicemia com insulina ou outros medicamentos, como também a reposição de enzimas pancreáticas para auxiliar na digestão. O diagnóstico preciso é essencial para evitar complicações.

As informações presentes neste texto têm caráter informativo e não substituem a orientação de profissionais de saúde. Consulte um médico ou especialista para avaliar o seu caso.

Com informações de CDC.

O post Quais os tipos de diabetes? Conheça cada um e seus sintomas apareceu primeiro em Olhar Digital.