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Por que humanos começaram a usar o fogo? Resposta não é o que pensamos

O fogo é uma das maiores descobertas da história da humanidade. Ele permitiu cozinhar alimentos, manter ambientes aquecidos e fornecer iluminação para estender a duração dos dias. Mais para frente, o elemento foi o grande responsável pelo Revolução Industrial, que transformou o mundo.

Há anos, pesquisadores buscam entender qual a relação dos primeiros humanos com o fogo. Um novo estudo sugeriu que a resposta não é tão óbvia: os primeiros usuários deste elemento da natureza não necessariamente o usavam para cozinhar alimentos. Na verdade, a utilidade principal era outra.

Estudo publicado este mês revelou que fogo não era comum para os primeiros humanos (Imagem: Mr.Somkeat/Shutterstock)

Debate sobre uso do fogo é extenso e cheio de hipóteses

Como lembrou o IFLScience, a relação dos primeiros humanos com o fogo é tema de debates intensos. No entanto, no geral, estudiosos acreditam que não houve um único momento repentino em que essa relação começou. Os hominídeos começaram a aderir ao uso gradualmente a partir do início do Pleistoceno. 

Inicialmente, acredita-se que a utilidade tenha sido para cozinhar plantas e carnes para alimentação, o que viabilizou a adaptação do Homo erectus para ter um sistema digestivo menor e um cérebro maior. Essa ideia é conhecida como “hipótese da culinária”.

Mais recentemente, outros trabalhos começaram a questionar a origem dessa relação, sugerindo que a utilidade principal do fogo pode não ter sido cozinhar alimentos.

Fogo era usado para cozinhar… mas, de acordo com pesquisa, essa não era a principal função do elemento (Imagem feita com inteligência Artificial. Alessandro Di Lorenzo/Olhar Digital/DALL-E)

Estudos recentes questionaram utilidade do elemento na antiguidade

Um estudo publicado em meados de maio deste ano na Frontiers in Nutrition foi um dos trabalhos que questionou a função principal do fogo para os humanos antigos.

Em comunicado, o Dr. Miki Ben-Dor, líder da pesquisa, revelou que é consenso geral que, há 400 mil anos, o fogo era comum em contextos domésticos, para assar carnes, aquecimento e iluminação. Mas e antes disso? Segundo ele, a maioria dos sítios arqueológicos anteriores não tinham qualquer evidência de uso do elemento, reveleando que se tratava de algo estranho para os humanos.

Entendemos que os primeiros humanos daquela época — principalmente o Homo erectus — não usavam fogo regularmente, mas apenas ocasionalmente, em lugares específicos e para propósitos especiais.

Dra. Miki Ben-Dor, líder da pesquisa

Ele e sua equipe quiseram obter mais detalhes sobre essa evolução. Veja como foi o processo:

  • A equipe revisou a literatura existente sobre os nove sítios arqueológicos de entre 1,8 milhão e 800 mil anos atrás que tinham evidências do uso de fogo;
  • Foram dois sítos em Israel (Gesher Benot Ya’aqov e a Pedreira de Evron), seis na África e um na Espanha;
  • A equipe também usou estudos etnográficos de caçadores-coletores contemporâneos para entender os hábitos e condições de humanos naquela época.

Ben-Dor analisou o que os nove sítios arqueológicos tinham em comum entre si e chegou a algumas hipóteses.

Restos mortais de humanos modernos encontrados em vestígios de fogo
Acender fogueiras era um grandes esforço (Imagem: Gabriel Sérvio/Criada por DALL-E/Olhar Digital)

Qual era a função do fogo há milhões de anos?

Com base na análise, a equipe descobriu que os noves sítios tinham grandes quantidades de ossos de animais grandes, como elefantes e hipopótamos. Sabe-se que esses animais eram importantes na dieta de humanos antigos, pois forneceriam o número ideal de calorias para sobrevivência de várias pessoas, por vários dias (as vezes, por mais de um mês).

A carne desses animais era valiosa e, portanto, precisava ser protegida tanto de bactérias quanto de outros predadores que também queria se alimentar. Foi assim que surgiu a hipótese sobre os dois principais usos do fogo: proteger a caça de outros animais e preservar a carne por mais tempo por meio da secagem e da defumação.

Neste estudo, propomos uma nova compreensão dos fatores que motivaram os primeiros humanos a começar a usar o fogo: a necessidade de proteger grandes animais caçados de outros predadores e de preservar a grande quantidade de carne ao longo do tempo.

Professor Ran Barkai, também autor do estudo

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Mas claro: uma vez que o fogo estava aceso, muito provavelmente ele também foi utilizado para cozinhar. Afinal, acender uma fogueira demandava esforços por parte dos humanos. Só não era esse o motivo principal pelo qual eles se esforçavam.

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Você já teve 100 ossos a mais: o que aconteceu com eles?

Acredite se quiser, mas você já teve quase 100 ossos a mais no seu corpo! Antes de crescer e virar um humano adulto típico com 206 ossos, todos nascem com cerca de 275 a 300 ossos ao todo. E, agora que você já sabe dessa informação, imagino que a pergunta que não quer calar é: onde eles foram parar?

Entenda:

  • Todo ser humano já teve cerca de 100 ossos a mais;
  • Quando nascem, os bebês precisam ser flexíveis o suficiente para passarem por uma abertura bem menor que o tamanho de seus corpos;
  • Por isso, os recém-nascidos possuem cerca de 275 a 300 ossos ao todo, mais curtos e flexíveis;
  • Conforme crescemos, alguns desses ossos se fundem para formar porções maiores;
  • Além disso, a cartilagem flexível é gradualmente transformada em tecido ósseo;
  • No fim das contas, o padrão de um humano adulto fica em 206 ossos no total.
Bebês nascem com quase 100 ossos a mais. (Imagem: Picsea/Unsplash)

Sabemos que, no nascimento, os bebês precisam passar por aberturas muito menores que o tamanho de seu corpo. Mas não dá para fazer isso com os ossos duros e longos de um humano adulto – e é exatamente aí que entram os ossos adicionais. Além de serem menores, muitos deles são, na verdade, pedaços de cartilagem flexível.

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Os 100 ossos a mais começam pela cabeça 

Como explica o pediatra Matthew Badgett ao IFLScience, parte desses ossos adicionais pode ser encontrada na cabeça dos recém-nascidos. “Os bebês nascem com cinco ossos cranianos principais que permitem que o crânio se molde durante o parto. A fontanela [ou moleira] é um espaço entre esses ossos cranianos que se fecha gradualmente ao longo do primeiro ou segundo ano de vida, à medida que o bebê desenvolve um crânio sólido e rígido.”

Perdemos ossos ao crescer?

Durante o desenvolvimento do embrião no útero da mãe, tem início um processo chamado de ossificação. Ela acontece lentamente, e, ao longo da infância, transforma a cartilagem flexível em tecido ósseo. É por isso que, quando uma criança quebra algum osso, a fratura costuma se regenerar mais rapidamente – e com menos chances de danos permanentes – do que no caso dos adultos.

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Ser humano adulto típico tem 206 ossos ao todo. (Imagem: Tima Miroshnichenko/Pexels)

Além disso, os ossos precisam acompanhar o crescimento do ser humano. Por isso, alguns dos fragmentos menores vão se fundindo para formar ossos maiores. Um processo semelhante à ossificação permite que as partes mais longas, como o fêmur, aumentem de comprimento. 

O processo pode acontecer em períodos diferentes para cada pessoa, mas, na fase adulta, o conjunto final padrão é sempre de 206 ossos.

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Olhar Espacial: Marte pode dar origem a uma nova espécie de humanos?

Se a humanidade conseguir colonizar Marte, estaremos diante de um dos maiores desafios da história: viver em um planeta totalmente diferente da Terra. Com menos gravidade, ar rarefeito e radiação intensa, nosso vizinho pode exigir mudanças profundas no corpo humano ao longo do tempo. E o possível desenvolvimento de uma nova espécie humana no Planeta Vermelho é o tema do Programa Olhar Espacial desta semana.

A ideia de viver em Marte parece estar cada vez mais próxima, levantando questões que vão além da tecnologia, como, por exemplo: será que, com o tempo, os humanos se tornariam algo diferente do que somos hoje?

A gravidade de Marte equivale a apenas um terço da terrestre. A atmosfera é fina e composta quase totalmente por dióxido de carbono. O planeta também não tem campo magnético para nos proteger da radiação cósmica e solar. Ou seja, Marte é um ambiente hostil para os nossos corpos.

Mesmo com roupas espaciais e abrigos seguros, viver ali seria um desafio constante. Mas alguns cientistas acreditam que poderíamos nos adaptar – e evoluir. Um dos nomes que defende essa ideia é Scott Solomon, professor de biociência na Universidade Rice, nos EUA. 

Conforme noticiado no Olhar Digital, Solomon acredita que viver por gerações em Marte pode nos levar a uma nova etapa evolutiva. Segundo ele, os humanos marcianos poderiam mudar tanto que deixariam de ser Homo sapiens, dando origem a uma nova espécie: o Homo martianus.

Representação artística elaborada com Inteligência Artificial de um extraterrestre em Marte. Será que os homenzinhos verdes da ficção cientpifica podem um dia se tornar realidade? Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

Um dos principais motores dessa transformação seria a radiação. Na Terra, ela é bloqueada pela atmosfera e pelo campo magnético. Já em Marte, a exposição constante pode causar mutações genéticas, o que poderia acelerar a evolução.

As mutações no DNA nem sempre são negativas. Muitas vezes, elas permitem que uma espécie se adapte melhor ao ambiente. Em Marte, a taxa de mutação seria maior, o que aumentaria a diversidade genética entre os colonos.

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Os humanos em Marte serão verdes?

Outra possível mudança seria na pele. A melanina, pigmento natural que protege contra radiação, poderia ter um papel importante. Pessoas com mais eumelanina (tipo específico de melanina que deixa a pele mais escura), talvez fossem naturalmente mais resistentes em Marte.

Com o tempo, a seleção natural poderia favorecer esses traços ou até gerar pigmentos novos, diferentes dos que conhecemos na Terra. Assim, as antigas ideias sobre “homenzinhos verdes” podem ganhar um novo sentido, agora com base na ciência.

Essas mudanças seriam gradativas, mas, num ambiente tão extremo, o processo evolutivo pode ocorrer mais rápido do que esperamos. Além da biologia, isso traz perguntas éticas, sociais e filosóficas. E se os humanos nascidos em Marte não conseguirem mais viver na Terra? E se se tornarem tão diferentes que formem um novo grupo humano? O que isso significaria para nossa identidade como espécie?

Para debater esse tema instigante, o Olhar Espacial desta sexta-feira (23)recebe Mírian Forancelli Pacheco. Bacharel em ciências biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ela é mestre em Arqueologia, doutora em Geociências e pós-doutora em Física Nuclear pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da Universidade de São Carlos (UFSCAR) em Sococaba desde 2013 e Chefe do Laboratório de Paleobiologia e Astrobiologia na mesma instituição, Mírian atua nas áreas de Fossildiagênese, Tafonomia Experimental, Paleometria e Astrobiologia.

Mírian Forancelli Pacheco é a convidada desta sexta-feira (23) do Programa Olhar Espacial, para falar sobre a evolução humana em Marte. Crédito: Arquivo Pessoal

Não perca!

Como assistir ao Programa Olhar Espacial

Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTubeFacebookInstagramX (antigo Twitter)LinkedIn e TikTok.

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Como seria o mundo sem humanos?

A atividade humana é uma das principais responsáveis pela degradação do nosso planeta. Um dos principais exemplos disso são as mudanças climáticas. Mas o que aconteceria se os humanos simplesmente desaparecessem?

Os cientistas explicam que não existe uma única resposta para esta pergunta. No entanto, eles parecem concordar que as marcas deixadas pela humanidade fariam parte desta nova Terra, o que poderia moldar a vida que continuaria a se existir.

Vestígios da humanidade se manteriam por um bom tempo

  • Em primeiro lugar, os sistemas de abastecimento de água e energia parariam de funcionar sem os humanos.
  • Isso significaria, por exemplo, a inundação de túneis e até estações de metrô.
  • Em ambientes extremamente úmidos, as estruturas mofariam e degradariam com o tempo, causando o colapso destes locais.
  • Em cerca de 20 anos, os postes teriam desaparecidos e estruturas de madeira apodrecido.
  • Por outro lado, as árvores poderiam crescer livremente e dividiriam espaço com as construções humanas.
  • Com o tempo, até mesmo os arranha-céus se tornaria ruínas.
  • De toda a infraestrutura humana, as estradas seriam os sinais mais persistentes de civilização.
  • As informações são do portal Popular Science.
Cenas de filmes de apocalipse podem se tornar realidade sem a presença de humanos na Terra (Imagem: zef art/Shutterstock)

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E os animais?

Uma pequena lista de espécies estaria condenada a morrer junto dos humanos, incluindo pragas e micróbios específicos. Já os animais domesticados seriam rapidamente superados por espécies selvagens, com vacas e cães durando pouco tempo. Os gatos, por sua vez, teriam mais chances de sobreviver.

Ao mesmo tempo, a sobrevivência de espécies ameaçadas de extinção, como pandas gigantes, dependeria das condições existentes após a nossa partida. Elas teriam de volta seus habitats e não seriam caçadas por humanos, mas suas pequenas populações seriam um obstáculo para a continuidade destas vidas.

Quando pensamos em natureza, logo nos vem à cabeça florestas, rios, mares, a vida selvagem e tudo que não envolva humanos, suas atividades e construções (Crédito: Konstanttin/ ShutterstcoK)
Com o tempo, todos os efeitos negativos causados pelo homem se tornariam insignificantes (Imagem: Konstanttin/ShutterstocK)

Todo o restante da vida na Terra continuaria. Com o passar do tempo, a poluição por metais pesados e produtos químicos será diluída até que os efeitos sejam insignificantes. Isso significa que, apesar de todos os estragos feitos pela humanidade, ainda deixaríamos para trás um planeta habitável.

É impossível saber quais espécies podem nos suceder para dominar o planeta e até mesmo isso acontecerá. O que se pode esperar, entretanto, é que os animais menores, mais resistentes e adaptáveis terão um importante futuro nesta nova Terra.

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Fundo do mar revela segredos da evolução humana guardados por 140 mil anos

Quatro estudos separados publicados na revista científica Quaternary Environments and Human analisaram fósseis de um ancestral humano extinto encontrados no fundo do mar, na Indonésia. Os ossos pertencem ao Homo erectus, uma espécie que viveu há centenas de milhares de anos. 

A descoberta desses restos mortais indica que essa população, até então desconhecida, pode ter convivido com humanos mais modernos. Os fósseis estavam em um local submerso que já foi terra firme na última era do gelo.

Mais de seis mil fósseis de animais marinhos e terrestres também foram sugados do fundo do mar junto com esse achado, por máquinas de um projeto de construção na ilha de Java,  especificamente no Estreito de Madura. Essa é a primeira vez que cientistas encontram fósseis humanos em áreas que estavam submersas desde o fim da última era glacial, quando o nível do mar era bem mais baixo do que hoje.

Na linha “A”, imagens reais de um fragmento frontal do Homo erectus com toro supraorbital dextral. Na linha “B”, imagens renderizadas de superfície 3D baseadas em tomografia computadorizada. Em “C” e “D”, imagens renderizadas de superfície 3D baseadas em TC de MS1 em orientações diferentes. Crédito: H.W.K. Berghuis et. al

Homo erectus indonésio conviveu com outros ancestrais humanos

Há cerca de 140 mil anos, a região conhecida como Sundaland era uma imensa planície com rios, peixes, tartarugas, tubarões de água doce e grandes animais terrestres como elefantes, búfalos e o extinto Stegodon. Esses campos férteis ligavam várias ilhas, como Java e Madura, ao continente asiático. Durante as glaciações, o mar recuava e revelava essas terras, que se tornavam importantes áreas de caça.

A presença do Homo erectus nessa região mostra que ele aproveitava essas áreas ricas em alimento. Esse grupo habitava as margens dos rios e caçava tanto animais aquáticos quanto terrestres. Os pesquisadores também encontraram marcas de cortes nos ossos de alguns animais, o que indica que eles abatiam tartarugas e grandes mamíferos de forma organizada.

Curiosamente, os cientistas perceberam que os Homo erectus caçavam animais bovídeos – parecidos com bois – em idade adulta, quando eram mais nutritivos. Esse tipo de caça seletiva é uma prática mais típica de humanos modernos. Isso levanta a hipótese de que o Homo erectus indonésio tenha aprendido essa técnica com outros grupos humanos que viviam na região.

Em entrevista ao site Live Science, Harold Berghuis, autor principal de um dos estudos e pesquisador da Universidade de Leiden, na Holanda, essa estratégia pode ter sido desenvolvida de forma independente. No entanto, ele também considera possível que tenha ocorrido um tipo de troca cultural entre o Homo erectus e outras espécies humanas. “Isso abriria novas possibilidades para entender como diferentes grupos humanos antigos interagiam entre si”.

Pesquisadores encontraram os ossos de Homo erectus entre mais de 6.000 fósseis dragados no Estreito de Madura, na Indonésia. Crédito: Harold Berghuis

Árvore genealógica da humanidade é complexa

O Homo erectus é uma das espécies mais importantes da nossa linha evolutiva. Ele surgiu há cerca de dois milhões de anos e foi o primeiro ancestral a ter um corpo parecido com o nosso. Também foi o primeiro a sair da África e se espalhar por regiões como o sudeste da Ásia. Outros grupos humanos, como os neandertais e denisovanos, vieram depois, mas ainda é pouco claro como esses grupos conviveram ou influenciaram uns aos outros.

A árvore genealógica da humanidade é bastante complexa, especialmente no sudeste asiático. De acordo com Berghuis, por volta de 350 mil anos atrás, o Homo erectus começou a ser substituído por espécies mais modernas. Mesmo assim, ele sobreviveu na ilha de Java até cerca de 117 mil anos atrás. Já os Homo sapiens, nossa espécie, chegaram à região cerca de 77 mil anos atrás.

A descoberta só foi possível graças a uma grande obra de construção realizada entre 2014 e 2015 no Estreito de Madura. Durante o projeto, mais de cinco milhões de metros cúbicos de areia e rochas foram retirados do fundo do mar perto da cidade de Surabaya, com o objetivo de criar uma ilha artificial. Esse processo, chamado dragagem, envolve sugar sedimentos do fundo do mar com uma espécie de aspirador gigante.

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Apesar do impacto ambiental da dragagem, que pode prejudicar ovos e animais pequenos, ela também trouxe à tona fósseis valiosos. O sedimento foi descarregado em uma área onde seria construída a nova ilha. Foi nesse local que Berghuis, atuando como consultor, passou semanas procurando fósseis. No último dia de trabalho, ele finalmente encontrou um fragmento de crânio humano.

Berghuis levou o osso ao hotel e o comparou com imagens de fósseis de neandertais encontrados no Mar do Norte. A semelhança era grande, mas análises posteriores confirmaram que se tratava de um Homo erectus, provavelmente um adolescente ou adulto jovem. Outro fragmento encontrado por ele também pertencia a um indivíduo da mesma espécie, mas ainda em idade infantil.

Os cientistas não conseguiram determinar como esses indivíduos morreram. Ainda assim, os fósseis representam apenas uma parte das descobertas. Os pesquisadores identificaram resquícios de 36 espécies diferentes entre os 6.372 fragmentos recuperados. Um destaque entre eles foram os restos de dragões-de-komodo, lagartos gigantes que ainda existem em algumas ilhas da Indonésia.

Esses répteis são conhecidos por caçar animais grandes usando mordidas venenosas e bactérias. Hoje, estão ameaçados de extinção, mas os estudos sugerem que, naquela época, eram os principais predadores das planícies de Sundaland. Segundo Berghuis, os dragões-de-komodo podem ter dominado o ecossistema local por milhares de anos. As descobertas ajudam a montar um retrato mais completo da vida antiga no sudeste asiático.

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Homo martianus: uma nova espécie de humanos poderia evoluir em Marte

Durante milhões de anos, o corpo humano foi moldado pelas condições da Terra: gravidade estável, atmosfera rica em oxigênio, água líquida e proteção contra radiações. Cada detalhe da nossa biologia funciona em sintonia com esse ambiente. Mas, o que aconteceria se passássemos a viver em outro planeta, como Marte?

A ideia de colonizar Marte é antiga e parece estar cada vez mais próxima da realidade. Empresas e agências espaciais estudam formas de levar seres humanos para viver por lá. No entanto, esse objetivo vai muito além de apenas construir uma base com comida, ar e abrigo. A questão mais complexa é como o corpo humano reagiria – e evoluiria – em um ambiente tão diferente do nosso.

Em Marte, a gravidade equivale a apenas um terço da que sentimos aqui. A atmosfera é rarefeita e composta quase inteiramente por dióxido de carbono. A superfície do planeta é bombardeada por radiação cósmica e solar, já que Marte não tem um campo magnético como o da Terra. Ou seja, o ambiente é hostil para nossa espécie.

Representação artística de uma futura colônia humana em Marte. Crédito: e71lena – Shutterstock

Mesmo com roupas espaciais e abrigos subterrâneos, a vida em Marte seria uma luta diária para sobreviver. Ainda assim, alguns cientistas acreditam que os humanos poderiam se adaptar com o tempo. 

Um deles é Scott Solomon, professor de biociência na Universidade Rice, nosEUA. Em entrevista ao site IFLScience, ele explicou como viver em Marte pode levar a mudanças evolutivas profundas na nossa espécie. “Se os humanos realmente conseguirem criar colônias permanentes em outros planetas, isso nos colocaria em uma rota evolutiva totalmente nova”.

Segundo ele, viver em Marte por várias gerações pode gerar mudanças no corpo, nos genes e na aparência dos colonos. Com o passar do tempo, essas alterações podem ser tão significativas que os marcianos humanos deixariam de ser apenas Homo sapiens – talvez surgisse até uma nova espécie: o Homo martianus.

Radiação acelera mutações genéticas

Um dos principais fatores de mudança seria a radiação. Na Terra, estamos protegidos por uma atmosfera espessa e por um campo magnético que nos defende da radiação solar e cósmica. Já em Marte, essa proteção não existe. O resultado é uma exposição contínua a altos níveis de radiação.

Mesmo com equipamentos de proteção, a radiação pode causar mutações no DNA. Essas alterações genéticas nem sempre são prejudiciais. Na verdade, são a base do processo de seleção natural, que permite às espécies se adaptarem ao ambiente ao longo do tempo.

Ilustração mostra a radiação solar destruindo a atmosfera de Marte. Crédito: NASA

Solomon explica que, em Marte, a taxa de mutação genética seria mais alta. Isso aumentaria a diversidade dentro da população de colonos, o que pode acelerar o processo evolutivo. A radiação, portanto, poderia se tornar um motor da evolução humana fora da Terra.

Além disso, doenças como o câncer podem se tornar mais comuns por causa da radiação. Isso representa um desafio médico, mas também é um fator que pode pressionar o corpo a desenvolver defesas mais eficientes ao longo das gerações.

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Qual será a cor dos humanos marcianos?

Outra possível mudança evolutiva está na pele. A melanina é o pigmento responsável pela cor da pele e pela proteção contra radiação. Um tipo específico de melanina, chamado eumelanina, oferece proteção maior. Pessoas com mais eumelanina têm pele mais escura e são mais resistentes aos danos causados pela radiação ultravioleta.

Com isso, é possível imaginar que, com o tempo, a seleção natural favoreceria pessoas com mais eumelanina em Marte. Ou talvez surjam pigmentos novos, com cores e funções diferentes das que conhecemos na Terra. Quem sabe seja dessa forma que apareçam os famosos “homenzinhos verdes” da ficção científica – só que por meio da evolução real.

Essas mudanças não ocorreriam da noite para o dia. A evolução é um processo lento e pode levar séculos ou milênios para gerar uma nova espécie. Mas, num ambiente tão diferente quanto Marte, a velocidade do processo pode ser maior do que imaginamos, segundo Solomon.

Representação artística elaborada com Inteligência Artificial de um extraterrestre em Marte. Será que os homenzinhos verdes da ficção cientpifica podem um dia se tornar realidade? Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

Colonos de Marte enfrentam dilemas éticos e sociais

Além das questões biológicas, há desafios sociais e éticos que vêm com a vida fora da Terra. Se humanos nascerem e crescerem em Marte, será que poderão voltar para a Terra? Será que seus corpos aguentariam a gravidade mais forte? Ou será que já seriam tão diferentes que não se adaptariam mais ao planeta de origem?

Solomon também alerta para um risco de desigualdade entre os habitantes da Terra e os colonos de Marte. Se surgirem diferenças físicas, genéticas ou culturais muito grandes, a humanidade pode se dividir em dois grupos distintos. Isso levanta discussões sobre inclusão, direitos e até sobre o que significa ser humano.

Ele ainda aponta que a ficção científica pode ajudar a refletir sobre essas possibilidades. Autores do gênero têm explorado esses cenários há décadas, levantando questões sobre identidade, evolução e sociedade em contextos extraterrestres.

“Tudo isso (cultura, política, identidade) estará em jogo”, diz Solomon. “Acho que a ficção científica pode nos ajudar a pensar sobre o que vem pela frente”.

Com a ciência e a tecnologia avançando rapidamente, imaginar humanos vivendo em Marte já não é mais apenas fantasia. E se isso acontecer, talvez o futuro nos apresente uma nova espécie nascida entre as estrelas.

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“Her” na vida real? 80% dos Gen Z se casariam com uma IA, aponta estudo

Em 2013, o filme Her (ou “Ela” aqui no Brasil) trouxe Joaquin Phoenix no papel de um homem que se apaixona por um sistema de inteligência artificial. E apesar de fictícia, a trama sobre relações entre humanos e IA reflete um fenômeno atual cada vez mais comum – principalmente na chamada Gen Z, de acordo com um novo estudo.

Entenda:

  • 80% dos jovens da Gen Z se casariam com uma IA, revela um estudo da Joi AI, empresa de chatbots de inteligência artificial;
  • Ainda, 83% acredita que conseguiria formar vínculos emocionais profundos com essa tecnologia – e 75% dos jovens até acham que ela poderia substituir completamente a companhia humana;
  • Uma especialista em relacionamentos da empresa explica que as IAs representam uma forma de “suporte emocional” para pessoas que se sentem estressadas ou sozinhas;
  • Essa busca pela tecnologia, entretanto, está enfraquecendo cada vez mais as conexões humanas entre a Geração Z, e aproximando-a de relações simuladas.
Gen Z está cada vez mais próxima da IA, apontam especialistas. (Imagem: Kar-Tr/iStock)

A pesquisa realizada pela Joi AI, empresa de chatbots de inteligência artificial, contou com 2 mil membros da Geração Z. Dos participantes, 80% afirmaram que se casariam com uma IA, e 83% disseram conseguir formar vínculos emocionais profundos com esse tipo de tecnologia.

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Gen Z acredita que IA pode substituir companhia humana

O estudo ainda aponta que, para 75% dos participantes, os sistemas de inteligência artificial poderiam substituir completamente a companhia humana. Isso porque os chatbots “oferecem um tipo distinto de suporte emocional”, afirma Jaime Bronstein, terapeuta e especialista em relacionamentos da Joi AI, à Forbes.

Bronstein explica que, da mesma forma que buscamos a IA para tarefas do cotidiano, as pessoas começaram a perceber que ela também pode ser usada como um “melhor amigo digital” em caso de estresse ou solidão. “Às vezes, é simplesmente bom ter alguém, mesmo que seja uma IA.”

Geração Z está se afastando de conexões humanas. (Imagem: kieferpix/iStock)

Estudo revela tendência preocupante

Para a socióloga digital Julie Albright, os dados divulgados pela Joi AI são preocupantes.

Ela diz que a inteligência artificial está provocando mudanças fundamentais nos hábitos de relacionamento das gerações mais jovens, fazendo com que se apoiem na tecnologia e recorram cada vez menos às conexões humanas.

“Isso irá, de certa forma, satisfazer essa necessidade de conexão por meio de um relacionamento simulado, distanciando-nos ainda mais uns dos outros, já que a conveniência e a facilidade dos relacionamentos sem atrito da IA ​​substituem os relacionamentos mais confusos, difíceis e, às vezes, cheios de atrito da carne”, destaca.

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Humanos antigos conviveram com animais gigantes no Brasil

Um artigo publicado na Revista Brasileira de Paleontologia revela novas pistas sobre a convivência de humanos antigos com animais extintos de grande porte no Brasil. O foco do estudo está nos Toxodontes, gigantes da megafauna sul-americana que viveram durante o Pleistoceno. A análise de fósseis indica que essas espécies podem ter interagido diretamente com grupos humanos.

A descoberta foi possível a partir de materiais coletados nos anos de 1980 no Vale do Ribeira, em São Paulo. Uma reavaliação detalhada desses fósseis mostra que os dentes desses animais podem ter sido usados como adornos. A pesquisa envolveu especialistas em paleontologia, arqueologia e biologia evolutiva.

Em poucas palavras:

  • Humanos antigos conviveram com grandes mamíferos do Pleistoceno chamados Toxodontes no Vale do Ribeira;
  • Fósseis mostram marcas de corte feitas por humanos, indicando uso dos dentes como ornamentos ou objetos rituais;
  • Os dentes analisados revelaram sinais de doenças ligadas à fome e mudanças ambientais;
  • Foi identificado um fóssil juvenil de Toxodon platensis, raro no registro sul-americano;
  • A presença de Mixotoxodon larensis no sudeste amplia sua distribuição geográfica conhecida;
  • O estudo indica que humanos também usavam a megafauna em práticas culturais, além da caça;
  • Fósseis antigos, reexaminados com novas técnicas, ajudam a entender o passado e prevenir futuras extinções.
Ilustração da provável aparência dos Toxodontes, em comparação com fóssil registrado no século 20. Créditos: Arte sobre imagens de Otenio Abel/Wiki Commons e Robert Bruce Horsfall/Wiki Commons via Jornal da USP

“A maioria dos espécimes já encontrados se localizavam no nordeste do Brasil e em outros países, como Colômbia, Bolívia e Venezuela”, explica o primeiro autor do artigo, Paulo Ricardo de Oliveira Costa, aluno de Iniciação Científica no Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH) do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo, ao Jornal da USP.

O estudo reforça que humanos e megafauna coexistiram entre o fim do Pleistoceno e o início do Holoceno. Costa afirma que esta é a primeira confirmação de interações diretas entre humanos e Toxodontes na região de São Paulo. As espécies analisadas foram Toxodon platensis e Mixotoxodon larensis.

Pesquisa revela hábitos e saúde dos Toxodontes

A equipe utilizou fósseis dentários para investigar doenças que afetaram esses animais, além de possíveis intervenções humanas. As análises mostraram alterações no esmalte dos dentes, indicando episódios de estresse fisiológico durante a vida dos animais. Essas marcas sugerem períodos de fome ou mudanças climáticas.

Uma das contribuições inéditas do estudo foi a identificação de um indivíduo jovem de T. platensis, o que é raro no registro fóssil sul-americano. Isso amplia o conhecimento sobre as fases de desenvolvimento dos Toxodontes. A descoberta ocorreu em cavernas da região, como o Abismo Ponta de Flecha e o Abismo do Juvenal.

A região do Vale do Ribeira tem grande importância pois é uma das poucas áreas de exploração paleontológica no estado de São Paulo. Créditos: Mapa do artigo/modificado de Ghilardi et al., 2011 via Jornal da USP

Em alguns fósseis, foi possível identificar hipoplasia dentária, condição causada por falhas na formação do esmalte. Essa alteração está ligada a períodos de escassez alimentar, muito comuns entre grandes mamíferos herbívoros. Essas marcas funcionam como uma espécie de “diário biológico” dos animais.

Segundo o pesquisador Artur Chahud, membro da equipe, as mudanças na vegetação da região (de campos abertos para floresta) podem ter impactado a disponibilidade de alimentos, o que reforça a ideia de que o clima e o ambiente influenciaram diretamente a sobrevivência dos animais da megafauna.

Brasil preserva sinais de convívio humano com megafauna

A maior surpresa da pesquisa foi o registro de marcas de corte em dois dentes de T. platensis. Segundo os autores, as incisões foram feitas por humanos após a morte do animal, o que representa um forte indício de que o dente foi removido intencionalmente, possivelmente para servir como enfeite ou objeto ritual.

Costa destaca que, embora já existam registros de caça e consumo de megafauna em outros países da América do Sul, evidências desse tipo eram inéditas no Brasil. Isso torna a descoberta ainda mais relevante, ao confirmar uma interação mais próxima entre humanos e esses grandes mamíferos.

Além disso, um dos dentes analisados representa o registro mais ao sul da espécie M. larensis, alterando a compreensão da distribuição geográfica do grupo. Antes, não se imaginava que essa espécie tivesse vivido no sudeste brasileiro.

Maria Mercedes Martinez Okumura, coordenadora do estudo, ressalta que o Vale do Ribeira é um dos poucos locais do país com ocupação humana contínua nos últimos 10 mil anos. Segundo ela, os humanos do passado não apenas se alimentavam da fauna local, como também a utilizavam em rituais e na produção de artefatos.

Para Okumura, pesquisas como essa vão além da identificação de espécies fósseis. O objetivo também é entender como as sociedades antigas interagiam com o ambiente ao redor e como essas relações moldaram a cultura e a sobrevivência desses grupos.

No final do Pleistoceno, mais de uma centena de espécies de grandes mamíferos foram extintos, incluindo mamutes, preguiças-gigantes e tigres dentes-de-sabre. Créditos: Júlio Lacerda/Wiki Commons via Jornal da USP

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Estudos antigos ganham nova vida com tecnologia moderna

Parte dos fósseis analisados na pesquisa pertence a coleções científicas da USP, como o Museu de Zoologia e o Instituto de Geociências. Muitos desses materiais foram coletados há décadas, mas só agora estão sendo reexaminados com novas técnicas.

“Esses acervos são fundamentais. Mesmo materiais antigos ainda oferecem respostas sobre o passado e ajudam a desenvolver novas perguntas científicas”, defende Okumura. Ela também alerta para a necessidade de preservar os museus e suas coleções, que muitas vezes sofrem com o descaso.

Chahud reforça que os fósseis servem para entender os animais, mas também para reconstruir o ambiente em que viviam. Segundo ele, as informações obtidas podem indicar como o clima e o habitat mudaram ao longo do tempo.

Esse tipo de estudo se insere na chamada Paleobiologia da Conservação, área da ciência que utiliza registros do passado para compreender o funcionamento dos ecossistemas antes da ação humana. O objetivo é evitar extinções futuras, com base em lições do que já ocorreu.

Para Costa, mudanças ambientais que afetaram os animais do passado podem voltar a ocorrer – por isso, conhecer essas histórias é essencial para planejar o futuro. A interação entre humanos e megafauna no Brasil é apenas uma peça de um quebra-cabeça maior sobre a evolução da vida no planeta.

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Primeiros humanos passaram pela Era Glacial com técnica “avançada” para a época

Pesquisadores de Viena (Áustria) e do Algarve (Portugal) realizaram grande descoberta, capaz de nos ajudar a entender como os primeiros seres humanos enfrentaram a fase mais fria da Era Glacial. No caso, eles acharam três lareiras misteriosas. A novidade foi publicada na Geoarcheology.

A descoberta é muito importante, pois, até hoje, não tínhamos nenhuma evidência bem preservada desse período mais extremo da Era Glacial, impedindo, assim, que pudéssemos entender nossa evolução durante o frio mega extremo.

Primeiros humanos e a Era Glacial

  • No estudo, os pesquisadores da Universidade de Viena (Áustria) e do Algarve (Portugal) utilizaram técnicas geoarqueológicas consideradas inovadoras para encontras as três lareiras, localizadas na Ucrânia;
  • Essas lareiras seriam do auge do inverno, conhecido como Último Máximo Glacial, ocorrido entre 26,5 mil e 19 mil anos atrás. No período, as temperaturas na atual Europa caíram e permaneceram entre −26,6 °C e −20 °C;
  • Por meio da tecnologia empregada, foi possível ter mais informações sobre o Homo sapiens. Contudo, a ausência de outras lareiras deixou os cientistas atônitos.
Fogo era alimentado, especialmente, por madeira de abetos (Imagem: Divulgação/Universidade de Viena)

Ao Interesting Engineering, William Murphree, principal autor do estudo e geoarqueólogo da Universidade do Algarve, questionou: “A maior parte das evidências foi destruída pelo congelamento e degelo alternados do solo, típicos de uma era glacial? Ou será que as pessoas não encontraram combustível suficiente durante o Último Máximo Glacial? Não usaram o fogo, mas recorreram a outras soluções tecnológicas?

Já Philip R. Nigst, coautor do estudo e arqueólogo da Universidade de Viena, disse, em nota, que “o fogo não servia apenas para manter o calor; também era essencial para cozinhar, fazer ferramentas e para reuniões sociais”.

As lareiras encontradas deram luz ao período sombrio da Era Glacial, já que nossos antepassados precisavam de calor para seguirem vivos, mas poucas informações sobre como conseguiam viver naquela época estão disponíveis atualmente.

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Encontrando o fogo antigo

Os sinais da existência de fogo nas lareiras antigas só foram encontrados a partir de análises microestatigráficas, micromorfológicas e colorimétricas. As três lareiras são simples, planas e movidas a lenha, mas com tamanhos distintos.

Uma delas, maior e mais espessa que as demais, gerava temperaturas mais altas. Outra descoberta interessante é que o fogo atingiu 600 °C. Isso, segundo os pesquisadores, mostra como o Homo sapiens dominava esse elemento da natureza.

Nigst complementou: “As pessoas controlavam perfeitamente o fogo e sabiam como usá-lo de diferentes maneiras, dependendo da finalidade do fogo. Mas nossos resultados também mostram que esses caçadores-coletores usavam o mesmo local em diferentes épocas do ano durante suas migrações anuais.”

Ainda segundo as análises dos cientistas, a técnica adotada pelos humanos da época para alimentar o fogo era a partir de madeira, especialmente de abetos. Outras possibilidades abarcam a inclusão de ossos ou gordura, uma vez que nossos antepassados que viveram a Era Glacial queimavam ossos de animais até que ficassem crocantes no pico da temperatura.

Outra imagem em plano aberto das lareiras
Descobertas também atestam que nossos antepassados tinham bom domínio de temperatura (Imagem: Divulgação/Universidade de Viena)

Marjolein D. Bosch, uma das autoras e zooarqueóloga da Universidade de Viena, da Academia Austríaca de Ciências e do Museu de História Natural de Viena, explicou que, “atualmente, estamos investigando se eles foram usados ​​como combustível ou se foram queimados acidentalmente“.

Sendo assim, os cientistas podem ter dado importante passo rumo ao entendimento desse misterioso período para nossa própria história, bem como os Homo sapiens evoluíram sua tecnologia para escapar do frio extremo.

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Rokas-Tenys-Shutterstock

Como o CAPTCHA diferencia robôs de humanos

O CAPTCHA é um teste de segurança usado para verificar se o usuário é humano e não um robô. Sua sigla significa, em tradução livre, “Teste de Turing Público Completamente Automatizado para Diferenciar Computadores e Humanos”, e tem como objetivo principal proteger sites contra spam e descriptografia de senhas.

A proposta é exibir um desafio que é fácil para humanos, mas difícil para máquinas, como inserir letras distorcidas, clicar em imagens específicas ou até mesmo completar um quebra-cabeça simples. É muito provável que você já tenha se deparado com um desses testes ao navegar pela internet, principalmente em sites e plataformas que precisam de segurança.

Contudo, você já parou para pensar em como o CAPTCHA faz para diferenciar quem é humano e quem é bot nos sites? Confira abaixo na matéria.

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Como o captcha sabe quem é humano e quem não?

A resposta simples para essa questão é: depende do método. O mais comum deles é chamado de reCAPTCHA, que cria uma caixinha que diz “eu não sou um robô”, do qual o usuário precisa clicar para confirmar. Entretanto, essa frase é simbólica, já que o CAPTCHA não precisaria de nada escrito para funcionar. Além disso, o próprio clique não faz diferença nesse momento.

O sistema atual de verificação leva em conta o comportamento do usuário na página. (Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock)

O que importa de fato é a forma pelo qual o mouse se move em direção à caixinha: um bot provavelmente andaria com o cursor em uma linha reta, enquanto os humanos fazem caminhos mais orgânicos para confirmar a caixinha. Com isso, percebemos que o site analisa nossos movimentos antes mesmo do clique.

Esse tipo de CAPTCHA foi introduzido pelo Google em 2014, e é baseado em comportamento, sendo um dos métodos mais eficazes para identificar bots e humanos. Há ainda uma versão mais nova desse método lançada em 2018, e nem mesmo exige uma caixinha. Chamado de reCAPTCHA v3, o sistema monitora todo o comportamento do usuário na página, decidindo se ele se assemelha mais a um robô ou uma pessoa.

Por exemplo: em um site de compras online, um usuário que tenta milhares de senhas diferentes para fazer login, ou posta centenas de reviews nos produtos, possui um comportamento provavelmente de um bot. Porém, alguém que é capaz de navegar entre as diferentes categorias do site, comparando preços e demorando antes de selecionar um produto, provavelmente é apenas um ser humano indeciso.

Sendo assim, o reCAPTCHA avalia cada interação dando uma nota para elas, indicando se é mais ou menos suspeita. Caso o comportamento seja estranho, o site pode pedir outro tipo de ação do usuário, como a autenticação em dois fatores, que é mais um jeito de proteger o site de ataques cibernéticos.

As versões iniciais do sistema

O conceito do captcha faz referência ao teste criado pelo matemático Alan Turing no ano de 1950, no qaul os voluntários precisavam distinguir se estavam conversando com um humano ou com uma máquina. Na versão mais atual, o jogo virou: o computador precisa acertar se o usuário é uma pessoa de verdade ou um bot.

No começo dos anos 2000, o CAPTCHA apresentava letras e números distorcidos, que somente humanos eram capazes de identificar. O avanço das técnicas de visão computacional e o reconhecimento de imagens fizeram com que as máquinas também passassem a distingui-las.

Com isso, os textos foram ficando cada vez mais distorcidos para dificultar a compreensão dos bots, o que acabou fazendo com que fossem irreconhecíveis até mesmo para humanos. Por isso, essa versão do teste deixou de fazer sentido, sendo substituído.

ilustração com robô em frente a um captcha
Os robôs começaram a conseguir identificar o sistema de letras e números distorcidos usado anteriormente, sendo necessário usar outro. (Imagem: VectorHot/Shutterstock)

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