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E aí, Duolingo? IA do Google vai te ensinar novos idiomas

O Google lançou nesta terça-feira (27) três novos experimentos com inteligência artificial voltados ao aprendizado de idiomas.

Ainda em fase inicial, os recursos fazem parte do Google Labs e buscam tornar o estudo de línguas mais prático, situacional e personalizado — uma iniciativa que pode representar uma tentativa de competir com plataformas já consolidadas, como o Duolingo.

Os novos experimentos são baseados no Gemini, modelo multimodal de linguagem do Google, e abordam diferentes aspectos do processo de aprendizado.

O primeiro, chamado “Pequena Lição”, permite que o usuário descreva uma situação cotidiana, como “perdi meu passaporte”, e receba frases úteis relacionadas ao contexto, além de dicas gramaticais e sugestões de respostas.

A proposta é ajudar o estudante a lidar com situações reais, mesmo quando ainda não domina o idioma.

Leia mais:

Os experimentos que ensinam os idiomas recebem a tecnologia de IA do Gemini – Imagem: Google Labs

Um dos testes ensina uma comunicação mais formal

  • Já o segundo experimento, “Slang Hang”, procura ensinar formas mais naturais e informais de se comunicar.
  • Segundo o Google, ao aprender uma nova língua, é comum que os estudantes adquiram uma fala excessivamente formal.
  • Por isso, esse recurso simula diálogos realistas entre falantes nativos, como conversas entre amigos ou interações com vendedores ambulantes, para que os usuários aprendam gírias e expressões do cotidiano.
  • É possível passar o cursor do mouse sobre termos desconhecidos para ver seu significado e uso.
  • No entanto, o próprio Google alerta que o sistema ainda pode cometer erros, como empregar gírias de forma inadequada ou até inventar palavras, recomendando que os usuários verifiquem informações com fontes confiáveis.

O terceiro experimento, “Word Cam”, aposta na interação com o ambiente. Ao apontar a câmera do celular para objetos ao redor, o usuário pode aprender seus nomes no idioma estudado. O sistema também sugere termos relacionados que ampliam o vocabulário.

Segundo a empresa, a ferramenta é útil para mostrar, na prática, lacunas no conhecimento do usuário — como alguém que conhece a palavra “janela”, mas não sabe como dizer “persiana”.

Idiomas disponíveis:

As ferramentas estão disponíveis em uma ampla variedade de idiomas, incluindo português (Brasil e Portugal), inglês (EUA, Reino Unido e Austrália), espanhol, francês, alemão, italiano, japonês, coreano, russo, árabe, turco e outros.

Os testes podem ser acessados por meio do Google Labs. Ainda não há previsão de lançamento oficial dos recursos fora do ambiente de testes.

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Projeto experimental pode ser acessado na plataforma do Google Labs – Crédito: Google Labs

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Estudo revela como o ambiente molda o vocabulário

Pesquisadores identificaram uma conexão direta entre o ambiente em que uma sociedade vive e as palavras mais frequentes em seu vocabulário. Um novo estudo analisou 616 idiomas, tanto atuais quanto extintos, e revelou padrões que relacionam o clima e a geografia de uma região com a variedade de termos usados para descrever certos conceitos.

A pesquisa traz à tona o exemplo clássico sobre o idioma inuíte possuir dezenas de palavras para descrever neve. Os dados mostram que essa variedade de fato existe, especialmente no Inuktitut do Canadá Oriental, que liderou o ranking de vocabulários relacionados à neve.

Idiomas de alguns dos lugares mais frios do mundo se destacam pelo vocabulário relacionado a neve (Imagem: Ganna STRYZHEKIN / iStock)

O estudo foi publicado na revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

Neve, amor e cavalos: os conceitos com mais variações linguísticas

A equipe de pesquisadores da Universidade de Melbourne e da Universidade da Califórnia, Berkeley, utilizou um conjunto digital com 1.574 dicionários bilíngues, todos traduzindo para o inglês. A partir disso, quantificaram quantas palavras diferentes cada idioma tem para determinados conceitos.

Um dos achados mais marcantes foi a confirmação de que as línguas inuítes realmente possuem um vocabulário incomum para neve. O idioma Inuktitut do Canadá Oriental inclui termos como kikalukpok (caminhar barulhento sobre neve dura) e apingaut (a primeira neve do ano). As outras duas variantes inuítes no estudo — o Inuktitut do Canadá Ocidental e o Inupiatun do Alasca — também ficaram entre os primeiros colocados.

Além disso, outras línguas do Alasca, como Ahtena, Dena’ina e Central Alaskan Yupik, também aparecem com grande variedade de termos para neve. O escocês (Scots) também chamou atenção, com expressões como doon-lay (queda intensa de neve), feughter (queda leve e repentina) e fuddum (neve soprada intermitentemente).

Contexto ambiental influencia vocabulário

O estudo mostrou ainda que o ambiente afeta não apenas os sons usados nas línguas, mas também os conceitos mais detalhados que os falantes desenvolvem. Isso pode ser observado no contraste entre lugares frios, que têm muitas palavras para neve, e regiões com mais aranhas perigosas, onde pode haver uma necessidade maior de distinções léxicas para esses animais.

No caso da chuva, o padrão não se repetiu. Mesmo em regiões onde ela é rara, como para os falantes de East Taa, há palavras específicas para expressar a importância da precipitação. Entre os exemplos estão termos como lábe ||núu-bâ, uma forma honorífica de se dirigir ao trovão para pedir chuva, e |qába, que se refere a um ritual de aspersão de água ou urina com o mesmo objetivo.

Cheiros, danças e outras curiosidades

O levantamento apontou ainda que idiomas oceânicos, como o marshallês, contêm mais termos associados a cheiros — incluindo distinções como “cheiro de sangue” ou “cheiro de peixe que permanece nas mãos”. Já palavras relacionadas à dança aparecem em maior número em regiões com populações pequenas, sugerindo que esse tipo de expressão cultural é mais valorizado em sociedades menores.

Outros padrões também chamaram atenção: idiomas como latim, italiano, vietnamita, espanhol e hindi têm mais palavras para amor, enquanto línguas como francês, alemão, cazaque e mongol se destacam no vocabulário sobre cavalos.

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Francês, alemão, cazaque e mongol se destacam pelo vocabulário sobre cavalos (Imagem: Kwadrat / Shutterstock.com)

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Ferramenta interativa e limitações do estudo

Como parte dos resultados, os pesquisadores disponibilizaram uma ferramenta interativa para que usuários possam explorar quais conceitos são mais presentes em determinados idiomas. É possível inserir um idioma ou uma palavra-chave e verificar onde ela aparece com mais frequência. No português brasileiro, por exemplo, a palavra-chave mais destacada é tempo.

No entanto, os próprios autores alertam que o estudo tem limitações importantes, como a dependência de dicionários, que podem incluir palavras explicativas e não necessariamente de uso comum. Também chamam atenção para o risco de reforçar estereótipos culturais, caso os dados sejam interpretados de forma literal.

“Nossos resultados correm o risco de perpetuar estereótipos potencialmente prejudiciais se forem tomados ao pé da letra”, destacaram os pesquisadores em comunicado.

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