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Incas usavam cordas para “escrever”; descubra o que significa

Até a chegada dos conquistadores espanhóis no século XVI, comunidades incas nas regiões montanhosas dos Andes utilizavam uma forma peculiar de escrita para registrar eventos importantes e controlar aspectos econômicos.

Esses documentos, conhecidos como khipus, consistiam em cordões com nós e são hoje, em grande parte, indecifráveis. No entanto, o trabalho da professora Sabine Hyland, da Universidade de St Andrews (Reino Unido), tem revelado informações surpreendentes escondidas nesses registros de corda.

Até hoje, eles são indecifráveis (Imagem: Sabine Hyland)

“Os khipus incas são o que chamamos de protoescrita“, explica Hyland. “Você tem um cordão horizontal, com pendentes que descem e possuem nós, a maioria representando números em um sistema decimal”. O significado desses números, contudo, ainda é desconhecido.

Tentando decifrar a escrita em cordas dos incas

  • Para decifrar parte desse código, Hyland trabalhou em aldeias remotas nos Andes peruanos, onde tradições relacionadas aos khipus ainda sobrevivem;
  • Atualmente, apenas quatro vilarejos mantêm khipus, embora o conhecimento de como criá-los ou interpretá-los tenha desaparecido após a conquista espanhola;
  • Recentemente, Hyland foi convidada a estudar khipus antigos na vila de Santa Leonor de Jucul. Lá, encontrou um exemplar impressionante com 68 metros de comprimento – o mais longo conhecido nos Andes. Mais notável ainda é o fato de que, nesse khipu, não há nós. Em vez disso, são usadas franjas (ou borlas) para indicar informações;
  • Essas franjas estavam conectadas a objetos rituais, como bolsas de folhas de coca e cigarros, levando Hyland a concluir que o khipu, possivelmente, servia para registrar ofertas cerimoniais;
  • Diferentes itens indicariam o tipo e o local do ritual. Por exemplo, franjas feitas com caudas de lhama podem apontar para oferendas realizadas no topo de montanhas.
Khipus com folhas de coca e cigarros
Folhas de coca e cigarros anexados a um dos khipus (Imagem: Sabine Hyland)

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Segundo Hyland, “foi-me explicado que, quando você sobe a montanhas muito altas, leva [uma cauda de lhama] porque ela atua de forma mágica para escondê-lo dos espíritos malignos que querem empurrá-lo montanha abaixo”.

Assim, caudas de lhama em um khipu podem indicar oferendas feitas a um lago sagrado em grande altitude chamado Paccha-cocha, tradicionalmente invocado para pedir chuva. “Se você olha para um ano e vê muitas oferendas no Paccha-cocha, era um período de seca“, diz Hyland. “E, se em outro cordão não há oferendas ao Paccha-cocha, pode-se imaginar que havia risco de inundações.”

Em conversa com os moradores de Jucul, Hyland descobriu que os khipus costumavam ser mantidos em locais públicos, acessíveis aos anciãos da comunidade, que os consultavam para entender o clima atual com base nos padrões do passado. “Eles viam isso como um registro do clima e tentavam entender o que estava acontecendo agora olhando para o passado, exatamente como nós fazemos”, afirma.

Pelos de lhama em um khipu
Borlas feitas de lã de cauda de lhama podem estar ligadas a rituais antigos projetados para trazer chuva (Imagem: Sabine Hyland)

Atualmente, pesquisadores trabalham para obter datas precisas por meio de datação por radiocarbono de vários khipus, com o objetivo de construir registro cronológico detalhado das oferendas relacionadas ao clima. “Teoricamente, poderíamos mapear os khipus e, se os datássemos, teríamos uma visão incrível de dados climáticos dessa região, preservados pelo próprio povo nativo“, conclui Hyland.

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Mistério sobre a construção de Machu Picchu: a Ciência tem uma hipótese!

Construída no início do século XV e posteriormente abandonada, Machu Picchu é uma cidadela inca localizada no alto da Cordilheira dos Andes, no Peru, acima do vale do rio Urubamba. Ela é composta por mais de 200 estruturas e foi povoada por cerca de mil pessoas no auge do Império Inca.

A construção foi classificada como Patrimônio Mundial da UNESCO, em 1983, e atrai milhares de turistas todos os anos. Apesar disso, um mistério sempre persistiu: por que a cidade foi erguida em uma estreita cordilheira e falha geológica a mais de 2.400 metros acima do nível do mar?

Localização da cidade foi escolhida de propósito

  • De acordo com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a localização de Machu Picchu não é uma coincidência.
  • Os incas foram atraídos por essa confluência de falhas geológicas por vários motivos.
  • Eles explicam que “seria impossível construir tal local nas altas montanhas se o substrato não fosse fraturado”.
  • Estas falhas também podem ter servido como uma fonte de água eficiente, com chuva e gelo derretido entrando diretamente no local, sem os riscos de inundação de uma cidade construída em um vale.
  • Por fim, as condições geológicas teriam ajudado a preservar a cidadela por tantos anos.
  • As conclusões foram apresentadas em estudo publicado na revista Geological Society of America.
Cidade antiga é considerada Patrimônio Mundial da UNESCO (Imagem: Fotystory/Shutterstock)

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Compreensão geológica dos incas impressiona

Durante o trabalho, a equipe de cientistas combinou imagens de satélite, medições de campo de quatro expedições entre 2001 e 2012 e análises geoarqueológicas. Esta análise mostrou que a cidade foi construída sobre falhas geológicas de diferentes comprimentos e tamanhos e que se cruzam.

A confluência subterrânea destas falhas quase forma um X. Além disso, os principais edifícios e escadas de Machu Picchu foram construídos nas direções dessas falhas. Isso aconteceu porque estes locais têm mais blocos soltos na superfície.

Templo do Condor, um dos pontos mais visitados de Machu Picchu (Imagem: Walkabout Photo Guides/Shutterstock)

Em outras palavras, a escolha dos pontos foi feita para diminuir o trabalho necessário, uma vez que as rochas podiam ser facilmente removidas e utilizadas na construção da cidade. Por outro lado, realizar este mesmo trabalho transportando enormes pedaços de pedra seria praticamente impossível.

Uma outra vantagem da região é que as falhas permitem que as pedras “dancem” e caiam em seus lugares pretendidos quando ocorrem terremotos. Assim, os incas conseguiram evitar que os edifícios desmoronassem por séculos.

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