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Você aprendeu, desde criança, nas aulas de Ciências, como funciona o nosso Sistema Solar. Na minha época, eram 9 planetas – mas hoje são 8, já que Plutão foi rebaixado para a categoria de planeta anão.
Aprendemos também que todos esses corpos celestes se movimentam em uma órbita regular em torno da nossa maior estrela, que é o Sol, certo? Certo.
Agora, e se eu te disser que essa ideia não é 100% precisa? E que, na verdade, estamos circulando um ponto vazio no espaço? É isso que nos ensina a astrofísica.
Essa é uma representação clássica do Sistema Solar. Na verdade, no entanto, os planetas não estariam orbitando ao redor do Sol exatamente (pelo menos do centro dele) – Imagem: Withan Tor/Shutterstock
O conceito do baricentro
Quando dois corpos estão orbitando em torno um do outro, ambos exercem força gravitacional, ou seja, eles se puxam mutuamente.
Isso faz com que eles girem em torno de um centro de massa comum.
No Sistema Solar, o baricentro está próximo estrela maior, o Sol, mas não em seu centro.
Isso acontece por causa da grande massa dos gigantes gasosos (Júpiter e Saturno).
Dessa forma, a Terra tecnicamente está orbitando um ponto vazio do espaço.
O conceito do baricentro se aplica também na relação entre o nosso planeta e a Lua, nosso satélite natural.
Na verdade, a Lua está girando em torno de um ponto distante do centro do planeta.
Um ponto a mais ou menos 5 mil quilômetros do centro da Terra (para ser exato).
O vídeo abaixo ilustra bem como funciona esse conceito:
A escola não está ensinando errado
O modelo planetário acima foi desenvolvido pelo astrônomo e comunicador científico James O’Donoghue. Ele explica que a ideia de que orbitamos o Sol não está errada. Ela só não é 100% precisa:
“Os planetas orbitam o Sol em termos gerais, mas tecnicamente eles não orbitam o Sol sozinhos porque a influência gravitacional de Júpiter significa que os planetas devem orbitar um novo ponto no espaço”, afirmou o especialista.
Júpiter, o gigante gasoso, é o grande responsável por esse fenômeno – Imagem: Artsiom P/Shutterstock
“É claro que os planetas orbitam o Sol, estamos apenas sendo pedantes quanto à situação. O pensamento natural é que orbitamos o centro do Sol, mas isso acontece muito raramente, ou seja, é muito raro o centro de massa do sistema solar se alinhar com o centro do Sol”, concluiu O’Donoghue.
Você pode ler mais explicações sobre astrofísica e astronomia no perfil que ele mantém no Bluesky.
Encerrando a “turnê mensal” de maio pelos planetas do Sistema Solar, a Lua vai se encontrar com Júpiter nesta quarta-feira (28), em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica. O evento em si será pela manhã, mas o par já poderá ser visto bem juntinho no início da noite anterior – só que por pouquíssimo tempo.
De acordo com o guia de observação astronômica In-The-Sky.org, a Lua vai compartilhar com Júpiter a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre) às 10h13 da manhã (pelo horário de Brasília), momento em que não estarão visíveis no céu.
Configuração do céu no momento da conjunção entre a Lua e Júpiter nesta quarta-feira (28). Crédito: SolarSystemScope
No entanto, entre 17h38 e 18h43 desta terça (27), eles podem ser vistos 12° acima do horizonte noroeste – quase ofuscados pela luz do crepúsculo.
O par não estará próximo o bastante para ser visto junto com um telescópio, mas será observável a olho nu ou com um par de binóculos.
Enquanto a Lua estará em magnitude de -9.0, a de Júpiter será de -1.9, com ambos na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.
Lua da Terra já teve um passado infernal como Io, lua vulcânica de Júpiter
Um estudo publicado na revista Nature encontrou atividade vulcânica na Lua, comparando-a ao satélite natural de Júpiter Io, o corpo mais vulcânico do Sistema Solar.
Segundo a pesquisa, enquanto na Terra o material vulcânico é rico em silicato, o que engrossa a lava e permite que ela se acumule em enormes montanhas, na Lua, a lava era provavelmente mais fluida, infiltrando-se pela crosta e espalhando-se lateralmente, em vez de se acumular. Saiba mais aqui.
Júpiter é, sem dúvida, um dos gigantes mais fascinantes do Sistema Solar. Com sua presença imponente, ele não apenas impressiona com suas listras coloridas e tempestades colossais, mas também cumpre um papel fundamental na manutenção da ordem cósmica ao nosso redor.
Seu imenso campo gravitacional atua como um escudo natural para a Terra, desviando asteroides, cometas e detritos espaciais que poderiam ameaçar a vida no nosso planeta.
Ao atrair ou desviar corpos celestes perigosos, Júpiter ajuda a manter a estabilidade orbital e reduz drasticamente o número de impactos que poderíamos sofrer. É como se ele estivesse de guarda na periferia do Sistema Solar, bloqueando o que não presta.
Mas, apesar de toda essa força, até os gigantes mudam. Recentemente, cientistas têm observado uma transformação curiosa em sua atmosfera, levantando a pergunta: será que Júpiter está encolhendo?
Ilustração conceitual da Grande Mancha Vermelha de Júpiter encolhendo. Imagem: Layse Ventura via Freepik / Olhar Digital
É verdade que Júpiter está ficando menor?
Nos últimos anos, cientistas que monitoram Júpiter através do telescópio espacial Hubble têm observado uma mudança intrigante em um de seus elementos mais marcantes: a Grande Mancha Vermelha. Essa imensa tempestade anticiclônica, visível da Terra desde o século XVII, está diminuindo de tamanho de forma constante há mais de 100 anos.
O fenômeno levantou uma dúvida frequente até mesmo entre astrônomos amadores: será que Júpiter está encolhendo como um todo? A resposta direta é não. Júpiter, como planeta, não está diminuindo em volume total.
O que está encolhendo é a Grande Mancha Vermelha, que já foi larga o suficiente para abrigar três Terras lado a lado, mas hoje mal comportaria uma e meia. Isso tem levado muitos a acreditarem, de forma equivocada, que o planeta inteiro estaria encolhendo.
A confusão se dá porque a Mancha é uma das estruturas mais visíveis e duradouras do Sistema Solar, e sua mudança acentuada sugere uma transformação maior no planeta.
A Grande Mancha Vermelha é uma tempestade atmosférica de alta pressão que gira no sentido anti-horário entre os cinturões de nuvens jupiterianas. Desde o fim dos anos 1800, astrônomos têm registrado medições detalhadas da tempestade, e os dados mostram que ela perdeu mais de 60% do seu diâmetro.
Atualmente, a mancha tem cerca de 16 mil quilômetros de largura, quando no passado chegava a ultrapassar 40 mil. Curiosamente, apesar de estar diminuindo em extensão, a tempestade tem ficado mais alta.
Observação foi feita por meio do Telescópio Espacial Hubble, que completou 35 anos em órbita em 2025. Créditos: Dima Zel – iStockPhoto/NASA. Edição: Olhar Digital
Dados recentes da NASA indicam que ela está se tornando mais profunda verticalmente, o que significa que a dinâmica atmosférica do planeta está mudando. Acredita-se que as camadas internas da tempestade estejam ganhando força, o que compensa a perda de largura. Essa característica torna o encolhimento mais complexo do que se pensava inicialmente.
O encolhimento da Grande Mancha Vermelha, embora impressionante, não representa risco algum para a estabilidade de Júpiter como planeta.
Isso acontece porque a Mancha é apenas uma estrutura atmosférica, e o planeta em si é composto basicamente por hidrogênio e hélio em estado gasoso e líquido, sem uma superfície sólida como a Terra.
Mudanças em sua atmosfera são normais, embora nem sempre previsíveis. Esse tipo de fenômeno não é exclusivo de Júpiter. Saturno também apresenta padrões atmosféricos sazonais que mudam ao longo do tempo, e tempestades colossais surgem em seus hemisférios em ciclos que ainda não compreendemos totalmente. No entanto, o caso da Grande Mancha Vermelha é único pela sua longevidade e visibilidade.
Imagem de Júpiter (Imagem: Claudio Caridi/Shutterstock)
A Grande Mancha Vermelha pode desaparecer?
O encolhimento da tempestade ainda levanta dúvidas sobre os mecanismos que sustentam sua existência por séculos. Alguns pesquisadores acreditam que ela pode desaparecer por completo nas próximas décadas, enquanto outros argumentam que ela pode apenas mudar de forma ou dar origem a outra estrutura semelhante.
Se desaparecer, seria um marco histórico para a astronomia, já que observadores desde os tempos de Galileu têm acompanhado essa característica com fascínio.
Além do tamanho da mancha, pesquisadores têm observado alterações em outras áreas da atmosfera de Júpiter. Cinturões de nuvens mudam de espessura e coloração com frequência, indicando um ambiente dinâmico e altamente influenciado pela radiação solar e pelo próprio calor interno do planeta. Esse calor, liberado lentamente desde a formação do planeta, é o que alimenta muitas das tempestades jupiterianas.
Ilustração de Júpiter malhando para “perder peso”. Imagem: Layse Ventura via ChatGPT / Olhar Digital
Portanto, embora a frase “Júpiter está encolhendo” esteja circulando, o que está encolhendo de fato é uma de suas marcas registradas.
A redução da Grande Mancha Vermelha chama atenção por sua importância histórica e científica, mas não representa uma diminuição real do tamanho do planeta. Júpiter continua sendo o maior corpo do Sistema Solar depois do Sol, com massa suficiente para comportar mais de mil Terras em seu interior.
Há cerca de 4,5 bilhões de anos, uma nuvem de gás em colapso deu origem ao Sol, marcando o início do nosso sistema solar. Com o nascimento da estrela, o material remanescente formou um disco protoplanetário — uma imensa faixa de gás e poeira em torno do Sol.
Em um artigo no site The Conversation, Christopher Palma, professor de Astronomia e Astrofísica da Penn State University, explica como ocorreu esse processo.
“Partículas colidiam e se agregavam como flocos de neve virando bolas de neve”, explica Palma. Esse processo de acréscimo formou desde pequenos seixos até planetas inteiros.
A linha de gelo é parte importante da história do sistema solar, dando origem aos planetas – Imagem: forplayday/iStock
A linha de gelo
Um fator decisivo na formação planetária foi a chamada linha de gelo, localizada na região que hoje corresponde ao cinturão de asteroides.
Ali, era frio o suficiente para o gelo se formar, contribuindo para o surgimento dos gigantes gasosos — Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Já os planetas internos, como a Terra, surgiram mais lentamente por estarem em uma região mais quente e com menos material.
“Júpiter e Saturno se formaram rapidamente, em poucos milhões de anos”, observa Palma. Já os planetas internos levaram até 100 milhões de anos. Apesar da diferença parecer grande, é uma fração mínima na escala cósmica.
A influência crucial de Júpiter
Após sua formação, os planetas migraram. Netuno trocou de posição com Urano, e Júpiter se moveu para dentro, influenciando dramaticamente o ambiente. Sua gravidade empurrou detritos, moldou o cinturão de asteroides e ajudou a posicionar a Terra na zona habitável — nem quente, nem fria demais.
“Se Júpiter não tivesse se formado do jeito que se formou, talvez não estivéssemos aqui”, conclui Palma.
Ao saber mais sobre a história do sistema solar, é possível entender como Júpiter ajudou a Terra a existir – Imagem: Buradaki / Shutterstock
Nesta terça-feira (29), os resultados mais recentes da missão Juno, da NASA, foram apresentados na Assembleia Geral da União Europeia de Geociências, em Viena, na Áustria. A espaçonave investiga Júpiter desde 2016, com sobrevoos próximos a cada 53 dias. Nesse tempo, já coletou dados inéditos sobre a atmosfera e as regiões polares do maior planeta do Sistema Solar.
Uma das descobertas mais marcantes foi no polo norte de Júpiter. Ali, Juno detectou uma névoa fria na alta atmosfera, 11 °C mais gelada que as áreas ao redor. Em volta dessa névoa, ventos fortíssimos – chamados correntes de jato – circulam a mais de 160 km/h. Logo abaixo, existe um ciclone gigante com cerca de três mil quilômetros de diâmetro.
Imagem composta, derivada de dados coletados em 2017 pelo instrumento JIRAM a bordo da sonda Juno mostra o ciclone central no polo norte de Júpiter e os outros oito que o circundam. Crédito: NASA / JPL-Caltech / SwRI / ASI / INAF / JIRAM
Esse ciclone central é cercado por oito ciclones menores, cada um medindo entre 2.490 e 2.800 quilômetros – todos maiores do que qualquer furacão já visto na Terra. Usando câmeras ópticas e sensores infravermelhos, a sonda Juno acompanha esses ciclones há quase dez anos. Os instrumentos principais usados para isso são a JunoCam e o mapeador JIRAM (sigla em inglês para Mapeador Auroral Infravermelho Joviano).
Esses instrumentos observam tanto a luz visível quanto o calor vindo do interior da atmosfera. Eles revelaram que os ciclones se movem em direção ao polo por um processo chamado “deriva beta”. Esse fenômeno também acontece na Terra e é causado pela força de Coriolis, que surge com a rotação do planeta e os ventos circulares dos ciclones.
Na Terra, ciclones se enfraquecem ao se aproximar dos polos, por falta de calor e umidade. Em Júpiter, isso não ocorre, já que a atmosfera é bem diferente. Lá, os ciclones continuam ativos até colidirem uns com os outros, formando um sistema complexo e estável de tempestades no topo do planeta.
Erupção contínua em lua de Júpiter é acompanhada pela sonda Juno
Em um comunicado, o cientista Yohai Kaspi, coinvestigador da Juno do Instituto Weizmann de Ciência em Israel, explica que as colisões fazem os ciclones “quicarem” uns nos outros, como molas em um sistema mecânico. Isso mantém o equilíbrio entre eles. Além disso, os ciclones ficam girando lentamente ao redor do polo, em sentido horário, oscilando levemente em suas posições originais.
Além de Júpiter, a sonda Juno também tem feito estudos sobre Io, a lua mais próxima do planeta e corpo mais vulcânico do Sistema Solar. Em 27 de dezembro de 2024, a missão observou uma erupção extremamente forte. Quando voltou ao local em 2 de março, o vulcão ainda estava em atividade. A expectativa é que o mesmo vulcão continue expelindo lava até o próximo sobrevoo de Juno, previsto para segunda-feira (6), quando a sonda passará a 89 mil km da lua.
Produzida com dados do instrumento JIRAM a bordo da sonda Juno, da NASA, esta animação mostra a região polar sul da lua Io, de Júpiter, durante um sobrevoo em 27 de dezembro de 2024. Os pontos brilhantes são locais com temperaturas mais altas causadas pela atividade vulcânica; as áreas cinzentas resultaram quando Io deixou o campo de visão. Crédito: NASA / JPL / SwRI / ASI – Equipe JIRAM (AM)
Mas foi uma descoberta subterrânea que mais empolgou os cientistas: sinais claros de magma sob a crosta de Io. Combinando o Radiômetro de Microondas (MWR) com o JIRAM, a equipe conseguiu medir a temperatura abaixo da superfície. O resultado indicou que há fluxos de lava ainda quentes, circulando sob a crosta. Esses fluxos foram identificados em diversas regiões da lua, o que sugere uma atividade vulcânica constante.
Oceano de magma na lua Io é improvável, segundo a NASA
A cientista Shannon Brown, da NASA, disse que os dados surpreenderam a equipe. Isso porque eles mostram lava ainda ativa, antes mesmo de endurecer. A missão também descartou a existência de um grande oceano de magma sob Io, o que era uma hipótese anterior para explicar seus vulcões intensos.
Agora, os pesquisadores acreditam que esses fluxos em resfriamento ajudam a manter os vulcões ativos. Cerca de 10% do subsolo de Io parece estar envolvido nesse processo. Isso mostra como o calor gerado dentro da lua é transferido até a superfície.
A comparação usada por Brown é com um radiador de carro: os fluxos subterrâneos agem como um sistema eficiente de resfriamento. Eles carregam o calor para fora e ajudam a renovar a crosta com novas camadas de lava. Essas descobertas ampliam o conhecimento sobre vulcanismo fora da Terra e ajudam a entender melhor os planetas gigantes e suas luas.
Finalizando sua “turnê mensal” de abril pelos planetas do Sistema Solar, a Lua vai visitar Júpiter nesta quarta-feira (30). Na ocasião, o gigante gasoso vai aparecer no céu bem próximo do satélite natural da Terra, em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica.
De acordo com o site In-The-Sky.org, isso acontece às 14h35 (todos os horários mencionados estão no fuso de Brasília). Nesse momento, a Lua vai passar a pouco mais de 5º ao norte de Júpiter.
Do ponto de vista de um observador em São Paulo, o par não estará visível durante a conjunção, aparecendo 25° acima do horizonte noroeste às 17h50 e permanecendo no céu até às 20h08. No decorrer desse período, Júpiter ainda pode ser visto bem perto da Lua, mesmo algumas horas após a aproximação máxima.
Configuração do céu no momento da conjunção entre a Lua e Júpiter nesta quarta-feira (30). Crédito: SolarSystemScope
Enquanto a Lua estará em magnitude de -10.5, a de Júpiter será de -2.0, com ambos na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.
Em maio, a Lua começa por Marte e Netuno (3), passa por Saturno (22) e Vênus (23), finalizando com Júpiter novamente (28). Essa série de conjunções que a Lua faz mensalmente ocorre porque ela orbita a Terra aproximadamente no mesmo plano em que os planetas orbitam o Sol, chamado plano da eclíptica.
Grande Mancha Azul pode revelar segredos magnéticos de Júpiter
Se pensarmos em oceano simplesmente como um grande corpo líquido, então o maior oceano do Sistema Solar está em Júpiter. Diferentemente dos mares terrestres, formados por água, o oceano joviano é composto por hidrogênio em um estado peculiar: líquido metálico, submetido a pressões imensas e temperaturas elevadas.
As últimas pesquisas revelam a complexidade desse oceano. Mudanças significativas em um curto período de quatro anos indicam uma dinâmica interna mais intrincada, conectando eventos atmosféricos a anomalias magnéticas detectadas pela sonda Juno, da NASA.
Estudos recentes da sonda Juno revelam um jato atmosférico associado à chamada mancha azul de Júpiter. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Kevin M. Gill
Comparável em forma ao campo magnético terrestre, mas vinte vezes mais potente, Júpiter possui um dipolo magnético, com polos norte e sul conectados por linhas magnéticas. Peculiaridades surgem de elementos como a lua vulcânica Io, que gera plasma influenciando a magnetosfera, e uma longa faixa magnética no hemisfério norte.
No entanto, uma característica verdadeiramente enigmática é a “Grande Mancha Azul”, uma vasta região circular próximo ao equador de Júpiter – apesar do nome, sua cor não é exatamente azul. Estudos recentes da sonda Juno revelam um jato atmosférico associado a essa mancha, apresentando variações periódicas em órbitas consecutivas. Saiba mais aqui.
Na última sexta-feira (4), a sonda Juno, da NASA, realizou o 71º sobrevoo próximo a Júpiter. Durante a manobra, a espaçonave entrou duas vezes em “modo de segurança”: a primeira, cerca de uma hora antes da aproximação máxima; a segunda, 45 minutos após esse momento, chamado de perijove.
O modo de segurança é um protocolo que entra em ação automaticamente quando a sonda detecta algum comportamento fora do padrão. Nessa condição, os sistemas não essenciais são desligados e a prioridade passa a ser manter a comunicação com a Terra e preservar os sistemas básicos.
Concepção artística da sonda Juno sobrevoando Júpiter. Crédito: NASA images – Shutterstock
Durante o incidente, todos os instrumentos científicos foram desativados, como previsto para esse tipo de situação. A nave reiniciou seu computador, desligou tarefas secundárias e reposicionou a antena para apontar diretamente para a Terra, facilitando o contato com os operadores da missão.
A NASA informou que, apesar do problema, Juno funcionou exatamente como planejado. A equipe em solo conseguiu restabelecer a comunicação de alta velocidade com a espaçonave e agora está analisando os dados técnicos e científicos coletados antes e depois da falha. Essas informações ajudarão a entender o que causou a ativação do modo de segurança.
Júpiter é o planeta mais hostil do Sistema Solar em termos de radiação. Próximo a ele, existem cinturões com partículas altamente energéticas que representam risco para qualquer equipamento. Até agora, tudo indica que Juno passou por algum desses cinturões, afetando o funcionamento eletrônico de seus sistemas.
Uma das capturas mais nítidas de Júpiter feitas pela sonda Juno, da NASA. Crédito: NASA/JPL-Caltech
Para se proteger da passagem por essas regiões, Juno possui um cofre de titânio que abriga seus componentes mais sensíveis. Mesmo com essa proteção, no entanto, a sonda já entrou quatro vezes em modo de segurança desde que chegou ao planeta, em 2016. Em todas as ocasiões, ela conseguiu se recuperar e continuar sua missão sem danos permanentes.
O próximo sobrevoo da sonda Juno está previsto para 7 de maio. Além de se aproximar novamente de Júpiter, a espaçonave fará um novo registro da lua Io, a uma distância de cerca de 89 mil km.
Um estudo publicado nesta quinta-feira (03) na revista Geophysical Research Letters descreveu pela primeira vez um fenômeno curioso em Júpiter: um vento solar de 2017 comprimiu a bolha protetora do planeta, aumentando (e muito) a temperatura por lá.
Além disso, os pesquisadores apontam que esse evento pode atingir Júpiter mais vezes do que o esperado, de duas a três vezes por mês.
O trabalho também ajudou a entender a influência do Sol nas atmosferas dos planetas do nosso sistema solar.
Pesquisa mostrou que vento solar que atingiu o planeta teve influências na atmosfera (Imagem: Geophysical Research Letters/Reprodução)
Vento solar comprimiu a bolha protetora de Júpiter
Cientistas da Universidade de Reading descobriram que um evento solar de 2017 atingiu Júpiter e comprimiu sua magnetosfera. Trata-se de uma região comum em planetas magnetizados, que funciona como uma bolha protetora contra a radiação solar e partículas cósmicas.
As observações foram feitas a partir do telescópio terrestre Keck e de dados da nave espacial Juno, da NASA, que permitiram uma modelagem do vento solar. Ele teria ‘esmagado’ a magnetosfera pouco antes do início das observações.
Segundo o Dr. James O’Donoghue, autor principal da pesquisa, a resposta de Júpiter a esse evento nunca havia sido estudada. A análise revelou que o vento solar intensificou o aquecimento auroral nos polos do planeta, fazendo com que a atmosfera se expandisse e derramasse gás quente em direção ao centro. O resultado foi um aumento na temperatura da magnetosfera para mais de 500ºC (normalmente, as camadas atmosféricas mais altas por lá medem cerca de 250ºC).
O vento solar esmagou o escudo magnético de Júpiter como uma bola de squash gigante. Isso criou uma região superaquecida que abrange metade do planeta. O diâmetro de Júpiter é 11 vezes maior que o da Terra, o que significa que essa região aquecida é enorme.
Dr. James O’Donoghue, autor principal
Ainda, segundo o líder do estudo, essa é a primeira vez que um fenômeno assim é visto em qualquer mundo.
Trabalho combinou observações do telescópio Keck e da nave Juno (Imagem: Geophysical Research Letters/Reprodução)
O que isso nos diz sobre Júpiter?
O’Donoghue explicou que Júpiter serve como um laboratório do Sistema Solar. Através dele, é possível estudar e compreender os efeitos do Sol em outros planetas, e entender as consequências das tempestades solares na atmosfera e nas invenções humanas, como redes de energia, comunicações e GPS.
Além disso, os efeitos foram inesperados:
A equipe pensava que a rápida rotação de Júpiter confinaria o aquecimento auroral às regiões polares. A pesquisa mostrou que não, já que o vento solar causou o aumento da temperatura em outras regiões;
Isso indica que as atmosferas dos planetas do nosso sistema solar estão mais vulneráveis às influências do Sol do que sabíamos anteriormente;
O professor Mathew Owens, coautor da pesquisa, explicou que essas descobertas ajudam a entender os sistemas de previsão e podem ajudar a proteger a Terra do clima espacial perigoso.
Dando início à “turnê mensal” de abril pelos planetas do Sistema Solar, a Lua vai visitar Júpiter nesta quarta-feira (2). Na ocasião, nosso maior vizinho vai aparecer no céu bem próximo do satélite natural da Terra, em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica.
De acordo com o site In-The-Sky.org, isso acontece às 21h24 (todos os horários mencionados estão no fuso de Brasília). Nesse momento, a Lua vai passar a pouco mais de 5º ao norte de Júpiter.
De São Paulo, o par estará visível a partir das 18h13, aparecendo 36° acima do horizonte noroeste, permanecendo juntos no céu até 21h37 – poucos minutos após a conjunção.
Configuração do céu no momento da conjunção entre a Lua e Júpiter nesta quarta-feira (2). Crédito: SolarSystemScope
Enquanto a Lua estará em magnitude de -11.3, a de Júpiter será de -2.1, com ambos na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.
A dupla não estará próxima o suficiente para caber no campo de visão de um telescópio ou par de binóculos, mas será visível a olho nu.
Neste mês, a Lua ainda passa por Marte (5), Vênus (24), Mercúrio e Saturno (25), finalizando em um novo encontro com Júpiter (30). Essa série de conjunções que a Lua faz mensalmente ocorre porque ela orbita a Terra aproximadamente no mesmo plano em que os planetas orbitam o Sol, chamado plano da eclíptica.
Lua e Júpiter aparecem bem próximos no céu noturno desta quarta-feira (2). Crédito: buradaki – Shutterstock
Fenômeno magnético em Júpiter produz tempestades do tamanho da Terra
Cientistas planetários descobriram que tornados magnéticos em Júpiter estão gerando anticiclones aproximadamente do tamanho da Terra.
Essas tempestades, que são visíveis como ovais escuras, mas apenas na luz ultravioleta (UV), ocorrem quando vórtices magnéticos descem da ionosfera até as camadas mais profundas da densa atmosfera do gigante gasoso.
Esses eventos foram detectados pela primeira vez no final da década de 1990 pelo Telescópio Espacial Hubble, da NASA, nos polos norte e sul de Júpiter – saiba mais detalhes aqui.
O satélite TESS, da NASA, captou imagens de duas novas anãs marrons que são cerca de 30 vezes mais massivas que Júpiter. Os objetos recém-descobertos foram descritos por uma equipe internacional de astrônomos em artigo científico liberado no servidor de pré-impressão arXiv.
Anãs marrons são definidas como “seres intermediários”: algo entre planetas e estrelas. A TOI-4776 foi localizada a cerca de 1.206 anos-luz de distância e a TOI-5422 a uma distância de 1.134 anos-luz. Um ano-luz é igual a dez trilhões de quilômetros.
A primeira delas tem o tamanho de Júpiter, mas é cerca de 32 vezes mais massiva que o maior planeta do Sistema Solar e estimada em 5,4 bilhões de anos. A anã marrom orbita sua estrela a cada 10,41 dias e tem, como hospedeiro, uma estrela do tipo F, ligeiramente maior e mais massiva que o Sol.
T4 identifica a anã marrom TOI-4776, e T1 a TOI-592 (Imagem: Reprodução)
Já a anã marrom TOI-5422 b se tornou uma das mais antigas anãs marrons em trânsito descobertas até agora, com cerca de 8,2 bilhões de anos. O período orbital é de 5,37 dias, com tamanho equivalente a 27,7 massas de Júpiter. Sua hospedeira é uma estrela subgigante com raio de 1,48 raios solares e massa de 1,05 massas solares.
Lançado em abril de 2018, o Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) tem como missão descobrir exoplanetas, além de monitorar objetos que mudam de brilho, asteroides próximos a estrelas pulsantes e galáxias distantes contendo supernovas;
Batizado de IRAS 04125+2902 b, ele é considerado um “bebê”: tem apenas três milhões de anos;
O planeta foi encontrado na Nuvem Molecular de Touro, berçário estelar ativo com centenas de estrelas recém-nascidas a cerca de 430 anos-luz de distância, segundo a NASA.
Nos últimos anos, a missão TESS também descobriu fenômenos cósmicos, incluindo buracos negros destruidores de estrelas e oscilações estelares. O equipamento é operado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge (Inglaterra).
Conceito artístico de um planeta jovem e recém-descoberto (Imagem: Divulgação/NASA)