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Este local poderia abrigar a vida após a morte do Sol

Um artigo aceito para publicação pelo periódico científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society aponta que a vida pode continuar existindo no Sistema Solar mesmo depois da morte do Sol. 

Conduzida por cientistas do Instituto Carl Sagan, da Universidade de Cornell, nos EUA, a pesquisa sugere que algumas luas geladas, como Europa, de Júpiter, podem oferecer abrigo em um futuro distante.

Lua Europa, de Júpiter, um dos lugares mais promissores para a presença de vida alienígena pode ser um dos poucos a resistir à violenta morte do Sol. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS

Daqui a cerca de 4,5 bilhões de anos, o Sol deixará de ser como conhecemos. Ele vai se expandir e virar uma estrela gigante vermelha. Durante essa transformação, o astro engolirá Mercúrio, Vênus e, possivelmente, a Terra. Caso sobreviva, nosso planeta será apenas um núcleo de ferro e níquel incandescente. Esse processo mudará a zona habitável do Sistema Solar.

Zona habitável é a faixa de distância em que um planeta ou lua recebe a quantidade certa de energia para manter água líquida. À medida que o Sol envelhecer e ficar maior, essa zona vai se afastar, podendo alcançar até a órbita de Júpiter. Por ser um gigante gasoso, esse planeta não poderá abrigar vida – mas suas luas cobertas de gelo, como Europa, podem se tornar candidatas interessantes.

Ao esgotar seu combustível, o Sol se tornará uma gigante vermelha e engolirá partes do Sistema Solar, antes de se transformar em uma anã branca. Crédito: Douglas James Butner – Shutterstock

Como a vida pode continuar existindo 

Com o novo calor do Sol e o aumento da radiação refletida por Júpiter, Europa receberá mais energia. Isso fará com que o gelo de sua superfície sublime (passe direto do estado sólido para o gasoso), e a água de seus oceanos subterrâneos comece a evaporar. A perda de água será mais intensa no lado da lua que estiver voltado para Júpiter.

A espaçonave de investigação de Júpiter da NASA, Juno, capturou a imagem mais próxima já obtida da misteriosa lua gelada Europa. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI

No entanto, os cientistas descobriram que o lado oposto, especialmente nas regiões norte e sul, perderia água de forma mais lenta. Isso poderia criar uma atmosfera leve de vapor d’água, capaz de durar até 200 milhões de anos. Embora esse período seja curto comparado à história da Terra, ainda representa uma chance para a vida continuar existindo.

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A pesquisa também levanta a possibilidade de encontrar sinais de vida em luas geladas que orbitam estrelas gigantes vermelhas em outros sistemas. Ainda não confirmamos exoluas, mas telescópios como o James Webb e o futuro Observatório de Mundos Habitáveis podem investigar essas possibilidades. 

Qual é o som do Sol?

Já pensou como seria o som do Sol, se pudéssemos escutá-lo? Algo como uma explosão constante? Um rugido distante? Ou talvez um batimento lento e poderoso? 

Embora esteja a cerca de 150 milhões de km da Terra, o astro é em torno de 100 vezes maior que nosso planeta – ainda assim, não escutamos nada vindo dele. E mesmo com suas fortes erupções, capazes de interferir nos sinais de GPS e nas comunicações, ele continua em silêncio para nós. Mas, por quê? A resposta está no espaço entre a Terra e o Sol. Saiba mais aqui.

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Sonda da NASA revela segredos de Júpiter e da lua vulcânica Io

Nesta terça-feira (29), os resultados mais recentes da missão Juno, da NASA, foram apresentados na Assembleia Geral da União Europeia de Geociências, em Viena, na Áustria. A espaçonave investiga Júpiter desde 2016, com sobrevoos próximos a cada 53 dias. Nesse tempo, já coletou dados inéditos sobre a atmosfera e as regiões polares do maior planeta do Sistema Solar.

Uma das descobertas mais marcantes foi no polo norte de Júpiter. Ali, Juno detectou uma névoa fria na alta atmosfera, 11 °C mais gelada que as áreas ao redor. Em volta dessa névoa, ventos fortíssimos – chamados correntes de jato – circulam a mais de 160 km/h. Logo abaixo, existe um ciclone gigante com cerca de três mil quilômetros de diâmetro.

Imagem composta, derivada de dados coletados em 2017 pelo instrumento JIRAM a bordo da sonda Juno mostra o ciclone central no polo norte de Júpiter e os outros oito que o circundam. Crédito: NASA / JPL-Caltech / SwRI / ASI / INAF / JIRAM

Esse ciclone central é cercado por oito ciclones menores, cada um medindo entre 2.490 e 2.800 quilômetros – todos maiores do que qualquer furacão já visto na Terra. Usando câmeras ópticas e sensores infravermelhos, a sonda Juno acompanha esses ciclones há quase dez anos. Os instrumentos principais usados para isso são a JunoCam e o mapeador JIRAM (sigla em inglês para Mapeador Auroral Infravermelho Joviano).

Esses instrumentos observam tanto a luz visível quanto o calor vindo do interior da atmosfera. Eles revelaram que os ciclones se movem em direção ao polo por um processo chamado “deriva beta”. Esse fenômeno também acontece na Terra e é causado pela força de Coriolis, que surge com a rotação do planeta e os ventos circulares dos ciclones.

Na Terra, ciclones se enfraquecem ao se aproximar dos polos, por falta de calor e umidade. Em Júpiter, isso não ocorre, já que a atmosfera é bem diferente. Lá, os ciclones continuam ativos até colidirem uns com os outros, formando um sistema complexo e estável de tempestades no topo do planeta.

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Erupção contínua em lua de Júpiter é acompanhada pela sonda Juno

Em um comunicado, o cientista Yohai Kaspi, coinvestigador da Juno do Instituto Weizmann de Ciência em Israel, explica que as colisões fazem os ciclones “quicarem” uns nos outros, como molas em um sistema mecânico. Isso mantém o equilíbrio entre eles. Além disso, os ciclones ficam girando lentamente ao redor do polo, em sentido horário, oscilando levemente em suas posições originais.

Além de Júpiter, a sonda Juno também tem feito estudos sobre Io, a lua mais próxima do planeta e corpo mais vulcânico do Sistema Solar. Em 27 de dezembro de 2024, a missão observou uma erupção extremamente forte. Quando voltou ao local em 2 de março, o vulcão ainda estava em atividade. A expectativa é que o mesmo vulcão continue expelindo lava até o próximo sobrevoo de Juno, previsto para segunda-feira (6), quando a sonda passará a 89 mil km da lua. 

Produzida com dados do instrumento JIRAM a bordo da sonda Juno, da NASA, esta animação mostra a região polar sul da lua Io, de Júpiter, durante um sobrevoo em 27 de dezembro de 2024. Os pontos brilhantes são locais com temperaturas mais altas causadas pela atividade vulcânica; as áreas cinzentas resultaram quando Io deixou o campo de visão. Crédito: NASA / JPL / SwRI / ASI – Equipe JIRAM (AM)

Mas foi uma descoberta subterrânea que mais empolgou os cientistas: sinais claros de magma sob a crosta de Io. Combinando o Radiômetro de Microondas (MWR) com o JIRAM, a equipe conseguiu medir a temperatura abaixo da superfície. O resultado indicou que há fluxos de lava ainda quentes, circulando sob a crosta. Esses fluxos foram identificados em diversas regiões da lua, o que sugere uma atividade vulcânica constante.

Oceano de magma na lua Io é improvável, segundo a NASA

A cientista Shannon Brown, da NASA, disse que os dados surpreenderam a equipe. Isso porque eles mostram lava ainda ativa, antes mesmo de endurecer. A missão também descartou a existência de um grande oceano de magma sob Io, o que era uma hipótese anterior para explicar seus vulcões intensos.

Agora, os pesquisadores acreditam que esses fluxos em resfriamento ajudam a manter os vulcões ativos. Cerca de 10% do subsolo de Io parece estar envolvido nesse processo. Isso mostra como o calor gerado dentro da lua é transferido até a superfície.

A comparação usada por Brown é com um radiador de carro: os fluxos subterrâneos agem como um sistema eficiente de resfriamento. Eles carregam o calor para fora e ajudam a renovar a crosta com novas camadas de lava. Essas descobertas ampliam o conhecimento sobre vulcanismo fora da Terra e ajudam a entender melhor os planetas gigantes e suas luas.

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