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Sabe aquele momento em que sua mente parece “desligar” e fica completamente em branco?
Um novo estudo buscou entender o que realmente acontece no cérebro nesses instantes e por que algumas pessoas vivenciam isso com mais frequência do que outras.
A pesquisa, liderada por Athena Demertzi e colaboradores de vários países, analisou 80 estudos sobre o fenômeno do “apagamento mental”. Eles investigaram como essa ausência de pensamento pode revelar mais sobre a natureza da consciência e as diferenças na experiência subjetiva de cada indivíduo.
Descobriu-se que, em média, passamos de 5% a 20% do tempo com a mente em branco.
Porém, isso varia bastante entre as pessoas – por exemplo, indivíduos com TDAH relatam essa experiência com mais frequência.
Importante destacar que esse estado é diferente do “devaneio”: enquanto o devaneio envolve pensamentos vagos, a mente em branco representa uma ausência quase total deles.
Esse estado costuma ocorrer após esforço mental intenso, falta de sono ou exercício físico.
Embora seja comum, também pode estar ligado a condições como ansiedade ou traumas cerebrais.
Cientistas buscaram entender o que acontece no cérebro quando tudo some por um instante – Imagem: Shutterstock/Kues
Estado de “sono”, mesmo acordado
Eletroencefalogramas mostraram que, nesses momentos, o cérebro pode entrar num estado de “sono local”, com sinais lentos semelhantes aos do sono, mesmo que a pessoa esteja acordada.
Já exames de ressonância magnética revelaram a desativação de regiões cerebrais ligadas à linguagem, movimento e memória quando as pessoas tentavam, conscientemente, não pensar em nada – o que pode diferir de um “vazio” espontâneo.
Segundo os autores, a experiência da mente em branco é complexa, varia de pessoa para pessoa e deve ser vista como um conjunto de vivências. Eles esperam que esse tema, ainda pouco explorado, estimule novas pesquisas sobre a consciência.
Pesquisadores esperam mais estudos para compreendermos quando o cérebro parece ficar “vazio” – Imagem: Wirestock Creators/Shutterstock
Quem nunca passou por isso? Basta ouvir uma música, ou até um trechinho, e, de repente, ela começa a tocar repetidamente na sua mente. Você tenta focar em outras coisas, mas o refrão insiste em voltar.
Esse fenômeno, conhecido como earworm (literalmente, “verme de ouvido”), é mais comum do que parece. Cerca de 90% das pessoas relatam que já vivenciaram essa experiência em algum momento da vida.
Mas por que certas músicas grudam tanto? A resposta envolve uma combinação de fatores neurológicos, psicológicos, culturais e até sociais.
O que são Earworms?
Earworms é um termo emprestado do alemão Ohrwurm, usado desde meados do século XX. Em inglês, sua primeira aparição conhecida foi no romance Flyaway, de Desmond Bagley (1978).
Homem ouvindo atentamente ao seu redor | Imagem: pathdoc/Shutterstock
Entretanto, o conceito foi popularizado pelo professor James Kellaris, da Universidade de Cincinnati, para descrever o fenômeno em que trechos de músicas se repetem involuntariamente na mente.
Na ciência, isso é chamado de Involuntary Musical Imagery (IMI): a repetição espontânea de fragmentos melódicos de músicas marcantes.
Apesar do nome curioso, earworms não são uma condição médica como a palinacusia, que envolve alucinações auditivas reais. Eles são apenas impressões mentais de músicas que parecem tocar na cabeça.
Por que isso acontece?
Pesquisadores identificaram múltiplos fatores que explicam por que certas músicas “grudam” mais do que outras.
Mulher ouvindo sons do ambiente com atenção | Crédito: Janeberry (shutterstock)
Um deles é o funcionamento do nosso próprio cérebro. Estudos mostram que, quando ouvimos uma música familiar, o córtex auditivo continua a reproduzir mentalmente o som mesmo depois de ele ter parado. Esse “eco mental” é mais intenso quando a melodia é simples, repetitiva e contém variações inesperadas.
A neurocientista Jessica Grahn, da Universidade do Oeste de Ontario, explica que a música ativa regiões cerebrais associadas não só ao som, mas também ao movimento, à emoção e à recompensa. Isso cria um circuito muito potente, e até persistente, que favorece a repetição involuntária.
O que torna uma música pegajosa?
Nem toda música vira earworm. Há características específicas que tornam certos trechos mais suscetíveis a esse efeito.
Canções com refrões repetitivos, batidas marcantes e letras simples costumam ter maior potencial de “grudar”. É o caso de hits como “Despacito” ou até jingles publicitários criados propositalmente para serem memoráveis.
Estudos indicam que mais de 75% dos earworms envolvem músicas com letra, e cerca de 90% desses casos se concentram nos refrões.
Isso acontece porque essas partes costumam reunir ritmo, melodia e palavras em uma combinação ideal para a memorização inconsciente.
Fatores pessoais e contextuais
Além das características musicais, fatores individuais também influenciam na frequência e intensidade dos earworms.
Adolescente ouvindo música no celular | Crédito: KiyechkaSo (shutterstock)
Pessoas com maior sensibilidade auditiva ou com formação musical têm mais chances de experimentar o fenômeno com frequência.
O mesmo vale para quem apresenta quadros de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Ansiedade Generalizada (TAG) ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), condições que favorecem padrões repetitivos de pensamento.
O contexto também importa. Momentos de tédio, estresse ou divagação mental, como quando estamos no trânsito, tomando banho ou fazendo tarefas repetitivas, são especialmente propícios para que os earworms apareçam. Emoções intensas ou lembranças ligadas a determinada música também podem funcionar como gatilho.
A pesquisadora Vicky Williamson, da Universidade de Londres, identificou que até mesmo estímulos visuais ou verbais relacionados à canção, como uma palavra escrita ou uma situação específica, podem despertar um earworm. Isso ajuda a explicar por que músicas que remetem a fases importantes da vida (mesmo que inconscientemente) tendem a retornar com frequência.
Embora dois terços das pessoas relatem que os earworms são neutros ou até agradáveis, um terço os considera irritantes ou perturbadores. Para essas pessoas, a experiência pode ser comparável a uma “coceira mental” difícil de aliviar.
Homem incomodado com barulhos | Crédito: DimaBerlin (shutterstock)
O psiquiatra Srini Pillay, da Universidade de Harvard, aponta que o estresse pode aumentar a incidência de earworms. Quando você está sobrecarregado, o cérebro tende a se fixar em um estímulo repetitivo, como forma de auto-regulação, explica Pillay em um artigo publicado no blog da Universidade.
Como lidar com músicas que não saem da cabeça?
Se o fenômeno se torna incômodo, algumas estratégias podem ajudar. Uma delas é cantar a música inteira, do início ao fim. Muitas vezes, o que se repete mentalmente é apenas um fragmento mal resolvido da canção. Completar o ciclo ajuda o cérebro a “encerrar” o processo.
Mulher incomodada com barulhos externos | Crédito: Krakenimages.com (shutterstock)
Outra técnica eficaz é substituir a música por outra: o famoso “virar o disco”. Trocar um earworm por outro pode parecer estranho, mas oferece variedade mental e, em muitos casos, alivia o desconforto.
Por outro lado, tentar suprimir o pensamento pode ter o efeito contrário. Esse comportamento ativa o chamado “processo irônico”, pelo qual quanto mais se tenta não pensar em algo, mais ele ocupa nossa mente. Em vez disso, o ideal é buscar distrações envolventes ou mudar o foco para tarefas que exijam concentração ativa.