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Mineração marinha sustentável? Robô tenta provar que é possível

Uma das maiores preocupações quanto a mineração marinha é a danificação dos ecossistemas aquáticos. Segundo matéria publicada no Jornal da USP, os principais riscos são: a destruição das formas naturais do solo e da vida marinha (micro e macrofauna), a compactação do fundo do mar e a criação de plumas de sedimentos que perturbam a vida.

Agora, uma empresa canadense deseja contornar essa situação utilizando robôs. A Impossible Metals criou uma máquina que utiliza braços mecânicos para selecionar recursos no leito de lagos, rios e oceanos, antes de guardá-los novamente dentro da máquina.

Robô da Impossible Metals não danifica ecosistemas marinhos (Imagem: Reprodução/Impossible Metals)

Máquina de mineração já está sendo testada

  • Os testes começaram em 2020 em um lago canadense na busca por uma tecnologia que consiga vasculhar o fundo dos mares sem causar grandes danos a vida local;
  • Depois que a fase de testes for concluída, o plano da companhia é levar o aparelho para o oceano, segundo informações do TechXplore;
  • A extração submarina convencional envolve retirar grandes quantidades de material em busca de nódulos polimetálicos do tamanho de batatas, ricos em níquel, cobre e cobalto — metais essenciais para baterias de veículos elétricos;
  • A startup Impossible Metals usa um robô que coleta esses nódulos de forma seletiva, segundo o cofundador Jason Gillham;
  • Testado em Ontário (Canadá), o robô paira sobre o leito do lago, operado remotamente por técnicos. Com câmeras, luzes e inteligência artificial (IA), ele identifica nódulos metálicos sem interferir na vida marinha.

Redução dos impactos e sustentabilidade

A máquina da Impossible Metals promete servir como alternativa para o método atual de escavação marítima. A técnica que boa parte das indústrias do ramo consiste, basicamente, em remover grandes quantidades de sedimentos do solo oceânico, separar os nódulos e devolver o excesso de volta ao mar.

Vida marinha precisa estar em harmonia com mineração (Imagem: Solarisys/Shutterstock)

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Segundo Douglas McCauley, biólogo marinho da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (EUA), isso gera grandes nuvens de sedimentos e toxinas, com uma série de impactos potenciais.

Segundo o cientista, “os ecossistemas nas profundezas do oceano são, especialmente, frágeis e sensíveis. A vida lá embaixo se move muito devagar, então, os organismos se reproduzem muito lentamente e crescem muito lentamente”.

Agora, a companhia canadense trabalha para obter a permissão de Donald Trump para operar nos mares do território ultramarino estdunidense da Samoa.

Pessoas sentadas olhando para monitores de computador e segurando joysticks; atrás, um homem, de pé, olhando para um dos monitores
Operação é toda remota (Imagem: Reprodução/Impossible Metals)

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Florestas não estão se recuperando após a mineração de ouro na Amazônia

Um artigo publicado nesta segunda-feira (2) na revista Communications Earth & Environment revela que as florestas da Amazônia no Peru não estão se recuperando após a mineração de ouro

Segundo o estudo, o problema vai além da contaminação por metais pesados: o solo está seco e sem capacidade de reter água. Um tipo específico de operação, chamada “mineração por sucção”, altera o terreno, esvaziando a umidade e aquecendo o solo, o que impede que novas árvores cresçam.

Em poucas palavras:

  • Florestas da Amazônia peruana não se regeneram após mineração de ouro por sucção intensa;
  • Além da contaminação, o solo fica seco, quente e incapaz de reter água, inviabilizando o reflorestamento;
  • Pesquisadores usaram drones e sensores para estudar áreas mineradas próximas à Bolívia e ao Brasil;
  • A mineração por sucção remove todo o solo fértil, criando montes de areia estéreis e lagoas contaminadas;
  • Essas pilhas de areia drenam água rapidamente e aquecem até 60 °C, matando mudas recém-plantadas;
  • Cientistas propõem rebaixar montes e nivelar terreno para ajudar raízes a acessarem a água subterrânea.
Áreas de mineração de ouro não se recuperam nas florestas da Amazônia peruana. Crédito: Kakteen – Shutterstock

A pesquisa ajuda a entender por que tentativas de reflorestamento na região de Madre de Dios, no sul do Peru, têm falhado. Em um comunicado, Josh West, geólogo da Universidade do Sul da Califórnia e coautor do estudo, explica que a mineração não apenas destrói o solo, como também o transforma num ambiente inóspito, seco e quente demais para qualquer planta sobreviver – mesmo mudas replantadas.

Drones examinam locais de mineração na fronteira com o Brasil e a Bolívia

Liderada pela cientista Abra Atwood, do Centro de Investigação Climática Woodwell, em Massachusetts, a equipe, formada por cientistas dos EUA e do Peru, estudou dois locais de mineração desativados próximos à fronteira com o Brasil e a Bolívia. Eles usaram drones, sensores e imagens subterrâneas para investigar como o solo foi modificado após a mineração.

A mineração por sucção, comum em operações familiares, usa jatos de água de alta pressão para soltar a terra. Esse material passa por filtros que separam o ouro, enquanto o restante, incluindo o solo fértil, é descartado. O que sobra são lagoas sujas e grandes montes de areia, que chegam a dez metros de altura, onde quase nada volta a crescer.

Diferentemente da mineração por escavação, que às vezes preserva parte do solo original, o processo por sucção deixa o terreno quase estéril. Os cientistas usaram um método chamado resistividade elétrica para medir como a água se move no solo e descobriram que os montes de areia drenam a chuva até 100 vezes mais rápido que o normal.

Garimpeiros pereuvianos usando eclusa para encontrar ouro na margem do rio. Crédito: Ken Griffiths – Shutterstock

Essas áreas também secam muito mais rápido após as chuvas, perdendo a umidade essencial para as plantas. Em comparação com florestas intactas, os solos das áreas mineradas estavam sempre mais quentes e secos. Em alguns pontos, a superfície atingia 60°C – o suficiente para matar qualquer muda recém-plantada.

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“Só existe uma Amazônia”

Imagens de câmeras térmicas instaladas em drones mostraram claramente o contraste: enquanto o solo afetado pela mineração “fritava” sob o Sol, áreas próximas à floresta ainda mantinham temperaturas mais amenas. “É como tentar plantar uma árvore dentro de um forno”, resume West.

Mesmo com alguns sinais de vida nas bordas das lagoas e áreas mais baixas, boa parte do solo segue estéril, especialmente nas regiões onde há acúmulo de areia. Esses locais ficam longe do lençol freático e perdem umidade rapidamente, o que dificulta o replantio de árvores.

Imagens aéreas sobre o desmatamento devido à mineração ilegal de ouro. Crédito: Christian Inga – Shutterstock

Entre 1980 e 2017, a mineração artesanal de ouro destruiu mais de 95 mil hectares de floresta tropical apenas em Madre de Dios. Isso equivale a uma área sete vezes maior que a cidade de São Francisco. A atividade segue crescendo e ameaça tanto a biodiversidade quanto comunidades indígenas da região.

Para recuperar essas áreas, os cientistas propõem uma solução simples: reconfigurar o terreno. Rebaixar as pilhas de areia e preencher lagoas abandonadas pode ajudar as raízes a alcançarem a água subterrânea, favorecendo o reflorestamento. Esperar pela erosão natural é inviável, já que o processo pode levar décadas.

“Só existe uma Amazônia”, lembra West. “É um ecossistema único no planeta. Se a perdermos, não há substituto.”

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Exploração de minerais estratégicos para a energia limpa ameaça Amazônia

Conhecida por abrigar a maior biodiversidade do planeta e funcionar como um grande filtro de carbono, a maior floresta tropical do mundo está no centro de uma nova corrida global: a Bacia Amazônica agora também atrai atenção por seus minerais estratégicos, essenciais à chamada energia limpa – como lítio, cobre, níquel e cobalto.

Esses minerais são fundamentais para fabricar baterias de carros elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e até armas de alta tecnologia. No entanto, a extração desses recursos ameaça repetir velhos erros. A busca por “minerais verdes” pode causar novos danos ao meio ambiente e às comunidades locais.

Em poucas palavras:

  • Rica em biodiversidade e carbono, a Amazônia agora atrai mineradoras atrás de metais estratégicos para energia limpa;
  • Lítio, cobre e cobalto são disputados para fabricar baterias, turbinas e painéis, mas extraí-los ameaça florestas;
  • Países amazônicos, como Brasil e Bolívia, viram alvos de potências globais que disputam influência sobre seus minérios;
  • A mineração ilegal cresce, polui rios e fortalece grupos armados, enquanto a fiscalização continua frágil e desigual;
  • Para evitar novo ciclo de destruição, é preciso combinar justiça ambiental, participação local e regulação eficaz e global.
De borracha a soja, a Amazônia sempre atraiu exploradores; hoje, os minerais são o novo foco de interesses externos. Crédito: Nelson Antoine – Shutterstock

Historicamente, a Amazônia já foi moldada por ciclos de exploração. Borracha, madeira, carne e soja são exemplos de atividades impulsionadas por interesses externos. Agora, o foco é o subsolo. 

O Brasil é destaque nesse cenário, com o Complexo de Carajás, no Pará, que abriga uma das maiores minas de ferro do mundo, além de cobre, manganês e ouro. Mineradores internacionais também exploram bauxita no município paraense de Paragominas, reforçando o papel da Amazônia nas cadeias globais. 

Outros países da região amazônica também têm seus tesouros. A Bolívia tem reservas de estanho, ouro e terras raras. A Colômbia abriga o projeto Minastyc, que extrai tântalo e nióbio. Equador, Guiana e Suriname também se abrem para novos projetos.

Floresta Amazônica vira alvo de disputa por áreas de exploração 

A China, líder no refino de terras raras, amplia investimentos na América do Sul. Está presente no triângulo do lítio (Argentina, Chile e Bolívia) e mira também o Brasil e o Peru. EUA, Europa, Japão e Canadá reagem, buscando fornecedores fora da influência chinesa.

Com isso, a floresta vira alvo de disputas por áreas de exploração. Em muitos casos, os locais são remotos, com pouca infraestrutura e fiscalização. Dados da Rede Amazônica de Informação Socioambiental e da Agência Nacional de Mineração mostram que várias concessões minerárias se sobrepõem a terras indígenas e unidades de conservação.

De acordo com um artigo publicado pelo cientista político canadense Robert Muggah no site The Conversation, a falta de controle favorece práticas ilegais.

Cofundador do Instituto Igarapé, uma organização independente dedicada à integração das agendas de segurança pública, climática e digital e espaço cívico, e da Bioverse, uma startup de inteligência florestal, Muggah afirma que dissidentes das FARC e milícias armadas controlam parte do comércio de coltan e ouro na Colômbia. No Brasil, o garimpo ilegal cresce na área do Tapajós, apesar das ações governamentais.

Comunidades ribeirinhas na Amazônia correm risco de contaminação por mercúrio. Crédito: Divulgação/Polícia Federal

Além do desmatamento, a contaminação de rios por mercúrio afeta a vida aquática e intoxica comunidades ribeirinhas e indígenas. A crise vai além do ambiental: a mineração ilegal enfraquece o poder do Estado, corrompe autoridades e aumenta a violência. Na Venezuela, o Arco Mineiro do Orinoco virou palco de conflitos entre o Exército e grupos armados, com trabalho forçado e destruição em larga escala.

Países amazônicos buscam melhorar a regulação

Segundo Muggah, alguns países tentam melhorar a regulação. A Colômbia criou um registro digital para rastrear a origem dos minerais. O Brasil conta com o Código Florestal e órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Bolívia e Equador oferecem plataformas com dados ambientais, mas a fiscalização ainda é falha, principalmente em áreas de fronteira.

A comunidade internacional também tenta ajudar. Programas como a Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extrativas (EITI) propõem maior controle e participação social. A Convenção da Organização das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional também é citada como ferramenta de cooperação. No entanto, sem apoio dos governos e da sociedade, esses mecanismos pouco avançam.

O grande desafio é encontrar equilíbrio. Como fornecer os minerais que o mundo precisa para abandonar os combustíveis fósseis sem causar novos danos à Amazônia? Para Muggah, não basta reduzir as emissões se isso significar destruir florestas, contaminar rios e desrespeitar povos tradicionais.

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Energia limpa: mineração irregular pode provocar novo ciclo de destruição

Soluções incluem melhorar a fiscalização, consultar as comunidades afetadas e adotar tecnologias menos poluentes. Formalizar a mineração artesanal e promover a economia local também são caminhos possíveis. No entanto, nenhuma dessas medidas é suficiente sem uma mudança na lógica de exploração.

A Amazônia não pode ser vista apenas como um depósito de recursos. É um ecossistema vital para o planeta, que regula o clima, abriga culturas diversas e oferece caminhos alternativos de desenvolvimento. Se a transição para a energia limpa repetir os padrões de exploração do passado, será apenas mais um ciclo de destruição.

Neste momento decisivo, a região enfrenta uma encruzilhada. Ou se torna mais uma fronteira sacrificada às demandas globais, ou se transforma em exemplo de uma transição justa e sustentável. A escolha feita agora pode definir não apenas o futuro da Amazônia, mas também o rumo da economia verde no mundo inteiro.

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Trump cria nova “corrida do ouro” com mineração em alto mar; entenda

Mais uma polêmica na conta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano assinou uma ordem executiva que orienta as agências federais a acelerar a exploração, mineração e processamento de minerais no fundo do mar.

O objetivo da Casa Branca é garantir o acesso a recursos como cobalto, níquel e as chamadas terras raras, fundamentais para a fabricação de diversos produtos tecnológicos. No entanto, ambientalistas destacam que isso pode provocar danos irreversíveis aos ecossistemas marinhos.

EUA querem diminuir dependência da China

  • Trump, que não é um grande defensor do meio ambiente, diz que é necessário reduzir a burocracia e aumentar os investimentos na extração de recursos do fundo do mar.
  • Ele ainda destaca que isso pode ser fundamental geopoliticamente falando, uma vez que reduziria a dependência da China em relação a alguns minerais.
  • A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA apoiou a decisão do presidente norte-americano.
  • A entidade ainda citou que isso dará início “a próxima corrida do ouro”.
  • A ordem executiva do republicano também pede uma revisão das licenças de mineração no fundo do mar “em áreas além da jurisdição nacional”.
  • Isso significa que os EUA poderiam extrair recursos além das zonas marítimas consideradas norte-americanos, abrindo espaço para o aumento de disputas territoriais.
  • As informações são do IFLScience.
Casa Branca quer garantir acesso a recursos que hoje são quase monopólio dos chineses (Imagem: Knight00730/Shutterstock)

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Impactos ambientais da mineração são incalculáveis

A decisão de Trump foi amplamente criticada por ambientalistas. Embora as pesquisas sobre os impactos ecológicos da mineração em alto mar sejam limitadas, estudos apontam que ela pode causar sérios prejuízos à vida marinha.

Alguns animais podem ser esmagados pelas máquinas ou sufocados pelos sedimentos que são expelidos pelas atividades de mineração. Além disso, cientistas descobriram que espécies como as águas-vivas também estão em risco.

Extração de recursos no fundo do mar pode provocar danos importante aos ecossistemas marinhos (Imagem: Solarisys/Shutterstock)

Um dos maiores temores é que o processo de extração simplesmente destrua comunidades inteiras, gerando danos irreversíveis para a vida marinha. Por isso, ambientalistas afirmam que não é possível realizar a mineração do fundo do mar de forma totalmente segura.

Em 2024, 32 países declararam oposição à mineração do fundo do mar, incluindo Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, México, Suécia, Dinamarca e Áustria. A maioria pediu uma pausa preventiva de qualquer operação do tipo até que todos os riscos sejam conhecidos, mas alguns países, incluindo a França, proibiram totalmente a prática. A decisão dos EUA, no entanto, pode acabar incentivando outros governos a tomarem medidas parecidas.

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Pesquisa alerta: mineração no fundo do mar deixa ‘cicatrizes’ por anos

O processo de mineração já devastou muitas áreas do planeta, trazendo prejuízos ambientais importantes. No entanto, a demanda por minerais não para de aumentar e é difícil imaginar que isso mude (pelo menos num futuro próximo).

Dessa forma, muitas empresas estão de olho no fundo do mar. Esta região possui depósitos inexplorados de níquel e cobalto, por exemplo. Enquanto não há regras claras sobre este tipo de atividade, pesquisadores realizam estudos para entender os possíveis danos disso aos ecossistemas marinhos.

Experimento de 1979 revela pistas dos impactos da mineração

  • Um recente estudo do Centro Nacional de Oceanografia e do Museu de História Natural de Londres analisou um local que foi extraído como parte de um experimento em 1979.
  • Tanto tempo depois, este trecho da Zona Clarion-Clipperton (CCZ) contém pistas sobre os impactos provocados pela mineração no fundo do mar.
  • Segundo os cientistas, a observação mais impressionante é que “os rastros feitos pela máquina de mineração há mais de 40 anos parecem quase como se tivessem sido feitos ontem”.
  • Isso comprova que os processos biológicos no fundo do mar são bastante lentos.
  • O mais interessante, porém, é que a vida animal começou a recolonizar a área, localizada no Pacífico.
  • As conclusões foram apresentadas em estudo publicado na revista Nature.
Experimento de mineração no fundo do mar deixou marcas ainda visíveis (Imagem: Centro Nacional de Oceanografia e do Museu de História Natural de Londres)

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Efeitos nos ecossistemas marinhos ainda são desconhecidos

O trabalho encontrou evidências claras de mudanças de longo prazo nos sedimentos, com uma seção de 8 metros do fundo do mar limpa de nódulos com sulcos em ambos os lados, onde a máquina passou há mais de quatro décadas.

Quando se tratava de vida selvagem, os efeitos foram mais variáveis. Os pesquisadores destacam que é muito difícil, ou talvez impossível, quantificar o impacto ecológico desse único distúrbio para efeitos ecossistêmicos ou globais.

Impactos para a vida marinha ainda não estão claros (Imagem: Solarisys/Shutterstock)

De qualquer forma, a pesquisa mostrou sinais de recuperação biológica quando se trata de pequenas criaturas. Já para animais maiores, os impactos parecem ter sido mais intensos, com poucas espécies sendo encontradas.

Por fim, os cientistas afirmaram que ainda não foi possível calcular os efeitos da mineração no fundo do mar para ecossistemas mais amplos. Apesar disso, eles destacam que há um grande potencial de perda de biodiversidade.

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Mineração de ouro na Amazônia está destruindo depósitos naturais de carbono

Pesquisadores avaliaram em novo estudo os impactos da mineração artesanal de ouro no sul da Amazônia peruana. O grupo descobriu que essa prática está levando ao aumento maciço da destruição de turfeiras, que são acúmulos de restos de plantas responsáveis por estocar carbono. Constataram que a atividade destruiu mais turfas nos últimos dois anos do que nas três décadas anteriores combinadas.

Cerca de 70% da exploração de ouro em pequena escala no Peru acontece na região de Madre de Dios. Lá, os sedimentos dos rios têm abundância desse metal precioso, tanto que é possível ver o brilho por satélite

É estimado que a atividade gere emprego para mais de 30 mil pessoas. O número tem crescido desde a crise econômica de 2008.

Poços de prospecção de ouro ao lado do rio Inambari, no Peru
Poços de prospecção de ouro ao lado do rio Inambari, no Peru. (Imagem: NASA Earth Observatory)

A mineração na área é ilegal e considerada o principal fator que contribui para o desmatamento. Os cientistas descobriram uma nova camada dessa destruição ao estudarem o impacto da operação nas turfeiras amazônicas.

Elas são ecossistemas pantanosos e alagados, compostos por material vegetal em decomposição que atuam como reservatórios de carbono. São responsáveis por sequestrar CO2 sete vezes mais do que as árvores da região.

Grandes áreas desse terreno estão sendo desenterradas e destruídas por garimpeiros. Isso está liberando quantidades alarmantes de carbono na atmosfera, contribuindo para a crise climática.

Descoberta e destruição em uma década

O grupo de cientistas analisou mais de 35 anos de dados dos satélites Landsat da NASA e descobriu que mais de 550 hectares de turfeiras foram destruídos. Esse desmatamento liberou entre 0,2 e 0,7 milhões de toneladas de carbono na atmosfera e mais da metade disso ocorreu somente nos últimos dois anos.

“Se não desacelerarmos a destruição, os danos às turfeiras da Amazônia podem ser permanentes, com sérios impactos ambientais, sociais e econômicos no futuro”, disse o Dr. John Householder, um dos autores do estudo do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, na Alemanha, em um comunicado.

A comunidade científica descobriu esses terrenos pantanosos no sul do Peru somente em 2012. Uma década depois, o mesmo grupo de pesquisadores que estudou originalmente essas formações agora está descrevendo a sua extinção.

Turfeiras na Indonesia
Turfeiras tropicais em Jambi, na Indonésia. (Imagem: Eka Dana Kristanto / Shutterstock)

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Cerca de 9% da mineração em Madre de Dios ocorre em turfeiras atualmente, mas espera-se que esse número cresça nos próximos anos. Se as tendências continuarem, a atividade mineradora em turfas deverá corresponder a 25% do total da mineração da região. Os cientistas alertam que isso poderia liberar mais de 14,5 milhões de toneladas de carbono.

“O que nosso artigo mostra é que, mesmo dentro de uma geração humana, é bem possível que grandes depósitos de turfa desapareçam da paisagem, antes que a ciência tenha a chance de descrevê-los. Para aqueles depósitos de turfa que já são conhecidos, essas descobertas da pesquisa são um chamado para protegê-los”, conclui o Dr. Householder.

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Mineração de asteroides em risco: “chance de falar com Odin é mínima”; entenda

Em 26 de fevereiro, foi enviado ao Espaço o primeiro minerador de asteroides do mundo. A missão Odin, da AstroForge, tinha como objetivo pousar um minerador no asteroide 2022 OB5 e coletar dados para uma futura missão chamada Vestri, que pretende pousar, futuramente, no asteroide e explorar seu potencial para mineração, mas, agora, tudo parece estar perdido.

Isso porque, segundo a AstroForge, após a Odin perder contato com a Terra horas após seu lançamento, a startup californiana praticamente jogou a toalha e acha muito difícil recuperar o minerador. “A chance de falar com Odin é mínima, pois, neste ponto, a precisão de sua posição está se tornando um problema“, explicou a empresa, em nota divulgada nesta quinta-feira (6).

Sonda Odin, da AstroForge, a caminho de se tornar o primeiro minerador de asteroide do mundo, em imagem obtida antes da falha de comunicação com a Terra (Imagem: AstroForge)

Odin: minerador de asteroides está perdido de vez?

  • O equipamento de 120 quilos foi construído pela AstroForge em menos de dez meses e custou US$ 3,5 milhões (R$ 20,11 milhões, na conversão direta) somente;
  • Na nota da empresa, eles informam que “essa abordagem de iteração rápida incorpora nossa filosofia: aprender rápido, ajustar-se rapidamente e aceitar riscos calculados para ganhar experiência que não pode ser adquirida apenas por meio de simulação ou planejamento”;
  • A Odin foi lançado no Falcon 9, foguete da SpaceX, mas, horas após, a comunicação com a espaçonave foi perdida e até chegou a ser retomada, chegando a ficar intermitente antes de ser perdida de vez;
  • A startup já tem algumas teorias sobre o que pode ter acontecido:
    • “Nossa teoria principal envolve complicações potenciais com a implantação do painel solar. A Odin inicializou em Modo de Segurança Solar — estado de proteção projetado para conservar energia enquanto tenta se reorientar em direção ao Sol”, explicou a empresa.

“Se os painéis não se estendessem e travassem completamente, a Odin operaria com energia severamente limitada, priorizando sistemas essenciais em vez de comunicação, tentando, periodicamente, implantar painéis e estabilizar a posição”, acrescentou.

“Quanto tempo Odin pode permanecer neste modo antes de perder energia e cair depende de quanta energia os painéis são capazes de gerar nesta situação fora do nominal — de 2,5 horas a indefinidamente“, informou.

Ainda, também há a possibilidade de a espaçonave estar caindo pelo Espaço, impedindo que sua antena se fixe na Terra. “Se houver queda, podemos esperar comunicações breves ocasionais quando a antena se alinhar com a Terra — exatamente o padrão que observamos no início da missão“, disse.

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Sonda decolou a partir de um foguete Falcon 9 (Imagem: Sundry Photography/Shutterstock)

O que se sabe sobre sua localização?

Dados de rastreamento da Odin mostra que, mesmo sem comunicação com a Terra, o dispositivo segue na trajetória planejada rumo ao asteroide-alvo. A sonda encontra-se a cerca de 435 mil km da Terra, indicando que ela já passou pela Lua.

“Isso coloca nossa espaçonave em território verdadeiramente espacial — uma conquista que poucas empresas privadas podem reivindicar”, comemorou a AstroForge, que comunicou, ainda, que seguirá, de tempos em tempos, tentando comunicação com a Odin.

Contudo, “nosso foco mudou para aplicar esses insights duramente conquistados em nossa próxima missão. Os dados que recebemos, embora limitados, provaram ser inestimáveis ​​para entender os desafios da comunicação no espaço profundo e da operação de espaçonaves”, prosseguindo: “De muitas maneiras, Odin se tornou um pioneiro e um professor — continuando sua missão informando nossos empreendimentos futuros, mesmo em silêncio.”

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