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Por que os morcegos “invadiram” as cidades do Brasil?

Você já deve ter notado que a presença de morcegos em áreas urbanas no Brasil tem se tornado mais evidente nos últimos anos, levantando dúvidas e até preocupações entre os moradores.

No entanto, essa aproximação não representa uma “invasão repentina”, mas sim, o resultado de um processo gradual de adaptação. Estudos recentes mostram que muitos morcegos conseguiram se ajustar ao ambiente urbano devido às condições favoráveis oferecidas pelas cidades. Saiba um pouco mais sobre esses novos “vizinhos”.

Morcegos nas cidades do Brasil

Das 182 espécies de morcegos registradas no Brasil, pelo menos 84 conseguem viver em áreas urbanas, segundo dados publicados, em 2018, pela Sociedade Brasileira de Estudos e Conservação de Morcegos (SBEQ). Essa adaptação está diretamente ligada a três fatores principais: oferta de alimento, disponibilidade de abrigo e mudanças no comportamento provocadas pela iluminação artificial.

Morcegos estão cada vez mais perto das áreas urbanas (Imagem: @MarioClassico/Pixabay)

Alimento em abundância

Cidades oferecem inúmeras fontes de alimento. Morcegos insetívoros se beneficiam da grande quantidade de insetos atraídos por luzes artificiais, especialmente postes e fachadas iluminadas. Já os frugívoros e nectarívoros encontram alimento em árvores frutíferas e flores cultivadas em praças, jardins e quintais urbanos.

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Abrigo para as colônias

Além disso, as estruturas urbanas – como telhados, pontes, vãos e prédios – oferecem espaços protegidos para que os morcegos possam se abrigar e formar colônias. Esses locais substituem as cavernas e ocos de árvores comuns em ambientes naturais.

Mudança e comportamento

Pesquisas revelaram que morcegos urbanos se comportam de maneira diferente dos que vivem em áreas naturais. Um dos principais achados foi que esses animais iniciam suas atividades mais cedo à noite e passam menos tempo se alimentando. Enquanto morcegos em ambientes naturais podem levar até uma hora nessa atividade, os urbanos se alimentam em média por apenas 25 minutos.

A iluminação artificial parece influenciar diretamente esse comportamento, seja por facilitar a visualização das presas (insetos), seja por alterar o ritmo natural dos animais, conforme estudos desenvolvidos pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, publicada no segundo semestre de 2024.

Morcegos estão se adaptando ao ambiente urbano, com “riqueza” de alimentos (Imagem: @Pixabay/Pixabay)

As áreas verdes nas cidades, como parques e praças, também se mostraram fundamentais para a permanência dos morcegos. Nesses locais, a atividade dos animais é significativamente maior, chegando a ser quase três vezes superior à observada em áreas totalmente urbanizadas.

Convívio e importância ecológica

Apesar de muitas vezes mal compreendidos, os morcegos prestam importantes serviços ecológicos. Eles atuam no controle de insetos, ajudam na polinização de plantas e contribuem para a dispersão de sementes. A presença dos morcegos hematófagos, que se alimentam de sangue, é rara nas cidades, e o risco de transmissão de doenças por morcegos é baixo quando não há contato direto com os animais.

Caso alguém encontre um morcego em situação atípica – como durante o dia ou se debatendo no chão –, o recomendado é acionar a vigilância sanitária local e evitar qualquer tentativa de manuseio.

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Ilha turística brasileira recebe título de área de conservação de morcegos

Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) atuam no monitoramento de morcegos que vivem em Ilha Grande, no município de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense. O objetivo é preservar, mas também saber mais sobre estes animais.

Este trabalho já possibilitou a identificação de uma nova espécie no estado. E agora ajudou a ilha a receber o título de Área de Importância para a Conservação dos Morcegos, uma certificação que ajuda na proteção dos morcegos.

Ilha Grande é uma das áreas com a maior variedade de espécies

  • Concedida pela Rede Latino-americana e do Caribe para Conservação dos Morcegos, esta designação reconhece áreas que abrigam espécies de interesse nacional ou regional para conservação.
  • Também leva em conta espaços que contam com refúgios usados para uma ou mais espécies de interesse para conservação ou têm uma grande riqueza de espécies, independentemente do seu nível de ameaça.
  • Ilha Grande é uma das áreas com a maior variedade de morcegos do estado do Rio de Janeiro.
  • São 37 espécies reconhecidas, o que representa 19,9% das espécies conhecidas no Brasil.
  • Pesquisadores da Uerj esperam que o reconhecimento incentive as pessoas a saber mais sobre estes animais.
Ilha brasileira abriga uma diversidade de morcegos (Imagem: charlestondavid/Shutterstock)

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Importância dos morcegos

Os morcegos são mamíferos que possuem finas membranas conectando os dedos, que formam asas. Além de voar, eles se deslocam e caçam com a ajuda do som, emitindo ondas sonoras que, ao atingir obstáculos, retornam e são percebidas pelos animais.

Existem animais frugívoros, que comem frutas e, até mesmo sem querer, ajudam na dispersão de sementes, no reflorestamento e na polinização de flores, sobretudo para as que só desabrocham à noite. E também aqueles que se alimentam de insetos, ajudando a controlar tanto pragas agrícolas quanto mosquitos que transmitem doenças.

Conhecer mais sobre os morcegos ajuda a preservar estes animais (Imagem: CHANUN.V/Shutterstock)

Há, ainda, os que se alimentam de pequenos vertebrados, como lagartixas e pequenos ratos. Os hematófagos, por fim, são os mais temidos. Eles se alimentam de sangue, podendo caçar antas, tatus e grandes aves.

Com o desmatamento e o crescimento das cidades, os morcegos estão cada vez mais perto das pessoas. Essa proximidade traz a necessidade de uma maior conscientização da população, justamente o que a nova certificação pode ajudar a fazer.

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Resposta para melhorar combate a vírus letais pode estar nos morcegos

Pesquisadores da Universidade Estadual de Washington (WSU), nos EUA, deram um passo importante para desvendar por que morcegos conseguem conviver com vírus altamente perigosos, como os coronavírus e hantavírus, sem apresentarem sintomas.

A equipe liderada pelo virologista Michael Letko desenvolveu duas novas linhagens celulares derivadas de morcegos, que agora estão disponíveis para a comunidade científica por meio de um repositório público. O trabalho foi publicado na revista PLOS Biology.

Essas linhagens, criadas a partir de células renais do morcego-de-cauda-curta-de-Seba (Carollia perspicillata), permitem estudar com mais precisão como o sistema imunológico dos morcegos lida com infecções virais.

Até então, a maioria dos estudos usava células humanas ou de roedores, o que limitava o entendimento sobre a tolerância única dos morcegos.

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Cientistas desenvolvem linhagens celulares de morcegos para estudar imunidade e comportamento de vírus perigosos (Imagem: Wirestock Creators / Shutterstock)

Descobertas do estudo

  • Os testes mostraram que essas novas células conseguem suportar infecções por uma variedade de vírus, com destaque para os coronavírus e ortohantavírus — incluindo o vírus Sin Nombre, que causou recentemente uma infecção fatal no estado de Washington, onde fica a WSU.
  • Segundo Letko, os morcegos são hospedeiros naturais de muitos vírus perigosos para humanos e animais, mas poucas ferramentas estavam disponíveis para investigar esse fenômeno em laboratório.
  • As linhagens celulares existentes são escassas, antigas (algumas da década de 1960) e nem sempre compatíveis com os vírus de interesse atual.
  • As novas linhagens oferecem respostas imunes mais realistas e são um recurso valioso para pesquisas futuras.

Novos planos para prevenção de surtos podem aparecer

Além de fornecer novas ferramentas, a equipe da WSU também compartilhou abertamente as linhagens com outros laboratórios, promovendo colaboração científica.

O objetivo agora é usar essas células para investigar como os morcegos evitam os danos causados por infecções virais — o que pode abrir caminhos para novas terapias antivirais e estratégias de prevenção de surtos em humanos.

Nova linhagem celular de morcegos pode explicar sua resistência a vírus letais e guiar novas estratégias de combate a epidemias – Imagem: Shutterstock/Griffin Gillespie

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Morcegos podem identificar se um pedido de socorro é real, revela estudo

Os morcegos podem ser animais fascinantes e um novo estudo confirma isso. Segundo pesquisadores, os animais têm uma capacidade de comunicação invejável, podendo, inclusive, identificar quando um pedido de ajuda é real ou falso.

O trabalho analisou a espécie Saccopteryx bilineata, que vive no Panamá. Quando correm perigo, estas criaturas costumam emitir chamados de socorro que são prontamente atendidos por outros membros do grupo.

Alertas falsos são simplesmente ignorados

  • De acordo com os cientistas, os morcegos reconhecem a voz de seus companheiros e até conseguem avaliar se a situação é realmente de perigo.
  • O estudo mostrou, por exemplo, que se um chamado vier de um animal que visivelmente está em segurança, ele simplesmente é ignorado.
  • A descoberta sugere que eles são capazes de combinar o que veem com o que ouvem para decidir se devem agir ou não.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Current Biology.
Morcegos reconhecem a voz de seus companheiros (Imagem: Wirestock Creators/Shutterstock)

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Morcegos são mais complexos do que se imaginava

Para chegar a esta descoberta, os pesquisadores reproduziram gravações dos chamados de socorro. Quando o pedido de ajuda vinha de um morcego que não estava por perto, os outros rapidamente reagiam.

No entanto, se o som era de um morcego que estava visível e fora de perigo, não havia reação alguma do grupo. Isso indica que, os animais não respondem automaticamente a um pedido de ajuda, sendo capazes de analisar a situação.

Morcego voando
Morcegos apresentam comportamento semelhante ao dos humanos (Imagem: Carl Allen/Shutterstock)

O comportamento é semelhante ao que acontece com os humanos, por exemplo. A descoberta aponta que os morcegos são mais complexos do que se imaginava e novos estudos devem ser realizados com estes animais.

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