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Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o alerta é claro: preservar o planeta é urgente, mas também vantajoso economicamente. Apesar do aumento de desastres naturais, ainda há quem veja a proteção ambiental como um custo desnecessário. Mas um novo estudo do World Resources Institute (WRI) mostra que investir em adaptação climática traz benefícios financeiros.
Segundo o levantamento, esses projetos evitam perdas com desastres, geram empregos, aumentam a produtividade e melhoram a saúde pública e a biodiversidade. Boa parte desses ganhos ocorre mesmo sem eventos climáticos extremos, o que reforça o valor contínuo.
Agravamento de desastres torna urgente a necessidade de financiarmos uma adaptação climática (Imagem: remotevfx / iStock)
Além disso, muitos investimentos também ajudam a reduzir emissões de carbono, unindo adaptação e preservação. O WRI recomenda que os governos adotem essa abordagem nos planos de desenvolvimento e usem métricas padronizadas para avaliar os impactos.
Outro estudo, da ONG Germanwatch, expõe o peso dos eventos extremos entre 1993 e 2022: quase 800 mil mortes e prejuízos de US$ 4,2 trilhões (mais de R$ 24 trilhões). Estamos falando de vítimas de tempestades, inundações, secas, ondas de calor e incêndios florestais, por exemplo. Foram mais de 9.400 eventos extremos nesse período – um retrato da urgência climática.
Tudo isso reforça o apelo por ações concretas e estruturadas rumo à COP30, marcada para 2025 em Belém, que poderá se tornar um marco global na integração da resiliência às políticas públicas. Para isso, os planos precisam sair do papel.
COP30 poderá ser marco para que ações concretas sejam tomadas (Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)
Será que dá tempo de reverter a situação do planeta e cumprir as metas do Acordo de Paris? E qual a expectativa para a COP 30? O Brasil pode servir de exemplo para o mundo em termos de sustentabilidade?
Quem fala sobre isso no Olhar Digital News de hoje é Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da USP e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Acompanhe!
Uma pesquisa liderada por Thorsten Mauritsen, professor do departamento de meteorologia da Universidade de Estocolmo, na Suécia, alerta que o desequilíbrio energético da Terra está aumentando mais rápido do que o previsto.
Esse desequilíbrio ocorre quando a quantidade de energia solar que entra na Terra é maior do que a energia que sai. A consequência disso é o aquecimento do planeta, que pode se intensificar com o tempo. Segundo o estudo, publicado na revista científica AGU Advances, esse crescimento tem sido mais acelerado do que os modelos climáticos previam.
De acordo com os dados mais recentes, o planeta absorveu, em 2023, cerca de 1,8 watts por metro quadrado a mais do que emitiu. Esse número é o dobro do que os cientistas esperavam com base nas emissões de gases de efeito estufa. Mesmo após todas as análises, os pesquisadores ainda não sabem exatamente o motivo desse aumento tão rápido.
O desequilíbrio energético da Terra está crescendo devido às emissões de gases de efeito estufa, mas outros fatores também contam. Crédito: NASA / CERES
Desequilíbrio energético revela agravamento das mudanças climáticas
O desequilíbrio energético é um dos principais sinais de que as mudanças climáticas estão se intensificando. Isso acontece porque os gases poluentes, como o dióxido de carbono (CO₂), retêm o calor na atmosfera. Assim, menos energia escapa para o espaço e mais calor fica preso na Terra. Como resultado, as temperaturas sobem, as geleiras derretem e os oceanos esquentam.
Uma das formas mais precisas de medir esse desequilíbrio é usando satélites. Eles conseguem observar diretamente a quantidade de energia que entra e sai do planeta. Atualmente, a NASA tem quatro satélites que fazem esse trabalho por meio da missão CERES. Mas todos estão no fim de sua vida útil e devem ser substituídos apenas em 2027 por um novo satélite, chamado Libera.
O problema, segundo os cientistas, é que o Libera será um único satélite. Isso aumenta o risco de falhas e pode dificultar a continuidade das medições. Além disso, sem instrumentos que funcionem ao mesmo tempo para comparação, fica difícil verificar se os dados são confiáveis. A falta de sobreposição nas observações pode gerar lacunas importantes nos registros.
Se os satélites pararem de funcionar antes do lançamento do Libera, os pesquisadores correm o risco de perder dados essenciais. A segunda melhor opção para medir o desequilíbrio são os dados de temperatura dos oceanos. No entanto, eles demoram cerca de 10 anos para refletir o que está acontecendo com o clima, o que atrasa a resposta a possíveis crises.
“Esses satélites nos dão informações com uma década de antecedência”, explicou Thorsten Mauritsen ao site Live Science. “É por isso que é tão importante mantê-los funcionando. Sem eles, ficamos quase cegos em relação ao sistema climático.” Ele afirma que, embora os modelos climáticos sejam úteis, eles não conseguem explicar o crescimento acelerado do desequilíbrio nos últimos anos.
Inicialmente, os cientistas pensaram que o aumento poderia estar ligado a variações naturais, como o fenômeno El Niño, que altera padrões climáticos em todo o mundo. Mas, com o tempo, perceberam que a tendência persistia mesmo fora desses ciclos naturais. “Quando o aumento continuou, comecei a ficar realmente preocupado”, disse Mauritsen.
O desequilíbrio energético da Terra mais do que dobrou nas últimas duas décadas, alarmando os cientistas. Crédito: Figura de Mauritsen et al. (2025) em AGU Advances
Uma das hipóteses levantadas para esse crescimento inesperado é a diminuição da capacidade da Terra de refletir a luz do Sol. Superfícies como calotas polares e nuvens ajudam a enviar parte da energia solar de volta ao espaço. Mas, com o derretimento do gelo e a diminuição de certos tipos de poluição, que antes formavam aerossóis refletivos, a Terra pode estar absorvendo mais calor do que antes.
Mesmo assim, os cientistas admitem que ainda não sabem ao certo o que está por trás desse aumento. “Algo está faltando nos modelos, mas não sabemos o que é”, afirmou Mauritsen. Essa incerteza aumenta a urgência por mais estudos e melhores equipamentos de medição. Sem isso, fica difícil prever como o planeta vai reagir nos próximos anos.
Os satélites fornecem a imagem mais atualizada e de alta resolução do desequilíbrio energético da Terra. Crédito: NASA / CERES
Outro ponto importante é que o desequilíbrio energético indica o quanto o ser humano já pressionou o clima da Terra. Também mostra o que será necessário fazer para reverter ou estabilizar esse processo. “Esperamos que as temperaturas parem de subir quando pararmos de queimar combustíveis fósseis”, disse Mauritsen. “Mas, se o desequilíbrio continuar alto, talvez isso não seja suficiente.”
Em 2024, as medições indicaram que o desequilíbrio energético voltou aos níveis previstos pelos modelos. Isso é um alívio temporário, mas não garante que a tendência se manterá. “Pode ser que continue assim nos próximos anos”, disse o pesquisador. “Mas, se voltar a subir bruscamente, não sabemos qual será o próximo passo.”
Além da missão Libera, cientistas da NASA chegaram a propor uma nova forma de medir o desequilíbrio com satélites esféricos. Esses equipamentos teriam sensores capazes de captar radiação de todos os lados e integrar essas informações para calcular a energia com mais precisão. No entanto, cortes no orçamento dificultaram o avanço desse projeto.
No artigo, Mauritsen e sua equipe alertam que, sem dados confiáveis, as decisões sobre o futuro do planeta podem ser tomadas no escuro. “Precisamos saber até onde empurramos o clima. Sem essas medições, estamos tentando pilotar o sistema climático com os olhos vendados.”
Um estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Solid Earth revela por que o solo da África do Sul está se elevando até dois milímetros por ano. Antes, acreditava-se que isso ocorria por causa de movimentos profundos no interior da Terra. Mas os pesquisadores agora apontam que o verdadeiro motivo está a perda de água no solo, resultado das secas intensas provocadas pelas mudanças climáticas.
A descoberta foi feita com a ajuda de estações de um Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), espalhadas por diversas regiões do país. Essas estações, normalmente usadas para estudar a atmosfera, também fornecem dados precisos sobre a altura do terreno. Entre 2012 e 2020, os dados mostraram uma elevação média de seis milímetros.
Inicialmente, a elevação do solo foi atribuída a uma área geológica chamada hotspot de Quathlamba, onde uma coluna de material do manto terrestre estaria empurrando a crosta de baixo para cima. No entanto, o novo estudo testou uma hipótese diferente – a de que a perda de água no solo e no subsolo poderia estar por trás do fenômeno.
Regiões da África do Sul que passaram por secas mais severas mostraram os aumentos mais significativos no nível do solo. Crédito: Vladimir Konstantinov – Shutterstock
Descoberta na África do Sul abre portas para novas formas de monitorar secas
Para isso, os cientistas cruzaram os dados de altura com informações sobre chuvas, secas e umidade. O resultado foi claro: as regiões que passaram por secas mais severas mostraram os maiores aumentos no nível do solo. O efeito foi especialmente forte durante a seca de 2015 a 2019, quando a Cidade do Cabo quase ficou sem água no chamado “dia zero”.
A equipe também usou dados da Agência Espacial Europeia (ESA), da NASA e do Centro Aeroespacial Alemão. O satélite GRACE, da ESA, mede pequenas mudanças na gravidade da Terra, que variam conforme a quantidade de água no solo. Mesmo com resolução limitada, os dados confirmaram que as áreas com menos água tiveram maior elevação.
Modelos hidrológicos de alta precisão reforçaram a ideia. Eles mostraram que a perda de água pode, sim, fazer o solo se expandir. Quando a água some, o solo perde peso. Isso pode causar um leve “inchaço” da superfície terrestre.
Além de mostrar mais um efeito das mudanças climáticas, o estudo também abre portas para novas formas de monitorar secas. Os dados GNSS são baratos, fáceis de obter e podem ajudar a rastrear a perda de água subterrânea, cada vez mais usada para agricultura e consumo humano.
Uma pesquisa recém-publicada na revista Communications Earth & Environment encontrou um novo aliado na luta contra o aquecimento da Antártida: cocô de pinguim. Cientistas descobriram que os excrementos dessas aves liberam amônia, um gás que ajuda na formação de nuvens sobre o continente gelado. Essas nuvens funcionam como um “guarda-sol”, bloqueando parte da radiação solar e ajudando a manter a região mais fria.
O estudo foi liderado por Matthew Boyer, cientista atmosférico da Universidade de Helsinque, na Finlândia. À agência de notícias AFP, ele explicou que a amônia já era conhecida por contribuir para a formação de nuvens em laboratório. O que faltava era comprovar esse efeito diretamente na atmosfera da Antártida, algo que os pesquisadores conseguiram com medições feitas no local.
A Antártida é ideal para esse tipo de observação porque tem quase nenhuma poluição e pouca vegetação, que são outras fontes comuns de gases que formam nuvens. Isso torna os pinguins as principais fontes naturais de amônia na região. No entanto, o futuro dessas aves está ameaçado pelo derretimento do gelo marinho, que afeta seus hábitos de reprodução, alimentação e proteção.
Um pinguim-de-adelia. Os pinguins lideram emissão natural de amônia na Antártida, mas derretimento do gelo ameaça sua sobrevivência e reprodução desses animais. Crédito: GRID-Arendal por Peter Prokosch via Flickr
Sinergia entre pinguins e fitoplâncton aumenta formação de nuvens na Antártida
Assim como outras aves marinhas, os pinguins eliminam um tipo de fezes líquidas chamado guano, uma mistura de excrementos e urina liberada pela cloaca rica em amônia. Quando o gás se mistura com compostos de enxofre liberados pelo fitoplâncton (pequenos organismos que vivem no mar), aumenta a formação de partículas minúsculas no ar, chamadas aerossóis, essenciais para que as nuvens se formem.
Para medir esse processo, a equipe instalou equipamentos na Base Marambio, na Ilha Seymour, localizada na ponta da Península Antártica. Durante três meses de verão, época em que os pinguins estão em colônias e o fitoplâncton floresce, os cientistas monitoraram o vento, os níveis de amônia e a quantidade de aerossóis no ar.
Colônia de pinguins-de-adélia. Crédito: Lin Padgham – Creative Commons
Quando o vento soprava de uma colônia com cerca de 60 mil pinguins da espécie Pygoscelis adeliae (pinguins-de-adélia), os níveis de amônia no ar aumentavam até mil vezes em relação ao normal. Mesmo depois que os animais partiram na migração anual, a concentração de amônia continuava alta por mais de um mês, devido ao solo encharcado de guano, que funcionava como uma “fonte lenta” do gás.
As medições mostraram que, sempre que o vento vinha da colônia, havia aumento na quantidade de partículas no ar, com nuvens tão densas que, às vezes, formavam névoas visíveis. A análise química das partículas confirmou que a origem da amônia era mesmo o cocô dos pinguins.
Boyer chama esse processo de “sinergia” entre pinguins e fitoplâncton. Juntos, eles aumentam a formação de nuvens na região. Os pesquisadores alertam que, se as populações de pinguins diminuírem, isso pode reduzir a cobertura de nuvens e, assim, acelerar o aquecimento do verão antártico. Embora essa hipótese ainda precise de mais estudos, o alerta é claro.
As nuvens geralmente ajudam a resfriar a Terra, refletindo a luz do Sol. Mas seu efeito varia dependendo do que está abaixo delas. Sobre o gelo, por exemplo, elas podem reter calor em vez de refletir. Mesmo assim, o estudo mostra como a vida e a atmosfera estão intimamente ligadas. Até o cocô dos pinguins tem um papel importante na luta contra as mudanças climáticas.
Pesquisadores da Universidade de Tulane, EUA, identificaram como padrões climáticos El Niño e La Niña afetam quase metade das florestas de manguezais de todo o mundo — ecossistemas costeiros vitais para enfrentar as mudanças climáticas.
O estudo publicado na Nature Geoscience usou dados coletados por satélites entre 2001 e 2020. O bioma é caracterizado por arbustos ou árvores que crescem em matagais densos, principalmente em águas costeiras salinas ou salobras.
Esse é o primeiro levantamento a demonstrar padrões em escala global de como o fenômeno influencia o crescimento e a degradação dos manguezais.
Até então, os impactos só haviam sido documentados em locais individuais, como uma drástica mortandade no norte da Austrália em 2015, quando mais de 40 milhões de árvores de mangue pereceram ao longo de um trecho de 1.930 quilômetros de litoral.
Mudanças no nível do mar foram apontadas como o principal fator por trás dos padrões (Imagem: Daniel Friess/Reprodução)
Relembrando…
El Niño é um padrão climático de mudanças de temperatura e ventos no Oceano Pacífico que afeta o clima global. O El Niño traz águas quentes para o Pacífico oriental, enquanto o La Niña traz águas frias.
Essas mudanças interrompem as chuvas, tempestades e temperaturas em todo o mundo, causando inundações, secas e mudanças na atividade de furacões.
O fenômeno El Niño é conhecido por provocar o branqueamento de corais, secas, incêndios florestais e, agora, pesquisadores confirmaram que ele também desempenha um papel importante na saúde dos manguezais.
O estudo identificou um impressionante efeito de “gangorra”: durante eventos de El Niño, os manguezais no Pacífico Ocidental sofrem degradação generalizada, enquanto os do Pacífico Oriental apresentam crescimento acelerado. O oposto ocorre durante eventos de La Niña, com crescimento no oeste e declínio no leste.
Bioma é caracterizado por arbustos ou árvores que crescem em matagais densos em área costeira (Imagem: Daniel Friess/Reprodução)
As mudanças no nível do mar foram apontadas como o principal fator por trás desses padrões. Por exemplo, o fenômeno El Niño frequentemente causa a queda temporária do nível do mar no Pacífico Ocidental, aumentando a salinidade do solo e levando à morte gradual dos manguezais.
A análise foi feita a partir do Índice de Área Foliar, que mede a produtividade das plantas com base na densidade foliar, juntamente com conjuntos de dados oceânicos e climáticos para avaliar a saúde dos manguezais ao longo do tempo.
“Os manguezais são um dos ecossistemas mais valiosos do planeta, mas vivem em um equilíbrio delicado com o meio ambiente”, disse Daniel Friess, coautor do estudo. “Uma melhor compreensão de como esse habitat único é influenciado pelas mudanças nas condições ambientais nos ajudará a conservá-los e restaurá-los.”
Imagine um país com luz solar abundante, ventos constantes e rios caudalosos – um verdadeiro paraíso para energias renováveis. Esse é o Brasil, que já conta com mais de 80% de sua matriz elétrica proveniente de fontes limpas, como hidrelétricas, eólicas e solares.
Por isso, os recentes movimentos que indicam um possível retorno às fontes fósseis parecem destoar desse cenário favorável às energias alternativas.
Em janeiro de 2025, o presidente Lula vetou a parte do Projeto de Lei 576/2021 que obrigava a contratação de termelétricas a carvão mineral até 2050.
Ainda assim, em abril, o assunto voltou à tona com o cancelamento do Leilão de Reserva de Potência de 2025, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Conforme destaca a revista The Conversation, 327 projetos fizeram lances para fornecer energia de reserva, sendo que 97% deles envolvem termelétricas a gás e carvão, que são mais caras e poluentes.
Termelétricas no banco de reservas: o plano B que custa caro ao Brasil
Pense na energia de reserva como um extintor de incêndio: você espera nunca usar, mas precisa ter à mão. No setor elétrico, ela serve para cobrir falhas, apagões ou picos de consumo. Para garantir essa “energia de emergência”, o governo promove leilões que escolhem quem estará de prontidão. E adivinhe: são quase sempre as termelétricas que vencem.
Energia solar cresce como alternativa limpa, enquanto termelétricas ainda sustentam parte de nossa matriz (Imagem: Andre Nery/Shutterstock)
Nos leilões de potência de reserva, usinas térmicas levam vantagem. Elas são vistas como confiáveis e flexíveis, prontas para ligar em minutos. Em um dos certames mais recentes, 97% da capacidade cadastrada era de termelétricas. Hidrelétricas representaram apenas 3%. É uma aposta clara em soluções rápidas, mas nem sempre sustentáveis.
O problema é que esse “seguro energético” tem um preço alto. Termelétricas consomem muito combustível, poluem mais e encarecem a conta de luz. É como garantir estabilidade com uma mochila cheia de tijolos: funciona, mas há formas mais leves e inteligentes de se preparar para emergências.
Dá pra fazer diferente e melhor
A boa notícia é que o Brasil não precisa escolher entre apagões e fumaça. Existem, atualmente, caminhos viáveis para substituir a dependência das termelétricas por alternativas mais limpas, econômicas e eficientes. Uma dessas opções é o investimento em programas robustos de eficiência energética. Por meio deles, é possível reduzir o consumo sem comprometer o conforto ou a produtividade.
Dá pra fazer diferente — e melhor: eficiência energética reduz o consumo sem perder conforto (Imagem: BOY ANTHONY/Shutterstock)
Além disso, soluções híbridas ganham destaque. Ao combinar fontes como solar, eólica e hídrica em uma mesma usina, é possível compensar a intermitência natural de cada uma delas. Essa integração torna a geração mais estável e otimiza o uso da infraestrutura já existente.
Também é possível transformar o velho em novo. Térmicas a gás podem ser adaptadas para funcionar com biomassa, aproveitando resíduos agrícolas que antes iam para o lixo. E com políticas públicas certas – redes inteligentes, geração distribuída, estímulo à inovação – o Brasil pode descentralizar sua energia e dar mais autonomia ao consumidor. O futuro da eletricidade já está ao nosso alcance. Só falta ligar o interruptor certo.
Os cientistas são claros. Já passou (e muito) da hora de agirmos para combater as mudanças climáticas. Uma das medidas mais urgentes está na ponta da língua de todo mundo: reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Mas outras alternativas estão sendo desenvolvidas.
Uma delas é a construção de uma espécie de escudo solar. A ideia será colocada em prática por uma equipe de cientistas nas próximas semanas e conta com o apoio e incentivo do governo do Reino Unido, apesar de ser polêmica. O plano será acompanhado pela Agência de Pesquisa e Invenção Avançada do Reino Unido (Aria).
Ideia é refletir a luz solar e resfriar o planeta
O experimento consiste em liberar partículas aerossolizadas na estratosfera, com o objetivo de refletir a luz solar. Se der certo, isso geraria um resfriamento do planeta, o que pode ser usado para combater as mudanças climáticas.
Experimento visa reduzir temperatura do planeta (Imagem: Aphelleon/Shutterstock)
Como é considerado de alto risco, o teste será realizado em escala reduzida e os dados coletados serão avaliados. A Agência de Pesquisa e Invenção Avançada do Reino Unido garantiu que nenhuma substância tóxica será liberada.
Além disso, as comunidades locais devem ser consultadas antes de prosseguir com o plano, o que está previsto para acontecer nas próximas semanas. No total, foram investidos 50 milhões de libras no projeto, o equivalente a quase R$ 380 milhões.
O professor Mark Symes, que lidera o programa Aria, afirmou que a ameaça iminente de pontos de inflexão climática é um forte motivo para pesquisar a geoengenharia solar.
“A verdade incômoda é que nossa trajetória atual de aquecimento torna vários desses pontos de inflexão claramente possíveis ao longo do próximo século”, disse ele em entrevista ao The Guardian. “Isso tem gerado um interesse crescente em abordagens que possam resfriar ativamente o mundo em um curto espaço de tempo, a fim de evitar esses pontos de inflexão.”
Críticos da proposta afirmam que o foco deve ser a redução da emissão de gases de efeito estufa (Imagem: DesignRage/Shutterstock)
Escudo solar divide opiniões na comunidade científica
Propostas do tipo são chamadas de geoengenharia e normalmente se concentram no bloqueio da luz solar.
Teoricamente, isso pode ser feito a partir do lançamento de partículas reflexivas na atmosfera ou da pulverização de água do mar para iluminar as nuvens.
No entanto, especialistas alertam que o gerenciamento da radiação solar (SRM) pode ter consequências graves e não intencionais, incluindo a alteração dos padrões de chuva.
Alguns cientistas ainda dizem que experimentos do tipo diminuem os esforços para resolver o principal problema: a queima de combustíveis fósseis.
O Império Romano é um dos mais lembrados da história e os motivos de sua queda são discutidos até hoje. De acordo um novo estudo, uma era glacial pouco conhecida pode ter influenciado diretamente no destino dos romanos.
As conclusões fazem parte de uma análise feita em rochas com características incomuns. Elas foram identificadas na costa oeste da Islândia e teriam sido transportadas por icebergs oriundos da Groenlândia entre os anos 540 e 800 d.C.
Pequena Idade do Gelo Antiga
Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, da Queen’s University, no Canadá, e da Academia Chinesa de Ciências explicam que esse período coincide com um evento de resfriamento climático extremo. Ele é conhecido como Pequena Idade do Gelo Antiga e foi exatamente quando ocorreu o colapso da potência da época.
Pedras incomuns foram identificadas na Islândia (Imagem: Christopher Spencer/Queen’s University)
A equipe sugere que a abrupta queda de temperatura pode ter sido um fator decisivo para a desestabilização de um império já enfraquecido por crises internas e externas. A nova pesquisa aponta ainda que a era glacial foi provavelmente desencadeada por três grandes erupções vulcânicas consecutivas.
As nuvens de cinzas lançadas na atmosfera teriam bloqueado a luz do Sol e provocado uma queda expressiva nas temperaturas globais. O estudo, publicado na revista Geology, afirma que as descobertas fortalecem “a hipótese de que um curto, porém severo, período de resfriamento pode ter precipitado uma série de migrações em massa que alteraram profundamente o cenário político e social da Europa”.
Rochas seriam originárias da Groenlândia (Imagem: Ross Mitchell/Academia Chinesa de Ciências)
Impacto das mudanças climáticas foi extremo para os romanos
Durante o trabalho, os cientistas analisaram rochas encontradas na Islândia.
Eles perceberam que os tipos de materiais eram diferentes de qualquer outro material geológico da ilha.
Assim, começaram a rastrear a origem deles até chegar em regiões específicas da Groenlândia.
Segundo os pesquisadores, estas rochas foram transportadas para a Islândia por icebergs durante o século VII.
A descoberta não apenas fornece novas pistas sobre o impacto das mudanças climáticas na antiguidade, mas confirma como fenômenos naturais distantes podem desencadear transformações profundas em grandes civilizações.
Um estudo liderado pela Universidade de Columbia, em parceria com a Universidade Johns Hopkins e a Academia Chinesa de Ciências, revelou que as mudanças climáticas podem elevar significativamente os níveis de arsênio inorgânico (tóxico) no arroz, um dos alimentos mais consumidos no mundo, especialmente na Ásia.
O trabalho, publicado no periódico The Lancet Planetary Health, alerta para riscos sérios à saúde pública até 2050, caso o aquecimento global ultrapasse os 2°C.
O que o estudo descobriu
Utilizando experimentos em campo com 28 variedades de arroz ao longo de uma década, os cientistas demonstraram que o aumento da temperatura e dos níveis de CO₂ altera a química do solo e favorece a absorção de arsênio pelas plantas.
Esse elemento tóxico está associado a diversas doenças, incluindo câncer de pulmão, bexiga e pele, além de problemas cardiovasculares, diabetes, distúrbios neurológicos e complicações na gravidez.
Com base em projeções de consumo de arroz e peso corporal para sete países asiáticos (Bangladesh, China, Índia, Indonésia, Mianmar, Filipinas e Vietnã), os pesquisadores estimaram um crescimento significativo nos casos de câncer relacionados ao arroz contaminado por arsênio.
A China deve ser a mais afetada, com uma projeção de 13,4 milhões de novos casos ao longo da vida até 2050.
Cientistas projetam aumento de milhões de casos de câncer até 2050 em países asiáticos devido ao acúmulo de arsênio no arroz causado por mudanças climáticas (Credito: Miracle Stock/Shutterstock)
Diante desse cenário preocupante, os autores do estudo recomendam ações urgentes, como o melhoramento genético de cultivares de arroz para reduzir a absorção de arsênio, manejo adequado do solo, melhorias no processamento do grão e campanhas de saúde pública voltadas para o monitoramento e a conscientização sobre os riscos.
Para os pesquisadores, o estudo reforça a ligação entre mudanças climáticas e segurança alimentar, destacando a necessidade de políticas globais que considerem os impactos indiretos do aquecimento global sobre a saúde humana.
Arsênio no arroz: calor e CO₂ favorecem absorção do metal tóxico pelo grão, elevando riscos de câncer e doenças crônicas – Imagem: Suwan Wanawattanawong/Shutterstock
O Mar Cáspio banha países como o Azerbaijão, Irã, Cazaquistão, Rússia e Turcomenistão. Apesar do nome, ele é o maior lago de água salgada do mundo, sendo fundamental para a existência de diversas espécies.
O problema é que ele está simplesmente desaparecendo com o aumento das temperaturas médias do planeta, um dos efeitos das mudanças climáticas. De acordo com uma nova pesquisa, isso pode acabar liberando uma poeira tóxica na região.
Nível do lago pode cair até 21 metros
Segundo pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, mesmo que o aumento das temperaturas seja inferior a 2°C, é provável que o Mar Cáspio perca 112.000 km² de tamanho.
Já no pior caso, os níveis de água podem cair até 21 metros até 2100.
As conclusões fazem parte de um trabalho de mapeamento feito na região.
Os cientistas descobriram que o desaparecimento do lago pode trazer impactos dramáticos para a biodiversidade e a infraestrutura humana.
Até mesmo a nossa saúde pode ser impactada, já que se o fundo do lago for exposto, uma nuvem de poeira contendo contaminantes industriais e sal será liberada.
Um dos maiores impactos do encolhimento do lago se dará na população de focas do Cáspio. Estes animais são encontrados exclusivamente na água salobra do Mar Cáspio, onde se adaptaram a grandes oscilações de temperatura.
Com o passar dos anos, no entanto, o número de focas vem diminuindo e a espécie foi listada como ameaçada de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) em 2008. Estas criaturas são prejudicadas por ações humanas, como perfuração de petróleo e gás, transporte marítimo e o aquecimento do planeta.
Encolhimento do lago é resultado do aumento das temperaturas médias globais (Imagem: simon jhuan/Shutterstock)
Além das focas, o Mar Cáspio também é um habitat importante para aves que migram entre a Europa, Ásia e África. Elas dependem de lagoas costeiras e canaviais para descansar, buscar abrigo e se alimentar durante as migrações, mas o recuo das águas coloca tudo isso em risco.
Outro impacto será nos humanos. Mais de 15 milhões de pessoas vivem ao redor da costa do lago e dependem das águas para pesca, navegação e comércio.
No norte do Cáspio, as descobertas mostram que alguns assentamentos, portos e instalações industriais podem acabar ficando inutilizados pela diminuição do nível da água.