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Qual é a múmia mais antiga já encontrada?

Os arqueólogos descobrem novos achados constantemente, e, em alguns casos, essas descobertas incluem múmias. Essa informação é relevante porque o título de “múmia mais antiga já encontrada” pode mudar a qualquer momento (como já aconteceu no passado). Além disso, a datação dos exemplares pode ser questionada (como também já ocorreu). Por isso, responder a essa pergunta pode ser bastante complexo, mas vamos aos fatos.

O tema voltou a gerar dúvidas recentemente com a publicação de um artigo na revista American Antiquity, que revelou mais detalhes sobre a descoberta do Spirit Cave Man, ocorrida em 1940. A múmia, encontrada em uma caverna no estado de Nevada, nos Estados Unidos, pertencia a um nativo americano.

Inicialmente, os arqueólogos estimaram que a múmia tinha menos de 2 mil anos. No entanto, uma datação por radiocarbono realizada em 1997 revelou que o corpo foi enterrado na caverna há 10.700 anos. Seria esse, então, o exemplar de mumificação mais antigo já conhecido no planeta?

Imagem: Museu do Estado de Nevada

A resposta não é tão simples. Existe uma diferença entre mumificação natural e mumificação intencional, e, normalmente, quando falamos de múmias antigas, referimo-nos a casos intencionais, como os do Antigo Egito.

Embora o corpo de Spirit Cave estivesse envolto em esteiras de fibra vegetal e uma mortalha de pele animal, ele não foi intencionalmente mumificado. O processo ocorreu por secagem natural devido ao clima desértico da caverna.

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Então, qual é a múmia mais antiga do mundo?

Spirit Cave Man é um caso bastante raro e, se considerarmos apenas múmias naturais, seria o mais antigo já encontrado. Porém, se nos referirmos a múmias que foram intencionalmente mumificadas, o título passa para outro achado.

Nesse caso, a coroa fica com a famosa múmia do Vale do Sado, em Portugal, descoberta em 2021 e datada de aproximadamente 8.000 anos atrás (6.000 a.C.). Pesquisadores da Universidade de Uppsala (Suécia) e da Universidade de Lisboa identificaram sinais de embalsamamento intencional. O solo seco e salino da região ajudou na preservação, mas as evidências de manipulação confirmam que se tratou de um processo ritualístico.

Imagem: Peyroteo-Stjerna et al/European Journal of Archaeology

O corpo foi amarrado em posição fetal para expelir líquidos e preenchido com terra e argila para manter sua forma. A descoberta mostrou que as técnicas de mumificação são mais antigas do que se imaginava.

Até então, a múmia mais antiga conhecida datava de 5.000 a.C., encontrada no deserto do Atacama, no Chile. O processo teria sido realizado pelos Chinchorros, uma antiga civilização que habitou regiões da América do Sul, entre o atual Chile e o Peru.

Diferentemente dos egípcios, que mumificavam principalmente membros da elite, os Chinchorros preservavam homens, mulheres e até crianças, sugerindo um aspecto mais igualitário e ritualístico em suas práticas.

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Imagem: World History Documentaries

E as múmias do Egito?

As famosas múmias egípcias ficariam em terceiro (ou quarto) lugar nessa lista. Apesar de serem a civilização mais associada à mumificação, não foram os primeiros a realizar esse tipo de ritual.

No Egito, os exemplares mais antigos datam de cerca de 2.400 a.C. A múmia de Tutancâmon, por exemplo – conhecida por ter sido encontrada em uma tumba praticamente intacta –, foi descoberta em 1922 e tem aproximadamente 1.323 a.C., sendo bem mais recente que os achados de Portugal e do Chile.

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Múmia de 10 mil anos reescreve história das Américas

As múmias não foram uma exclusividade dos egípcios. O uso desta técnica para preservar os restos mortais de falecidos também foi uma marca de povos que habitaram as regiões onde hoje fica o Chile e o Peru, por exemplo.

Mas a mumificação também foi importante para um grupo de indígenas americanos que apresenta laços genéticos estreitos com um misterioso povo.

Há mais de 10 mil anos, eles realizaram um enterro em uma caverna de Nevada, atual território dos Estados Unidos, que ajudou a reescrever a história da região.

Múmia mais antiga já encontrada

  • Descoberto pela primeira vez em 1940, o chamado Spirit Cave Man logo despertou a curiosidade dos arqueólogos.
  • Inicialmente, eles pensaram que a múmia tinha menos de 2 mil anos.
  • No entanto, uma datação por radiocarbono realizada em 1997 revelou que o corpo foi enterrado na caverna há 10.700 anos.
  • Isso significa que este é o exemplar de mumificação mais antigo já conhecido no planeta.
  • Agora, um estudo publicado na revista American Antiquity revela mais detalhes sobre a descoberta.
O corpo encontrado é três vezes mais velho que a múmia de Tutancâmon.
Máscara mortuária de Tutancâmon. (Imagem: Jaroslav Moravcik / Shutterstock.com)

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Linhagem genética ininterrupta foi confirmada

As análises confirmaram uma ligação entre a múmia e os nativos americanos atuais. Os resultados sugerem uma linhagem genética ininterrupta, além de revelar que o indivíduo antigo estava intimamente ligado aos primeiros humanos a pisar nas Américas.

As descobertas provaram que os Fallon Paiute-Shoshone e outras tribos são descendentes diretas do homem mumificado. Uma afirmação que corrobora com uma decisão judicial de 2018 que considerou os nativos americanos vitoriosos.

Os cientistas descobriram que um grupo ancestral chamado cultura Lovelock sobreviveu a uma grande seca na época, migrando temporariamente para altitudes mais altas. Diferentemente do que se pensava, este povo não desapareceu por volta de 1.250 d.C., mas sim fundiu-se com outras tribos, que resultaram na formação dos nativos americanos que existem até hoje.

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