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Ponto de encontro entre sapiens e neandertais descoberto

É um capítulo surpreendente da nossa pré-história: Homo sapiens e neandertais não apenas coexistiram, como também compartilharam muito mais do que território. Durante anos, a ciência buscou entender quando esses encontros aconteceram. Agora, uma nova pesquisa revela onde eles ocorreram com mais precisão do que nunca.

Ao mapear a distribuição geográfica dessas duas espécies no sudoeste da Ásia e sudeste da Europa, pesquisadores conseguiram localizar o provável cenário do primeiro contato entre nós e nossos parentes mais próximos, no fim do Pleistoceno.

A análise revelou um ponto de sobreposição geográfica claro entre as duas espécies humanas, as Montanhas Zagros. Essa imponente cadeia montanhosa, situada no planalto persa, se estende pelos atuais territórios do Irã, norte do Iraque e sudeste da Turquia.

Um encontro facilitado pela geografia

É o que diz recente artigo publicado plea IFLScience – as Montanhas Zagros criaram as condições perfeitas para este encontro. É que a região abriga uma variedade impressionante de ecossistemas e paisagens, com recursos naturais capazes de sustentar grandes populações humanas ao longo do tempo.

Mais que um refúgio montanhoso, Zagros serviu como corredor biológico entre continentes (Imagem: Sama.GH/Shutterstock)

Durante as mudanças climáticas do Pleistoceno, esse corredor natural ligando zonas frias do norte às regiões mais quentes do sul teria servido como uma rota de migração. Ao conectar diferentes grupos humanos em trânsito, neandertais e Homo sapiens puderam coexistir e interagir.

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Além da geografia, o registro arqueológico reforça a importância das Zagros. A área concentra inúmeros sítios pré-históricos com fósseis e artefatos atribuídos tanto a neandertais quanto a Homo sapiens, fornecendo pistas valiosas sobre seus modos de vida. Sobretudo como suas histórias se entrelaçaram.

Um passado que ainda vive em nós

Mais de 40 mil anos depois, o legado desse cruzamento entre espécies ainda está em nós. Desde 2010, quando cientistas sequenciaram o genoma completo do neandertal, ficou claro: a história da humanidade moderna é, claro, uma história de mistura.

Até 4% do nosso DNA carrega vestígios neandertais (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Estudos genéticos posteriores revelaram que entre 1% e 4% do DNA de pessoas não africanas vivas hoje tem origem neandertal. Ou seja, traços herdados desses antigos encontros continuam presentes em boa parte da população mundial, mesmo que muitos nem desconfiem disso.

Essas heranças vão muito além da curiosidade científica. Elas influenciam características físicas, como o formato do nariz, e até predisposições comportamentais e de saúde. A genética neandertal pode estar ligada a um limiar de dor mais baixo, maior sensibilidade a infecções como a COVID-19 e até uma maior tendência à depressão. O passado, ao que tudo indica, ainda nos escreve por dentro.

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Crânio misterioso pertence a espécie humana desconhecida

Em 1958, foi descoberto o crânio de um indivíduo que viveu na China há 300 mil anos. Sua origem permanece um mistério desde então e, agora, ficou ainda mais intrigante: autores de um estudo publicado no American Journal of Biological Anthropology apontam que o crânio não pertence a nenhuma espécie humana conhecida.

Entenda:

  • Um crânio de 300 mil anos anteriormente relacionado aos neandertais não pertence a nenhuma espécie humana conhecida;
  • Autores de um novo estudo apontam que o espécime, chamado de Maba 1, possui algumas semelhanças com hominídeos como o Homo erectus, Homo sapiens e o Homo heidelbergensis;
  • Sua origem exata, entretanto, ainda permanece um mistério.
Crânio desconhecido tinha sido relacionado aos neandertais. (Imagem: Fractal Pictures/Shutterstock)

Chamado de Maba 1, o espécime foi originalmente encontrado em uma caverna na província chinesa de Guangdong, e as primeiras análises sugeriram que ele pudesse ter pertencido a um parente dos neandertais. O novo estudo, porém, parece confirmar que o crânio não pertence a nenhum grupo hominídeo registrado.

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Estudo não conseguiu determinar origem exata do crânio

Após analisar detalhadamente as estruturas internas de Maba 1 com tomografia computadorizada, os pesquisadores descobriram uma combinação de características encontradas em outras espécies de hominídeos, com a “morfologia geral do crânio” mais parecida com a do H. erectus. Por outro lado, o lobo frontal foi considerado curto demais para pertencer à espécie.

Estatuetas douradas enfileiradas para ilustrar a evolução do homem a partir do macaco
Crânio desconhecido tem semelhanças com várias espécies de hominídeos. (Imagem: Alexas_Fotos/Pixabay)

“Maba 1 foi considerado um ‘neandertal chinês’ devido à semelhança manifestada na região facial. No entanto, este estudo não encontrou características exclusivamente pertencentes ao H. neanderthalensis nas estruturas internas de Maba 1”, escrevem os pesquisadores no artigo.

Crânio desconhecido tem semelhanças com o Homo sapiens

O novo estudo também refutou a hipótese anterior de que o crânio pertencesse a um Denisovano, já que as tomografias mostraram que seu cérebro era muito menor do que o de um hominídeo dessa espécie. Por outro lado, a equipe identificou algumas semelhanças significativas com espécies do Pleistoceno Médio, como o Homo sapiens e o Homo heidelbergensis.

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Impressão digital mais antiga do mundo? Arte Neandertal é encontrada

Arqueólogos descobriram a mais antiga digital de um Neandertal até o momento. O artefato é um ponto vermelho sobre uma rocha de granito semelhante a um rosto, o que pode indicar a capacidade dos neandertais de fazerem arte e reconhecerem faces em objetos inanimados, segundo a pesquisa

A rocha estava no abrigo de pedra de San Lázaro, na Espanha, e precisou de três anos de estudo para ser decifrada pelos pesquisadores. “A pedra tinha um formato estranho e um ponto ocre vermelho, o que realmente chamou nossa atenção”, disse o arqueólogo David Álvarez Alonso ao The Guardian.

O objeto tem 20 centímetros de comprimento e data de 43 mil anos atrás. A idade confirma que esse artefato foi depositado antes da chegada dos Homo sapiens à Península Ibérica, revelando que o local era dominado pelo neandertais, segundo a Interesting Engineering.

O abrigo rochoso é menor que uma caverna e se localiza em Segóvia, no centro da Espanha. (Imagem: David Álvarez-Alonso et al 2025)

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O primeiro neandertal artista? 

A equipe analisou a mancha e descobriu que ela é composta de óxidos de ferro e minerais de argila. O estudo revela que a rocha foi retirada do Rio Eresma e “poderia se assemelhar a um rosto humano, com olhos, uma boca e uma crista em forma de nariz”.

“Este objeto contribui para nossa compreensão da capacidade de abstração dos neandertais, sugerindo que ele pode representar uma das primeiras simbolizações faciais humanas na Pré-história”, afirmou o estudo.

A impressão digital oferece uma nova pista sobre a capacidade cognitiva dos neandertais. A equipe sugere que essa espécie, assim como os H. sapiens, poderia vivenciar o fenômeno da Pareidolia: a capacidade de perceber rostos em objetos comuns.

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A análise da impressão digital sugere que ela poderia ser de um homem adulto. (Imagem: David Álvarez-Alonso et al 2025)

“O fato de a rocha ter sido selecionada por sua aparência e depois marcada com ocre mostra que havia uma mente humana capaz de simbolizar, imaginar, idealizar e projetar seus pensamentos em um objeto”, escreveram os autores.

O artefato não apresenta marcas de uso como uma ferramenta. Isso reforça a hipótese de que o valor do objeto era simbólico ao invés de prático, explica o artigo.

O grupo não chegou a uma conclusão sobre as motivações do pintor neandertal. Porém, os pesquisadores constataram que há evidências para uma capacidade dos neandertais de produzirem símbolos, mas que o debate deverá continuar.

“A questão aqui é que estamos lidando com um objeto incomparável; não há nada semelhante. Não é como na arte, onde, se você descobre uma pintura rupestre, há centenas de outras que você pode usar para contextualizar. Mas nossa afirmação é que os neandertais tinham uma capacidade de pensamento simbólico semelhante à do Homo sapiens e achamos que este objeto reforça essa noção”, concluiu Alonso.

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Uso de ‘protetor solar’ evitou extinção dos nossos antepassados, revela estudo

Existem várias teorias para explicar o porquê do Homo sapiens ter sobrevivido na Europa e no Norte da Ásia, enquanto os neandertais, aparentemente mais bem adaptados, não. Uma delas cita o uso de um “protetor solar” antigo.

De acordo com pesquisadores, os nossos antepassados teriam desenvolvido formas eficazes de se proteger dos raios ultravioletas. Uma capacidade que pode ter salvado a espécie da extinção milhares de anos atrás.

Mudanças climáticas criaram grave ameaça

  • Durante a história da Terra, a direção dos polos magnéticos mudou pelo menos 180 vezes.
  • Este fenômeno pode aumentar a exposição à radiação.
  • Um cenário capaz de aumentar a incidência de câncer de pele, além das chances de extinção de espécies.
  • Segundo os historiadores, o desaparecimento dos neandertais pode ter ligação com o último fenômeno do tipo registrado, há cerca de 40 mil anos.
  • Por outro lado, o Homo sapiens sobreviveu ao mesmo cenário.
  • Agora, um estudo publicado na revista Science Advances explica como isso foi possível.
Homo sapiens souberam se proteger da luz solar (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

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Pinturas corporais e roupas serviram como “protetor solar”

Os autores do trabalho observaram que o momento coincide com mudanças importantes no modo de viver dos nossos antepassados.

Naquela época, eles começaram a usar o ocre em pinturas corporais, o que fornece proteção contra a radiação solar.

A criação das primeiras roupas também teve importância. Isso reduziu a exposição da pele à luz solar. Além disso, este foi um período de maior utilização de cavernas e outros espaços para se abrigar do forte calor.

Cavernas serviram como abrigos (Imagem: Salcido/Shutterstock)

Dessa forma, dizem os pesquisadores, o Homo sapiens desenvolveu ferramentas que possibilitaram aumentar as chances de sobrevivência. Algo que não aconteceu quando analisadas as populações de neandertais.

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Esse esqueleto revolucionou estudos sobre a evolução. Agora, sabemos mais sobre ele

Encontrado na região do vale do Lapedo, em Portugal, no ano de 1998, um esqueleto se transformou em uma das maiores evidências do cruzamento entre os neandertais e os Homo sapiens. A descoberta confirmou que houve contato entre as espécies no passado.

Várias tentativas de calcular a idade da chamada “Criança de Lapedo” fracassaram desde então. Agora, no entanto, uma equipe de arqueólogos conseguiu chegar num resultado utilizando uma técnica mais avançada para determinar a idade dos ossos.

Processo para avaliar materiais degradados foi utilizado

Desde o final da década de 1990, foram menos quatro tentativas de datar o esqueleto. O grande problema encontrado pelos cientistas foi o alto grau de degradação dos ossos, o que impossibilitava uma datação precisa.

Restos do esqueleto da Esqueleto da “Criança de Lapedo” (Imagem: Science Advances)

Para resolver este problema, pesquisadores investiram em uma técnica mais avançada. Extraindo um aminoácido chamado hidroxiprolina do rádio direito da “Criança de Lapedo”, eles conseguiram medir a taxa de decaimento de radiocarbono neste componente do colágeno.

Este processo é considerado ideal para avaliar materiais degradados. Foi assim que a equipe descobriu que os ossos têm entre 27 mil e 28 mil anos. Os resultados foram descritos em estudo publicado na revista Science Advances.

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Ossos foram encontrados em 1998 (Imagem: Science Advances)

Esqueleto foi enterrado junto com ossos de coelho

  • Os cientistas ainda usaram a técnica em materiais encontrados junto ao esqueleto, como carvão, ossos de um cervo vermelho e restos de um coelho.
  • Eles descobriram que os dois primeiros eram bem mais velhos do que a criança e estavam na área muito antes do enterro dela.
  • Já os ossos do coelho foram espalhados ao redor do esqueleto e apresentam as mesmas manchas avermelhadas dele, além de idade semelhante.
  • Isso indica que o animal foi usado em algum tipo de oferenda funerária, tendo sido colocado na sepultura ao mesmo tempo que a criança.
  • As manchas seriam resultado de uma mortalha tingida de vermelho que cobria o corpo.

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Cemitério antigo revela indícios de interação entre neandertais e Homo sapiens

Um artigo publicado nesta terça-feira (11) na revista Nature Human Behaviour revela novas evidências sobre a convivência entre neandertais e Homo sapiens no Levante do Paleolítico Médio – entre 50 mil e 250 mil anos atrás. 

O estudo se baseia em descobertas feitas em um antigo cemitério na Caverna Tinshemet, em Israel, e sugere que esses grupos não apenas coexistiram, como também interagiram ativamente, compartilhando conhecimento, hábitos de caça e rituais funerários.

Em vez de competição constante, os achados indicam um intercâmbio cultural que impulsionou avanços sociais e tecnológicos, como o uso simbólico de pigmentos minerais e a realização de sepultamentos elaborados.

Seção exposta de sedimentos arqueológicos datados de 110 mil anos atrás na caverna Tinshemet. Crédito: Yossi Zaidner

A Caverna Tinshemet abriga os primeiros enterros do Paleolítico Médio descobertos na região em mais de 50 anos. Desde 2017, pesquisadores liderados pelo arqueólogo Yossi Zaidner, da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, investigam o local em busca de pistas sobre a relação entre neandertais e Homo sapiens. 

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Coexistência entre neandertais e Homo sapiens foi colaborativa

Eles analisaram aspectos como a fabricação de ferramentas, as estratégias de caça, o uso de símbolos e a complexidade social. As evidências sugerem que diferentes grupos humanos da época interagiam de forma significativa, transmitindo conhecimentos e influenciando mutuamente suas culturas. Essas interações podem ter acelerado o desenvolvimento de comportamentos sofisticados, como a prática sistemática de rituais funerários.

Uma das descobertas mais intrigantes é o uso de ocre, um pigmento mineral que provavelmente era aplicado no corpo ou nos objetos. Isso sugere que esses povos já valorizavam a identidade cultural e a diferenciação entre grupos, indicando um nível avançado de pensamento simbólico.

A presença de diversos enterros no mesmo local levanta a hipótese de que a caverna poderia ter sido usada como um cemitério. Os pesquisadores encontraram artefatos enterrados junto aos corpos, incluindo ferramentas e ossos de animais, o que pode indicar crenças em uma vida após a morte ou práticas rituais consolidadas.

Artefato lítico da Caverna Tinshemet feito com tecnologia compartilhada entre Homo sapiens e Neandertais. Crédito: Marion Prévost

Para Zaidner, o Levante funcionava como um “caldeirão” de encontros humanos, onde diferentes populações se misturavam e evoluíam juntas. Em um comunicado, Marion Prévost, coautor do estudo, destaca que as condições climáticas da época favoreceram a expansão demográfica e intensificaram o contato entre esses grupos.

Israel Hershkovitz, também membro da equipe, reforça que essas interações não se limitavam à troca de objetos, mas envolviam mudanças nos estilos de vida e estratégias de sobrevivência. “A coexistência entre neandertais e Homo sapiens pode ter sido mais colaborativa do que se imaginava, moldando o futuro da humanidade”.

As escavações na Caverna Tinshemet continuam e podem revelar mais detalhes sobre as origens das sociedades humanas. As descobertas feitas até agora fornecem uma nova perspectiva sobre a história dos nossos ancestrais e o impacto das interações entre diferentes grupos na evolução cultural e tecnológica.

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