GLM Digital: Seu portal para um universo de descobertas online. Navegue por uma seleção cuidadosamente curada de produtos que inspiram e facilitam o seu dia a dia. Mais que uma loja, somos um ponto de encontro digital onde qualidade, variedade e uma experiência de compra intuitiva se unem para transformar seus desejos em realidade, com a conveniência que só o online pode oferecer.
Até o final do Século XIII acreditávamos que os meteoritos tinham origem terrestre e que as histórias de rochas caindo do céu eram puro folclore popular.
Na coluna Olhar Espacial de hoje, Marcelo Zurita conta como um alemão e um francês mudaram a nossa forma de encarar os meteoritos e inauguraram a ciência que estuda esses verdadeiros tesouros do cosmos.
Há 65 milhões de anos, um evento catastrófico mudou para sempre a vida na Terra: o impacto de um asteroide gigantesco que desencadeou a extinção dos dinossauros e de muitas outras espécies.
Mas como esse evento, conhecido como extinção do Cretáceo-Paleogeno, transformou o nosso planeta? Quais são as evidências que comprovam a ligação entre o impacto e a extinção em massa? E quais foram os efeitos devastadores desse evento na história da vida na Terra?
Impacto do asteroide acabou com os dinossauros e com 75% da vida no planeta. Crédito: Elenarts – Shutterstock
No Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (6), vamos mergulhar no passado remoto do nosso planeta para investigar os detalhes desse impacto apocalíptico. Além disso, vamos explorar as evidências que revelam a magnitude do evento e suas consequências para a biosfera e discutir a probabilidade de um evento semelhante acontecer novamente em um futuro próximo.
E para abordar esse tema tão curioso, o programa recebe o paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes. Graduado em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com mestrado em Ecologia e Recursos Naturais pela mesma instituição e doutorado em Geologia/Paleontologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atualmente é professor associado nível IV no Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da UFSCar e coordenador do Grupo de Pesquisa do CNPq Paleoecologia e Paleoicnologia.
Fernandes tem vasta experiência na área de Geociências, com ênfase em Paleontologia Estratigráfica, atuando principalmente nos seguintes temas: paleontologia, paleoicnologia, paleovertebrados, Formação Botucatu, Bacia Bauru e icnofósseis.
O Programa Olhar Espacial desta semana recebe o paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes para um bate-papo sobre o asteroide que matou os dinossauros. Crédito: Arquivo pessoal
Como assistir ao Programa Olhar Espacial
Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTube, Facebook, Instagram, X (antigo Twitter), LinkedIn e TikTok.
Toda semana, noPrograma Olhar Espacial, exibimos duas imagens astronômicas que se destacaram na semana que passou. E na última semana, apresentamos um curioso fenômeno astronômico e um belíssimo teste mal sucedido. Confira:
Loop de Marte
[ Créditos: Tunc Tezel ]
A primeira imagem é uma composição de fotos registradas entre setembro de 2024 e maio de 2025 mostrando o movimento aparente de loop realizado pelo planeta Marte no céu. Neste movimento, o planeta parece estar em movimento retrógrado, mas na verdade, essa impressão ocorre pelo fato da Terra estar ultrapassando o Planeta Vermelho em sua órbita. O loop e o período retrógrado ocorrem com todos os planetas com órbitas além da órbita terrestre, mas Marte, por estar mais perto, é o que apresenta o loop mais evidente e bonito, como o visto nessa fantástica imagem.
Já a segunda imagem exibe um turbilhão de plasma formado durante a reentrada da Starship da SpaceX em seu último voo de teste. A imagem mostra um brilhante e caótico fluxo de plasma, resultado do choque da nave espacial com as moléculas da atmosfera terrestre. O Nono Voo de Teste da Starship conseguiu não sofrer uma ‘rápida desmontagem não-programada’ nos primeiros minutos de voo, como ocorreu nos dois últimos testes. Entretanto, muitas coisas deram errado e a espaçonave planejada para levar a humanidade de volta à Lua e até Marte acabou sendo destruída por esse mesmo plasma gerou belas imagens no momento em que tudo deu errado. Original em:https://x.com/SpaceX/status/1925929228232474849
Estamos a um mês do Asteroid Day, comemorado em 30 de junho. Marcelo Zurita dedica as próximas colunas aos cientistas que tiveram grandes contribuições na pesquisa de asteroides, cometas e seus impactos. Para começar, o astrônomo fala da história de amor e ciência do casal Carolyn e Eugene Shoemaker.
Ele, um cientista planetário e único ser humano sepultado na Lua. Ela, a maior caçadora de cometas e asteroides do século XX. Juntos, eles descobriram o cometa Shoemaker-Levy 9 – que atingiu Júpiter em 1994.
A busca por vida fora da Terra é uma das grandes aventuras da ciência moderna. Mas você sabia que, mesmo antes da era espacial e da consolidação da astrobiologia como campo de pesquisa, já existiam brasileiros que se dedicavam a investigar e a divulgar a possibilidade de vida em outros planetas?
No Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (30), vamos embarcar em uma viagem no tempo para descobrir os pioneiros da astrobiologia no Brasil. Venha com a gente conhecer as histórias fascinantes de três personagens visionários dos séculos XIX e XX que, mesmo sem os recursos tecnológicos de hoje, ousaram explorar as fronteiras do conhecimento e se perguntar: estamos sozinhos no Universo?
De relatos de viagens imaginárias a estudos sobre plantas marcianas, vamos desvendar as ideias e as contribuições desses precursores da astrobiologia brasileira, revelando como a curiosidade e a sua paixão pelo cosmos ajudaram a plantar as sementes para o desenvolvimento dessa ciência no país.
Para conversar sobre esse tema incrível, o programa recebe Edgar Indalecio Smaniotto, filósofo, antropólogo e pesquisador polímata, licenciado em filosofia (Unesp), mestre e doutor em ciências sociais (Unesp), especialista em coordenação pedagógica e gestão escolar (UGF), especialista em Ensino de Astronomia (Universidade Cruzeiro do Sul) e Egiptologia (Academia de Egiptologia).
O Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (30) recebe Edgar Indalecio Smaniotto para um papo sobre astrobiologia no Brasil. Crédito: Arquivo Pessoal
Smaniotto dedica-se à pesquisa em filosofia e história da astrobiologia, cosmismo, filosofia russa, transumanismo e filosofia da tecnologia. Foi professor convidado do primeiro curso de extensão em astrobiologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde lecionou sobre o Impacto Social da Astrobiologia. É membro da Sociedade Brasileira de Astrobiologia (Astrobio) e astrônomo amador da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), além de membro fundador do Grupo Regional de Astronomia de Marília (GRAMA) e do Sistema Astronômico de Marília (SASTROM), instituições dedicadas ao ensino e divulgação da astronomia. Ele também é palestrante e escritor de ficção científica.
Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTube, Facebook, Instagram, X (antigo Twitter), LinkedIn e TikTok.
Toda semana, no Programa Olhar Espacial, exibimos duas imagens astronômicas que se destacaram na semana que passou. E na última semana, apresentamos mais duas imagens publicadas no site APOD Brasil. Confiram:
Nebulosa do Ovo do Dragão
[ Créditos: Fernando Magalhães ]
A primeira imagem mostra a curiosa Nebulosa do Ovo do Dragão (NGC 6164), uma nebulosa de emissão localizada a cerca de 4 mil anos-luz de distância na direção da Constelação da Norma. Sua forma peculiar, que lembra um ovo de dragão, foi formada a partir da ejeção do gás da estrela central que também fornece a energia que mantém a nebulosa ionizada e, consequentemente, emitindo luz. A imagem revela um núcleo brilhante e filamentos de gás que se estendem para fora, cercado por uma bolha externa mais azulada e tênue, criando um cenário celestial intrigante e belo.
Já a segunda imagem apresenta uma visão espetacular da Cadeia de Markarian, um grupo de galáxias localizado na constelação de Virgem. A cadeia é composta por mais de uma dúzia de galáxias, interagindo gravitacionalmente entre si. Nas bordas da imagem, um mosaico mostrando, em detalhe, cada uma das galáxias que formam a cadeia, com diferentes tamanhos, formas e graus de interação, oferecendo aos astrônomos um cenário único para o estudo da formação e evolução galáctica. A proximidade e a variedade dessas galáxias tornam a Cadeia de Markarian um alvo privilegiado para pesquisas cosmológicas.
As escolhas das Imagens Astronômicas desta Semana foram feitas a partir do site APOD Brasil (https://www.apodbrazil.com/), um portal mantido por astrônomos e entusiastas da fotografia, dedicado à divulgação das belezas do Cosmos. O APOD Brasil tem o objetivo de publicar uma fotografia astronômica a cada dia, divulgando o trabalho de brasileiros, e de outras nacionalidades, empenhados em revelar as maravilhas do nosso Universo. Os interessados em contribuir com o portal APOD Brasil, e também com as Imagens Astronômicas da Semana do Olhar Espacial, podem fazer isso através do formulário disponibilizado no site: https://www.apodbrazil.com/form
Para quem não conhece, o planetário é uma espécie de teatro, onde o céu noturno, planetas, constelações e outros objetos astronômicos são projetados em uma grande cúpula que envolve toda a plateia. A sensação para o público é de estar contemplando um céu estrelado e outras maravilhas do Universo.
Os espetáculos apresentam, de forma lúdica e educativa, diversos conceitos astronômicos, culturas estelares e histórias que mostram como a astronomia conduziu a humanidade – desde as migrações dos antigos hominídeos até o auge da sociedade tecnológica atual.
O termo “planetário” também pode ser usado para designar qualquer dispositivo que simula os movimentos do Sistema Solar ou das estrelas. O primeiro que se tem notícia foi construído por Arquimedes, cerca de 250 anos antes de Cristo. O Planetário de Arquimedes era um dispositivo que reproduzia o movimento dos corpos celestes e era capaz de prever um eclipse.
Em meados do Século XVII, foi construído em Gottorf, na Alemanha, um globo com 3,1 metros de diâmetro que é considerado o precursor do planetário moderno. Em seu lado externo, Globo de Gottorf tem um mapa detalhado da superfície terrestre. Um sistema mecânico movido a água faz com que o globo gire, representando o movimento de rotação da Terra.
Esse é o tema de hoje da coluna Olhar Espacial, com o astrônomo Marcelo Zurita. Acompanhe!
Se a humanidade conseguir colonizar Marte, estaremos diante de um dos maiores desafios da história: viver em um planeta totalmente diferente da Terra. Com menos gravidade, ar rarefeito e radiação intensa, nosso vizinho pode exigir mudanças profundas no corpo humano ao longo do tempo. E o possível desenvolvimento de uma nova espécie humana no Planeta Vermelho é o tema do Programa Olhar Espacial desta semana.
A ideia de viver em Marte parece estar cada vez mais próxima, levantando questões que vão além da tecnologia, como, por exemplo: será que, com o tempo, os humanos se tornariam algo diferente do que somos hoje?
A gravidade de Marte equivale a apenas um terço da terrestre. A atmosfera é fina e composta quase totalmente por dióxido de carbono. O planeta também não tem campo magnético para nos proteger da radiação cósmica e solar. Ou seja, Marte é um ambiente hostil para os nossos corpos.
Mesmo com roupas espaciais e abrigos seguros, viver ali seria um desafio constante. Mas alguns cientistas acreditam que poderíamos nos adaptar – e evoluir. Um dos nomes que defende essa ideia é Scott Solomon, professor de biociência na Universidade Rice, nos EUA.
Conforme noticiado no Olhar Digital, Solomon acredita que viver por gerações em Marte pode nos levar a uma nova etapa evolutiva. Segundo ele, os humanos marcianos poderiam mudar tanto que deixariam de ser Homo sapiens, dando origem a uma nova espécie: o Homo martianus.
Representação artística elaborada com Inteligência Artificial de um extraterrestre em Marte. Será que os homenzinhos verdes da ficção cientpifica podem um dia se tornar realidade? Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital
Um dos principais motores dessa transformação seria a radiação. Na Terra, ela é bloqueada pela atmosfera e pelo campo magnético. Já em Marte, a exposição constante pode causar mutações genéticas, o que poderia acelerar a evolução.
As mutações no DNA nem sempre são negativas. Muitas vezes, elas permitem que uma espécie se adapte melhor ao ambiente. Em Marte, a taxa de mutação seria maior, o que aumentaria a diversidade genética entre os colonos.
Outra possível mudança seria na pele. A melanina, pigmento natural que protege contra radiação, poderia ter um papel importante. Pessoas com mais eumelanina (tipo específico de melanina que deixa a pele mais escura), talvez fossem naturalmente mais resistentes em Marte.
Com o tempo, a seleção natural poderia favorecer esses traços ou até gerar pigmentos novos, diferentes dos que conhecemos na Terra. Assim, as antigas ideias sobre “homenzinhos verdes” podem ganhar um novo sentido, agora com base na ciência.
Essas mudanças seriam gradativas, mas, num ambiente tão extremo, o processo evolutivo pode ocorrer mais rápido do que esperamos. Além da biologia, isso traz perguntas éticas, sociais e filosóficas. E se os humanos nascidos em Marte não conseguirem mais viver na Terra? E se se tornarem tão diferentes que formem um novo grupo humano? O que isso significaria para nossa identidade como espécie?
Para debater esse tema instigante, o Olhar Espacial desta sexta-feira (23)recebe Mírian Forancelli Pacheco. Bacharel em ciências biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ela é mestre em Arqueologia, doutora em Geociências e pós-doutora em Física Nuclear pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da Universidade de São Carlos (UFSCAR) em Sococaba desde 2013 e Chefe do Laboratório de Paleobiologia e Astrobiologia na mesma instituição, Mírian atua nas áreas de Fossildiagênese, Tafonomia Experimental, Paleometria e Astrobiologia.
Mírian Forancelli Pacheco é a convidada desta sexta-feira (23) do Programa Olhar Espacial, para falar sobre a evolução humana em Marte. Crédito: Arquivo Pessoal
Não perca!
Como assistir ao Programa Olhar Espacial
Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTube, Facebook, Instagram, X (antigo Twitter), LinkedIn e TikTok.
Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (25) (que você confere aqui) teve a presença do doutor em astronomia pela USP, Guilherme Limberg, que participa do grupo internacional DELVE, responsável por descobrir a galáxia anã Aquarius III, que orbita a Via láctea.
Durante o programa, Limberg contou para Marcelo Zurita porque escolheu a astronomia e qual foi sua trajetória na área. Também explicou o que são as galáxias anãs e desmistificou o método utilizado por pesquisadores para encontrar esses objetos espaciais no céu noturno.
Limberg está fazendo pós-doutorado em Chicago. (Imagem: Olhar Digital)
Quem é Guilherme Limberg?
O amor do pesquisador Guilherme Limberg pela astronomia começou aos 14 anos, quando um amigo o perguntou o que ele faria na faculdade. Limberg respondeu que sua vontade mesmo era fazer astrofísica, mas como era uma profissão mal-remunerada, ele decidiu fazer engenharia.
O interesse pelo cosmos e seus mistérios vinha do programa “O Universo”. Ele gostava dos assuntos, mas nunca teve a prática de olhar para o céu. O cientista disse que a parte mais técnica da astronomia é o que o chamava a atenção.
Em 2015, ele entrou na Universidade de São Paulo (USP) para cursar engenharia química. Porém, conta que após fazer um curso de férias no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), entendeu que a profissão de astrônomo era possível.
Ele fez o vestibular novamente e entrou no curso de Astronomia no IAG USP, onde se formou bacharel. Em 2020, ingressou no doutorado pela mesma instituição, tendo como objeto de pesquisa as galáxias anãs. “Praticamente todos os departamentos importantes de astronomia do planeta já tiverem alguém do IAG”, disse o pesquisador.
Atualmente, Limberg está no pós-doutorado na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Ele participa do projeto DELVE Survey, uma colaboração internacional de astrônomos que utiliza dados da Dark Energy Camera – a principal câmera do Telescópio Victor M. Blanco – para fazer a imagem de uma grande área do céu noturno e estudar os objetos espaciais captados.
Fachada do IAG USP, onde Limberg se formou e fez o doutorado. (Imagem:Marcos Santos / USP imagens)
As intrigantes galáxias anãs
As galáxias anãs são estruturas galácticas pequenas e frias. Elas contêm alguns milhares de estrelas, “da ordem de 2 mil a 5 mil no máximo”, segundo explicou Limberg. Em comparação, a Via Láctea comporta 100 bilhões de estrelas e a Grande Nuvem de Magalhães, entre 10 e 30 bilhões de corpos estelares.
O processo de fabricação de estrelas também é pouco expressivo ou inexistente, sendo compostas majoritariamente por objetos estelares antigos. Segundo Limberg, isso se deve à dois fenômenos:
Quando uma supernova acontece em uma galáxia anã, a força da explosão arrasta o gás cósmico para fora da galáxia, o que encerra sua produção de estrelas.
Um bilhão de anos após o Big Bang, o universo passou por um período chamado de Era da Reionização, quando esquentou. Para a formação de estrelas, os gases dispersos no espaço têm que estar frios. Mas, como foram aquecidos, a geração estelar cessou e as mais afetadas foram as galáxias anãs.
A idade dessas estrelas também transparece em sua pequena massa. As supermassivas morrem muito rápido porque consomem rapidamente seu combustível. Porém, as menos massivas vivem por mais tempo, pois gastam menos para se manterem estáveis, conforme explicou o astrônomo.
Porém, a baixa atividade também diminui a fabricação de elementos químicos mais complexos – como os metais – em seu núcleo estelar. Por isso, elas são conhecidas também como estrelas de baixa metalicidade.
Galáxias anãs desafiam cientistas
Limberg explicou que as encontrar é um desafio, principalmente por serem pouco expressivas num universo cheio de objetos emitindo fortes sinais. “Hoje em dia a gente só conhece cerca de 50 galáxias anãs”, comentou o astrônomo.
O entrave para o pesquisador está na falta de um modelo do cosmos mais refinado. “A gente não tem um modelo físico com o qual estejamos confortáveis para prever a população de galáxias que deveriam existir”, explicou o cientista.
Junto a dificuldade teórica, há também a barreira computacional. Atualmente, não há um computador potente o suficiente para simular a população completa de galáxias anãs. Por isso, Limberg resume que as duas principais missões hoje em sua área de pesquisa são: contar a quantidade de galáxias anãs e saber como elas se formam.
Cientistas buscam o X no mapa das estrelas
A equipe de Limberg utiliza informações coletadas pelo Telescópio Víctor M. Blanco, no Chile, para estudar as galáxias anãs. O instrumento compila as observações que já fez em bancos de dados acessíveis. É a partir dessas fotografias, que o trabalho do astrônomo começa.
“São imagens um pouquinho diferente das que você tira com o celular porque são fotos com filtros específicos. Você coloca filtros especais para observar em cores específicas que são do seu interesse”, disse Limberg.
Os pesquisadores não conseguem distinguir as galáxias anãs do restante de estrelas dispersas pelo céu noturno a olho nu. Para encontrá-las, eles tratam os dados coletados pelo telescópio e constroem um gráfico sobre a fotografia em estudo.
A linha preta (figura da direita) é gerada por um modelo teórico de “população estelar” Após se aproximar de uma parte desta linha e gerar uma nova figura (a da esquerda), os cientistas conseguem constatar a presença de uma galáxia. (Imagem: W. Cerny et al)
Nesse processo, eles eliminam as galáxias de fundo e ficam só com as estrelas mais próximas. Começam assim a filtrar o que podem ser galáxias no grupo local, a vizinhança da Via Láctea.
Ao observar a imagem após o tratamento, eles traçam linhas nos possíveis locais. Se as estrelas nesses espaços estiverem aglomeradas e espacialmente coesas, muito provavelmente são uma galáxia.
Vera Rubin é o futuro
O Telescópio Vera C. Rubin está previsto para entrar em operação no final deste ano. Durante o programa, Zurita e Limberg comentaram sobre o novo instrumento e quais serão seus impactos na astronomia, principalmente no estudo de galáxias anãs.
“Esse telescópio vai revolucionar completamente essa área de pesquisa. Ele deve encontrar dezenas de galáxias anãs, podendo duplicar, ou até mais, o número das galáxias desse tipo que a gente conhece”, comentou o pesquisador.
O Verá Rubin terá a melhor câmera digital já construída na história da humanidade e poderá fazer mapas precisos do céu noturno. Limberg vê nele um potencial para superar o projeto que participa atualmente, podendo fazer em um ano de observações o que o DELVE fez desde seu início.
Observatório Vera C. Rubin, no Chile, que agora tem maior câmera digital do mundo instalada (Imagem: RubinObs/NOIRLab/SLAC/NSF/DOE/AURA/H. Stockebrand)
Com as novas ferramentas, Zurita acredita ser um bom momento para os novos astrônomos.“Para quem está entrando nessa área, tem boas perspectivas para um futuro não muito distante”, disse o apresentador.
Limberg também incentiva a busca pela carreira científica, principalmente na astronomia. “Você não precisa ter 500 anos de experiência para fazer uma contribuição importante para a ciência. Alunos de doutorado e de graduação fazem descobertas importantes. Temos que incentivar isso”, concluiu o astrônomo.
Uma galáxia minúscula e ultrafria foi detectada orbitando a Via Láctea pelo DELVE Survey, uma colaboração internacional para observar o Universo.
Batizada de Aquarius III, essa nova vizinha cósmica pode conter apenas algumas centenas ou milhares de estrelas – um número modesto se comparado às grandes galáxias. A nossa Via Láctea, por exemplo, tem de 100 bilhões a 400 bilhões de estrelas, e a Grande Nuvem de Magalhães, algo entre 10 bilhões e 30 bilhões.
A pesquisa foi conduzida em duas etapas. Primeiro, os cientistas usaram imagens públicas capturadas pelo Telescópio Victor M. Blanco, no Chile. Graças ao longo tempo de exposição das fotos, o equipamento registrou áreas com alta densidade de luz, indicando aglomerados de estrelas que poderiam ser galáxias candidatas. Na segunda fase, técnicas de espectroscopia confirmaram que Aquarius III é, de fato, uma galáxia satélite ultrafria com baixa metalicidade, ou seja, poucos elementos químicos além de hidrogênio e hélio – características típicas de objetos antigos no Universo.
Essa descoberta, conforme noticiado pelo Olhar Digital, contou com a participação do astrônomo brasileiro Guilherme Limberg, graduado e doutorado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), que atualmente é pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Cosmologia Física da Universidade de Chicago, nos EUA.
O astrônomo Guilherme Limberg é o convidado desta sexta-feira (25) do Programa Olhar Espacial. Crédito: Arquivo Pessoal
Limberg é o convidado do Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (25), para contar tudo sobre essa fascinante descoberta.
Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTube, Facebook, Instagram, X (antigo Twitter), LinkedIn e TikTok.