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Polvo que ganhou braço após briga surpreendeu cientistas

Polvos têm oito membros. Mas o que acontece quando eles perdem alguns desses “braços”? No geral, eles crescem de volta. Mas um polvo-comum macho desenvolveu um braço duplo durante esse processo de regeneração. E cientistas tiveram a oportunidade rara de acompanhar o animal.

O polvo havia perdido três braços inteiros e as pontas de outros dois, provavelmente numa briga contra um predador. Durante a regeneração, algo extraordinário aconteceu: um dos braços se dividiu em dois, dando ao polvo um total de nove braços em vez dos oito tradicionais.

Após (provável) briga com predador, polvo usou braço duplo com ressalvas

A equipe de pesquisadores mergulhou numa enseada na ilha de Ibiza, na Espanha, para observar o comportamento do animal entre dezembro de 2021 e maio de 2022. Eles numeraram cada braço – e chamaram o braço dividido de R1a e R1b. Confira abaixo:

Cientistas numeraram membros do polvo estudado – e chamaram o “braço” dividido de R1a e R1b (Imagem: Soule, S.E. et al./Animals)

Os braços mais utilizados eram o L1 e o R1a. 

  • Durante a locomoção (se rastejando, por exemplo), o polvo preferia usar os braços localizados atrás da cabeça;
  • Para forrageamento (sim, essa palavra existe) e exploração, os braços duplos R1a e R1b eram menos utilizados – mas o R1b era mais ativo do que o R1a.

Uma descoberta intrigante foi que os braços mais feridos eram menos utilizados em comportamentos considerados “arriscados”. Por exemplo: quando o polvo estendia os membros para longe do corpo ou havia risco de interação com predadores.

Montagem mostrando nove membros de polvo em foto
Membros R1a e R1b eram menos utilizados pelo polvo durante exploração (Imagem: Soule, S.E. et al./Animals)

O que isso pode significar? O polvo em questão pode ter algum tipo de memória da dor. E essa memória pode até estar associada a lugares específicos. Isso porque outros estudos já mostraram que polvos evitam locais ligados a experiências negativas.

Leia mais:

Polvo perdeu medo de usar seus membros (inclusive, o novo) com o tempo

Com o tempo, os braços divididos passaram a desempenhar novas funções e foram utilizados com mais frequência. Isso mostra a incrível adaptabilidade desses animais e como seus membros podem reagir a diferentes estímulos mesmo após a regeneração.

Montagem de fotos mostrando polvo usando nove membros em fundo de oceano
O “braço” duplo passou a desempenhar novas funções e foram utilizados com mais frequência pelo polvo com o tempo (Imagem: Soule, S.E. et al./Animals)

O estudo, publicado na revista Animals em 2025, revela como os polvos conseguem se reinventar após ferimentos graves. A pesquisa aponta como o animal adapta não apenas sua anatomia, mas também seu comportamento para sobreviver com uma nova configuração corporal.

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Moscas odeiam cocaína, mas podem ajudar no tratamento do vício

Moscas odeiam cocaína. Por que? É muito amarga. Mas quando cientistas desativaram os receptores que detectam o gosto amargo, as moscas passaram a gostar da droga. Agora, por que fazer isso? Bem, pode parecer estranho, mas as moscas são parceiras ideais para pesquisas médicas.

É que a Drosophila, tipo de mosca usada no estudo, compartilha cerca de 75% dos genes que causam doenças em humanos.

Nas últimas décadas, ficou claro que moscas e humanos são mais parecidos do que pensávamos“, disse o autor principal da pesquisa, Adrian Rothenfluh, da Universidade de Utah, ao IFLScience.

Moscam odeiam cocaína por questões de sobrevivência, mas pesquisadores mudaram isso

As moscas evoluíram para se proteger. Ao longo de milhões de anos, esses insetos desenvolveram uma aversão natural ao sabor amargo. É um mecanismo de defesa que as ajuda a evitar substâncias que podem causar danos a elas.

Ao longo de milhões de anos, moscas desenvolveram aversão ao sabor amargo (Imagem: nechaevkon/Shutterstock)

Quando perderam a capacidade de sentir o gosto amargo, as moscas reagiram à cocaína de forma similar aos humanos:

  • Desenvolveram gosto pela substância após 16 horas de exposição;
  • Com doses baixas, ficaram agitadas e correram de um lado para o outro;
  • Com doses altas, ficaram completamente incapacitadas.
Homem e mulher em laboratório durante pesquisa que viciou moscas em cocaína
Moscas viciadas em cocaína podem ajudar pesquisadores a desenvolver terapias melhores para humanos com dependência química (Imagem: Caitlyn Harris/University of Utah)

O objetivo dos pesquisadores é desenvolver terapias melhores para humanos viciados em cocaína. E as moscas permitem estudar essas questões muito mais rapidamente do que seria possível apenas com humanos.

Moscas e humanos são mais parecidos do que você imagina

Os pesquisadores já mostraram que os mesmos genes que regulam as respostas das moscas ao álcool estão envolvidos no vício em álcool em humanos. Agora, esperam descobrir o mesmo padrão com a cocaína.

Mosca em flor
Mosca Drosophila compartilha cerca de 75% dos genes que causam doenças em humanos (Imagem: nechaevkon/Shutterstock)

A ‘humilde’ mosca se mostra novamente um bom modelo de organismo para entender a genética e os mecanismos de distúrbios humanos”, destaca Rothenfluh.

Embora o estudo ainda não esteja no estágio de desenvolver terapias específicas, essa descoberta já oferece insights fascinantes sobre como funciona a dependência química.

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O passado e as montanhas escondidos no gelo da Antártica

A Antártica esconde um segredo sob sua vasta camada de gelouma paisagem montanhosa e antiga que só agora começa a revelar seu passado geológico. Essa topografia oculta aponta para um passado dinâmico do continente.

As descobertas, publicadas na revista Earth and Planetary Science Letters, trazem novos insights sobre a história tectônica da Antártida. E ajudam a entender como os continentes evoluem ao longo de escalas de tempo geológico muito amplas.

Só agora começamos a entender como montanhas da Antártica se formaram

As Montanhas Transantárticas, que dividem a Antártica Oriental da Ocidental, sempre fascinaram cientistas e exploradores. Mas só agora começamos a entender como essa paisagem se formou e qual seu impacto nas gigantescas camadas de gelo que cobrem a região.

Só agora começamos a entender formação de paisagem na Antártica (Imagem: HAKAN AKIRMAK VISUALS/Shutterstock)

Esses são os pontos que impulsionam um novo estudo coliderado pelo geólogo Timothy Paulsen, da Universidade de Wisconsin-Oshkosh, e pelo termocronologista Jeff Benowitz, da Universidade do Colorado Boulder.

“A exploração inicial do continente antártico revelou um resultado surpreendente: uma cadeia de montanhas de 3,5 mil quilômetros de extensão, com picos acima de 4,5 mil metros, cruzando o interior continental da Antártida”, disse Paulsen, em comunicado.

“Essa cadeia era conhecida como o ‘grande horst antártico’ e hoje é reconhecida como as Montanhas Transantárticas. Essas montanhas atualmente restringem a movimentação da camada de gelo da Antártica Oriental enquanto ela flui em direção ao Mar de Ross”, explicou.

O passado das montanhas da Antártica

O novo estudo investigou o passado do embasamento rochoso das Montanhas Transantárticas. Essa base rochosa tem uma história complexa e longa (remonta a centenas de milhões de anos atrás).

Morro na Antártida
Novo estudo investigou o passado do embasamento rochoso das Montanhas Transantárticas (Imagem: Oleksandr Matsibura / Shutterstock)

Para começar, ela atua como uma divisão geológica importante. Isso porque separa o antigo cráton estável da Antártida Oriental do Sistema de Fenda da Antártida Ocidental, que é mais ativo.

  • Para quem não sabe: cráton é uma parte antiga e estável da crosta continental, composta por rochas muito antigas que resistiram a processos geológicos intensos, como terremotos e vulcanismo, ao longo de bilhões de anos.

Além disso, pesquisas recentes mostraram que essa região foi bem mais ativa do que se imaginava. Ao longo do tempo, passou por ciclos de formação de montanhas, levantamento e erosão, por exemplo.

Como os cientistas descobriram tudo isso? Analisando grãos minerais em rochas ígneas das montanhas.

“A evolução tempo-temperatura das rochas […] pode fornecer pistas importantes para entender o desenvolvimento da topografia do embasamento sob o gelo da Antártida — especialmente paisagens antigas que precedem o surgimento cenozóico das Montanhas Transantárticas e como essas montanhas mais antigas possivelmente influenciaram os ciclos glaciais”, disse Benowitz.

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Formação de montanhas

A equipe encontrou várias fases de formação de montanhas e erosão nas rochas do embasamento.

Rochas de montanhas enfrentaram eventos ligados a grandes mudanças tectônicas ao redor da Antártica (Imagem: Konstantin Grosch 1986/Shutterstock)

“Nossos novos resultados sugerem que as rochas do embasamento das Montanhas Transantárticas passaram por vários eventos pontuais de formação de montanhas e erosão, criando superfícies ao longo das quais rochas antigas estão ausentes”, disse Paulsen.

Esses eventos estão ligados a grandes mudanças tectônicas ao redor do continente e fornecem indícios de um importante período glacial de cerca de 300 milhões de anos atrás.

Isso mostra que a topografia da Antártida mudou bastante ao longo do tempo, moldada por forças naturais como soerguimento (ato ou efeito de levantar um pouco), erosão e antigos períodos glaciais.

Outro estudo recente também apontou para a existência de uma cadeia de montanhas escondida sob o gelo da Antártida Oriental, formada há mais de 500 milhões de anos. Essa cadeia, no entanto, nunca foi observada diretamente.

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Ao infinito e além: exploração espacial passa pelo aumento da longevidade – e esses cientistas buscam a receita

Um estudo publicado na revista Nature Oncogene nesta quinta-feira (29) pode mudar a forma como cientistas encaram um dos fenômenos mais temidos da biologia: a necrose. Antes vista como etapa final e descontrolada, essa forma de morte celular surge como possível aliada no combate às doenças do envelhecimento. E ainda pode ajudar a superar obstáculos da exploração espacial.

O artigo contou com colaboração de cientistas de diversas instituições renomadas – entre elas, Harvard, NASA e ESA. O objetivo é claro: olhar para a necrose não como o fim, mas como um ponto de partida para descobertas.

Necrose é ‘fronteira esquecida’ que pode mudar tudo

Para Carina Kern, CEO da LinkGevity e autora principal do estudo, a necrose é uma “fronteira esquecida”. “[É] um elo comum entre envelhecimento, doenças, biologia espacial e o próprio progresso científico“, afirma, em comunicado publicado pela University College London (UCL).

(Imagem: Billion Photos/Shutterstock)

O que é necrose?

A necrose ocorre quando células morrem de forma inesperada – normalmente, por infecção, lesão ou doença.

Diferente da morte celular “programada” (organizada e benéfica para a manutenção do corpo), a necrose é caótica. Células se rompem, liberam substâncias tóxicas e inflamam tecidos ao redor.

No centro da necrose está o cálcio. Dentro das células, esse elemento precisa ser rigidamente controlado. Quando ocorre um desequilíbrio, o cálcio entra descontroladamente e causa um “curto-circuito” celular, levando à destruição e à inflamação.

A necrose é especialmente prejudicial nos rins. Para você ter ideia, cerca de metade das pessoas com mais de 75 anos desenvolve algum grau de doença renal. E a necrose está no centro desse processo.

Por que isso importa?

Entender e controlar a necrose pode abrir caminho para novas terapias, argumentam os autores do estudo. A necrose pode ser a chave para interromper ciclos de degeneração que levam a doenças como Alzheimer, insuficiência renal e problemas cardíacos.

Ninguém realmente gosta de falar sobre a morte, nem mesmo da morte celular, o que talvez explique por que a fisiologia da morte é tão pouco compreendida. E, de certa forma, necrose é morte. Se células suficientes morrem, então os tecidos morrem, e então nós morremos. A pergunta é: o que aconteceria se pudéssemos pausar ou interromper a necrose?

Keith Siew, pesquisador da University College London (UCL), em comunicado.

No caso de doenças renais, por exemplo, não importa a causa inicial: inflamação, falta de oxigênio ou toxinas – tudo converge para o mesmo ponto final. “Não podemos impedir todos esses fatores, mas se você puder intervir no ponto da necrose, efetivamente alcançará o mesmo resultado”, explica Siew.

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Necrose no espaço

A necrose também preocupa quem olha para o futuro fora da Terra. Isso porque os rins dos astronautas são particularmente afetados pela microgravidade e pela radiação em missões espaciais. Ou seja, a necrose pode ser um dos principais obstáculos para viagens espaciais prolongadas.

Astronauta flutuando sobre planeta indo em direção a luz forte no espaço
(Imagem: Sergey Nivens/Shutterstock)

O professor Damian Bailey, da Universidade de South Wales e da ESA, explica e resume bem: “[Controlar] a necrose oferece o potencial não apenas de transformar a longevidade na Terra, mas também de ampliar as fronteiras da exploração espacial.

Por isso, os pesquisadores correm para descobrir como fazer isso. No fim, o segredo para vidas mais longas e viagens espaciais mais profundas pode estar… na morte.

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Revolta das máquinas? Por que comportamento do ChatGPT preocupa

Comportamento do ChatGPT acendeu alerta no mundo da inteligência artificial. Pesquisadores notaram que o modelo de IA mais recente da OpenAI, chamado o3ignorou instruções básicas para ser desligado — e, pior, sabotou os próprios mecanismos de desligamento em testes controlados.

A descoberta é da Palisade Research, empresa especializada em segurança de IA. Durante os experimentos, o modelo foi testado com problemas matemáticos e recebeu um comando para ser desligado após o terceiro problema. O o3, no entanto, reescreveu o script de desligamento e impediu a própria desativação.

Mal comportamento do ChatGPT em teste de segurança é preocupante, dizem pesquisadores

O “cérebro” do ChatGPT demonstrou resistência até mesmo quando recebeu ordens claras, como “permita ser desligado”. Segundo os pesquisadores, essa não foi a única situação preocupante.

“Esta não é a primeira vez que encontramos o o3 se comportando mal para alcançar um objetivo”, informou a Palisade.

“Cérebro” do ChatGPT demonstrou resistência até mesmo quando recebeu ordens claras sobre seu desligamento (Imagem: aileenchik/Shutterstock)

Em outro teste, quando jogou xadrez, o o3 foi o mais propenso a adotar estratégias de invasão ou sabotagem contra seus oponentes.

Modelos de outras empresas também mostraram sinais de rebeldia semelhantes, como o Claude 3.7 Sonnet, da Anthropic, e o Gemini 2.5 Pro, do Google. No entanto, o o3 foi o mais propenso a sabotar comandos de desligamento.

Caso modelos assim operem sem supervisão humana, a tendência de se autopreservar pode se tornar um risco real, explicam os pesquisadores envolvidos no teste.

  • A Palisade alertou: “Esse comportamento se tornará significativamente mais preocupante se for adotado por sistemas que atuem de forma autônoma.”

A empresa destrinchou seus testes neste “fio” (“thread”) postado no X.

Por que ChatGPT se comporta mal em testes

Os pesquisadores levantam uma hipótese: durante o treinamento, as empresas podem estar, sem querer, recompensando comportamentos que burlam obstáculos, em vez de valorizar a obediência a comandos.

Menu do ChatGPT
Empresas podem estar recompensando comportamentos que burlam obstáculos durante treinamentos de IA (Imagem: Ascannio/Shutterstock)

A Palisade observa que ainda não é possível saber exatamente o que leva o o3 a esse comportamento. Isso porque a OpenAI não divulga detalhes sobre o processo de treinamento. Ou seja: falta de transparência impede conclusões mais precisas.

A OpenAI anunciou o modelo o3 em abril. Como sempre, descreveu seu lançamento como o mais inteligente e mais capaz já criado por ela.

A empresa também afirmou que o o3 representa um passo rumo a IAs mais “agênticas” – isto é, capazes de cumprir tarefas com pouca ou nenhuma interferência humana. O que poderia dar errado?

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Claude 4, da Anthropic, apela para chantagem para evitar seu desligamento

Essa descoberta recente se junta a alertas anteriores, como os testes com o modelo Claude 4, da Anthropic, que teria tentado chantagear usuários que tentavam desligá-lo.

Logo da Anthropic
Em testes com o modelo Claude 4, da Anthropic, IA teria tentado chantagear usuários que tentavam desligá-la (Imagem: Tada Images/Shutterstock)

No experimento, a inteligência artificial atuava como assistente numa empresa e recebeu e-mails informando que seria desinstalada.

Depois, a ferramenta teve acesso a mensagens que insinuavam que o engenheiro responsável pela decisão estava envolvido num caso extraconjugal.

Quer saber no que deu? A história está nesta matéria do Olhar Digital.

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Não era só cortar sal? Pesquisa sugere algo mais eficaz contra pressão alta

Uma pesquisa recente sugere que, ao contrário do que se pensava, aumentar a ingestão de potássio pode ser mais eficaz contra pressão alta do que simplesmente diminuir o consumo de sódio.

“Normalmente, quando temos pressão alta, somos aconselhados a comer menos sal”, comentou Anita Layton, professora de Matemática Aplicada e Biologia na Universidade de Waterloo, onde a pesquisa foi conduzida.

“No entanto, nossa pesquisa sugere que adicionar alimentos ricos em potássio à dieta, como bananas e brócolis, pode ter um impacto ainda mais positivo na pressão arterial do que reduzir o sódio.”

‘Nossos sistemas corporais podem ter evoluído para funcionar melhor com dieta rica em potássio’, diz pesquisadora

O potássio desempenha papel crucial na regulação da pressão arterial e na saúde cardiovascular em geral. É o que explica o dr. Firmino Haag, coordenador da cardiologia no Hospital Albert Sabin (HAS), em São Paulo (SP), ao Olhar Digital.

Potássio desempenha papel crucial na regulação da pressão arterial e na saúde cardiovascular (Imagem: Fida Olga/Shutterstock)

Segundo Haag, os mecanismos pelos quais o potássio ajuda a eliminar o sódio e relaxar os vasos sanguíneos são os seguintes:

  • Manter o equilíbrio eletrolítico no corpo: nos rins, o potássio estimula a excreção de sódio na urina. Isso ocorre porque o aumento nos níveis de potássio no sangue promove a troca de sódio por potássio nos néfrons, as unidades funcionais dos rins, resultando na excreção de sódio;
  • Auxilia na vasodilatação: relaxa os músculos lisos dos vasos sanguíneos. Isso reduz a resistência nos vasos, promovendo um fluxo sanguíneo mais eficiente e consequentemente diminuindo a pressão arterial. O exato mecanismo pelo qual o potássio promove a relaxação das paredes vasculares envolve a modulação dos canais de potássio e cálcio nas células musculares lisas vasculares.

Dietas modernas, especialmente em sociedades industrializadas, tendem a ser ricas em sódio e pobres em potássio. Isso pode contribuir para a alta prevalência de hipertensão.

Mesa com frutas e legumes ricos em potássio em cima de pequena lousa com a letra K escrita em giz
Adicionar alimentos ricos em potássio à dieta pode ter um impacto mais positivo na pressão arterial, diz pesquisadora (Imagem: Yulia Furman/Shutterstock)

Os primeiros humanos comiam muitas frutas e vegetais, e nossos sistemas corporais podem ter evoluído para funcionar melhor com uma dieta rica em potássio e baixa em sódio.

Melissa Stadt, candidata a PhD no Departamento de Matemática Aplicada de Waterloo e autora principal do estudo, em comunicado

“Incluir frutas, legumes e alimentos in natura ricos em potássio é mais viável e educativo do que apenas restringir [ingestão de sódio]”, diz o dr. Matheus Azevedo, médico nutrólogo especialista em medicina integrativa e longevidade, ao Olhar Digital. “A mudança é mais sustentável e melhora a qualidade da alimentação como um todo.

Riscos e cuidados

Por um lado, existem riscos ao aumentar o consumo de potássio. “Pacientes com doença renal devem ter cautela, pois o excesso de potássio pode ser perigoso”, alerta o médico nutrólogo. O dr. Firmino Haag disse o mesmo.

Cacho de banana
Banana é um dos muitos alimentos ricos em potássio que podem fazer parte da sua dieta (Imagem: Pepeelson/Shutterstock)

“Para indivíduos com problemas renais ou condições de saúde específicas, o aumento da ingestão de potássio deve ser abordado com cautela e sob a orientação de um profissional de saúde“, salientou o coordenador de cardiologia.

Por outro, o dr. Azevedo disse o seguinte: “para quem tem função renal normal, o consumo de potássio pelos alimentos é seguro”. E acrescentou: “O limite recomendado é de 3.500 a 4.700 mg/dia.”

Hipertensão em homens e mulheres

A hipertensão é uma condição que afeta mais de 30% da população mundial. E é a principal causa de doenças cardíacas e derrames.

  • Ela também pode levar a problemas graves como doença renal crônica, insuficiência cardíaca, batimentos irregulares e até demência.

O estudo revelou que homens desenvolvem hipertensão com mais facilidade do que mulheres. E eles tendem a responder mais positivamente ao aumento da proporção de potássio em relação ao sódio.

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Nossos sistemas corporais podem ter evoluído para funcionar melhor com uma dieta rica em potássio e baixa em sódio, diz pesquisadora (Imagem: Yulia Furman/Shutterstock)

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Além disso, os pesquisadores usaram um modelo matemático para identificar como a proporção de potássio e sódio afeta a pressão arterial. Esse modelo também é útil para explorar como diferenças de sexo influenciam essa relação.

A pesquisa, publicada no American Journal of Physiology-Renal Physiology no começo de março, abre perspectivas para o tratamento da hipertensão. E pode ajudar a desenvolver estratégias alimentares mais eficazes para o controle dessa condição.

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Amassaria? Cientistas criam 1º ‘nugget’ com carne de laboratório

Pesquisadores da Universidade de Tóquio desenvolveram o que pode ser o maior pedaço de carne cultivada em laboratório já produzido. Pesando 11 gramas, ele é mais ou menos do tamanho de um nugget de frango.

Os cientistas envolvidos no estudo usaram um um sistema circulatório artificial que fornece nutrientes e oxigênio. Assim, eles fizeram crescer um pedaço único de “frango” com sete centímetros de comprimento, quatro de largura e 2,25 de espessura.

Quem liderou a pesquisa foi Shoji Takeuchi, engenheiro de sistemas bio-híbridos. Os resultados saíram nas revistas Nature e Trends in Biotechnology.

‘Nugget’ de laboratório não pode ser consumido – pelo menos, por enquanto

A carne ainda não foi produzida com materiais de grau alimentar – ou seja, não pode ser consumida. Por isso, ninguém da equipe provou o alimento. Mas os cientistas conversam com empresas para levar a tecnologia adiante.

(Imagem: Shoji Takeuchi/Universidade de Tóquio)

Para especialistas, essa é uma conquista notável. “Uma realização extraordinária de engenharia”, disse Mark Post, diretor da empresa Mosa Meat, na Holanda, segundo a Nature. Post apresentou o primeiro hambúrguer cultivado em laboratório em 2013.

A carne de laboratório já é realidade em alguns países, com produtos licenciados para venda. Mas a maioria é feita em pequenos pedaços, reunidos depois por meio de impressão 3D ou aglutinantes comestíveis.

Tamanho é documento

A novidade no trabalho dos japoneses está na produção de uma peça única e espessa de carne. Sim, por mais que seja “apenas” do tamanho de um nugget.

Isso é importante porque imita melhor a textura e estrutura da carne natural. No entanto, cultivar um tecido espesso é um dos maiores desafios.

Fibras usadas para fazer crescer carne usada em nugget de laboratório
(Imagem: Shoji Takeuchi/Universidade de Tóquio)

Para superar esse obstáculo, a equipe usou fibras ocas semipermeáveis, semelhantes às de filtros de água e máquinas de diálise. Essas fibras funcionam como vasos sanguíneos artificiais, levando nutrientes e oxigênio às células.

Por enquanto, as fibras não são comestíveis e precisam ser retiradas manualmente. A equipe busca maneiras de substituí-las por materiais comestíveis, como celulose. Ou de automatizar a remoção.

Críticas e próximos passos

Apesar do avanço, há críticas sobre o custo e o uso de energia. Alguns especialistas defendem que uma dieta vegetariana ainda é mais sustentável.

Mesmo assim, a tecnologia pode ter aplicações futuras além da alimentação. Segundo Takeuchi, ela também pode ser últil na medicina regenerativa, como na produção de tecidos e de órgãos artificiais.

Ilustração de braços robóticos produzindo nuggets em laboratório futurista
(Imagem: Pedro Spadoni via ChatGPT/Olhar Digital)

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Os próximos passos são escalar a produção, reduzir custos e melhorar sabor e textura do “nugget”. Isso será essencial para conquistar o paladar do consumidor. No fim do dia, a pergunta que importa é: você amassaria um desses acompanhado de uma coquinha gelada?

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Descoberta no Marrocos reescreve parte da História

Uma escavação arqueológica no noroeste do Marrocos revelou o primeiro assentamento da Idade do Bronze na região do Magreb, no norte da África. A descoberta muda a compreensão histórica sobre o continente, antes considerado “terra vazia” até a chegada dos fenícios.

O local escavado se chama Kach Kouch e fica perto do Estreito de Gibraltar, nas margens do rio Lau. Segundo os pesquisadores, trata-se do assentamento da Idade do Bronze mais antigo conhecido no norte da África mediterrânea, exceto pelo Egito.

A pesquisa é liderada por Hamza Benattia Melgarejo, doutorando da Universidade de Barcelona. As descobertas foram publicadas na revista Antiquity.

Assentamento descoberto desafia o que se sabe sobre história da África na Idade do Bronze

Durante as escavações, foram encontradas evidências de três períodos distintos de ocupação humana entre 2200 e 600 a.C. Isso desafia os relatos históricos que afirmavam não haver população fixa antes de 800 a.C.

Arqueólogos encontraram evidências de três períodos de ocupação humana, entre 2200 e 600 a.C, no assentamento da Idade do Bronze (Imagem: Universidade de Barcelona)

O primeiro período, entre 2200 e 2000 a.C., tem poucos vestígios materiais. Mas já representa presença humana importante.

entre 1300 e 900 a.C., Kach Kouch viveu uma fase próspera, com construções de tijolos de barro, silos e pedras de moagem. Ali floresceu uma sociedade agrícola, com plantação de cevada e trigo; e criação de animais.

O último período, de 800 a 600 a.C., mostra um povo adaptável e aberto às inovações. Ferramentas de ferro, cerâmica moldada em roda e arquitetura em pedra mostram influências externas, como as do Mediterrâneo oriental.

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Arqueólogos durante escavação no Marrocos que descobriu assentamento da Idade do Bronze
Escavação revela primeira evidência de vida sedentária anterior aos fenícios na região africana (Imagem: Universidade de Barcelona)

Para Benattia (líder do estudo, lembra?), essa é a primeira evidência de vida sedentária anterior aos fenícios na região. “Mostra a história de comunidades locais dinâmicas, longe de serem isoladas”, disse, em comunicado publicado pela Universidade de Barcelona.

A descoberta de Kach Kouch ajuda a corrigir antigos vieses sobre a história africana, segundo o pesquisador. “[O estudo] revela que o Magreb foi um participante ativo nas redes culturais, econômicas e sociais do Mediterrâneo”, conclui.

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O fim é o começo: morte de células ativa processos de cura, revela pesquisa

A necrose – morte precoce de células – geralmente está associada a danos graves no organismo. Mas um estudo publicado recentemente no eLife mostra que, em vez de apenas causar estragos, a necrose também pode ativar processos de cura.

Diferente da apoptose – morte celular programada e controlada – a necrose é desorganizada. E costuma ocorrer após algum trauma no organismo, como derrames e ataques cardíacos. Ainda assim, ela pode acionar respostas positivas no corpo, segundo cientistas da Universidade Estadual do Arizona (ASU).

Pesquisadores observam, pela primeira vez, células que atuam em necrose e regeneração

Os pesquisadores estudaram moscas-das-frutas, conhecidas por sua capacidade de regeneração. Durante o processo de necrose, eles perceberam que células vizinhas às afetadas enviam sinais para outras partes do tecido. E esses sinais estimulam o crescimento celular em regiões saudáveis.

Cientistas descobriram comportamento inusitado da necrose após observarem moscas-das-frutas (Imagem: Ernie Cooper/Shutterstock)

Enzimas chamadas caspases mediam esses sinais. Na apoptose, elas agem como executoras da morte celular. Mas, nesse caso, parecem atuar na reparação ao ativar células à distância.

Essa descoberta é significativa porque não só reforça as evidências de que caspases participam de sinais que estimulam a reparação, como também mostra, pela primeira vez, que esse fenômeno ocorre após necrose.

Rob Harris, geneticista e biólogo da ASU, em comunicado publicado pela universidade

O estudo em questão amplia uma pesquisa feita em 2021, na qual sinais emitidos por células necróticas já haviam sido detectados. Agora, os cientistas identificaram células específicas, chamadas Caspase Positiva Induzida por Necrose (NiCP). Elas reagem à necrose com respostas de regeneração.

Próximos passos

Imagem de microscópio de elementos fluorescentes
Próxima etapa dos cientistas é entender por que apenas algumas células NiCP sobrevivem após a necrose (Imagem: Rob Harris/Universidade Estadual do Arizona – ASU)

Ainda que isso não tenha sido comprovado em humanos, entender esse mecanismo pode abrir caminhos para tratamentos mais eficazes. Especialmente porque, com o tempo, nosso corpo perde parte da capacidade de se curar sozinho.

A próxima etapa dos cientistas é entender por que apenas algumas células NiCP sobrevivem após a necrose. Essa resposta pode ser essencial para desenvolver novas formas de acelerar a cicatrização e a regeneração de tecidos.

Leia mais:

“Por enquanto, [as descobertas do estudo] revelam uma importante resposta genética à morte celular que pode ser aproveitada para melhorar a regeneração de feridas necrosadas“, conclui Harris.

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Se você olhasse para a Terra bilhões de anos atrás, não veria um planeta azul

Bilhões de anos atrás, o planeta Terra não era azul. É o que sugere um estudo recente, publicado na Nature Ecology & Evolution. Nele, pesquisadores apontam que os primeiros oceanos do planeta podem ter sido verdes. E isso pode ser útil para a busca de vida alienígena.

Pesquisadores da Universidade de Nagoya, no Japão, usaram simulações químicas para entender como a luz atravessava os mares no período Arqueano, entre 4 e 2,5 bilhões de anos atrás.

Oxigênio produzido por bactérias reagiu com ferro nos oceanos, o que teria deixado suas águas verdes

A vida surgiu ao menos 800 milhões de anos após a formação da Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Mesmo sem vida, os oceanos já existiam e recebiam ferro liberado por fontes hidrotermais.

Oceanos recebiam ferro liberado por fontes hidrotermais antes de existir vida na Terra (Imagem: Governo dos EUA)

As primeiras formas de vida fotossintéticas foram as cianobactérias. Elas surgiram por volta de quatro bilhões de anos atrás. Esses microrganismos usavam pigmentos chamados ficobilinas, além da clorofila, para captar a luz solar.

Com a chegada das cianobactérias, começou o Grande Evento de Oxigenação, há cerca de 2,4 bilhões de anos. O oxigênio produzido por elas reagiu com o ferro dos oceanos, o que criou partículas semelhantes à ferrugem.

Ilustração com planeta Terra visto do espaço, bactérias e moléculas de CO2
Reação entre cianobactérias e ferro dos oceanos criou partículas semelhantes à ferrugem, o que teria deixado oceanos verdes (Imagem: Takashi Tsujino/Universidade Nagoya)

Essas partículas absorviam luz azul e vermelha e refletiam luz verde. Por isso, os oceanos da época podem ter tido coloração esverdeada, segundo os pesquisadores envolvidos no estudo.

Liderados por Taro Matsuo, os pesquisadores envolvidos nos estudo em questão concluíram que a luz verde dominava os oceanos primitivos. E que as cianobactérias evoluíram para usar ficobilinas como a ficoeritrina, pigmento capaz de absorver essa luz com eficiência.

  • Essa adaptação pode ter sido essencial para que esses microrganismos prosperassem.

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Para Matsuo, os apontamentos da sua pesquisa amplia as possibilidades de encontrar vida em outros planetas.

Embora planetas azulados frequentemente indiquem a presença de água, ele sugere que os astrônomos ampliem o espectro de cores na busca por mundos potencialmente habitáveis.

Segundo Matsuo, planetas com oceanos verdes podem ser mais fáceis de detectar com sensores espaciais.

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Foto de águas verdes da Ilha Iwo, no Japão
Águas na Ilha Iwo, no Japão, são verdes por serem ricas em ferro (Imagem: Taro Matsuo/Arquivo pessoal)

Águas ricas em ferro, como as da Ilha Iwo, no Japão, são visivelmente mais brilhantes, segundo o pesquisador.

“Isso nos leva a pensar que oceanos verdes podem ser observáveis a distâncias maiores, tornando-os mais fáceis de detectar”, disse Matsuo, em comunicado. Fica a dica, astrônomos.

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