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Pinguins podem ajudar a combater o aquecimento da Antártida com… cocô

Uma pesquisa recém-publicada na revista Communications Earth & Environment encontrou um novo aliado na luta contra o aquecimento da Antártida: cocô de pinguim. Cientistas descobriram que os excrementos dessas aves liberam amônia, um gás que ajuda na formação de nuvens sobre o continente gelado. Essas nuvens funcionam como um “guarda-sol”, bloqueando parte da radiação solar e ajudando a manter a região mais fria.

O estudo foi liderado por Matthew Boyer, cientista atmosférico da Universidade de Helsinque, na Finlândia. À agência de notícias AFP, ele explicou que a amônia já era conhecida por contribuir para a formação de nuvens em laboratório. O que faltava era comprovar esse efeito diretamente na atmosfera da Antártida, algo que os pesquisadores conseguiram com medições feitas no local.

A Antártida é ideal para esse tipo de observação porque tem quase nenhuma poluição e pouca vegetação, que são outras fontes comuns de gases que formam nuvens. Isso torna os pinguins as principais fontes naturais de amônia na região. No entanto, o futuro dessas aves está ameaçado pelo derretimento do gelo marinho, que afeta seus hábitos de reprodução, alimentação e proteção.

Um pinguim-de-adelia. Os pinguins lideram emissão natural de amônia na Antártida, mas derretimento do gelo ameaça sua sobrevivência e reprodução desses animais. Crédito: GRID-Arendal por Peter Prokosch via Flickr

Sinergia entre pinguins e fitoplâncton aumenta formação de nuvens na Antártida

Assim como outras aves marinhas, os pinguins eliminam um tipo de fezes líquidas chamado guano, uma mistura de excrementos e urina liberada pela cloaca rica em amônia. Quando o gás se mistura com compostos de enxofre liberados pelo fitoplâncton (pequenos organismos que vivem no mar), aumenta a formação de partículas minúsculas no ar, chamadas aerossóis, essenciais para que as nuvens se formem.

Para medir esse processo, a equipe instalou equipamentos na Base Marambio, na Ilha Seymour, localizada na ponta da Península Antártica. Durante três meses de verão, época em que os pinguins estão em colônias e o fitoplâncton floresce, os cientistas monitoraram o vento, os níveis de amônia e a quantidade de aerossóis no ar.

Colônia de pinguins-de-adélia. Crédito: Lin Padgham – Creative Commons

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Quando o vento soprava de uma colônia com cerca de 60 mil pinguins da espécie Pygoscelis adeliae (pinguins-de-adélia), os níveis de amônia no ar aumentavam até mil vezes em relação ao normal. Mesmo depois que os animais partiram na migração anual, a concentração de amônia continuava alta por mais de um mês, devido ao solo encharcado de guano, que funcionava como uma “fonte lenta” do gás.

As medições mostraram que, sempre que o vento vinha da colônia, havia aumento na quantidade de partículas no ar, com nuvens tão densas que, às vezes, formavam névoas visíveis. A análise química das partículas confirmou que a origem da amônia era mesmo o cocô dos pinguins.

Boyer chama esse processo de “sinergia” entre pinguins e fitoplâncton. Juntos, eles aumentam a formação de nuvens na região. Os pesquisadores alertam que, se as populações de pinguins diminuírem, isso pode reduzir a cobertura de nuvens e, assim, acelerar o aquecimento do verão antártico. Embora essa hipótese ainda precise de mais estudos, o alerta é claro.

As nuvens geralmente ajudam a resfriar a Terra, refletindo a luz do Sol. Mas seu efeito varia dependendo do que está abaixo delas. Sobre o gelo, por exemplo, elas podem reter calor em vez de refletir. Mesmo assim, o estudo mostra como a vida e a atmosfera estão intimamente ligadas. Até o cocô dos pinguins tem um papel importante na luta contra as mudanças climáticas.

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No meio da Antártida, pinguins isolados revelam algo preocupante

Pinguins estão na minha lista de criaturas mais fofas do mundo. Esses habitantes do Polo Sul vivem em grupos, parecem vestir ternos e andam sempre de um jeito engraçado. Eles desempenham também um papel relevante na cadeia alimentar: como predador (de peixes, lulas e pequenos crustáceos) e como presa (de animais maiores, como focas, leões-marinhos e orcas).

Os pinguins também possuem uma função científica importante: eles podem ajudar cientistas a mapear a contaminação de mercúrio na Antártida. Pelo menos é isso que indica um estudo recém-lançado por especialistas da Escola Rutgers de Ciências Ambientais e Biológicas.

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Os pesquisadores identificaram rastros da substância em penas de três espécies de pinguins: pinguim-de-adélia, pinguim-gentoo e pinguim-de-barbicha.

Altas concentrações de mercúrio podem ser prejudiciais a seres humanos e animais, mas essas aves possuem uma espécie de “mecanismo de defesa”. Seus corpos são capazes de transportar o metal para as penas e, como há uma troca frequente delas, os pinguins não são contaminados.

Essas penas, porém, exibem marcadores de mercúrio – e podem ajudar os cientistas a criar uma espécie de mapa das regiões com maior concentração da substância.

O único porém é que as penas foram coletadas durante a temporada de reprodução de 2010-2011. Os pesquisadores querem agora fazer um novo estudo utilizando material mais recente.

O mercúrio tem grande impacto ambiental e preocupa cientistas – Imagem: Studio Nut / Shutterstock

Os perigos do mercúrio

  • O mercúrio (Hg) é um elemento químico tóxico.
  • Em temperatura ambiente, ele possui uma forma líquida.
  • O problema maior, porém, é quando ele é exposto ao calor excessivo: a substância vira um vapor extremamente perigoso.
  • Existem duas formas de contaminação pelo metal: a orgânica e a inorgânica.
  • A inorgânica ocorre pela inalação desse gás.
  • Já a orgânica ocorre pelo consumo de peixes e frutos do mar contaminados.
  • Ou seja, o metal tóxico se acumula à medida que sobe na cadeia alimentar.
  • Em concentrações baixas, ele não faz mal para os nossos organismos.
  • Altas concentrações, porém, podem causar danos importantes ao cérebro, rins e pulmões.
  • Isso inclui redução das funções cognitivas, má formação do sistema nervoso, fraqueza muscular e até mesmo perda de visão.
  • É por isso que esse estudo com os pinguins é tão relevante.
  • Saber onde estão as maiores concentrações de mercúrio podem nos ajudar a fazer escolhas melhores, além de tentar resolver esse problema de contaminação.
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Além de fofos, os pinguins também possuem agora um importante papel científico – Imagem: Andrew Laity/Shutterstock

Como o mercúrio chegou na Antártida?

O mercúrio já foi um problema maior para a nossa sociedade. Um estudo de 2024 do MIT constatou que os níveis atmosféricos do metal caíram cerca de 10% entre 2005 e 2020. A explicação para a queda está no fechamento das usinas termelétricas a carvão.

Esse recuo, no entanto, não significa que estamos livres da substância, que continua sendo utilizada, principalmente, em países em desenvolvimento. Na América do Sul, por exemplo, mineradores usam o mercúrio para separar o ouro.

Eles recolhem o material do fundo dos rios e, para separar os quilates de outros sedimentos, acrescentam mercúrio líquido à mistura. Ao queimar tudo, sobra apenas o ouro – além do gás tóxico na atmosfera.

Para não falar que a culpa é somente do homem, o mercúrio também é encontrado naturalmente em rochas. E, no caso da Antártida, o derretimento das geleiras pode estar levando a substância para as criaturas marinhas. Bom, nesse caso, a culpa é nossa também, uma vez que esse derretimento tem origem no aquecimento global

As informações são do Phys.org.

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