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“Superterra” é descoberta orbitando estrela parecida com o Sol

Astrônomos descobriram um exoplaneta três vezes maior do que a Terra orbitando uma estrela anã amarela, do mesmo tipo que o Sol. A equipe utilizou o telescópio espacial do Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da NASA, para encontrar TOI-3493 b, título dado ao novo planeta.

O satélite está coletando dados das cerca de 200 mil estrelas mais brilhantes próximas ao Sol para encontrar possíveis exoplanetas. Os cientistas descobriram o astro quando TESS detectou um sinal de luz diferente vindo da estrela TOI-3493, que logo confirmaram ser a evidência da presença de um exoplaneta.

A pesquisa revelou que TOI-3493 b é um astro planetário sub-Netuno, sendo três vezes maior do que a Terra, mas menor do que Netuno. Ele orbita sua estrela a cada 8 dias e sua massa é equivalente a cerca de 9 massas terrestres, o que faz dele um planeta robusto segundo os astrônomos.

A estrela hospedeira TOI-3493 esta a 315 anos-luz da Terra. Ela é parecida com o Sol, tem cerca de 1,23 vezes o raio solar e também está na classificação estelar tipo-G. Os pesquisadores estimaram sua idade em 7,4 bilhões de anos e um período de rotação de 34 dias, o que sugere que ela seja uma estrutura estelar inativa.

Comparação do tamanho da Terra com Netuno (Imagem: NASA)

Satélite da NASA busca mais exoplanetas

O TESS foi lançado em 2018 e já detectou mais de 7.500 possíveis exoplanetas, chamados de Objetos de Interesse do TESS (TOI). Cerca de 620 deles tiveram sua existência confirmada por astrônomos até o momento.

A missão principal do satélite terminou em 2020. Ele captou imagens de cerca de 75% do céu estrelado em uma pesquisa de dois anos. Agora, TESS está num projeto estendido, em busca de mais planetas, captando sinais de pequenas rochas até astros gigantes.

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“O TESS está produzindo uma torrente de observações de alta qualidade, fornecendo dados valiosos sobre uma ampla gama de tópicos científicos. Ao entrar em sua missão estendida, o TESS já é um sucesso estrondoso”, disse Patricia Boyd, cientista no Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA.

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O que aconteceu com o planeta que a Terra “engoliu”?

Imagine um planeta do tamanho de Marte vagando pelo jovem Sistema Solar, um gigante rochoso chamado Theia. Agora, visualize a sua colisão com a Proto-Terra (o planeta Terra em seu estágio inicial), num evento cataclísmico que redesenhou nosso planeta e, de quebra, nos presenteou com a Lua!

Essa é a mais recente e intrigante teoria sobre a formação do nosso satélite natural, e as evidências apontam para um passado muito mais violento do que se imaginava.

Encontro explosivo há bilhões de anos

Há cerca de 4,5 bilhões de anos, o cenário cósmico era bem diferente. A Terra recém-formada não tinha sua fiel companheira lunar. A Lua, segundo a hipótese mais aceita atualmente, nasceu de um impacto colossal entre a jovem Terra e Theia.

Inicialmente, cientistas acreditavam em um choque de raspão, onde fragmentos de ambos os corpos se uniram para formar a Lua. No entanto, estudos recentes com supercomputadores sugerem algo muito mais dramático: uma colisão de frente.

Nesse cenário apocalíptico, Theia teria se fundido completamente com a Terra em questão de horas, lançando uma quantidade imensa de material incandescente ao espaço. Como mostra a simulação abaixo feita pela NASA:

Esse material, então, teria se aglutinado, dando origem a dois corpos celestes: um grande, que logo realinhou-se com a Terra, e um menor, impulsionado para longe, que se tornaria a Lua que conhecemos.

DNA cósmico revela a verdade

A principal evidência que sustenta essa teoria é a análise da composição química de rochas terrestres e lunares. Cientistas descobriram que os níveis de isótopos de oxigênio são praticamente idênticos em ambas as amostras.

Essa similaridade impressionante sugere uma mistura profunda e vigorosa de material, algo que só uma colisão frontal poderia ter causado.

“Se encontrássemos uma diferença nos isótopos de oxigênio entre a Lua e a Terra, isso implicaria que o impacto que formou a Lua foi um golpe superficial”, explica o professor e pesquisador Ed Young, ao portal IFL Science.

Outros indícios reforçam essa narrativa cósmica impactante. O alinhamento quase perfeito da órbita lunar com a órbita terrestre ao redor do Sol, a possibilidade de eclipses, o alto momento angular do sistema Terra-Lua e a menor densidade do nosso satélite natural são características que encontram explicações plausíveis no cenário de uma colisão massiva.

Colisão entre a Terra e outro mundo nos deu a Lua. (Crédito da imagem: Centro de Pesquisa Ames da NASA na Califórnia)

A colisão e as estações do ano

Além da Lua, a colisão cósmica com Theia nos deixououtro fenômeno fundamental para a vida como a conhecemos: as estações do ano. A inclinação do eixo de rotação da Terra, atualmente em 23,4 graus, é amplamente atribuída ao impacto devastador com o planeta vizinho.

Essa inclinação faz com que diferentes hemisférios recebam mais luz solar em diferentes épocas do ano, criando o ciclo das estações.

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O que restou do planeta que se chocou contra a Terra?

  • A resposta pode estar escondida nas profundezas do nosso planeta.
  • Cientistas suspeitam que grandes estruturas anômalas, conhecidas como Grandes Províncias de Baixa Velocidade (LLVPs), localizadas no manto terrestre abaixo das placas tectônicas africana e do Pacífico, podem ser remanescentes de Theia.
  • Essas formações densas teriam afundado no manto ao longo de bilhões de anos, reforçando a ideia de que não faziam parte da composição original da Terra.
  • Simulações computacionais apoiam essa hipótese, demonstrando que fragmentos de Theia poderiam ter penetrado o manto superior e, eventualmente, se deslocado para a fronteira entre o manto e o núcleo.
  • Se essa teoria se confirmar, os restos de Theia também podem ter desempenhado um papel crucial na formação das placas tectônicas.

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Cientistas encontram um planeta que parece ter vindo de Star Wars

Um artigo publicado este mês na revista Science Advances, liderado por Thomas Baycroft, estudante de doutorado na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, revela a descoberta de um planeta orbitando duas estrelas ao mesmo tempo, em um ângulo de 90 graus. Chamado de “planeta polar”, ele gira acima e abaixo das estrelas, e não ao redor, como é mais comum.

Imagem revela 2M1510 AB, um par de anãs marrons (A e B) que orbitam entre si. Elas são vistas como uma só, mas os astrônomos sabem que são duas porque elas se eclipsam periodicamente. Este sistema contém uma terceira anã marrom, 2M1510 C, que está localizada muito longe para ser responsável por perturbações gravitacionais observadas. Crédito: Pesquisa de Legado DESI / D. Lang (Instituto Perimetral)

Batizado de 2M1510 (AB) b, o exoplaneta – mundo fora do Sistema Solar – foi encontrado ao redor de duas anãs marrons, que são objetos maiores do que planetas como Júpiter, mas que não têm massa suficiente para brilhar como estrelas. Elas formam um sistema binário, ou seja, giram uma em torno da outra. Da Terra, parecem se esconder uma atrás da outra em certos momentos, como num eclipse.

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Planeta com dois sóis remete a “mundo Tatooine”

Planetas em sistemas binários já foram observados antes, sendo inclusive apelidados de “mundos Tatooine”, em referência ao planeta da saga Star Wars, onde é possível ver dois sóis no céu. No entanto, todos esses planetas orbitam no mesmo plano em que as estrelas se movimentam. O que torna esse novo achado tão especial é seu ângulo de órbita ser completamente perpendicular ao das estrelas.

Essa descoberta foi possível graças ao Very Large Telescope (VLT), localizado no Chile e operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO). A equipe de astrônomos estava estudando o sistema 2M1510 com outro objetivo, mas notou que as duas estrelas apresentavam movimentos irregulares. Isso costuma indicar a presença de um planeta que, com sua gravidade, puxa levemente as estrelas enquanto orbita.

Ilustração mostra um exoplaneta orbitando duas anãs marrons – objetos maiores que planetas gigantes gasosos, mas pequenos demais para serem estrelas propriamente ditas. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Diante desse comportamento estranho, os cientistas simularam várias situações para explicar o que estavam vendo. Segundo Baycroft, só havia uma explicação que combinava com os dados: um planeta em órbita polar. 

“Foi uma grande surpresa. Não estávamos procurando por isso”, comentou Amaury Triaud, professor da mesma universidade e coautor do estudo, em um comunicado. Para os cientistas, o caso mostra que o Universo ainda é cheio de mistérios. E que, muitas vezes, grandes descobertas acontecem por acaso.

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Astrônomos usam IA para caçar planetas semelhantes à Terra

Encontrar planetas como a Terra em sistemas estelares distantes pode ser algo mais perto da realidade graças a um algoritmo revolucionário desenvolvido por cientistas europeus. Usando aprendizado de máquina, a IA identificou 44 estrelas que podem abrigar planetas rochosos semelhantes ao nosso – e localizados na chamada “zona habitável”, onde as condições podem permitir vida como a conhecemos.

A pesquisa liderada pela astrônoma Jeanne Davoult, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), usou dados simulados gerados pelo Modelo de Berna, um sistema sofisticado que cria milhares de cenários planetários artificiais. O objetivo? Treinar o algoritmo para reconhecer padrões que indiquem a presença de mundos potencialmente habitáveis.

Um algoritmo caçando planetas

Os resultados, publicados no periódico Astronomy & Astrophysics, são impressionantes. Após ser treinado em mais de 53 mil sistemas simulados, o modelo alcançou uma precisão de até 99% ao prever quais estrelas têm maior chance de hospedar planetas do tamanho da Terra. Entre os principais indicadores estão a massa, o raio e o período orbital do planeta mais interno detectado em cada sistema.

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Por exemplo, Davoult descobriu que, em torno de estrelas do tipo G como o nosso Sol, a existência de um mundo do tamanho do nosso na zona habitável parece mais provável se o raio do planeta detectável mais interno for maior que 2,5 vezes o raio da Terra, ou se tiver um período orbital maior que 10 dias. Curiosamente, sistemas com gigantes gasosos externos, como o nosso Júpiter, parecem ter maior probabilidade de também abrigar planetas rochosos internos.

Agora, com essas 44 candidatas identificadas, os astrônomos podem focar seus telescópios em alvos promissores, economizando tempo e recursos. E isso é apenas o começo. No futuro, o algoritmo será aplicado aos dados da missão PLATO, da Agência Espacial Europeia, que promete descobrir milhares de novos exoplanetas.

Via Space.com

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Quatro “mini-Terras” são descobertas orbitando estrela solitária próxima

Em outubro do ano passado, o Olhar Digital noticiou a descoberta de uma “mini-Terra” em torno da estrela solitária mais próxima do Sistema Solar. Agora, uma equipe de astrônomos acaba de confirmar que esse mundo, chamado Barnard b, tem mais três pequenos vizinhos: Barnard c, Barnard d e Barnard e.

Localizada a apenas 6 anos-luz da Terra, a Estrela de Barnard não é a mais próxima de nós – esse título pertence ao sistema Alpha Centauri, que inclui Proxima Centauri. A diferença é que ela é uma estrela única, enquanto Alpha Centauri é um sistema múltiplo.

Astrônomos buscam planetas ao redor da Estrela de Barnard há anos, já que anãs vermelhas, como ela, são as estrelas mais comuns da Via Láctea. Além disso, planetas rochosos pequenos são mais fáceis de detectar orbitando essas estrelas, pois sua luz fraca torna as oscilações gravitacionais mais perceptíveis.

Entretanto, essa anã vermelha possui menos elementos pesados do que o Sol, o que pode dificultar a formação de planetas rochosos. Ela também é menor e mais fria, com temperatura superficial de 2.800°C, enquanto a do Sol chega a 5.600°C. 

Planetas não foram detectados por método tradicional

Existem pouquíssimos planetas menores que a Terra, o que torna rara essa descoberta ao redor da Estrela de Barnard. Os pequenos mundos detectados completam suas órbitas extremamente rápido: o mais próximo leva apenas 2,3 dias, enquanto o mais distante precisa de 6,7 dias. Devido à proximidade com a estrela hospedeira, são quentes demais para abrigar água líquida.

As massas mínimas dos planetas variam entre 20% e 34% da massa da Terra – entre o dobro e o triplo da massa de Marte. Análises indicam que planetas maiores que 57% da massa da Terra não existem na zona habitável da estrela. Isso reduz as chances de que qualquer um desses mundos tenha condições adequadas para a vida.

Representação artística dos quatro planetas rochosos descobertos na órbita da Estrela de Barnard. Crédito: Observatório Internacional Gemini / NOIRLab / NSF / AURA / P. Marenfeld

“É uma descoberta realmente emocionante – a Estrela de Barnard é nossa vizinha cósmica, e ainda sabemos muito pouco sobre ela”, afirmou Ritvik Basant, pesquisador da Universidade de Chicago e autor principal do estudo, em um comunicado. Para ele, essa descoberta mostra o avanço das novas gerações de instrumentos astronômicos.

Os astrônomos não detectaram esses mundos pelo tradicional método de trânsito, que ocorre quando um deles passa diante da estrela e bloqueia parte da luz. Em vez disso, sua presença foi identificada por meio da análise de pequenas oscilações na estrela causadas pela atração gravitacional. O planeta mais distante é o menor já encontrado com essa técnica.

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Instrumentos avançados confirmam “mini-Terras” na órbita da Estrela de Barnard

A confirmação desses planetas foi um desafio. Durante o último século, diversos estudos sugeriram que a Estrela de Barnard poderia ter planetas, mas as evidências eram inconclusivas. Agora, com instrumentos avançados como o MAROON-X, no telescópio Gemini Norte, no Havaí, e o ESPRESSO, no Very Large Telescope (BLT), no Chile, foi possível comprovar sua existência.

“Observamos em momentos distintos da noite, sem coordenação entre nossas equipes no Chile e no Havaí”, explicou Basant. “Isso nos dá confiança de que esses sinais não são apenas ruídos nos dados”.

Os resultados estudo foram descritos em um artigo publicado este mês no periódico científico The Astrophysical Journal Letters.

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James Webb detecta clima extremo em planeta raro do tamanho de Netuno

Um estudo publicado na revista Nature Astronomy revela novas descobertas sobre a atmosfera do exoplaneta LTT 9779 b, também conhecido como Cuancoá. Usando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, os autores conseguiram estudar esse mundo, que é semelhante a Netuno – porém com características bem peculiares. 

Descoberto em 2020, Cuancoá tem 29 vezes a massa da Terra e orbita sua estrela em apenas 19 horas, o que o coloca em uma categoria rara, com poucos exemplos conhecidos, chamada “Deserto de Netunos Quentes” (planetas com o tamanho e a massa de Netuno, mas com um período de menos de quatro dias ao redor de suas estrelas). 

Com temperaturas extremas de até 2.000°C em seu lado diurno, o LTT 9779 b oferece uma janela única para entender a evolução de planetas em condições tão extremas. Em um comunicado, Louis-Philippe Coulombe, estudante de pós-graduação da Université de Montréal, no Canadá, comparou a descoberta a encontrar algo inesperado em um ambiente hostil, “como uma bola de neve que não derrete em um incêndio”. 

Um exoplaneta do tipo Netuno quente é semelhante ao gigante gelado Netuno em tamanho e massa, mas orbita mais perto de sua estrela, tornando-se extremamente quente. Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi – Shutterstock

O estudo dessa diversidade de sistemas planetários pode oferecer insights valiosos sobre a formação e evolução de mundos semelhantes.

Instrumento do James Webb enxerga luz invisível ao olho humano

Para essa pesquisa, a equipe utilizou o modo Espectroscopia Sem Fenda de Objeto Único (SOSS) do Webb, que detecta radiação no infravermelho próximo, uma faixa de luz invisível ao olho humano. Essa tecnologia é especialmente útil para analisar atmosferas de exoplanetas, permitindo aos cientistas detectar detalhes antes inacessíveis. Ao observar o LTT 9779 b, os pesquisadores conseguiram identificar vapor d’água e estudar a luz refletida pelas nuvens presentes no planeta, formadas em sua face exposta ao dia.

Devido à rotação bloqueada por maré, um dos lados do LTT 9779 b está constantemente voltado para sua estrela, enquanto o outro se mantém na escuridão permanente. Isso cria um grande contraste térmico entre os dois lados do planeta, com a face diurna experimentando temperaturas escaldantes. Esse fenômeno gera uma circulação atmosférica peculiar, em que o ar quente sobe no lado iluminado e o ar mais frio desce no lado noturno, criando correntes de convecção e influenciando o clima do planeta.

Por causa da rotação bloqueada por maré, um lado do exoplaneta LTT 9779 b fica sempre exposto à estrela hospederia, tornando-se muito quente, enquanto o outro fica permanentemente na escuridão. Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi – Shutterstock

As descobertas indicam que a alta refletividade de LTT 9779 b, provavelmente devido à presença de nuvens espessas, tem impacto na sua distribuição de energia. As nuvens, formadas devido à diferença de temperatura entre os lados diurno e noturno, ajudam a refletir parte da luz estelar, o que pode afetar a dinâmica atmosférica e os padrões climáticos do exoplaneta.

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Hubble vai ajudar a investigar planeta raro

A pesquisa também revelou a presença de vapor d’água, confirmando que a atmosfera do LTT 9779 b é complexa o suficiente para que cientistas estudem não apenas sua composição, mas também os efeitos de suas condições extremas. A equipe continua a refinar seus modelos e utilizar observações adicionais, como as do Telescópio Espacial Hubble, para entender melhor como as nuvens se formam e persistem em um ambiente tão hostil.

Com o progresso das observações, os cientistas esperam descobrir mais sobre a dinâmica atmosférica de planetas como o LTT 9779 b. Esse estudo é uma etapa importante para entender melhor a evolução de planetas em zonas de alta radiação, como as que existem em torno de estrelas semelhantes ao Sol.

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“Mini-Terra” é descoberta perto do Sistema Solar

Astrônomos identificaram um exoplaneta ao redor da estrela solitária mais próxima do Sistema Solar. Chamado Barnard b, o mundo alienígena recém-descoberto orbitando a Estrela de Barnard, tem metade da massa de Vênus e é classificado como uma “Mini-Terra”.

Barnard b completa uma órbita em torno da estrela-hospedeira a cada três dias terrestres, a cerca de 2,4 milhões de km de distância, o que representa apenas 5% da distância entre o Sol e Mercúrio. Apesar da proximidade, o planeta não está na zona habitável.

Planetas ao redor da Estrela de Barnard. Crédito: Eyes on Planets/Sicence/NASA

“Barnard b é um dos exoplanetas de menor massa já descobertos, mas está muito perto de sua estrela, o que torna improvável a presença de água líquida”, explica Jonay González Hernández, do Instituto de Astrofísica das Canárias, em um comunicado. “Mesmo sendo uma estrela mais fria que o Sol, ainda é quente demais para permitir condições favoráveis à vida na superfície do planeta”.

Como a mini-Terra foi detectada

A descoberta foi feita usando o Very Large Telescope (VLT), um conjunto de telescópios no deserto do Atacama, no Chile. Os astrônomos identificaram o planeta analisando pequenas oscilações na Estrela de Barnard, causadas pela atração gravitacional do objeto em seu entorno. Os dados foram coletados pelo instrumento ESPRESSO e confirmados pelo HARPS, ambos especializados na busca por planetas fora do Sistema Solar. Os resultados foram relatados em um artigo publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

Localizada a apenas 6 anos-luz do Sistema Solar, a Estrela de Barnard não é a mais próxima de nós – esse título pertence ao sistema Alpha Centauri, que inclui Proxima Centauri. A diferença é que ela é uma estrela solitária, enquanto Alpha Centauri é um sistema múltiplo.

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Estrelas anãs vermelhas são as mais comuns da Via Láctea

A busca por planetas ao redor da Estrela de Barnard tem sido uma prioridade para astrônomos, já que estrelas anãs vermelhas, como ela, são os tipos mais comuns da Via Láctea. Além disso, exoplanetas rochosos de baixa massa são mais fáceis de detectar orbitando essas estrelas.

Esse objeto é menor e mais frio que o Sol, com temperatura superficial em torno de 2.800°C, enquanto a do Sol chega a 5.600°C. Além disso, acredita-se que essa anã vermelha tenha menos elementos pesados, o que pode dificultar a formação de planetas rochosos em sua órbita.

Mesmo assim, a equipe de González Hernández segue analisando a região em busca de outros planetas. Os cientistas têm especial interesse em mundos que possam estar na zona habitável da estrela, onde a temperatura permitiria a presença de água líquida. Essa região oferece condições nem muito quentes nem muito frias para um planeta potencialmente abrigar vida.

A Estrela de Barnard é 80% menor que o Sol e tem uma temperatura de superfície de cerca de 2.800 graus Celsius, enquanto a solar é de 5.600 graus Celsius. Crédito: IEEC/Science-Wave – Guillem Ramisa

“Levamos tempo para encontrar Barnard b, mas sempre tivemos confiança de que algo estava lá”, disse Hernández. A equipe também identificou sinais de outros três possíveis exoplanetas ao redor da Estrela de Barnard, que serão investigados em pesquisas futuras.

“Precisamos continuar monitorando a estrela para confirmar esses sinais”, disse Alejandro Suárez Mascareño, também do Instituto de Astrofísica das Canárias. “A descoberta de Barnard b, junto com outros planetas como Proxima b e d, mostra que nossa vizinhança cósmica está repleta de mundos de baixa massa”.

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Urano é mais quente do que se pensava, indicam novos estudos

Pesquisadores descobriram que Urano libera mais calor interno do que os dados da sonda Voyager 2, da NASA, sugeriam. Isso significa que, além de refletir a luz solar, o planeta emite uma quantidade extra de energia. 

Dois estudos, conduzidos por duas equipes independentes – e que aguardam revisão por pares – indicam que Urano se comporta de forma mais semelhante a Júpiter, Saturno e Netuno do que se pensava.

Os planetas possuem três fontes principais de calor: o calor residual de sua formação, a radioatividade de seus elementos e a energia recebida do Sol. O primeiro fator aquece mundos jovens, mas diminui ao longo de bilhões de anos. O equilíbrio entre a radioatividade e a luz solar depende da composição química do planeta e de sua distância do Sol.

Representação artística da sonda Voyager 2 investigando Urano. Créditos: Joshimerbin – Shutterstock (Urano); NASA (Voyager 2). Edição: Olhar Digital

Quando a sonda Voyager 2 passou por Urano em 1986, os dados coletados indicaram que ele não possuía uma fonte significativa de calor interno, ao contrário dos outros gigantes gasosos. Isso surpreendeu os cientistas, pois Urano e Netuno compartilham muitas características. Desde então, novos telescópios em solo e no espaço têm permitido reavaliar essa conclusão.

Sonda da NASA pode ter medido errado a temperatura de Urano

Uma equipe liderada por Patrick Irwin, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, analisou dados coletados entre 2000 e 2009 pelo Telescópio Espacial Hubble e observatórios no Havaí. Outro grupo, liderado por Xinyue Wang, da Universidade de Houston, nos EUA, estudou registros desde meados do século 20 e incorporou medições recentes para avaliar as variações térmicas ao longo da órbita de 84 anos do planeta.

Os resultados sugerem que a Voyager 2 pode ter medido erroneamente a temperatura ou passado por Urano em um período atípico. Ambas as equipes concluíram que o planeta reflete mais calor do que se pensava, indicando a presença de uma fonte interna de energia. Embora as estimativas variem (12,5% para um grupo e 15% para o outro), as diferenças estão dentro da margem de erro.

Imagem de Urano feita pelo James Webb (Crédito: NASA)
Imagem de Urano feita pelo Telescópio Espacial James Webb. Crédito: NASA

Apesar dessa descoberta, Urano ainda emite muito menos calor do que os outros planetas gigantes do Sistema Solar. Netuno, por exemplo, libera mais que o dobro da energia que recebe do Sol. As razões para essa discrepância ainda são desconhecidas, mas podem estar ligadas ao impacto que inclinou Urano em um ângulo extremo.

Uma missão dedicada ao planeta poderia responder a essas questões. Para isso, cientistas defendem um lançamento em 2032, aproveitando um impulso gravitacional de Júpiter para tornar a viagem mais eficiente. No entanto, o futuro dessa proposta dependerá das prioridades da exploração espacial nos próximos anos.

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Telescópio ou binóculo: qual o melhor para observar o céu e as estrelas?

Observar o céu noturno é uma experiência fascinante, e tanto telescópios quanto binóculos podem ser ferramentas poderosas para explorar as estrelas, planetas e outros corpos celestes.

No entanto, a escolha entre um e outro depende de vários fatores, como nível de experiência, facilidade de uso, orçamento e o que exatamente se deseja observar.

Enquanto os telescópios oferecem maior ampliação e detalhes para objetos distantes, os binóculos são mais portáteis e versáteis, sendo ideais para iniciantes. Mas qual é o melhor para cada caso?

Qual é melhor para observar o céu: telescópio ou binóculo?

Crédito: AstroStar – Shutterstock

A escolha entre telescópio e binóculo depende do que se espera da observação astronômica. Os telescópios são mais indicados para quem deseja observar detalhes finos da Lua, planetas, nebulosas e galáxias distantes. Eles possuem lentes e espelhos de grande ampliação, permitindo uma visão mais profunda do cosmos. No entanto, exigem montagem e ajustes mais delicados, além de serem menos portáteis.

Já os binóculos são ideais para iniciantes ou para quem busca uma experiência mais prática e intuitiva. Com eles, é possível observar constelações inteiras, enxergar melhor aglomerados estelares e até identificar luas de Júpiter ou os anéis de Saturno em modelos mais avançados. Além disso, binóculos são mais fáceis de transportar e não exigem tripés ou ajustes complexos.

Para quem está começando, um binóculo 10×50 pode ser uma excelente opção, pois oferece um equilíbrio entre ampliação e campo de visão. Já os entusiastas mais avançados podem se beneficiar de um telescópio refletor com abertura de pelo menos 70 mm para visualizar detalhes mais profundos do céu.

O que analisar na hora de comprar o melhor telescópio ou binóculo?

Abertura da lente e ampliação

A abertura da lente é um dos fatores mais importantes na escolha de um telescópio ou binóculo. No caso dos telescópios, quanto maior a abertura (medida em milímetros), mais luz o equipamento coleta, resultando em imagens mais nítidas e detalhadas. Modelos com 70 mm a 130 mm de abertura são ideais para iniciantes, enquanto os mais avançados podem ultrapassar 200 mm.

Para binóculos, a ampliação é representada por dois números, como 10×50. O primeiro número indica o zoom, e o segundo, o diâmetro da lente objetiva em milímetros. Um binóculo 10×50 ou 15×70 é excelente para observação astronômica, oferecendo boa ampliação sem perder campo de visão.

Peso e portabilidade

Se a ideia é observar o céu de diferentes locais, a portabilidade pode ser um fator decisivo. Binóculos são mais leves e fáceis de carregar, enquanto telescópios exigem tripés e suportes para uma observação estável. Modelos dobráveis de binóculos são ainda mais compactos, mas podem ter menor capacidade de captação de luz.

Para quem busca um telescópio portátil, os modelos refratores com abertura menor são boas opções, pois são mais leves e fáceis de montar.

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Montagem e estabilidade

Imagem: Divulgação/Beaverlab

Telescópios precisam de um tripé resistente, especialmente os modelos de grande ampliação. As montagens altazimutal (mais simples) e equatorial (mais precisa) influenciam diretamente na experiência de observação.

Já os binóculos podem ser segurados à mão, mas em ampliações acima de 15x, é recomendado o uso de um tripé para reduzir tremores e garantir uma visualização mais estável.

Preço e custo-benefício

Os binóculos costumam ser mais acessíveis do que os telescópios. Um bom binóculo 10×50 pode custar menos que um telescópio básico, oferecendo uma experiência rica para quem está começando. No entanto, se o objetivo é explorar detalhes profundos do céu, um telescópio refletor de 70 mm a 130 mm pode ser um excelente investimento.

Com informações de Space.com.

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PDS70

Astrônomos capturam detalhes inéditos de planetas em formação

Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, obtiveram imagens sem precedentes de planetas extremamente jovens ao redor de uma estrela localizada a 370 anos-luz da Terra. A observação foi feita com o instrumento Magellan Adaptive Optics Xtreme (MagAO-X), um sistema avançado que corrige a turbulência da atmosfera terrestre.

Com apenas 5 milhões de anos, a estrela PDS 70 é um bebê cósmico se comparado ao Sol, que tem mais de 4,5 bilhões de anos. Em torno dela, foram detectados dois planetas em formação, que receberam os nomes de PDS 70 b e PDS 70 c. As imagens revelaram anéis compactos de poeira ao redor deles, que podem dar origem a luas.

A equipe também registrou mudanças inesperadas no brilho dos planetas, uma característica da juventude agitada do sistema. Essas variações sugerem um intenso processo de crescimento, com os planetas acumulando material ao seu redor. O estudo foi publicado no periódico científico The Astronomical Journal.

Como o MagAO-X consegue imagens tão nítidas de planetas distantes?

O MagAO-X funciona de maneira semelhante aos fones de ouvido com cancelamento de ruído, mas aplicado à óptica. Ele utiliza um espelho deformável que se ajusta duas mil vezes por segundo para corrigir as distorções causadas pela atmosfera terrestre. Isso permite que um telescópio no solo registre imagens tão nítidas quanto as de telescópios espaciais.

Esse instrumento foi acoplado ao Telescópio Magalhães, de 6,5 metros, que fica no Observatório Las Campanas, no Chile. Com essa tecnologia, os astrônomos puderam enxergar detalhes incríveis dos planetas em formação. 

Diagrama dos discos de poeira no sistema PDS 70. Crédito: Emmeline Close e Laird Close

Sistema Solar pode ter sido parecido com isso no passado

Os astrônomos acreditam que, há bilhões de anos, o Sistema Solar pode ter se parecido com o sistema PDS 70. A estrela é cercada por um vasto disco de gás e poeira, que apresenta uma grande lacuna. Essa região livre de poeira pode indicar a presença de planetas massivos que, como “aspiradores cósmicos”, varrem e reorganizam o material ao redor.

Planetas tão jovens como esses são extremamente raros de serem encontrados. Entre os mais de cinco mil exoplanetas conhecidos, PDS 70 b e c estão entre os poucos cuja formação ainda pode ser observada diretamente. Para os cientistas, estudar esses objetos pode ajudar a entender melhor como planetas e luas se formam.

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Planetas ainda estão em desenvolvimento

Apesar de já serem várias vezes mais massivos que Júpiter, os planetas PDS 70 b e c ainda estão acumulando material de sua “nuvem de nascimento”. Esse processo acontece por meio de quedas de gás hidrogênio em suas atmosferas, um fenômeno que faz com que eles brilhem em um comprimento de onda chamado H-alfa.

O MagAO-X conseguiu detectar esse brilho e distinguir as estruturas ao redor dos planetas. As imagens revelaram, pela primeira vez, anéis de poeira iluminados pela luz da estrela central. Esse material provavelmente formará luas no futuro.

Além disso, os astrônomos notaram mudanças rápidas no brilho dos planetas. Em apenas três anos, PDS 70 b perdeu 80% de seu brilho, enquanto PDS 70 c ficou duas vezes mais luminoso. A explicação mais provável é que a quantidade de gás sendo absorvida por cada planeta mudou drasticamente nesse curto intervalo de tempo.

“É como se um dos planetas tivesse entrado em dieta enquanto o outro estivesse se banqueteando com hidrogênio”, brincou o pesquisador Laird Close, em um comunicado. No entanto, os cientistas ainda não sabem ao certo o que está causando essas variações extremas.

A equipe pretende continuar investigando protoplanetas ao redor de outras estrelas jovens usando o MagAO-X. Mesmo no limite das capacidades atuais, novas melhorias tecnológicas devem tornar essas descobertas mais comuns nos próximos anos.

O astrônomo Jared Males, líder do projeto, destacou a importância de investir em telescópios terrestres cada vez maiores. “No solo, podemos construir telescópios muito maiores do que no espaço. Esse estudo mostra como instrumentos avançados podem permitir descobertas impressionantes a partir da Terra”.

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