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A Terra não está orbitando (exatamente) o Sol agora. Entenda!

Você aprendeu, desde criança, nas aulas de Ciências, como funciona o nosso Sistema Solar. Na minha época, eram 9 planetas – mas hoje são 8, já que Plutão foi rebaixado para a categoria de planeta anão.

Aprendemos também que todos esses corpos celestes se movimentam em uma órbita regular em torno da nossa maior estrela, que é o Sol, certo? Certo.

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Agora, e se eu te disser que essa ideia não é 100% precisa? E que, na verdade, estamos circulando um ponto vazio no espaço? É isso que nos ensina a astrofísica.

Essa é uma representação clássica do Sistema Solar. Na verdade, no entanto, os planetas não estariam orbitando ao redor do Sol exatamente (pelo menos do centro dele) – Imagem: Withan Tor/Shutterstock

O conceito do baricentro

  • Quando dois corpos estão orbitando em torno um do outro, ambos exercem força gravitacional, ou seja, eles se puxam mutuamente.
  • Isso faz com que eles girem em torno de um centro de massa comum.
  • No Sistema Solar, o baricentro está próximo estrela maior, o Sol, mas não em seu centro.
  • Isso acontece por causa da grande massa dos gigantes gasosos (Júpiter e Saturno).
  • Dessa forma, a Terra tecnicamente está orbitando um ponto vazio do espaço.
  • O conceito do baricentro se aplica também na relação entre o nosso planeta e a Lua, nosso satélite natural.
  • Na verdade, a Lua está girando em torno de um ponto distante do centro do planeta.
  • Um ponto a mais ou menos 5 mil quilômetros do centro da Terra (para ser exato).
  • O vídeo abaixo ilustra bem como funciona esse conceito:

A escola não está ensinando errado

O modelo planetário acima foi desenvolvido pelo astrônomo e comunicador científico James O’Donoghue. Ele explica que a ideia de que orbitamos o Sol não está errada. Ela só não é 100% precisa:

“Os planetas orbitam o Sol em termos gerais, mas tecnicamente eles não orbitam o Sol sozinhos porque a influência gravitacional de Júpiter significa que os planetas devem orbitar um novo ponto no espaço”, afirmou o especialista.

Atmosfera de Júpiter
Júpiter, o gigante gasoso, é o grande responsável por esse fenômeno – Imagem: Artsiom P/Shutterstock

“É claro que os planetas orbitam o Sol, estamos apenas sendo pedantes quanto à situação. O pensamento natural é que orbitamos o centro do Sol, mas isso acontece muito raramente, ou seja, é muito raro o centro de massa do sistema solar se alinhar com o centro do Sol”, concluiu O’Donoghue.

Você pode ler mais explicações sobre astrofísica e astronomia no perfil que ele mantém no Bluesky.

Texto feito com base em uma reportagem do Olhar Digital de 22/06/2024.

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Terra pode ser ejetada do Sistema Solar no futuro?

No decorrer da viagem que o Sistema Solar faz pela galáxia, ele pode se encontrar com outras estrelas e, mesmo que distantes, elas podem impactar a ordem dos planetas. Para entender as possibilidades de desastres, cientistas simularam os possíveis futuros das órbitas dos mundos em torno do Sol.

“A passagem de estrelas pode alterar a estabilidade dos planetas e de Plutão, bem como a arquitetura secular dos planetas gigantes, ao longo dos próximos 5 bilhões de anos”, escreveram os pesquisadores.

O novo estudo, publicado na Icarus, argumenta que simulações anteriores superestimavam a estabilidade dos planetas.

A análise inédita estima cerca de 19 encontros por milhão de anos a cada um parsec (3,26 anos-luz) viajado pelo Sol. Na simulação para os próximos 5 bilhões de anos, 2% dos cenários terminam com planetas sendo ejetados para o espaço.

A invasão de uma estrela errante poderia causar o caos no Sistema Solar, com a colisão entre os planetas e até com o Sol. Crédito: sdecoret – Shutterstock

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Planetas podem se perder no espaço

A pesquisa demonstra que a Terra tem uma chance de 1 em 500 (0,2%) de ser ejetada do Sistema Solar ou colidir com outro planeta. Marte também está na mira. O Planeta Vermelho tem uma chance maior (0,3%) de se chocar com outro mundo e se perder no espaço.

Em um dos casos, Plutão tem 5% de chance de se tornar instável devido a uma perturbação em sua gigante orbita. Mercúrio, por estar perto do Sol, é o planeta que estatisticamente está mais próximo de seus vizinhos no Sistema Solar, já que suas rápidas voltas em torno de sua estrela o fazem passar mais tempo perto dos outros mundos. Por isso, sua chance de instabilidade cresceu de 50% para 80%.

O estudo sugere que os casos de perda de planeta acontecerão num futuro mais perto do que distante, sendo a influência de uma estrela passageira a maior causa de instabilidade no Sistema Solar para os próximos 4 bilhões de anos.

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Imagens revelam nascimento de planetas com nitidez sem precedentes

Imagens divulgadas nesta segunda-feira (28) revelam com precisão inédita o nascimento de novos sistemas solares. Astrônomos captaram os registros mais detalhados já feitos de estrelas jovens cercadas por poeira e gás – o ambiente onde planetas estão começando a se formar.

Essas imagens mostram mais de uma dúzia de sistemas ainda em estágio inicial. Elas ajudam a entender onde exatamente os planetas se formam, com que velocidade crescem e quais os materiais que compõem essas novas estruturas. Os dados vão ajudar a aperfeiçoar modelos sobre a origem dos planetas.

Os registros foram feitos com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), um superconjunto de radiotelescópios instalado no deserto do Atacama, no Chile, capaz de enxergar detalhes invisíveis a outros telescópios, graças a técnicas que aumentam a nitidez e eliminam distorções na imagem.

Observações da emissão de monóxido de carbono de 15 discos protoplanetários revelam uma variedade impressionante de estruturas gasosas, incluindo lacunas, anéis e espirais. Crédito: Richard Teague e a Colaboração exoALMA

Planetas se formam a partir do acúmulo de matéria

O ALMA consegue detectar sinais emitidos por partículas muito frias, como as presentes em nuvens de poeira e gás interestelar. Nessas nuvens, chamadas discos protoplanetários, os planetas se formam a partir do acúmulo de matéria. São como berçários cósmicos, onde novos mundos começam a nascer.

Em um comunicado, Richard Teague, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e um dos líderes do projeto, essas técnicas são como trocar óculos simples por binóculos potentes. “Agora conseguimos ver detalhes que antes eram totalmente invisíveis”.

Quatro imagens diferentes do disco protoplanetário que rodeia a jovem estrela HD 135344B revelam estruturas semelhantes a vórtices. Esses vórtices podem reter poeira e desencadear instabilidades que ajudam os planetas a se formarem e crescerem. Crédito: Richard Teague e a Colaboração exoALMA

A equipe observou 15 sistemas estelares localizados entre algumas centenas e mil anos-luz da Terra. Em vez de tentar ver diretamente os planetas, que são pequenos e escuros, os cientistas buscaram marcas deixadas por eles nos arredores – como ondulações no gás ou lacunas nos discos.

Essas pistas indicam que os planetas estão interagindo com o ambiente, moldando os discos com sua gravidade. Christophe Pinte, outro pesquisador do projeto, comparou o processo a buscar um peixe pelas ondulações que ele provoca num lago – mesmo sem enxergar o animal diretamente.

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Estudos são liderados por pesquisadores jovens

A análise das imagens resultou em 17 artigos científicos já publicados, que mostram que esses sistemas em formação são muito mais complexos e dinâmicos do que se imaginava. Mesmo em estágios iniciais, os discos já apresentam anéis, fendas e movimentos que revelam a ação dos planetas.

Os cientistas também identificaram como grandes grãos de poeira se acumulam nos discos, formando estruturas que podem dar origem a planetas. Eles ainda propõem novas formas de medir a quantidade de massa disponível para formar mundos inteiros.

Um aspecto importante é que jovens pesquisadores lideraram grande parte do trabalho. Do total de artigos publicados, 12 foram assinados por cientistas em início de carreira. Novas descobertas devem ser anunciadas ainda este ano.

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“Superterra” é descoberta orbitando estrela parecida com o Sol

Astrônomos descobriram um exoplaneta três vezes maior do que a Terra orbitando uma estrela anã amarela, do mesmo tipo que o Sol. A equipe utilizou o telescópio espacial do Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da NASA, para encontrar TOI-3493 b, título dado ao novo planeta.

O satélite está coletando dados das cerca de 200 mil estrelas mais brilhantes próximas ao Sol para encontrar possíveis exoplanetas. Os cientistas descobriram o astro quando TESS detectou um sinal de luz diferente vindo da estrela TOI-3493, que logo confirmaram ser a evidência da presença de um exoplaneta.

A pesquisa revelou que TOI-3493 b é um astro planetário sub-Netuno, sendo três vezes maior do que a Terra, mas menor do que Netuno. Ele orbita sua estrela a cada 8 dias e sua massa é equivalente a cerca de 9 massas terrestres, o que faz dele um planeta robusto segundo os astrônomos.

A estrela hospedeira TOI-3493 esta a 315 anos-luz da Terra. Ela é parecida com o Sol, tem cerca de 1,23 vezes o raio solar e também está na classificação estelar tipo-G. Os pesquisadores estimaram sua idade em 7,4 bilhões de anos e um período de rotação de 34 dias, o que sugere que ela seja uma estrutura estelar inativa.

Comparação do tamanho da Terra com Netuno (Imagem: NASA)

Satélite da NASA busca mais exoplanetas

O TESS foi lançado em 2018 e já detectou mais de 7.500 possíveis exoplanetas, chamados de Objetos de Interesse do TESS (TOI). Cerca de 620 deles tiveram sua existência confirmada por astrônomos até o momento.

A missão principal do satélite terminou em 2020. Ele captou imagens de cerca de 75% do céu estrelado em uma pesquisa de dois anos. Agora, TESS está num projeto estendido, em busca de mais planetas, captando sinais de pequenas rochas até astros gigantes.

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“O TESS está produzindo uma torrente de observações de alta qualidade, fornecendo dados valiosos sobre uma ampla gama de tópicos científicos. Ao entrar em sua missão estendida, o TESS já é um sucesso estrondoso”, disse Patricia Boyd, cientista no Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA.

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O que aconteceu com o planeta que a Terra “engoliu”?

Imagine um planeta do tamanho de Marte vagando pelo jovem Sistema Solar, um gigante rochoso chamado Theia. Agora, visualize a sua colisão com a Proto-Terra (o planeta Terra em seu estágio inicial), num evento cataclísmico que redesenhou nosso planeta e, de quebra, nos presenteou com a Lua!

Essa é a mais recente e intrigante teoria sobre a formação do nosso satélite natural, e as evidências apontam para um passado muito mais violento do que se imaginava.

Encontro explosivo há bilhões de anos

Há cerca de 4,5 bilhões de anos, o cenário cósmico era bem diferente. A Terra recém-formada não tinha sua fiel companheira lunar. A Lua, segundo a hipótese mais aceita atualmente, nasceu de um impacto colossal entre a jovem Terra e Theia.

Inicialmente, cientistas acreditavam em um choque de raspão, onde fragmentos de ambos os corpos se uniram para formar a Lua. No entanto, estudos recentes com supercomputadores sugerem algo muito mais dramático: uma colisão de frente.

Nesse cenário apocalíptico, Theia teria se fundido completamente com a Terra em questão de horas, lançando uma quantidade imensa de material incandescente ao espaço. Como mostra a simulação abaixo feita pela NASA:

Esse material, então, teria se aglutinado, dando origem a dois corpos celestes: um grande, que logo realinhou-se com a Terra, e um menor, impulsionado para longe, que se tornaria a Lua que conhecemos.

DNA cósmico revela a verdade

A principal evidência que sustenta essa teoria é a análise da composição química de rochas terrestres e lunares. Cientistas descobriram que os níveis de isótopos de oxigênio são praticamente idênticos em ambas as amostras.

Essa similaridade impressionante sugere uma mistura profunda e vigorosa de material, algo que só uma colisão frontal poderia ter causado.

“Se encontrássemos uma diferença nos isótopos de oxigênio entre a Lua e a Terra, isso implicaria que o impacto que formou a Lua foi um golpe superficial”, explica o professor e pesquisador Ed Young, ao portal IFL Science.

Outros indícios reforçam essa narrativa cósmica impactante. O alinhamento quase perfeito da órbita lunar com a órbita terrestre ao redor do Sol, a possibilidade de eclipses, o alto momento angular do sistema Terra-Lua e a menor densidade do nosso satélite natural são características que encontram explicações plausíveis no cenário de uma colisão massiva.

Colisão entre a Terra e outro mundo nos deu a Lua. (Crédito da imagem: Centro de Pesquisa Ames da NASA na Califórnia)

A colisão e as estações do ano

Além da Lua, a colisão cósmica com Theia nos deixououtro fenômeno fundamental para a vida como a conhecemos: as estações do ano. A inclinação do eixo de rotação da Terra, atualmente em 23,4 graus, é amplamente atribuída ao impacto devastador com o planeta vizinho.

Essa inclinação faz com que diferentes hemisférios recebam mais luz solar em diferentes épocas do ano, criando o ciclo das estações.

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O que restou do planeta que se chocou contra a Terra?

  • A resposta pode estar escondida nas profundezas do nosso planeta.
  • Cientistas suspeitam que grandes estruturas anômalas, conhecidas como Grandes Províncias de Baixa Velocidade (LLVPs), localizadas no manto terrestre abaixo das placas tectônicas africana e do Pacífico, podem ser remanescentes de Theia.
  • Essas formações densas teriam afundado no manto ao longo de bilhões de anos, reforçando a ideia de que não faziam parte da composição original da Terra.
  • Simulações computacionais apoiam essa hipótese, demonstrando que fragmentos de Theia poderiam ter penetrado o manto superior e, eventualmente, se deslocado para a fronteira entre o manto e o núcleo.
  • Se essa teoria se confirmar, os restos de Theia também podem ter desempenhado um papel crucial na formação das placas tectônicas.

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Cientistas encontram um planeta que parece ter vindo de Star Wars

Um artigo publicado este mês na revista Science Advances, liderado por Thomas Baycroft, estudante de doutorado na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, revela a descoberta de um planeta orbitando duas estrelas ao mesmo tempo, em um ângulo de 90 graus. Chamado de “planeta polar”, ele gira acima e abaixo das estrelas, e não ao redor, como é mais comum.

Imagem revela 2M1510 AB, um par de anãs marrons (A e B) que orbitam entre si. Elas são vistas como uma só, mas os astrônomos sabem que são duas porque elas se eclipsam periodicamente. Este sistema contém uma terceira anã marrom, 2M1510 C, que está localizada muito longe para ser responsável por perturbações gravitacionais observadas. Crédito: Pesquisa de Legado DESI / D. Lang (Instituto Perimetral)

Batizado de 2M1510 (AB) b, o exoplaneta – mundo fora do Sistema Solar – foi encontrado ao redor de duas anãs marrons, que são objetos maiores do que planetas como Júpiter, mas que não têm massa suficiente para brilhar como estrelas. Elas formam um sistema binário, ou seja, giram uma em torno da outra. Da Terra, parecem se esconder uma atrás da outra em certos momentos, como num eclipse.

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Planeta com dois sóis remete a “mundo Tatooine”

Planetas em sistemas binários já foram observados antes, sendo inclusive apelidados de “mundos Tatooine”, em referência ao planeta da saga Star Wars, onde é possível ver dois sóis no céu. No entanto, todos esses planetas orbitam no mesmo plano em que as estrelas se movimentam. O que torna esse novo achado tão especial é seu ângulo de órbita ser completamente perpendicular ao das estrelas.

Essa descoberta foi possível graças ao Very Large Telescope (VLT), localizado no Chile e operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO). A equipe de astrônomos estava estudando o sistema 2M1510 com outro objetivo, mas notou que as duas estrelas apresentavam movimentos irregulares. Isso costuma indicar a presença de um planeta que, com sua gravidade, puxa levemente as estrelas enquanto orbita.

Ilustração mostra um exoplaneta orbitando duas anãs marrons – objetos maiores que planetas gigantes gasosos, mas pequenos demais para serem estrelas propriamente ditas. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Diante desse comportamento estranho, os cientistas simularam várias situações para explicar o que estavam vendo. Segundo Baycroft, só havia uma explicação que combinava com os dados: um planeta em órbita polar. 

“Foi uma grande surpresa. Não estávamos procurando por isso”, comentou Amaury Triaud, professor da mesma universidade e coautor do estudo, em um comunicado. Para os cientistas, o caso mostra que o Universo ainda é cheio de mistérios. E que, muitas vezes, grandes descobertas acontecem por acaso.

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Astrônomos usam IA para caçar planetas semelhantes à Terra

Encontrar planetas como a Terra em sistemas estelares distantes pode ser algo mais perto da realidade graças a um algoritmo revolucionário desenvolvido por cientistas europeus. Usando aprendizado de máquina, a IA identificou 44 estrelas que podem abrigar planetas rochosos semelhantes ao nosso – e localizados na chamada “zona habitável”, onde as condições podem permitir vida como a conhecemos.

A pesquisa liderada pela astrônoma Jeanne Davoult, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), usou dados simulados gerados pelo Modelo de Berna, um sistema sofisticado que cria milhares de cenários planetários artificiais. O objetivo? Treinar o algoritmo para reconhecer padrões que indiquem a presença de mundos potencialmente habitáveis.

Um algoritmo caçando planetas

Os resultados, publicados no periódico Astronomy & Astrophysics, são impressionantes. Após ser treinado em mais de 53 mil sistemas simulados, o modelo alcançou uma precisão de até 99% ao prever quais estrelas têm maior chance de hospedar planetas do tamanho da Terra. Entre os principais indicadores estão a massa, o raio e o período orbital do planeta mais interno detectado em cada sistema.

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Por exemplo, Davoult descobriu que, em torno de estrelas do tipo G como o nosso Sol, a existência de um mundo do tamanho do nosso na zona habitável parece mais provável se o raio do planeta detectável mais interno for maior que 2,5 vezes o raio da Terra, ou se tiver um período orbital maior que 10 dias. Curiosamente, sistemas com gigantes gasosos externos, como o nosso Júpiter, parecem ter maior probabilidade de também abrigar planetas rochosos internos.

Agora, com essas 44 candidatas identificadas, os astrônomos podem focar seus telescópios em alvos promissores, economizando tempo e recursos. E isso é apenas o começo. No futuro, o algoritmo será aplicado aos dados da missão PLATO, da Agência Espacial Europeia, que promete descobrir milhares de novos exoplanetas.

Via Space.com

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Quatro “mini-Terras” são descobertas orbitando estrela solitária próxima

Em outubro do ano passado, o Olhar Digital noticiou a descoberta de uma “mini-Terra” em torno da estrela solitária mais próxima do Sistema Solar. Agora, uma equipe de astrônomos acaba de confirmar que esse mundo, chamado Barnard b, tem mais três pequenos vizinhos: Barnard c, Barnard d e Barnard e.

Localizada a apenas 6 anos-luz da Terra, a Estrela de Barnard não é a mais próxima de nós – esse título pertence ao sistema Alpha Centauri, que inclui Proxima Centauri. A diferença é que ela é uma estrela única, enquanto Alpha Centauri é um sistema múltiplo.

Astrônomos buscam planetas ao redor da Estrela de Barnard há anos, já que anãs vermelhas, como ela, são as estrelas mais comuns da Via Láctea. Além disso, planetas rochosos pequenos são mais fáceis de detectar orbitando essas estrelas, pois sua luz fraca torna as oscilações gravitacionais mais perceptíveis.

Entretanto, essa anã vermelha possui menos elementos pesados do que o Sol, o que pode dificultar a formação de planetas rochosos. Ela também é menor e mais fria, com temperatura superficial de 2.800°C, enquanto a do Sol chega a 5.600°C. 

Planetas não foram detectados por método tradicional

Existem pouquíssimos planetas menores que a Terra, o que torna rara essa descoberta ao redor da Estrela de Barnard. Os pequenos mundos detectados completam suas órbitas extremamente rápido: o mais próximo leva apenas 2,3 dias, enquanto o mais distante precisa de 6,7 dias. Devido à proximidade com a estrela hospedeira, são quentes demais para abrigar água líquida.

As massas mínimas dos planetas variam entre 20% e 34% da massa da Terra – entre o dobro e o triplo da massa de Marte. Análises indicam que planetas maiores que 57% da massa da Terra não existem na zona habitável da estrela. Isso reduz as chances de que qualquer um desses mundos tenha condições adequadas para a vida.

Representação artística dos quatro planetas rochosos descobertos na órbita da Estrela de Barnard. Crédito: Observatório Internacional Gemini / NOIRLab / NSF / AURA / P. Marenfeld

“É uma descoberta realmente emocionante – a Estrela de Barnard é nossa vizinha cósmica, e ainda sabemos muito pouco sobre ela”, afirmou Ritvik Basant, pesquisador da Universidade de Chicago e autor principal do estudo, em um comunicado. Para ele, essa descoberta mostra o avanço das novas gerações de instrumentos astronômicos.

Os astrônomos não detectaram esses mundos pelo tradicional método de trânsito, que ocorre quando um deles passa diante da estrela e bloqueia parte da luz. Em vez disso, sua presença foi identificada por meio da análise de pequenas oscilações na estrela causadas pela atração gravitacional. O planeta mais distante é o menor já encontrado com essa técnica.

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Instrumentos avançados confirmam “mini-Terras” na órbita da Estrela de Barnard

A confirmação desses planetas foi um desafio. Durante o último século, diversos estudos sugeriram que a Estrela de Barnard poderia ter planetas, mas as evidências eram inconclusivas. Agora, com instrumentos avançados como o MAROON-X, no telescópio Gemini Norte, no Havaí, e o ESPRESSO, no Very Large Telescope (BLT), no Chile, foi possível comprovar sua existência.

“Observamos em momentos distintos da noite, sem coordenação entre nossas equipes no Chile e no Havaí”, explicou Basant. “Isso nos dá confiança de que esses sinais não são apenas ruídos nos dados”.

Os resultados estudo foram descritos em um artigo publicado este mês no periódico científico The Astrophysical Journal Letters.

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James Webb detecta clima extremo em planeta raro do tamanho de Netuno

Um estudo publicado na revista Nature Astronomy revela novas descobertas sobre a atmosfera do exoplaneta LTT 9779 b, também conhecido como Cuancoá. Usando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, os autores conseguiram estudar esse mundo, que é semelhante a Netuno – porém com características bem peculiares. 

Descoberto em 2020, Cuancoá tem 29 vezes a massa da Terra e orbita sua estrela em apenas 19 horas, o que o coloca em uma categoria rara, com poucos exemplos conhecidos, chamada “Deserto de Netunos Quentes” (planetas com o tamanho e a massa de Netuno, mas com um período de menos de quatro dias ao redor de suas estrelas). 

Com temperaturas extremas de até 2.000°C em seu lado diurno, o LTT 9779 b oferece uma janela única para entender a evolução de planetas em condições tão extremas. Em um comunicado, Louis-Philippe Coulombe, estudante de pós-graduação da Université de Montréal, no Canadá, comparou a descoberta a encontrar algo inesperado em um ambiente hostil, “como uma bola de neve que não derrete em um incêndio”. 

Um exoplaneta do tipo Netuno quente é semelhante ao gigante gelado Netuno em tamanho e massa, mas orbita mais perto de sua estrela, tornando-se extremamente quente. Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi – Shutterstock

O estudo dessa diversidade de sistemas planetários pode oferecer insights valiosos sobre a formação e evolução de mundos semelhantes.

Instrumento do James Webb enxerga luz invisível ao olho humano

Para essa pesquisa, a equipe utilizou o modo Espectroscopia Sem Fenda de Objeto Único (SOSS) do Webb, que detecta radiação no infravermelho próximo, uma faixa de luz invisível ao olho humano. Essa tecnologia é especialmente útil para analisar atmosferas de exoplanetas, permitindo aos cientistas detectar detalhes antes inacessíveis. Ao observar o LTT 9779 b, os pesquisadores conseguiram identificar vapor d’água e estudar a luz refletida pelas nuvens presentes no planeta, formadas em sua face exposta ao dia.

Devido à rotação bloqueada por maré, um dos lados do LTT 9779 b está constantemente voltado para sua estrela, enquanto o outro se mantém na escuridão permanente. Isso cria um grande contraste térmico entre os dois lados do planeta, com a face diurna experimentando temperaturas escaldantes. Esse fenômeno gera uma circulação atmosférica peculiar, em que o ar quente sobe no lado iluminado e o ar mais frio desce no lado noturno, criando correntes de convecção e influenciando o clima do planeta.

Por causa da rotação bloqueada por maré, um lado do exoplaneta LTT 9779 b fica sempre exposto à estrela hospederia, tornando-se muito quente, enquanto o outro fica permanentemente na escuridão. Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi – Shutterstock

As descobertas indicam que a alta refletividade de LTT 9779 b, provavelmente devido à presença de nuvens espessas, tem impacto na sua distribuição de energia. As nuvens, formadas devido à diferença de temperatura entre os lados diurno e noturno, ajudam a refletir parte da luz estelar, o que pode afetar a dinâmica atmosférica e os padrões climáticos do exoplaneta.

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Hubble vai ajudar a investigar planeta raro

A pesquisa também revelou a presença de vapor d’água, confirmando que a atmosfera do LTT 9779 b é complexa o suficiente para que cientistas estudem não apenas sua composição, mas também os efeitos de suas condições extremas. A equipe continua a refinar seus modelos e utilizar observações adicionais, como as do Telescópio Espacial Hubble, para entender melhor como as nuvens se formam e persistem em um ambiente tão hostil.

Com o progresso das observações, os cientistas esperam descobrir mais sobre a dinâmica atmosférica de planetas como o LTT 9779 b. Esse estudo é uma etapa importante para entender melhor a evolução de planetas em zonas de alta radiação, como as que existem em torno de estrelas semelhantes ao Sol.

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“Mini-Terra” é descoberta perto do Sistema Solar

Astrônomos identificaram um exoplaneta ao redor da estrela solitária mais próxima do Sistema Solar. Chamado Barnard b, o mundo alienígena recém-descoberto orbitando a Estrela de Barnard, tem metade da massa de Vênus e é classificado como uma “Mini-Terra”.

Barnard b completa uma órbita em torno da estrela-hospedeira a cada três dias terrestres, a cerca de 2,4 milhões de km de distância, o que representa apenas 5% da distância entre o Sol e Mercúrio. Apesar da proximidade, o planeta não está na zona habitável.

Planetas ao redor da Estrela de Barnard. Crédito: Eyes on Planets/Sicence/NASA

“Barnard b é um dos exoplanetas de menor massa já descobertos, mas está muito perto de sua estrela, o que torna improvável a presença de água líquida”, explica Jonay González Hernández, do Instituto de Astrofísica das Canárias, em um comunicado. “Mesmo sendo uma estrela mais fria que o Sol, ainda é quente demais para permitir condições favoráveis à vida na superfície do planeta”.

Como a mini-Terra foi detectada

A descoberta foi feita usando o Very Large Telescope (VLT), um conjunto de telescópios no deserto do Atacama, no Chile. Os astrônomos identificaram o planeta analisando pequenas oscilações na Estrela de Barnard, causadas pela atração gravitacional do objeto em seu entorno. Os dados foram coletados pelo instrumento ESPRESSO e confirmados pelo HARPS, ambos especializados na busca por planetas fora do Sistema Solar. Os resultados foram relatados em um artigo publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

Localizada a apenas 6 anos-luz do Sistema Solar, a Estrela de Barnard não é a mais próxima de nós – esse título pertence ao sistema Alpha Centauri, que inclui Proxima Centauri. A diferença é que ela é uma estrela solitária, enquanto Alpha Centauri é um sistema múltiplo.

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Estrelas anãs vermelhas são as mais comuns da Via Láctea

A busca por planetas ao redor da Estrela de Barnard tem sido uma prioridade para astrônomos, já que estrelas anãs vermelhas, como ela, são os tipos mais comuns da Via Láctea. Além disso, exoplanetas rochosos de baixa massa são mais fáceis de detectar orbitando essas estrelas.

Esse objeto é menor e mais frio que o Sol, com temperatura superficial em torno de 2.800°C, enquanto a do Sol chega a 5.600°C. Além disso, acredita-se que essa anã vermelha tenha menos elementos pesados, o que pode dificultar a formação de planetas rochosos em sua órbita.

Mesmo assim, a equipe de González Hernández segue analisando a região em busca de outros planetas. Os cientistas têm especial interesse em mundos que possam estar na zona habitável da estrela, onde a temperatura permitiria a presença de água líquida. Essa região oferece condições nem muito quentes nem muito frias para um planeta potencialmente abrigar vida.

A Estrela de Barnard é 80% menor que o Sol e tem uma temperatura de superfície de cerca de 2.800 graus Celsius, enquanto a solar é de 5.600 graus Celsius. Crédito: IEEC/Science-Wave – Guillem Ramisa

“Levamos tempo para encontrar Barnard b, mas sempre tivemos confiança de que algo estava lá”, disse Hernández. A equipe também identificou sinais de outros três possíveis exoplanetas ao redor da Estrela de Barnard, que serão investigados em pesquisas futuras.

“Precisamos continuar monitorando a estrela para confirmar esses sinais”, disse Alejandro Suárez Mascareño, também do Instituto de Astrofísica das Canárias. “A descoberta de Barnard b, junto com outros planetas como Proxima b e d, mostra que nossa vizinhança cósmica está repleta de mundos de baixa massa”.

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